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Autor do massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, Wellington Menezes de


Oliveira planejou minuciosamente tanto o assassinato quanto a justificativa para a
chacina na qual 12 jovens morreram e outros 12 ficaram feridos. O assassino deixou
uma série de vídeos em que fala sobre o crime que cometeria.

Por entender que o conteúdo de alguns deles pode estimular a violência, o  não
publicou a maior parte do material divulgado nesta sexta-feira pela polícia do Rio de
Janeiro.

Nos vídeos, o atirador afirma que agiu em nome dos que sofrem maus tratos e
humilhação. Vai além: diz que, enquanto houver bullying ± o termo em inglês que
engloba o universo de maus tratos aos quais estudantes são submetidos por outros
estudantes - haverá pessoas que, como ele, vão atirar contra pessoas indefesas.

Como afirma Paulo Oscar Teitelbaum, psiquiatra do Instituto Psiquiátrico Forense, de


Porto Alegre, ³Quando há um tipo de crime assim, com altíssimo grau de violência, a
primeira coisa que temos de fazer é suspeitar da sanidade mental de quem comete´.

Doutor em sociologia pela Universidade de Madrid e coordenador do Observatório de


Violência nas Escolas da Universidade da Amazônia (Unama), Reinaldo Nobre Pontes
afirma: ³Deixar um vídeo é uma forma de concorrer a uma medalha. A sociedade tem o
papel de não entregar esta medalha´, explica. "A publicidade da mensagem que o
criminoso deixa gera um aspecto positivo que pode ser copiado, é o que a sociologia
chama de modenização (de moda) de um crime´.
Para a coordenadora do Laboratório de Estudos da Família do Instituto de Psicologia
Social da Universidade de São Paulo (USP), Belinda Mandelbaum, o mais importante
agora é cuidar para que outros massacres não ocorram. ³A mensagem é perigosa. Quem
sofre humilhação, e não são poucas pessoas, sente ódio, ressentimento e uma
porcentagem que não estiver em perfeita saúde mental pode achar que há justificativa
para o que ele fez. Há risco na exibição do vídeo indiscriminadamente´, afirma.

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Segundo o consultor em segurança pública para órgãos ligados às Nações Unidas,


Marcos Rolim, há um certo grupo de pessoas que são psicopatas, com graves distúrbios,
que ficam sabendo de casos como esse e encontram um caminho. "O efeito já está
demonstrado no próprio caso de Realengo. Certamente ele acompanhou os massacres
ocorridos nas escolas dos Estados Unidos e se encantou".

No caso de Wellington, o bullying é uma maneira de revestir de razão algo que não tem
fundamento. Feizi Milani, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
(UFRB) e fundador do Inpaz (Instituto Nacional de Educação para a Paz e os Direitos
Humanos), afirma que o massacre é ³fruto de uma mente doentia, enferma". "Não dá
para estabelecer relação de causa e efeito entre o fato de alguém ter sido vítima de
humilhações em ambiente escolar e o fato dele ter cometido um homicídio, inclusive
envolvendo pessoas que nada tem a ver com as humilhações sofridas por ele na escola´.

Para pedagoga Cléo Fante, doutora pela Universidade de Avero, em Portugal, e


pesquisadora pioneira sobre bullying no Brasil, o comportamento do atirador "é fruto de
uma alma adoecida´.

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Veja os principais massacres em escolas e universidades

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Nesta quarta-feira, um ataque a tiros matou ao oito pessoas em uma escola na Finlândia,
além do suposto atirador, que também morreu. A polícia acredita que o atirador se
matou. O crime ocorreu depois de ter sido anunciado em um vídeo no site YouTube.

Veja alguns dos principais massacres em escolas e universidades:


Œ  "& (Finlândia) - Oito pessoas foram mortas por um atirador em uma escola
após a divulgação de vídeo no YouTube que anunciava o massacre. O suposto atirador
morreu horas depois.

)*  & (EUA) - Um estudante do Virginia Tech matou 32 pessoas e feriu 15 no


maior massacre do tipo na história dos EUA

+  "& 
++* (Alemanha) - Um ex-aluno de 18 anos abriu fogo em escola,
deixando 11 pessoas feridas antes de cometer suicídio

 & 
++* (EUA) - Um caminhoneiro invadiu uma escola na Pensilvânia,
matou cinco meninas e se suicidou

), & 
++* (Canadá) - Um atirador abriu fogo em uma escola em
Montreal, matando uma estudante e ferindo outras 19 pessoas. Em seguida, cometeu
suicídio

)  - 
++. (EUA) - Um aluno de 16 anos matou 5 estudantes, um professor e
um segurança em uma escola no Estado de Minnesota.

) & 
++/ (Rússia) - Pelo menos 156 crianças são mortas em ação
terrorista na escola de Beslan (Ossétia do Norte).

*  & 
++
(Alemanha) - Homem armado abre fogo em escola em Erfurt,
matando dois alunos, 13 professores e ainda um policial.

* 0 1 
++) (Japão) - Armado com uma faca, Mamoru Takuma, entrou em uma
escola primária e matou oito crianças. Ele foi executado em 2004.

+  & )222 (EUA) - Dois alunos armados matam doze e um professor em


Columbine.

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A comoção nacional provocada pelo assassinato a tiros de 12 crianças, e ferimento de


outras 12, na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, no Rio de Janeiro,
recoloca em debate uma questão que foi submetida a referendo em 2005 e, sob forte
artilharia da direita e dos setores mais conservadores, foi decidida a favor daqueles
que apoiam a comercialização de armas: a questão da proibição ou não da venda de
armas de fogo.

Foi uma decisão que o senador José Sarney (PMDB -AP) quer corrigir. Ele anunciou a
intenção de convocar um plebiscito, para ocorrer em outubro, que voltará a perguntar
aos brasileiros: ³O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no
Brasil?´.
O massacre ocorrido no Rio de Janeiro, no último dia 7, envolve um conjunto de
circunstâncias trágicas que vão desde a saúde mental do próprio criminoso, que se
suicidou, até a facilidade ao acesso (mesmo ilegal) a armas e munições. A existência
de obstáculos ao comércio da violência certamente cercearia ou dificultaria a
realização daquele ato insano cometido contra os alunos, meninos e meninas, daquela
escola.

O Estatuto do Desarmamento aprovado em 2003 previa a proibição da venda de


armas de fogo ± um item que, para entrar em vigor, dependia da aprovação num
referendo que o própri o Estatuto marcou para 2005.

A campanha em defesa do comércio das armas de fogo ocorreu num momento de


violento ataque conservador contra o presidente Lula e foi um divisor de águas que
alinhou os conservadores e a direita entre os que defendiam a revoga ção daquela
proibição. A propaganda foi fortemente emocional, baseada principalmente no
argumento discutível do direito do cidadão escolher o procedimento que julgue melhor
para sua própria defesa contra roubos ou mesmo ameaças de morte.

Isto é, macaquean do a realidade violenta da sociedade norte -americana, a direita e os


conservadores propagaram a ideia da privatização (ou individualização) da defesa
pessoal, desconsidera -o como um direito de todos e um dever do Estado.

O resultado do referendo foi avass alador, e uma derrota significativa para os setores
democráticos e não violentos, que defendiam a proibição do comércio de armas. Os
defensores deste comércio alcançaram 59 milhões de votos (64%), contra os 33
milhões (36%) que votaram pela proibição da ve nda de armas.

Em consequência, nos cinco anos seguintes a venda legal de armas cresceu 81%. Em
2004, antes do referendo, foram vendidas 63 mil pistolas e revólveres. Dois anos
depois da vitória do ³não´, esse número pulou para 134 mil! E continuou cresce ndo, de
tal forma que em cinco anos, entre 2005 e 2010, chegou a mais de 635 mil.

Levantamentos feitos pela organização Viva Rio mostram que devem existir 16
milhões de armas no Brasil, sendo 14,5 milhões em poder de civis. Metade delas
seriam armas ilegais ou clandestinas. Para piorar, o preço das munições e das
próprias armas no mercado negro é muito baixo, como diz a secretária Nacional de
Direitos Humanos, Maria do Rosário. "Uma bala custa R$ 5. Uma arma no mercado
clandestino custa R$ 50 ou R$ 100. É possível vivermos com isso? Não, não é
possível", reage a ministra, que apoia a convocação de um novo plebiscito sobre o
assunto.

Este é um problema grave. Armas compradas legalmente podem ser roubadas (a


audácia dos assaltantes chega inclusive a assalta r quartéis e delegacias!) irrigando um
mercado negro florescente no qual tiveram origem as armas usadas no massacre da
Escola Municipal Tasso da Silveira.

E as campanhas de desarmamento tem resultados que podem ser considerados


irrisórios. O próprio depu tado federal OnyxLorenzoni (DEM -RS), o campeão da
³bancada da bala´ na Câmara dos Deputados, admite que nos últimos quatro anos
apenas 500 mil armas foram retiradas de circulação voluntariamente nas campanhas
de desarmamento ocorridas.

Neste sentido, a pr oposta do senador José Sarney merece apoio. Ela é uma
homenagem às vítimas do insano atirador da Escola Municipal Tasso da Silveira.

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