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Em 1930 o gaúcho Getúlio Vargas, com grande apoio, deu um golpe de

Estado e assumiu a presidência da República, criando o “Governo Provisório”.


Porém, Vargas não representou a mudança tão esperada pela grande parte da
sociedade brasileira. Para garantir seus poderes ditatoriais, substituiu os
governadores de Estado pelos interventores federais. O capitão João Alberto foi
nomeado interventor federal no Estado de São Paulo, ou seja, governador do
Estado imposto pela ditadura Vargas.
Ora, João Alberto não era paulista: era pernambucano e um dos principais
representantes de Vargas. Tinha grandes poderes no cargo que ocupava.
A situação se agravou, gigantescos comícios foram realizados.
Manifestantes incentivavam o povo paulista a colocar-se a favor da constituição
e de um interventor "paulista e civil".A situação em São Paulo era de aguda
crise.
Inconformados com a situação, os paulistas exigiam de Vargas uma
constituição (conjunto de leis que regem uma nação) para o Brasil, da qual
estavam privados desde 1930. Como todas as outras Leis dependem da
constituição, e só podem ser feitas de acordo com ela, nem os paulistas nem
os brasileiros em geral tinham garantido os seus direitos, estando portanto
sujeitos a toda sorte de arbítrios, o principal inimigo da liberdade.
Diante disso, nova revolução começou a ser organizada em São Paulo,
com todo o povo do Estado a seu favor.
Na noite de 23 de maio de 1932, na capital paulista, um grupo de populares se
dirigiu para a Praça da República. Dentro de um prédio, os legalistas
(defensores de Vargas) resistiram à manifestação. Como os revolucionários
não conseguiam entrar, chegaram duas escadas para que populares
invadissem. Um jovem subiu e tomou um tiro. Instalado o pânico, o saldo da
manifestação foi de cinco mortos Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo e
Alvarenga (este, falecido meses depois). Esse episódio praticamente da origem
ao movimento de 1932. No dia seguinte ao tumulto, foi fundado o MMDC, uma
organização civil que passou a atuar na clandestinidade, e exerceu
importante papel na organização e apoio e treinamento aos revolucionários
paulistas no episódio de 1932. MMDC era a sigla com as iniciais dos jovens
mortos na noite de 23 de maio: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.
Murilo Martins de Almeida
Nasceu em São Manuel, no Estado de São Paulo no dia 08 de fevereiro de
1901.
Filho do Coronel Juliano Martins de Almeida e de Dona Francisca Alves de
Almeida.
Foi estudante do Mackenzie College, tendo terminado seus estudos sob a
direção do Professor Alberto Kullmann.
Era fazendeiro em Sertãozinho, estando no dia 23 de Maio de 1932 de
passagem em São Paulo em visita a seus pais.

Euclydes Bueno Miragaia


Nasceu em São José dos Campos no dia 21 de Abril de 1911. Era filho do Sr.
José Miragaia e de Dona Emília Bueno Miragaia.
Foi aluno da Escola de Comércio Carlos de Carvalho, de onde passou no
terceiro ano para a Escola Alvares Penteado.
No dia 23 de Maio estava no centro a serviço de um cartório.
Drausio Marcondes de Souza
Nasceu a Rua Bresser na cidade de São Paulo em 22 de Setembro de 1917.
Filho do Sr. Manuel Octaviano Marcondes, farmacêutico e de Dona Ottilia
Moreira da Costa Marcondes.

Antonio Americo de Camargo Andrade


Nasceu no dia 03 de Dezembro de 1901, filho do Sr. Nabor de Camargo
Andrade e de Dona Hermelinda Nogueira de Camargo. Era casado com Dona
Inaiah Teixeira de Camargo e deixou três filhos: Clesio, Yara e Hermelinda.

Orlando de Oliveira Alvarenga


Nasceu em Muzambinho, Minas Gerais, no dia 18 de Dezembro de 1899. Filho
do Sr. Ozorio Alvarenga e de Dona Maria Oliveira Alvarenga. Deixou viúva Dona
Annita do Val e um filho de nome Oscar.
Era escrevente juramentado, e faleceu no dia 12 de Agosto de 1932 vítima dos
ferimentos do dia 23.
O povo de São Paulo estava unido, desde os mais populares aos mais altos
membros da elite.
Vargas se mobilizou contra os paulistas e estes tiveram que precipitar o
início da guerra contra a ditadura. Assim sem estar bem preparados, rebentou
a revolução constitucionalista de 1932. A rebelião armada começa em 9 de
julho e as tropas rebeldes ocupam ruas de São Paulo,com o forte envolvimento
da nossa Força Pública, com apoio da imprensa e da população. Seus chefes
militares eram, além do general Klinger, o coronel Euclides de Figueiredo, e o
general Isidoro Dias Lopes.
O Estado de São Paulo dava início a luta por uma nova Constituição para o
Brasil, um movimento que envolveu desde as oligarquias até crianças e
mulheres, deixando marcas profundas em todos aqueles que dela
participaram.
As figuras expoentes da revolução foram Pedro de Toledo, General Isidoro
Dias Lopes (governador do Estado), General Bertholdo Klinger, Coronel
Euclides Figueiredo (comandantes das tropas de Exército em SP), General
Marcondes Salgado e, depois, o Coronel Herculano de Carvalho e Silva
A revolução teve repercussão em todo o Brasil e no Pará houve uma
revolta em um quartel do exército que foi reprimida. Minas Gerais tambpem
iria apoiar o movimento, porém o Coronel Eurico Gaspar Dutra (Presidente
após Vargas) resolveu voltar atrás na decisão. O Rio Grande do Sul também,
onde o General Flores da Cunha foi convencido por Vargas. Mas do Rio Grande
do sul veio o jurista João Neves da Fontoura, fugido em um avião para São
Paulo e realizou um discurso na Rádio Sociedade Record,sem saber que o Rio
Grande não viria, em agosto de 1932 que dizia o seguinte:
“O espetáculo de São Paulo em armas entusiasmaria mesmo os céticos. Há
uma estranha beleza nesta metamorfose marcial. Um povo de trabalhadores
despe a blusa e veste a farda. Tudo aqui deslumbra a imaginação mais
ardente. O movimento que esta hora se espraia por cinco frentes de batalha
tem tais características de ordem e disciplina que diríamos assistir apenas a
uma parada patriótica. O delírio do poder já juncou de cadáveres este solo
fecundo. Falei com muitos por cujos lares a morte traçou o signo das primeiras
desventuras. Ninguém entretanto amaldiçoa o sacrifício que tem alguma coisa
de religioso. Grande e belo Brasil que assim enrija a fibra de seus filhos para a
inevitável amargura do sofrimento. E pensar a gente que testemunha uma luta
civil, ingrata pugna de irmãos criada apenas pelas vaidades de mando, pela
mediocridade de artifícios subalternos, prolongando o exercício do poder
discricionário além dos limites naturais, na displicência de quem se quisesse
eternizar na comodidade da casa alheia. Como se iludem os escassos
defensores do Catete quando, arrogantes e impermeáveis ao senso comum,
acreditam poder dominar os insurrectos pelas armas. Os caporais da ditadura
esforçam-se a apregoar: “isto aqui é um motim de políticos ambiciosos”.
Decididamente Júpiter enlouquece primeiro os indivíduos que deseja perder. A
mesma incompreensão do fenômeno político, a mesma estreiteza de vistas, o
mesmo horizonte oficial confinado entre os muros do mesmo palácio. O chefe
do governo provisório supõe deslustrar o ímpeto de 9 de julho, escrevendo em
seu manifesto que ele procede da reação dos vencidos de outubro. Mas,
reparai brasileiros na insensatez da afirmativa oficial. Confrontai-a com a
evidência dos fatos e tirai as conclusões devidas. Paulistas, o Rio Grande do
Sul desperta do choque inibitório e se levanta. Esperai, resisti, confiai!”
De todos os pontos do país foram enviadas tropas contra São Paulo. O
pretexto de alguns interventores era de que seus Estados lutariam contra a
revolução paulista para evitar que São Paulo se separasse do resto do país.
Com argumento desse tipo, os interventores conseguiam grande números de
voluntários para lutar contra os paulistas. Aliado a esse argumento, Vargas
fazia propaganda que São Paulo além de separatista era comunista e
governada por italianos, este chegou a treinar homens com sotaque paulistano
para dizer nas rádios do Brasil que São Paulo queria separar-se do Brasil. Essa
hipótese pode ser simplesmente descartada observando a presença da
bandeira do Brasil junto à bandeira paulista nos panfletos e cartazes da
revolução.
São Paulo, mesmo assim, não se rendia. O fator fundamental da força dos
constitucionalistas estava no apoio da população. São Paulo fazia prodígios
para sustentar a luta, movimentando toda a sua indústria num esforço de
guerra.
A Escola Politécnica de São Paulo foi transformada num autêntico arsenal
de guerra. Fabricavam-se munições de infantaria, morteiros leves e pesados,
bombas, granadas de mão, lança-chamas, máscaras contra gases e pólvora.
Trens e automóveis foram blindados; canhões pesados, montados nas vias
férreas. O porto de Santos foi minado e as oficinas desdobravam-se na
recuperação de armamentos para a manutenção das frentes de combate.
Um engenhoso recurso utilizado pelos paulistas na revolução ganhou
destaque pela sua criatividade, foi a matraca , que recebeu o apelido de "o
cavalo de tróia paulista". O aparelho era composto por uma lâmina de aço em
contato com uma roda dentada. Girando a roda em grande velocidade, o atrito
com a lâmina provocava tremendo ruído, semelhante ao de metralhadora ao
disparar. Isso causava intenso pânico no inimigo, chegando a conter por vinte
dias o avanço das tropas inimigas.
A Campanha Doe ouro para o bem de São Paulo,onde milhares de pessoas
de todas as classes sociais doavam pratarias, jóias e alianças para ajudar
financeiramente a revolução.
Durante a campanha para a arrecadação de ouro para manter São Paulo
lutando, a comissão de direção da campanha mandou imprimir diplomas e
criou anéis e medalhas para os doadores.
Isso, contudo não bastou. De todos os lados, as forças paulistas eram
combatidas pelas tropas do governo federal. Para completar o cerco, a
esquadra bloqueou o litoral.
Cerca de 135 mil paulistas lutaram incansavelmente por três meses. No dia
2 de outubro daquele ano, sem armas, sem munição e sem o apoio de outros
Estados, São Paulo foi obrigado a render-se às forças de Vargas. Oficialmente
os constitucionalistas tiveram 634 mortos em combate.
Entretanto, embora derrotada nas armas, a revolução paulista conquistou
todos seus objetivos. Em 1934 foi promulgada a Constituição, representando a
vitória do ideal paulista de 32, deixando como legado o grandioso espírito
paulista em conquistar seus direitos e por fim a injustiça, prova da honra e
bravura de seu povo legalista, que mesmo perdendo o combate nas armas
atingiu seu objetivo com sucesso.

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