REQ n.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS
Gabinete da Deputada Joenia Wapichana (REDE/RR)

REQUERIMENTO DE CRIAÇÃO DE COMISSÃO EXTERNA TEMPORÁRIA

(Da Srª. Joenia Wapichana e outros)

Requer a criação da Comissão Temporária

Externa, sem ônus para esta Casa, para
acompanhar a situação dos povos indígenas
Yanomami.

Senhor Presidente,

Requeiro a Vossa Excelência, nos termos do art. 38, combinado com o

art. 117, I, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a criação de Comissão
Externa para acompanhar, fiscalizar e propor providências ante o cenário
ininterrupto de violências e violações a que está sendo submetido o povo
Yanomami do estado de Roraima e Amazonas. Após aprovação, requer, ainda, a
nomeação dos membros que irão compor a Comissão Externa.

JUSTIFICAÇÃO
A Terra Indígena Yanomami é considerada a maior terra indígena do
país, habitada pela maior população indígena com menos contato com a sociedade
nacional, com reconhecida fragilidade social e imunológica e com registro de
presença de indígenas isolados, como os Moxihatëtea. É assolada pela atuação
LexEdit

continuada de organizações criminosas responsáveis por garimpos ilegais que

*CD213245817300*

envolvem milhares de garimpeiros e movimentam bilhões de reais com minérios

retirados ilegalmente desta terra indígena.

Os crimes, ambientais e humanos, geram danos à União, ao meio

ambiente e o genocídio Yanomami. Mesmo em meio à pandemia, as atividades
criminosas continuam se expandindo, sem ação correspondente por parte do
poder executivo, apesar dos inúmeros clamores e decisões judiciais para agir. Entre

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as solicitações está a de elaboração do plano emergencial de ações, com

monitoramento territorial efetivo da TI Yanomami com o intuito de combater
ilícitos ambientais, além da retirada de garimpeiros da região, que têm sido o
principal vetor de disseminação da Covid 19. É necessário ressaltar que o primeiro
indígena morto pela covid-19 no Brasil é um jovem yanomami de 15 anos.

Temos encaminhado documentos e acompanhado lideranças da

Hutukara Associação Yanomami e da Seduume Associação Ye’kwana em reunião
com autoridades competentes e com pouquíssimos resultados efetivos. As graves
denúncias acumuladas e as solicitações para que os crimes fossem enfrentados à
altura do problema foram reiteradas, assim como a necessidade de o Governo ter
um plano de fiscalização e monitoramento da terra indígena. No Ministério da
Justiça e Segurança Pública tem o processo nº 08004.000720/2019-65 sobre o caso.

Em novembro de 2019 foi realizada uma audiência pública conjunta das

Comissões de Direitos Humanos e Minorias, de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara
dos Deputados para debater a "Capacidade do Estado de enfrentar o crime
organizado que atua na exploração mineral de ouro na Terra Indígena Yanomami e
as consequências sobre o seu povo no estado de Roraima.

Ressaltamos que, após a demarcação da Terra Indígena Yanomami em

1992, a Polícia Federal fez uma série de operações contra a invasão de garimpeiros.
No entanto, a falta de resposta permanente do Governo à altura do problema e de
um plano de proteção e fiscalização perene para a maior terra indígena do país,
possibilitou que os garimpeiros ilegais se reorganizassem e, passassem a operar
em redes de organizações criminosas e que tem aumentado a sua presença dentro
desta terra indígena.
LexEdit

No dia 3 de julho de 2020, o líder indígena Dário Kopenawa, do povo

*CD213245817300*

Yanomami e Ye'kwanaao se reuniram com o Vice-Presidente da República para

tratar da elaboração de um Plano de Proteção da Terra Indígena e de retirada
imediata dos garimpeiros, apresentando por meio de mapas, cartas e documentos
o cenário crítico que enfrentam por causa dos garimpeiros, como assassinatos,
prostituição, a contaminação de pessoas e rios por mercúrio e a destruição das
florestas.

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No mesmo dia 3 de julho de 2020, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região

(TRF1), em ação civil pública, a pedido do Ministério Público Federal (MPF)
determinou a retirada dos garimpeiros da Terra Indígena Yanomami. Com isso,
União, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) tinham um prazo de cinco dias para
apresentar um plano emergencial para a retirada dos invasores, com respectivo
cronograma, garantindo a execução durante todo o período da pandemia.

Na decisão proferida o desembargador federal Jirair Aram Meguerian não

nega a adoção de ações por parte dos órgãos, mas reconhece que as medidas até
então implementadas têm sido insuficientes e inefetivas à tutela da TI Yanomami e
da população indígena em questão. “(…) além da TIY não ter sido inserida, até
4/6/2020, como alvo prioritário do Grupo de Combate ao Desmatamento da
Amazônia, no planejamento anual de 2020”. A Decisão, proferida no processo
1001973-17.2020.4.01.4200, determina a Construção de um Plano Emergencial,
com as seguintes ações:

- fixação de equipes interinstitucionais formadas por forças de comando

para a contenção dos ilícitos em pontos estratégicos onde há garimpo na
TI;

- com a presença de fiscais do Ibama, do ICMBio, Força Nacional,

militares das Forças Armadas e as Polícias Militares Ambientais, Policiais
Federais e servidores da Funai;

-efetivo suficiente e adequado para ações estratégicas repressivas e

investigativas;
LexEdit

- disponibilização de meios materiais essenciais (alimentos, insumos,

serviços e equipamentos);
*CD213245817300*

- apresentação de relatórios quinzenais que comprovem o

cumprimento da liminar;

- garantia de imediata retirada de todos os garimpeiros não indígenas e

seu não retorno, mantendo-se a presença estatal de forma permanente
durante todo período em que reconhecida a pandemia da covid-19; e

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- medidas para não agravar o risco de contaminação na TI, de forma que

as equipes designadas para execução do plano adotem medidas
sanitárias rígidas de prevenção, como quarentena prévia e não
aproximação de populações indígenas.

Apesar do risco de extermínio étnico argumentado pelo Ministério Público

Federal no bojo da Ação Civil Pública, baseado em recentes dados divulgados pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que evidenciam o forte crescimento
do número de garimpos dentro da TI Yanomami a partir de fevereiro de 2020, o
que além das graves implicações ambientais e de segurança, acentuou o risco de
transmissão comunitária da nova doença, dada a maior vulnerabilidade biológica
dessas populações, em especial às infecções respiratórias, situação reconhecida
pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde;
apesar de todos os esforços realizados no sentido de mobilizar a opinião pública e
das inúmeras denúncias feitas ao Governo Federal, apesar de estar objetivado o
que é necessário fazer para proteger os Yanomami,

O ritmo do avanço da mineração ilegal é preocupante são mais de 20 mil

garimpeiros na região. O garimpo aumentou a crise sanitária e fragilizou ainda
mais os controles e abriu brechas para a ação dos invasores e de doenças. O
Conselho Indígena de Roraima e a Hutukara tem alertado que a movimentação de
garimpeiros e dos empresários que os financiam, está gerando um cenário de alto
risco, que já apresentam sérios problemas de saúde em decorrência do derrame
de mercúrio em rios e córregos na extração de ouro.

Como resultado de todas as denúncias, desde o início do mês de maio de

2021, a comunidade Palimiu, região do Rio Uraricoera, Alto Alegre/RR está sendo
alvo de ataques e constantes ameaças à integridade física e social por garimpeiros
LexEdit

ilegais, que já resultou na morte de 2 crianças nos respectivos ataques.

*CD213245817300*

Destaco que no dia 16 de maio do mesmo ano, pela noite, às 21:40, fomos
informados que a comunidade Palimiu teve novo ataque de garimpeiros à
comunidade, com 15 barcos. Os Yanomami relataram que, além dos tiros, havia
muita fumaça e que seus olhos estavam ardendo, indicando o disparo de bombas
de gás lacrimogêneo contra os indígenas. Os Yanomami estavam muito aflitos, e
gritavam de preocupação ao telefone.

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No dia 12 de outubro deste ano, tomamos conhecimento da denúncia

divulgada pela Hutukara Associação Yanomami, acerca do ocorrido com duas
crianças de 5 e 7 anos, próximo de maquinários uilizados no garimpo ilegal dentro
da Terra Indígena Yanomami. O fato ocorreu no rio Parima, na comunidade Makuxi
Yano, em Roraima. Os corpos das duas crianças já foram localizados.

Diante de toda essa escalada de violência, a Câmara dos Deputados, em

sua missão de fiscalizar os atos da Administração Pública, com o propósito de
promover a democracia e o desenvolvimento nacional com justiça social, tem o
dever de monitorar como estão sendo desenvolvidas as ações governamentais
para esses povos, solicitamos a criação da Comissão Externa para acompanhar a
situação dos povos indígenas Yanomami e Ye'kuana da Terra Indígena Yanomami.

Sala das Sessões, 15 de outubro de 2021.

JOENIA WAPICHANA
Líder da REDE Sustentabilidade

DEPUTADO ALESSANDRO MOLON DEPUTADO BOHN GASS

Líder da Oposição Líder do PT

DEPUTADO WOLNEY QUEIROZ DEPUTADA TALÍRIA PETRONE

Líder do PDT Líder do PSOL

DEPUTADO RENILDO CALHEIROS DANILO CABRAL

LexEdit

Líder do PCdoB Líder do PSB

*CD213245817300*

DEPUTADO MARCELO FREIXO

Líder da Minoria

DEPUTADA PROFESSORA ROSA NEIDE DEPUTADO WALDENOR PEREIRA

PT PT

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DEPUTADO JOSÉ RICARDO DEPUTADO AIRTON FALEIRO

PT PT

DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA DEPUTADA JANDIRA FEGHALI

PCdoB PCdoB

DEPUTADO ORLANDO SILVA DEPUTADO CAMILO CAPIBERIBE

PCDOB PSB

DEPUTADO NILTO TATTO DEPUTADO RODRIGO AGOSTINHO

PT PSB

DEPUTADO PATRUS ANANIAS DEPUTADO TÚLIO GADÊLHA

PT PDT

DEPUTADA ALICE PORTUGAL DEPUTADA ERIKA KOKAY

PCdoB PT

DEPUTADA ÁUREA CAROLINA DEPUTADO DAVID MIRANDA

PSOL PSOL

DEPUTADA FERNANDA MELCHIONNA DEPUTADO GLAUBER BRAGA

PSOL PSOL

DEPUTADO IVAN VALENTE DEPUTADA LUIZA ERUNDINA

PSOL PSOL

DEPUTADO HENRIQUE FONTANA DEPUTADA VIVI REIS

PT PSOL
LexEdit
*CD213245817300*

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Infoleg - Autenticador

Requerimento
(Da Sra. Joenia Wapichana )

Requer a criação da Comissão

Temporária Externa, sem ônus para esta
Casa, para acompanhar a situação dos
povos indígenas Yanomami.

Assinaram eletronicamente o documento CD213245817300, nesta ordem:

1 Dep. Joenia Wapichana (REDE/RR)

2 Dep. José Ricardo (PT/AM)
3 Dep. Airton Faleiro (PT/PA)
4 Dep. Alice Portugal (PCdoB/BA)
5 Dep. Túlio Gadêlha (PDT/PE)
6 Dep. Marcelo Freixo (PSB/RJ)
7 Dep. Waldenor Pereira (PT/BA)
8 Dep. Jandira Feghali (PCdoB/RJ)
9 Dep. Patrus Ananias (PT/MG)
10 Dep. Erika Kokay (PT/DF)
11 Dep. Danilo Cabral (PSB/PE) *-(P_7834)
12 Dep. Bohn Gass (PT/RS) *-(p_7800)
13 Dep. Renildo Calheiros (PCdoB/PE)
14 Dep. Professora Rosa Neide (PT/MT)
15 Dep. Luiza Erundina (PSOL/SP)
16 Dep. Vivi Reis (PSOL/PA)
17 Dep. David Miranda (PSOL/RJ)
18 Dep. Talíria Petrone (PSOL/RJ) *-(p_6337)
19 Dep. Nilto Tatto (PT/SP)
20 Dep. Henrique Fontana (PT/RS)
21 Dep. Alessandro Molon (PSB/RJ)
22 Dep. Áurea Carolina (PSOL/MG)
23 Dep. Ivan Valente (PSOL/SP)
Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Joenia Wapichana e outros
24verificar
Para Dep.asPaulo Teixeira
assinaturas, (PT/SP)
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25 Dep. Carlos Veras (PT/PE)
26 Dep. Wolney Queiroz (PDT/PE)
27 Dep. Fernanda Melchionna (PSOL/RS)
28 Dep. Camilo Capiberibe (PSB/AP)
29 Dep. Glauber Braga (PSOL/RJ)
30 Dep. Helder Salomão (PT/ES)
31 Dep. Bira do Pindaré (PSB/MA)
32 Dep. Perpétua Almeida (PCdoB/AC)
33 Dep. Orlando Silva (PCdoB/SP)
34 Dep. Rodrigo Agostinho (PSB/SP)
* Chancela eletrônica do(a) deputado(a), nos termos de delegação regulamentada no Ato da mesa n. 25 de 2015.

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Joenia Wapichana e outros

Para verificar as assinaturas, acesse https://infoleg-autenticidade-assinatura.camara.leg.br/CD213245817300