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MINIST ÉRIO PÚB LICO FE DE RAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


20º OFÍCIO DO MEIO AMBIENTE E DO PATRIMÔNIO CULTURAL

AO JUÍZO DA 10 a VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE


JANEIRO

PROCESSO Nº 5087096-95.2020.4.02.5101

Trata-se de ação de reintegração de posse proposta pela


UNIÃO em face dos moradores do imóvel pertencente ao imobiliário federal,
situado na Rua Cândido Mendes, nº 891, bairro da Glória.
Alegou, quando da propositura da ação, em dezembro de 2020,
que, segundo levantamento feito pelos fiscais da Superintendência do
Patrimônio da União do Estado do Rio de Janeiro (SPU/RJ). o referido imóvel
vem sendo ocupado por cerca de 200 pessoas, todas aparentemente de baixa
renda, que se utilizam do mesmo para sua moradia. Aduziu que o prédio
estaria em péssimas condições de manutenção e que haveria possibilidade de
colapso ou incêndio, mormente porque vêm sendo feitas obras irregulares no
mesmo, sem qualquer licença ou fiscalização da autoridade competente –
Secretaria Municipal de Obras, tendo, inclusive, sido parcialmente interditado
pela Defesa Civil (Auto de Interdição nº 20011, de 29/09/2010), o que
colocaria os ocupantes em situação de risco de vida (Nota Técnica SEI nº
2/2019/NUREF/SPU/SEDDM-ME.
Decisão do evento 9, indeferindo a liminar.
No evento 27, contestação da parte ré, veiculada pela
Defensoria Pública da União.
Evento 34, réplica da União.
Evento 49, DPU alega que o imóvel teria sido cedido ao
Instituto Missionário e para a Sociedade de Difusão, ambas as sociedades
ligadas a Igreja Católica
Evento 58: o Juízo determinou que a parte autora apresentasse
histórico do imóvel.

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Evento 70: União apresenta proposta de realocação dos


moradores, que deveriam ser transferidos para o bairro de Guadalupe, ao passo
em que volta a reiterar acerca dos riscos existentes no imóvel e requer
designação de audiência.
No evento 76, a DPU acena com a improbabilidade de
composição da lide, nos termos ofertados pela União, mas demonstra interesse
em comparecer à audiência a ser designada.
O MPF intervém no feito, tendo em vista o inegável interesse
coletivo e social presente na presente demanda. Nesse sentido, o parquet
compartilha do mesmo posicionamento sustentado pela Defensoria Pública da
União. Nada obstante, a defesa desse interesse social não impede, mas ao
contrário torna necessário, que o imóvel em questão possa apresentar
condições dignas de moradia, o que exige a pronta atuação do poder público
para afastar eventuais riscos de perecimento.
A esse respeito, cumpre informar que as instituições MPF e
DPU já fizeram recomendação em conjunto e realizaram reunião, por meio da
qual buscavam solução consensual para os problemas prediais existentes.
À referida reunião compareceram representantes da SPU, do
Município e também da coletividade que reside no local. O objetivo
primordial desses atos, frise-se, foi propiciar aos núcleos familiares do imóvel
- por eles próprios mantidos e conservados há décadas - condições dignas de
habitabilidade e moradia.
Naquelas oportunidades (documentos anexos) foi ventilada a
possibilidade de regularização fundiária para permanência dos moradores,
além de instada a União a providenciar as necessárias reformas.
Dito isso, o MPF não se opõe à designação de audiência na qual
a União terá, inclusive, possibilidade de esclarecer acerca das providências
que têm adotado para realizar as obras necessárias e também para apontar qual
destinação social planeja para o imóvel.
Para que possam cooperar com as partes deste processo, o MPF
pugna pela intimação da União, a fim de que compareça à audiência designada

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acompanhada pela Coordenação da Secretaria do Patrimônio da União, e do


Município do Rio de Janeiro, a fim de que representantes da Secretaria de
Habitação e do Instituo Rio Patrimônio da Humanidade possam comparecer ao
ato.

Rio de Janeiro, 23 de janeiro de 2023.

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