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APRESENTAÇÃO
Com a aceleração das plataformas de tecnologia, muitos projetos de inovação vêm sendo
desenvolvidos por todo o mundo, esses projetos funcionam como a Fórmula 1 da Internet
Mundial, são normalmente atrelados a tecnologia, mas nascem para atender diferentes
agendas de diversos segmentos econômicos, os comumente denominados pela doutrina
brasileira na área do Direito Digital e do Mercado Financeiro: criptoativos.
Entender como legalizamos essas operações é um “trabalho hercúleo”, tendo em vista, a pouca
regulamentação da área. Esse brevíssimo artigo visa esclarecer alguns pontos já previstos pelos
agentes regulamentadores e fomentar o debate para o entendimento de como regularizaremos
as operações que já ocorrem em nosso país, em especial o das Pessoas Jurídicas (PJ) que
carecem de pronta regulamentação. Certamente, torna-se urgente dar contorno ao tema e
assegurar a inclusão do país, nesta que é uma grande revolução econômica, aos moldes da
internet na década dos anos 90. Temos grandes projetos brasileiros que dependem desse apoio
técnico legal para que possam produzir receitas aos cofres públicos e lançar o Brasil como
pioneiro na era econômica digital, mas parece que ainda “remamos contra a maré do
progresso”.
Devemos computar para fins de recolhimento de imposto pessoa física ou jurídica, somente os
ganhos de capital que ultrapassarem dos R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), e que forem
assim, considerados como "ganho/ganho de capital”, conforme Perguntas & Respostas IRPF
2020, questão nº 606 do PIR 2020; bom considerar essa situação mais benéfica ao PJ (Pessoas
Jurídicas), tendo em vista, que não há regulamentação específica até este momento em relação
à empresas, que investem seu capital em criptoativos, como iremos demonstrar neste
brevíssimo artigo, do qual não temos a menor pretensão em esgotar tema, que é de grande
relevância atual, em relação a esta revolução digital financeira que temos visto ocorrer em todo
o mundo, principalmente com a epidemia que força a globalização para a tokenização e as
operações digitais, daí seguindo por comparação do entendimento trazido recentemente da RFB
para pessoas físicas (PF) a doutrina explica da seguinte forma: "Quer dizer, se entre o valor da
aquisição e o valor de posterior alienação houver um diferencial positivo, sobre esse ganho
incidirá IR".1
1
QUEIROZ, PhD Mary Elbe e Antônio Elmo Queiroz [et al.]; coordenado por Hugo de Brito Machado.
Tributação e novas tecnologias. Indaiatuba, SP: Ed. FOCO, 2021, p. 283.
A doutrina reforça esse entendimento, no sentido de enfatizar que tanto a PF quanto o PJ devem
fazer o imposto de seus investimentos pessoais/próprios sobre o ganho do capital, cito:
Enfim, parece ter solidez que, no Brasil, neste momento regulatório, as
criptomoedas ainda não são consideradas moedas, mas sim como ativo; e que,
portanto, ficam sob a incidência de IR sobre ganho de capital; ou, se a negociação
for a atividade [principal do PJ] do contribuinte, IR sobre o resultado gerado pela
receita. (Id. p.286).
Inclui a RFB as atividades diretas ligadas a gestão de criptoativos na rede de internet (web) a
Instrução Normativa da RFB nº 1.888/19 arts. 1, 5 e 6, sobre criptoativo (I), exchange (II), no seu
P.Ú.: "Incluem-se no conceito de intermediação de operações realizadas com criptoativos, a
disponibilização de ambientes para a realização das operações de compra e venda de criptoativo
realizadas pelo próprio usuário de seus serviços." (Id. art. 5, p. 282).
Há previsão legal do art. 18º da RFB nº 1.585/2015 e por equiparação do Perguntão 2020 da
RFB, de 15% (quinze por cento) para fins de cálculo sobre o ganho de capital (PF)2, conforme
perguntas 445, 5443 e 606 do PIR 2020, que é mais recente, no entanto, podemos entender o
mesmo para PJ (mesmo sendo ainda caro o nosso sistema de tributação aos PJs, até que surja
melhor regulamentação a esse respeito, precisaremos enfrentar o debate com a formação de
jurisprudências diante deste novíssimo tema). Essa sessão II do Art. 18 - "Seção II Das Aplicações
em Fundos de Investimento Regidos por Norma Própria", que se fundamenta no Art. 45, cito:
"com exceção das operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e
assemelhadas, que serão tributadas na forma prevista na Seção II"4. (grifo nosso).
2
Essa tributação fixa é para o caso das empresas no simples nacional e pessoas físicas. Empresas
tributadas pelo lucro presumido e lucro real, a receita financeira é somada a receita tributada a empresa
e incidirão todos os impostos: IRPJ (Imposto sobre a renda das pessoas jurídicas), CSLL (Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido), PIS (Programa de Integração Social) e COFINS Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social).
3
Para fins do recolhimento de Pessoas Físicas (PF), segue o disposto da resposta nº 544 — Quais as
alíquotas aplicáveis para efeito de apuração do ganho de capital?
A partir de 1º de janeiro de 2017, as operações de alienação de bens e direitos de qualquer natureza
passíveis de apuração de ganho de capital sujeitam-se às seguintes alíquotas:
I – 15% sobre a parcela dos ganhos que não ultrapassar R$ 5.000.000,00;
II – 17,5% sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 5.000.000,00 e não ultrapassar R$ 10.000.000,00;
III – 20% sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 10.000.000,00 e não ultrapassar R$ 30.000.000,00;
e IV – 22,5% sobre a parcela dos ganhos que ultrapassar R$ 30.000.000,00.
Na hipótese de alienação em partes do mesmo bem ou direito, a partir da segunda operação, desde que
realizada até o final do ano-calendário seguinte ao da primeira operação, o ganho de capital deve ser
somado aos ganhos auferidos nas operações anteriores, para fins de definição da alíquota aplicável,
deduzindo-se o montante do imposto pago nas operações anteriores.
A apuração do imposto sobre a renda com a utilização de alíquotas progressivas não se aplica:
- ao Fundo de Investimento Imobiliário (FII) - 20% (Lei nº 8.668, de 25 de junho de 1993, art. 18);
- aos Fundos de Investimento em Participações - 15% (Lei nº 11.312, de 27 de junho de 2006, art. 2º);
- aos Fundos de Investimentos em Cotas de Fundos de Investimento em Participações - 15% (Lei nº
11.312, de 27 de junho de 2006, art. 2º); - aos Fundos de Investimentos em Empresas Emergentes - 15%
(Lei nº 11.312, de 27 de junho de 2006, art. 2º). (Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 21; Lei nº
13.259, de 16 de março de 2016; e Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 3, de 27 de abril de 2016). (grifo
nosso);
4
Para fins de cálculo o art. 18 esclarece no § 8º [que] Determinadas as médias móveis relativas aos
primeiros 40 (quarenta) dias úteis, os referentes aos dias de resgate posteriores poderão ser calculadas
utilizando-se a seguinte expressão:
M = ( p + m x 39) / (40), na qual:
M = média móvel correspondente ao dia do resgate;
p = percentual correspondente à relação entre o valor das ações e o patrimônio líquido total do fundo no
41º (quadragésimo primeiro) dia útil;
A integra do caput do art. 18, dispõe: “Os cotistas dos fundos de investimento em ações serão
tributados pelo imposto sobre a renda exclusivamente no resgate de cotas, à alíquota de
15% (quinze por cento)”. (RFB nº 1.585/2015; grifo nosso).
Vejam que aqui nosso artigo trata exclusivamente da tributação que incide sobre o investimento
de capital próprio, seja da PF ou PJ, porém, no caso do PJ, deve-se analisar se a operação
realizada é oriunda de outra natureza, pois daí pode-se ter que recolher impostos pertinentes
aos serviços prestados, como por exemplo o INSS sobre serviço, dentre outros, que devem ser
analisados sempre com o auxílio da contabilidade da empresa.
Pra fins de IRPJ ou IRPF (para RFB) fica claro que o imposto é recolhido sempre sobre o ganho
de capital, apurado daquilo que se transformou em moeda real ou física/eletrônica; mas para o
Banco Central (BACEN) o PJ deve ser autorizado a trabalhar com câmbio ou ATIVO
FINANCEIRO/Instrumento Cambial devendo recolher o Imposto Federal/Imposto sobre
Operações Financeiras - IOF (LEI N. 5.143, DE 20 DE OUTUBRO DE 1966 E DECRETO Nº 6.306, DE
14 DE DEZEMBRO DE 20075), que são realizadas por empresas regulamentadas conhecidas por
Exchange, Fintechs, Câmbio, dentre outras instituições financeiras, taxas que normalmente são
recolhidas na ordem de 6,38% (seis inteiros e trinta e oito centésimos por cento), conforme
item VII do referido Decreto, nas remessas encaminhadas ou recebidas do exterior realizadas
por meio de cartão de crédito e/ou online: “decorrentes de aquisição de bens e serviços do
exterior efetuada por seus usuários”. Normalmente o Imposto sobre Operações Financeiras –
IOF é de 0,38% na maioria dos casos, mais fica superado pelos itens do art. 15-B, XX e XXI à
“1,1%” (um inteiro e dez centésimos por cento) para os casos de câmbio de moedas no exterior
(remessas financeiras: recebidas ou emitidas). Defendemos a aplicação por comparação dos
itens XX e XXI, do art. 15-B do decreto nº 6.306/2007 nos casos de trade das moedas digitais
trocadas in natura (diante do silêncio dos reguladores ainda sobre a matéria), além disso,
deve-se manter o extrato das operações, em especial os internacionais, cuja conversão de
moedas estrangeiras devem ser baseadas no dólar do dia, pela média PTAX (do BACEN). O
BACEN exige que seja feito um Registro Declaratório Eletrônico - RDE (do tipo IED - Investimento
Estrangeiro Direto ou do tipo ROF - Registro de Operações Financeiras para recebimento de
m = média dos percentuais diários apurados nos 40 (quarenta) dias úteis anteriores, observada a
defasagem de 5 (cinco) dias úteis.
§ 9º Para fins do disposto nos §§ 6º e 8º, o valor das ações integrantes do patrimônio líquido do fundo
será dividido pelo valor resultante da multiplicação da quantidade de cotas emitidas pelo valor
patrimonial da cota.
§ 10. A média de que trata este artigo será determinada, para cada dia de resgate, considerando-se os
percentuais diários apurados nos 40 (quarenta) dias úteis anteriores, sendo admitida para esse fim uma
defasagem de até 5 (cinco) dias úteis.
5
Art. 12. São contribuintes do IOF os compradores ou vendedores de moeda estrangeira nas operações
referentes às transferências financeiras para o ou do exterior, respectivamente (Lei no 8.894, de 1994,
art. 6º). Parágrafo único. As transferências financeiras compreendem os pagamentos e recebimentos
em moeda estrangeira, independentemente da forma de entrega e da natureza das operações. (grifo
nosso).
Art. 11. O fato gerador do IOF é a entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a
represente, ou sua colocação à disposição do interessado, em montante equivalente à moeda estrangeira
ou nacional entregue ou posta à disposição por este (Lei nº 5.172, de 1966, art. 63, inciso II). Parágrafo
único. Ocorre o fato gerador e torna-se devido o IOF no ato da liquidação da operação de câmbio. (grifo
nosso).
Art. 17. O IOF será cobrado na data da liquidação da operação de câmbio. Parágrafo único. O IOF deve
ser recolhido ao Tesouro Nacional até o terceiro dia útil subsequente ao decêndio da cobrança ou do
registro contábil do imposto (Lei no 11.196, de 2005, art. 70, inciso II, alínea “b”). (grifo nosso).
direitos sobre propriedade intelectual (royalties), bem como nos casos, empréstimos diretos,
títulos, financiamento à importação e recebimento antecipado de exportações, dentre outros),
ou de outro modo, que possamos buscar o meio mais benéfico ao PJ para sua regularização
fiscal, e nos casos de PF para fins de orientação de suas declarações junto do BACEN, que devem
estar sempre alinhados [PF/PJ] com os declarados na RFB).
c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física;8 (grifo nosso).
II - operações de câmbio;9
§ 15. Sem prejuízo do disposto no caput, o IOF incide sobre as operações de crédito
à alíquota adicional de trinta e oito centésimos por cento, independentemente do
prazo da operação, seja o mutuário pessoa física ou pessoa jurídica.14 (grifo nosso).
O art. 15-B é a exceção que se sobrepõe aos demais nos seguintes casos:
A alíquota do IOF fica reduzida para trinta e oito centésimos por cento, observadas
as seguintes exceções:
6
Lei no 5.143, de 20 de outubro de 1966, art. 1º.
7
Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, art. 15, § 1o, inciso III, alínea “d”, e Lei no 9.532, de 10 de
dezembro de 1997, art. 58.
8
Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, art. 13º.
9
Lei no 8.894, de 21 de junho de 1994, art. 5º.
10
Lei no 5.143, de 1966, art. 1º.
11
Lei no 8.894, de 1994, art. 1º.
12
Lei no 7.766, de 11 de maio de 1989, art. 4º.
13
Lei no 8.894, de 1994, art. 1º, parágrafo único, e Lei no 5.172, de 1966, art. 64, inciso I.
14
Incluído pelo Decreto nº 6.339, de 2008.
15
Incluído pelo Decreto nº 8.325, de 2014.
XX - nas liquidações de operações de câmbio, liquidadas a partir de 3 de maio de
2016, para aquisição de moeda estrangeira, em espécie: um inteiro e dez
centésimos por cento;16 (grifo nosso).
CONCLUSÃO
Ativos digitais estão bem desenhados para Pessoas Físicas junto da Receita federal do Brasil
(RFB), mas os PJs permanecem no “limbo” junto de ambos: RFB e Banco Central do Brasil
(BACEN), necessitando de ginástica legal para que consigamos buscar uma regulamentação por
comparação, mais adequada a essas atividades empresárias do mundo digital no Brasil.
16
Incluído pelo Decreto nº 8.731, de 2016.
17
Incluído pelo Decreto nº 9.297, de 2018.
18
https://diarioprime.com.br/blogs/news/financas/cartoes-de-credito/cartao-credito-moeda-
digital/19178/
https://www3.bcb.gov.br/sisorf_externo/manual/04-33-030-010.htm
https://www3.bcb.gov.br/sisorf_externo/manual/04-33-020-010.htm
19
https://www3.bcb.gov.br/sisorf_externo/manual/04-33-030-010.htm.
20
Circ. 3.682/2013, Regulamento anexo, art. 2º, I, com a redação dada pela Circ. 3.705/2014 e pela Circ.
3.886/2018.
Para fins de recolhimento de imposto junto a RFB (Receita Federal do Brasil), em especial do
IRPJ (Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica) se chegou ao valor de 15% (quinze por cento)
do ganho de capital apurado, com base no art. 18º da RFB nº 1.585/2015 e por equiparação do
Perguntas & Respostas RFB 2020, perguntas 445, 544 e 606 do PIR 2020 dirigido à PF (Pessoas
Físicas). Para o IRPF (Imposto sobre a Renda de Pessoa Física) segue a mesma lógica, porém,
conforme o teto disposto em tabela proporcional, por exemplo: ganhos de capital até cinco
milhões de reais – 15% (quinze por cento/ vide tabela na nota de rodapé da pag. 02).
Para fins de recolhimento de Imposto sobre Operações Financeiras - IOF junto do BACEN (Banco
Central do Brasil), ambos PF (Pessoa Física) e PJ (Pessoa Jurídica) se chegou ao valor de 1,1%
(um inteiro e dez centésimos por cento) por equivalência das operações com moedas
físicas/eletrônicas, o mesmo se aplicaria as trades em criptoativos in natura, com base no art.
15-B, XX e XXI, DECRETO Nº 6.306, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2007. Para as demais operações
que envolvam compras online e/ou cartão de crédito (“decorrentes de aquisição de bens e
serviços do exterior efetuada por seus usuários”) – 6,38% (seis inteiros e trinta e oito
centésimos por cento), conforme item VII deste mesmo Decreto.
Necessitamos com urgência da força legal necessária para que o Brasil possa avançar em meio
a concorrência de outros países, pois são muitas as nossas inovações e para que startups com
mantenedoras no Brasil, não precisem sair e se mudar de continente, para que possam produzir
em paz, trazendo progresso ao nosso Brasil, sem que, uma enxurrada de impostos sobre as
mesmas, acabe por tirar os negócios digitais de circulação.