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665/2017-0
Relatório
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.665/2017-0
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1. Na forma das disposições contidas no artigo 142 da Lei n.º 8.112/90, tem-se por
afastada ‘a ocorrência de prescrição se, no momento da demissão do servidor, não
tiverem transcorrido cinco anos do conhecimento dos fatos pela Administração’. (MS
8928/DF, Relatora Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA
SEÇÃO, DJe 07/10/2008)
2. No aspecto jurídico-formal, não há que se falar em ausência de cerceamento de defesa,
tendo em vista que a autoridade coatora observou os princípios constitucionais do devido
processo legal e da ampla defesa, em obediência ao disposto no art. 133, incisos I e II, §§
1º ao 7º, da Lei nº 8.112/90.
3. O art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal possibilita a acumulação de um cargo de
professor com outro técnico ou científico. Todavia, no caso em apreço, o cargo de Agente
Administrativo do Quadro de Pessoal do Ministério da Saúde ocupado pela impetrante
não possui natureza técnica, não sendo lícita, portanto, a sua acumulação com o cargo de
professora estadual. Precedentes.
4. Segurança denegada.’
(MS 8.590/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
24/06/2009, DJe 04/08/2009)
‘RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO.
ACUMULAÇÃO DE CARGOS. AGENTE DE POLÍCIA E PROFESSOR.
DESCABIMENTO. NATUREZA DE CARGO TÉCNICO NÃO CARACTERIZADA.
ART. 37, XVI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
1. É vedada a acumulação do cargo de professor com o de agente de polícia civil do
Estado da Bahia, que não se caracteriza como cargo técnico (art. 37, XVI, ‘b’, da
Constituição Federal), assim definido como aquele que requer conhecimento específico
na área de atuação do profissional, com habilitação específica de grau universitário ou
profissionalizante de 2º grau.
2. Recurso ordinário improvido.’
(RMS 23.131/BA, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 18/11/2008, DJe 09/12/2008).
‘CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS.
PROFESSOR E TÉCNICO JUDICIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTE.
OPÇÃO. PROCEDIMENTO. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E
DO CONTRADITÓRIO. NÃO-OCORRÊNCIA. OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO
ESTADUAL. RECURSO IMPROVIDO.
1. ‘Não é possível a acumulação dos cargos de professor e Técnico Judiciário, de nível
médio, para o qual não se exige qualquer formação específica e cujas atribuições são de
natureza eminentemente burocrática’ (RMS 14.456/AM, Rel. Min. Hamilton Carvalhido,
Sexta Turma).
2. A circunstância de o servidor público, em substituição, exercer funções para as quais se
requer graduação em Direito não possibilita a acumulação, tendo em vista que o texto
constitucional excepciona a regra de inacumulabilidade tão-somente para os titulares de
cargos públicos, e não de funções, havendo nítida distinção a respeito.
3. Constatado o acúmulo indevido de cargos, o servidor público do Estado de Roraima
deverá ser intimado para apresentar sua opção. A ausência de manifestação do interessado
é que dará início ao processo administrativo disciplinar, em que deverão ser observados
os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, nos termos da Lei
Complementar Estadual 53/01.
4. Recurso ordinário improvido.’
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nos termos dos arts. 71, inciso III, da Constituição Federal, 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei
8.443/1992 e 260, § 1o, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União (TCU);
b) dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos até a data da ciência do
acórdão que vier a ser prolatado, com base no Enunciado 106 da Súmula da Jurisprudência do
TCU;
c) esclarecer ao interessado que:
c.1) poderá optar por um dos cargos aos quais se encontra vinculado, nos termos do art.
133 da Lei 8.112/1990;
c.2) no caso de não provimento de recurso eventualmente interposto, deverão ser repostos
os valores recebidos após a ciência do acórdão pelo Ibama;
d) determinar ao Ibama que:
d.1) faça cessar os pagamentos decorrentes do ato impugnado, comunicando ao TCU, no
prazo de quinze dias, as providências adotadas, nos termos dos arts. 45 da Lei 8.443/1992, 261
do Regimento Interno do TCU, 8o, caput, da Resolução - TCU 206/2007 e 15, caput, da
Instrução Normativa - TCU 55/2007;
d.2) informe ao interessado o teor do acórdão que vier a ser prolatado, notadamente no
que diz respeito ao direito de opção por um dos cargos acumulados, encaminhando ao TCU, no
prazo de trinta dias, comprovante da data de ciência pelo interessado, nos termos do art. 4 o, § 3o,
da Resolução - TCU 170/2004;
d.3) no caso de a opção do art. 133 da Lei 8.112/1990 recair sobre o cargo tratado no
presente processo, emita novo ato, submetendo-o ao TCU no prazo de trinta dias, nos termos
do15, § 1o, da Instrução Normativa - TCU 55/2007”.
É o relatório.
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Proposta de Deliberação
11. Também, a Lei 8.112/1990 dispõe em seu art. 118 que é vedada a acumulação de cargos
públicos.
12. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) caminham no sentido de que cargo “técnico ou científico” é aquele para cujo exercício são
exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal, não necessariamente de nível superior,
não podendo possuir atribuições de natureza eminentemente burocráticas ou repetitivas (AI 192.918-
AgR, STF (Relator Ministro Octavio Gallotti) ; RMS 20.033/RS, STJ (Relator Ministro Arnaldo
Esteves Lima) , RMS 14.456/AM, STJ (Relator Ministro Hamilton Carvalhido) e MS 7.216/DF, STJ
(Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima).
13. O cargo de técnico administrativo não se qualifica como cargo “técnico ou científico”, para
fins de acumulação, consoante reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal
de Justiça, com as quais se alinham precedentes deste Tribunal:
“É irregular a acumulação de cargo de professor com de técnico de nível médio para o
qual não se exige qualquer formação específica e cujas atribuições não são de natureza
eminentemente técnica ou científica. A expressão "técnico" em nome de cargo não é suficiente,
por si só, para classificá-lo na categoria de cargo técnico ou científico a que se refere o art. 37,
inciso XVI, alínea b, da Constituição Federal” (Enunciado Jurisprudência Selecionada, acordão
3184/2014 - Primeira Câmara).
É ilícita a acumulação de cargo de técnico de nível médio - para o qual não se exige
formação específica e cujas atribuições não são de natureza eminentemente técnica ou científica
- com cargo de professor” (Enunciado Jurisprudência Selecionada, acordão 3718/2015 -
Primeira Câmara).”
14. Em razão da impossibilidade de acumulação do cargo em exame com o de docente na rede
pública estadual de Roraima, nos termos do art. 37, § 10º, da Constituição Federal, acompanho a
proposta da Sefip, anuída pelo MP/TCU, de considerar o ato de admissão irregular e expedir
determinações ao Ibama.
Diante do exposto, manifesto-me pela aprovação do acórdão que ora submeto à apreciação
deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 5 de junho de 2018.
WEDER DE OLIVEIRA
Relator
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1. Processo nº TC 034.665/2017-0.
2. Grupo I – Classe IV – Assunto: Ato de Admissão.
3. Interessado: Licinio Cavalcante Lima Filho (315.279.652-87).
4. Entidade: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de ato de admissão de Licinio
Cavalcante Lima Filho (CPF 315.279.652-87) ao quadro de pessoal do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no cargo de técnico administrativo.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª
Câmara, ante as razões expostas pelo relator e com fundamento no art. 71, III, da Constituição Federal
e nos arts. 1º, V, e 39, I, da Lei 8.443/1992, e 260, § 1º, do RI/TCU, em:
9.1. considerar ilegal o ato de admissão de Licinio Cavalcante Lima Filho (peça 8),
negando-lhe o registro, nos termos do § 1º do art. 260 do RI/TCU;
9.2. dispensar o interessado da devolução dos valores indevidamente recebidos até a data
da ciência desta decisão, com base no Enunciado 106 da Súmula da Jurisprudência do TCU;
9.3. determinar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis que:
9.3.1. faça cessar os pagamentos decorrentes do ato impugnado, comunicando a este
Tribunal, no prazo de 15 (quinze) dias, as providências adotadas, nos termos dos arts. 45 da Lei
8.443/1992, 261 do RI/TCU, 8o, caput, da Resolução TCU 206/2007 e 19, I, da Instrução Normativa
TCU 78/2018;
9.3.2. dê ciência, no prazo de 15 (quinze) dias, do inteiro teor desta deliberação ao
interessado, cujo ato foi considerado ilegal, alertando-o de que o efeito suspensivo proveniente da
interposição de eventuais recursos junto a este Tribunal não o exime da devolução dos valores
percebidos indevidamente após a respectiva notificação, caso esses não sejam providos;
9.3.3. dentro do mesmo prazo fixado do item anterior, adote as providências necessárias ao
exato cumprimento da lei, franqueando ao servidor supracitado o direito à opção pela manutenção de
um dos cargos aos quais se encontra vinculado, nos termos do art. 133 da Lei 8.112/ 1990;
9.3.4. caso a opção do interessado recaia sobre o cargo tratado no presente processo, emita
novo ato e o submeta a este Tribunal no prazo de 30 (trinta) dias, nos termos do art. 15, § 1º, da
Instrução Normativa TCU 55/2007;
9.3.5. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contados da
ciência desta deliberação:
9.3.5.1. a comprovação de que o interessado teve conhecimento do presente acórdão;
9.3.5.2. a comprovação do eventual exercício pelo interessado do direito de opção previsto
no art. 133 da Lei 8.112/1990.
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Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Subprocurador-Geral