Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Atividade Financeira do Estado�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Noções Gerais���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Definição de Tributo���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Art. 3º do CTN�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
1
AlfaCon Concursos Públicos
V. tributos: os cidadãos devem pagar tributos para que o Estado tenha recursos financeiros
para suportar as despesas que lhe são impostas. As exações tributárias são instituídas pelo
Estado, utilizando-se de seu poder de império, sendo certo que os tributos também se en-
quadram na categoria dos “ingressos públicos derivados” (derivados do exercício do poder
estatal!). O dever de pagar tributos não se confunde com a obrigação de pagar penalida-
des, pois, enquanto a penalidade somente é devida quando descumprimos um dever le-
galmente estabelecido, o tributo deve ser pago pelos cidadãos em decorrência da prática
de atos regulares de sua vida civil. Ou seja, não pagamentos tributo porque fizemos algo
errado! Vejamos um exemplo: pagamos multa de trânsito porque infringimos alguma lei de
trânsito; pagamos o IPVA porque somos proprietários de um veículo automotor (veja: não
fizemos nada de errado, mas temos que pagar o IPVA).
No quadro abaixo, sintetizamos o exposto:
Originário
Reparações
Próprio / de Guerra
Receita
Derivado Penalidades
Ingresso
Público
Tributos
De terceiros /
empréstimo
(dívida pública)
Direito Tributá
Tributário
Assim, com base no acima exposto, verificamos que nosso estudo recairá em apenas uma espécie
de ingresso público, qual seja, os tributos. Contudo, apesar de já termos diferenciado os tributos das
demais modalidades de ingressos públicos, notadamente das penalidades, ainda não definimos o
que são os tributos.
Definição de Tributo
A primeira definição legal de tributo é encontrada na Lei n º 4.320, de 17/03/1964, nos seguintes
termos: “Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito publico, compreendendo
os impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira,
destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades”.
Veja que tal definição de tributo é focada no direito financeiro, pois o tributo é qualificado por
sua destinação (veja: somente seria qualificado como tributo o ingresso público destinado ao custeio
de atividades a serem exercidas por entidades de direito público).
Segundo tal definição, não seria possível qualificar como tributo um ingresso público de tercei-
ros / empréstimo (adotando este entendimento, o STF publicou a Súmula 418, com o seguinte teor:
“O empréstimo compulsório não é tributo, e sua arrecadação não está sujeita à exigência constitucio-
nal da prévia autorização orçamentária”).
Conforme o direito tributário ganhava autonomia em relação ao direito financeiro, passava a
ser premente uma definição de tributo desvinculada do destino de sua arrecadação. Tal definição
de tributo consta do art. 3º do Código Tributário Nacional – CTN (Lei n º 5.172, de 25/10/1966):
“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada”.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
3
AlfaCon Concursos Públicos
Veja que, na definição do CTN, o tributo não é mais qualificado com receita pública, ou seja,
a definição sai do âmbito do direito financeiro (o art. 3º do CTN traz um conceito econômico de
tributo)! Assim, passa a ser possível a existência de tributos que não se qualifiquem como receitas
públicas. Por conta desta nova definição de tributo e do art. 21, §2, inciso II, da Emenda Constitucio-
nal nº. 01, de 1969, o Supremo Tribunal Federal reviu seu anterior posicionamento, passando a consi-
derar que os empréstimos compulsórios detêm natureza tributária. Vejamos a redação do art. 21, §2,
inciso II, da EC nº. 01, de 1969, e o decidido pelo STF no Recurso Extraordinário 11.154:
“Art. 21. Compete à União instituir impôsto sôbre: (...)
§ 2º A União pode instituir: (...)
II – empréstimos compulsórios, nos casos especiais definidos em lei complementar, aos quais se aplica-
rão as disposições constitucionais relativas aos tributos e às normas gerais do direito tributário”.
“RE 11.154 – Empréstimo Compulsório – Dec. – Lei 2.047, de 20/7/1983. Súmula 418. A Súmula 418 perdeu
validade em face do art. 21, parágrafo 2º, II, da Constituição Federal (redação da Emenda Constitucional 1/69).
(...)” (RE 111.54, Relator Ministro Oscar Corrêa, Tribunal Pleno, julgamento em 1.6.1988, DJ de 24.6.1988)
Destarte, aquela figura que vimos anteriormente deve ser atualizada, da seguinte forma:
É importante notar que, na visão do CTN, é irrelevante o destino da arrecadação tributária, pois
saber quais despesas serão custeadas com a arrecadação tributária não se mostra necessário para
a qualificação do tributo. Mas, preste atenção: a definição de tributo prestigiada no art. 9º da Lei
nº. 4.320/64 não perdeu toda a sua utilidade, pois somente pode ser qualificado como tributo um
ingresso destinado a integrar o patrimônio estatal! Neste sentido, o STJ entende que o FGTS não
detém natureza tributária, apesar de cumprir todos os requisitos previstos no art. 3º do CTN, vez
que os recursos do FGTS pertencem aos trabalhadores (Súmula STJ 353: As disposições do Código
Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS).
O conteúdo do art. 3º do CTN é tão relevante para nosso estudo, pois permeia todo o direito tri-
butário, que estudaremos detalhadamente cada aspecto deste dispositivo legal.
Art. 3º do CTN
O primeiro aspecto importante refere-se à definição de que o tributo é “toda prestação pecu-
niária compulsória”. Assim, fogem ao conceito de tributo diversas obrigações que temos perante o
Estado despidas do caráter pecuniário (ex.: serviço militar obrigatório, mesário em eleições etc.).
Ademais, os cidadãos têm o dever de pagar os tributos, em decorrência de seu caráter compulsório.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
4
AlfaCon Concursos Públicos
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
6
AlfaCon Concursos Públicos
O próximo aspecto tratado no art. 3º do CTN é a definição de que o tributo deve ser instituído
por lei (princípio da reserva legal).
Os ordenamentos jurídicos modernos vigentes nos países democráticos albergam a garantia de
que os cidadãos pagarão apenas os impostos definidos por seus representantes eleitos para o Poder
Legislativo. A ideia é que devemos pagar apenas os tributos que concordamos coletivamente em
pagar (veja como é importante votarmos bem...).
O ordenamento jurídico brasileiro garante o princípio da reserva legal no direito tributário no
art. 150, inciso I, da Constituição Federal, nos seguintes termos: “Art. 150. Sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
nicípios: I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”.
Importante notar que, apesar do texto constitucional mencionar apenas a necessidade de lei
para a instituição e majoração de tributos, é certo que a redução ou extinção das exações tributárias
também deve ser empreendida por intermédio de lei, em regra (as exceções ao princípio da reserva
legal serão estudadas em capítulo específico da apostila).
Preste atenção: no direito constitucional, não devemos confundir o princípio da legalidade com
o princípio da reserva legal. O princípio da legalidade tem índole geral e encontra sede no art. 5º,
inciso II, da Constituição Federal, que estabelece: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei”. Já o princípio da reserva legal refere-se a matérias específicas
que devem ser reguladas necessariamente por lei, em decorrência de norma expressa da Constitui-
ção Federal neste sentido. É o caso do princípio da reserva legal no direito tributário (art. 150, inciso
I, da Constituição Federal). Contudo, devemos nos atentar para o fato de que as bancas examina-
doras normalmente se referem ao princípio da reserva legal tributária como princípio da legalidade
estrita (ou, apenas, princípio da legalidade tributária).
Ainda em relação ao princípio da reserva legal, devemos abordar brevemente a questão relativa
às medidas provisórias.
As medidas provisórias são elaboradas e publicadas pelo Presidente da República, em casos de
relevância e urgência, e possuem força de lei desde o momento de sua publicação. Assim, desde que
a instituição, majoração, redução ou extinção de um tributo seja relevante e urgente, o Presidente da
República pode expedir uma medida provisória para tratar do tema. Logo, vemos que o princípio da
reserva legal no direito tributário abrange tanto as leis quanto as medidas provisórias!
O último aspecto a ser estudado do art. 3º é o que define que o tributo deve ser “cobrado mediante
atividade administrativa plenamente vinculada”.
Diz-se que uma atividade é vinculada quando inexiste qualquer juízo de conveniência ou oportuni-
dade por parte do agente público que deve praticar o ato (quando é cabível a ponderação da conveniên-
cia e da oportunidade na prática de qualquer ato pelo agente estatal, diz-se que o ato é discricionário).
Assim, o fiscal sempre deve cobrar o tributo que a pessoa deve, sem a possibilidade de qualquer pon-
deração subjetiva em relação à situação. Por exemplo: mesmo que uma empresa possa ir à falência em
decorrência da cobrança do tributo, o fiscal sempre deve cobrá-lo, mesmo que lamente a situação.
A ideia de a cobrança do tributo ser “plenamente vinculada” apenas reforça a ausência de qualquer
juízo de conveniência e oportunidade nesta atividade (caso um fiscal tenha que fiscalizar o seu time
de futebol do coração, será obrigatório cobrar todos os tributos eventualmente devidos pelo clube,
pois a atividade é plenamente vinculada).
A menção ao caráter administrativo da cobrança do tributo refere-se ao fato de que é o Poder
Executivo, por intermédio de seus agentes fiscais, quem deverá realizar tal atividade.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
7
AlfaCon Concursos Públicos
Exercícios
01. De acordo com a Lei Federal n. 4.320/1964, que estatui normas gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal, tributo é
a) toda receita originária, consistente de prestações pecuniárias compulsórias, em moeda ou
cujo valor nela se possa exprimir, instituída em lei.
b) a receita derivada, instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os
impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis vigentes em
matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especí-
ficas exercidas por essas entidades.
c) toda prestação pecuniária compulsória, inclusive a prestação decorrente de sanção de ato ilícito
não definitivamente julgado, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, instituída em lei.
d) a receita derivada, instituída pelas entidades de direito público ou privado, em decorrên-
cia de parcerias público privadas (PPP), para custear as despesas decorrentes dos contratos
firmados entre essas pessoas jurídicas.
e) a receita originária, instituída contratualmente, com base em lei, pelas entidades de direito
público ou privado, em decorrência de parcerias público privadas (PPP), para custear as
despesas decorrentes dos contratos firmados entre essas pessoas jurídicas e terceiros.
02. Direito tributário é o conjunto de normas que
a) regula o destino dos valores arrecadados a título de tributo dentro da máquina do Estado.
b) regula o comportamento dos agentes públicos na condução orçamentária da Administração
Pública Direta e Indireta.
c) regula o comportamento dos agentes públicos na condução orçamentária apenas da Admi-
nistração Pública Direta.
d) regula o comportamento das pessoas de levar dinheiro aos cofres públicos.
e) compõem a Lei Orçamentária, a Lei Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
03. Considerando-se o que dispõe o CTN, é correto afirmar que, como regra geral, os tributos
a) são compulsórios, podendo a sua obrigatoriedade advir da lei ou do contrato.
b) podem ser pagos em pecúnia, in natura ou in labore.
c) são cobrados mediante atividade administrativa, a qual pode ser vinculada ou discricionária.
d) podem incidir sobre bens e rendimentos decorrentes de atos ilícitos, embora não possam ser
utilizados como sanção.
e) têm por fato gerador uma situação jurídica abstrata, não sendo possível vincular um tributo
a qualquer atividade estatal específica.
04. De acordo com a definição de tributo, segundo o Código Tributário Nacional, assinale a afir-
mativa incorreta.
a) A compensação financeira pela exploração de recursos minerais não é tributo, por ausência
do caráter compulsório.
b) A concessão de desconto ao contribuinte do IPVA, que não tenha cometido infrações de
trânsito, viola o conceito de tributo, pois o tributo não é sanção por ato ilícito.
c) O serviço militar obrigatório não é tributo, por ser uma obrigação compulsória não pecuniária.
d) O acréscimo no valor do IPTU, a título de multa administrativa por ausência de inscrição
imobiliária, viola o conceito de tributo, por se tratar de sanção por ato ilícito.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
8
AlfaCon Concursos Públicos
e) Os agentes públicos envolvidos na cobrança do tributo não podem agir motivados por pres-
supostos de conveniência e oportunidade, devendo cumprir o que determina a lei, pois a
cobrança do tributo é atividade administrativa plenamente vinculada.
Gabarito
01 - B
02 - D
03 - D
04 - B
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
9