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2021

Textos para o exame oral


de dezembro

1ROS ANOS – LÍNGUA PORTUGUESA


Profas Sonia Geisler, Gabriela Fava, Gladys Rúveda

INSTITUTO SUPERIOR JOSEFINA CONTTE


Crônica de Stanislaw Ponte Preta

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira
montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega -
tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha. Um dia, quando ela vinha na
lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar.
A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela: - Escuta aqui, vovozinha, a
senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse
saco? A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela
adquirira no odontólogo, e respondeu: - É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar
da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só
tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na
lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no
outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na
lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela
levava no saco e ela respondeu que era areia, uai!
O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha
e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Diz que foi aí que o fiscal se
chateou: - Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo
essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é
contrabandista. - Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha.
E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs: - Eu prometo à senhora que deixo a
senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora
vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias? -
O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha. - Juro - respondeu o fiscal. -
É lambreta!
Lenda do Saci-Pererê

O saci-pererê é uma das principais figuras do folclore brasileiro, mas poucas pessoas
conhecem a história dele e a origem de sua lenda.

O famoso Saci-Pererê, ou simplesmente Saci, é uma das personagens mais simbólicas


do folclore brasileiro. Aliás, até mesmo seu nome é brasileiríssimo: Saci, é um nome oriundo
do termo Tupi, e representa o nome de um pássaro.

No mais, para quem não se lembra, o Saci é aquele menino negro e travesso de apenas
uma perna. Em todas suas histórias, ele é visto com um cachimbo e um gorro vermelho.
Aliás, segundo a lenda, é exatamente seu gorro lhe dá os poderes mágicos.

Em homenagem a essa personagem tão brasileira, aliás, vários municípios brasileiros


chegaram a instituir o dia 31 de outubro como o Dia do Saci. A data foi escolhida como uma
forma de reação à cultura americana, que comemora o Dia das Bruxas nesse dia, e de
exaltação da cultura brasileiras, dando destaque saci, um símbolo nacional bem forte.

Na verdade, o Dia do Saci ainda não é tão popular quanto deveria ser. No entanto, com o
tempo, quem sabe essa comemoração não é ainda mais exaltada nacionalmente?

Influência africana

Mas, voltando ao assunto inicial, o Saci-Pererê é uma de nossas figuras folclóricas mais
populares. Além do mais, ele já existe desde os tempos coloniais e originou das tribos
indígenas do Sul do Brasil. Porém, assim como toda cultura, a história do Saci é modificada
de região para região. Uma curiosidade interessante sobre essas várias adaptações da
lenda, é que o personagem era relatado com duas pernas e um rabo antes da influência da
cultura africana. Depois disso, no entanto, ele ficou no imaginário das pessoas como um
amputado.

Aliás, a história mais comum é que o Saci tenha perdido uma perna em uma luta de
capoeira.

Influência portuguesa

Outra grande influência de outra cultura em nossa lenda é o gorrinho vermelho. Muita gente
nem imagina, mas o “chapéu” do Saci advém do folclore do norte de Portugal, ou seja, da
colonização europeia. Tanto é que o gorro era utilizado pelo lendário Trasgo, que também
contava com poderes sobrenaturais.

Outra coincidência desse personagem europeu com o nosso personagem folclórico que é
ele também é conhecido por ser um personagem endiabrado, cheio de travessuras.
Basicamente, o trasgo é visto como um ser brincalhão, que diverte todo mundo, tanto
animais quanto pessoas. Exatamente por esse seu estado de espírito peralta, ele pode
causar grandes transtornos.

Assim como o Saci-Pererê, o trasgo também é conhecido por fazer o feijão queimar, por
esconder objetos, por jogar os dedais das costureiras em buracos, por trançar os pelos dos
animais, e ainda, por assobiar para assustar os viajantes.

Reza a lenda que o Saci é conhecido por atrapalhar o trabalho das cozinheiras.
Basicamente, ele costuma trocar os recipientes de sal e açúcar ou fazê-las queimar a
comida, por exemplo.

História do Saci-pererê

Sobre a origem do Saci, a história mais conhecida por aí é que ele vive nas matas e tem
grande domínio em seu território. Aliás, ele supostamente é uma espécie de feiticeiro das
ervas medicinais e tem grande a habilidade em desenvolver medicamentos.
Como é considerado guardião das ervas e das plantas medicinais, o Saci-Pererê teria um
profundo conhecimento das técnicas de manuseio e de preparo das ervas. Aliás,
exatamente por isso, em algumas regiões do Brasil o personagem folclórico chega a ser
considerado um ser maldoso e vingativo.

No entanto, essa característica negativa se deu justamente por ele guardar e cuidar das
ervas sagradas presentes na mata. Além de ser conhecido por atrapalhar e confundir as
pessoas, que coletam essas plantas sem autorização.

Sua associação com as plantas é tão grande que algumas lendas dizem que os Sacis
nascem em brotos de bambus, onde vivem sete anos. Após esse tempo, eles conseguem
viver mais setenta e sete anos, tempo suficiente para atentar a vida dos seres humanos e
dos animais.

Logo após essa idade limite, supostamente, os Sacis morrem e viram cogumelos
venenosos. Ou então uma orelha de pau, que são os fungos que nascem em árvores.

Captura do Saci-pererê
De acordo com algumas lendas, para conseguir capturar o Saci é preciso ir até os
redemoinhos de vento. O folclore diz que é lá que ele fica. E o mais curioso de tudo é que
segundo as histórias, ele pode ser capturado ao jogar uma peneira sobre esses
redemoinhos.

Ainda de acordo com as lendas, a primeira coisa que você precisa fazer depois da captura
é retirar seu capuz. Isso garantiria a obediência o personagem.

O próximo passo, aliás, é ainda mais perverso: quem capturar o Saci deve prendê-lo em
uma garrafa. Dessa maneira você poderia usufruir de seus poderes mágicos e de sua
submissão.

Outra forma de capturar o Saci-Pererê, segundo as histórias populares, é espalhando


pedaços de barbante com nós pela casa. A lenda diz que se o menino de uma perna só
encontrar as armadilhas, ele não conseguirá sair sem deixar todas as linhas lisas
novamente.

Essa seria também uma forma de controlar o Saci, para que ele gaste seu tempo desatando
os nós dos barbantes, e não causando confusões por aí.

Agora, se o Saci estiver em seu encalço, o mais indicado é que você escolha caminhos
próximos a rios ou córregos. Porque, como explica a lenda, ele não consegue seguir por
esses caminhos.

Afinal, o que você achou da verdadeira história do Saci-Pererê?

Fontes: Toda matéria, Brasil escola, Mega curioso


Crônicas de uma imigrante
by Fabi Lima Julho 2, 2021
Hoje venho escrever meu último texto aqui no site Brasileiras Pelo Mundo. Para a minha
despedida, resolvi trazer algumas reflexões que me causaram curiosidades de como é
viver aqui na Argentina.

Duas semanas na praia são sagradas

Em outra oportunidade, eu falei como as férias de verão são sagradas para os argentinos
e como eles TÊM QUE passá-las numa praia, se lembram? E preferentemente no Caribe
ou no Brasil.

No entanto, com a nova crise atual (em decorrência de um manejo bastante


desorganizado do momento atual) e a quarentena eterna pensar em férias no Brasil para
ir às praias está fora de cogitação. A solução é ficar por aqui mesmo e criar um
ambiente playero in loco.
Só que essa ideia acaba se tornando – na minha opinião – uma piada. Pois se tem algo
que não dá para fazer por aqui é fingir que as praias argentinas são como as do norte do
Brasil. Nas praias daqui a areia é dura, a água muito gelada e com um vento que esfria
até os ossos.

Talvez por isso a comida mais típica seja os churros! Isso mesmo, aqui quando você se
senta na areia da praia para ver o mar (e curtir um vento) você vê passar vendedores de
churros, ou então de outros pães doces recheados de creme de confeiteiro ou dulce de
leche.
Nada de peixe, nem de água de coco, muito menos milho cozido, biscoito de polvilho,
caldinho de feijão, caranguejo etc. E em vez de cerveja gelada ou caipirinha, café com
leite, e quente, claro.

As frutas são consumidas ainda verdes

Sim, é isso mesmo que você leu no título. Por aqui as frutas são consumidas ainda verdes
e não sei porquê. Primeiro achei que fosse um costume de Buenos Aires, depois achei
que era por causa do clima (que não ajuda muito a que amadureçam).

Mas não. Aqui em Corrientes isso também é comum. “Fruta madura não vende” me disse
uma vez um feirante quando perguntei a ele por que até os limões vinham verdes (por
aqui o limão mais comum é o siciliano, que fica bem amarelo quando está maduro).

Olha só a ironia, estou numa região de goiabas, mamões, jabuticabas, pitangas e


maracujás e não consigo nenhuma delas em canto algum. Só na versão compota ou
geleia. Ou então verdes, para que eu mesma faça as minhas compotas ou geleias.

Vai entender.

Medo de usar panela de pressão

Acho que a primeira coisa que toda brasileira (e brasileiro) faz quando sai do Brasil é levar
consigo uma panela de pressão. Se não, como vamos cozinhar feijão, não é mesmo? Se
bem que eu a uso para cozinhar de tudo, desde feijão, batata, mandioca, arroz integral
até alcachofra.

Dito e feito, nem bem cheguei em terras argentinas tive que mandar trazer uma para mim,
pois aqui não havia nem para comprar. E ficar sem uma panela de pressão não dava, nos
supermercados não haviam feijões enlatados.

Resolvido o problema, comecei a pensar “ué, que curioso, eu consigo comprar feijão
fresco, mas não encontro panela de pressão… como será que este povo aqui cozinha
feijão?” Investigando, descobri que cozinhavam só com água e numa panela comum.

Oi?! E isso dá certo? Claro que não, né…

Foi a partir daí que comecei a entender a falta de costume local de consumir feijões.
Sempre que perguntava a uma/um conhecida/o ouvia a mesma resposta “provoca muitos
gases e tem uma textura muito dura”.

Eu respondia “Lógico que vai acontecer isso se você não souber como se cozinha essa
leguminosa. Primeiro, temos que deixá-la de molho, que varia de 12h a 24h. Depois,
temos que cozinhar com folhas de louro e numa panela de pressão…” pronto, era só
escutar panela de pressão que a pessoa se horrorizava na hora. Fazia até umas caretas
de medo.

Nem te conto como se cozinha arroz por aqui… também vai arroz (sem lavar) direto na
panela com uma quantidade de água duas vezes mais que necessária e pronto. Deixa
ferver até virar uma papa. Agora, adivinha qual o arroz que mais faz sucesso nas
gôndolas dos supermercados? O parboilizado, claro!
Quem foi que te falou que viver era fácil?

Vida de imigrante não é fácil. Nunca foi nem nunca vai ser. De expatriado é pior ainda.

Aqui gostaria de fazer uma observação. Embora o mundo corporativo tenha inventado
isso de “expatriado” no trabalho (gente que vai sendo transferida de um lugar a outro, mas
sempre trabalhando na mesma empresa), no dicionário Aurélio ainda se mantém as
definições:

Imigrar – Entrar num país estranho para viver nele.

Expatriar – 1. Expulsar da pátria; exilar, banir. 2. Ir para o exílio. 3. Ir residir em país


estrangeiro.

Quais os motivos que nos levam a ir? Vários. Guerras, perseguições, trabalho, amor,
descontentamento, tentar se encaixar… qual é o seu?

Independentemente de qual seja a sua resposta te aviso, não existe receita pronta para
deixar seu caminho mais fácil. Por mais que você estude, pesquise, leia, se prepare, você
ainda vai ter que enfrentar situações difíceis.

Por isso te recomendo, além de planejamento, paciência. Viajar de férias é uma história,
viver é outra. E por mais que sejam clichê continuam atuais e verdadeiros. Ainda mais se
você nunca saiu do Brasil, não tem uma profissão estabelecida e não fala outros idiomas
além do português.

Mas o bom de tudo isso é: você vai crescer. E muito. Já dizia o provérbio:
“Homens fortes criam tempos fáceis, e tempos fáceis geram homens fracos; mas
homens fracos criam tempos difíceis, e tempos difíceis geram homens fortes”.

Troque os “homens” por “mulheres” e você verá o resumo da história de cada colunista
que faz este site. Os detalhes, com certeza, serão diferentes, mas o aprendizado, te juro
que o mesmo.

Te desejo sorte e espero que você encontre seu lugar por aí!

Fonte: https://www.brasileiraspelomundo.com/cronicas-de-uma-imigrante-
4500133941?fbclid=IwAR1juEqbUcQYPvk_41RQtnWD1yvXZ3TwXsDENOxUArVeauAAxc3S-PSImpM

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