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ESPÍRITO.
Lucas Soares da Silva1
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade apresentar o conceito da religião Hegeliana na
Fenomenologia do Espírito, apresentando o processo da religião natural, religião
da arte e, por fim, a religião revelada, segundo o filósofo Hegel na obra já
mencionada. Para o desenvolvimento da pesquisa, realizou-se a leitura desta
obra, bem como dos estudiosos: Gilberto de Melo Caldat, Rogério Miranda de
Almeida e Guilherme Costa Fernandes, para uma melhor contribuição do
conceito da religião Hegeliana.
Palavras-chaves: Hegel. Religião. Natural. Arte. Revelada.
Introdução
1 A Religião natural
1
Graduando em Filosofia (Bacharelado) pelo UNISAL/Lorena. Artigo orientado pela Profa. Marcilene
Rodrigues Pereira Bueno.
essência para a consciência é ainda um ser imediato, uma coisa objetiva. A
priori, a religião natural carrega em si suas particulares determinações. Nela se
fazem presentes: a religião da luz, que se apresenta em emanação e que se
presentifica nos seres; a religião dos animais e das plantas, que é comparada
com a percepção; e, por fim, a religião dos objetos manufaturados, que simboliza
seus deuses “a partir de características próprias do entendimento”2.
2
CALDAT, Melo Gilberto. A Religião na Fenomenologia do Espírito em Hegel. Florianópolis, 2013, p. 87.
Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/103481.pdf. Acesso em: 07 setembro 21.
3
CALFAT, op. cit., p. 87.
contingentes da sensibilidade [e] que pertence à certeza
sensível; mas é o ser preenchido pelo espírito4.
4
HEGEL, Friedrich. Fenomenologia do Espírito. Tradução de Paulo Meneses, com a colaboração de Karl-
Heinz Efken e José Nogueira Machado, SJ. 9° edição. Edição Vozes Ltda, Petrópolis. 2014 p. 456.
5
HEGEL, op. cit., p. 456.
6
CALFAT, op. cit., p. 88.
7
CALFAT, op. cit., p. 88.
Na pacífica religião das plantas e dos animais, pode-se averiguar que na
religião das plantas ou das flores se encontra uma religião da contemplação, da
inocência, “[...] aqui o divino é uma natura passiva que acaba sucumbindo ao si
nascente do novo momento da religião natural”8. Este novo movimento nada
mais é do que a religião dos animais, local onde a vida imperturbável se torna a
angústia pela destruição, vindo a ser a religião de deuses encarnados, que
perpassa da inocência das plantas para a culpabilidade das bestas. Aqui a
universalidade não se faz provável por causa do espírito de repulsões que
perpassa esta não-relação entre tribos: “Por meio delas, a dispersão em uma
multiplicidade de tranquilas figuras vegetais torna-se um movimento agressivo,
em que as faz inchar o ódio de seu ser-para-si”9.
8
CALFAT, op. cit., p. 88.
9
HEGEL, op. cit., p.458.
10
HEGEL, op. cit., p.458.
11
HEGEL, op. cit., p.458.
de si – é um trabalho instintivo, como as abelhas fabricam
seus favos12.
2 A Religião da Arte
12
HEGEL, op. cit., p.459.
13
CALFAT, op. cit., p.89.
14
ALMEIDA, Miranda Rogério. FERNANDES, Costa Guilherme. Hegel e a Religião como Segundo Momento
da Marcha do Espírito. Basilíade – Revista de Filosofia, Curitiba, v. 2, n. 4, p. 61-84, jul./dez. 2020. p. 07.
Disponível em: https://fasbam.edu.br/pesquisa/periodicos/index.php/basiliade/article/view/239. Acesso
em: 08 setembro 21.
15
CALFAT, op. cit., p. 90.
A religião da arte surge na ocasião em que o artesão começa a arredar-
se do comum trabalho instintivo e sintético e executa uma atividade consciente-
de-si. “Destarte deposita em suas obras a sua essência e se torna um
trabalhador de ordem espiritual, ou intelectual”16. Neste momento, a essência
divina passa a ser retratada pelos aspectos do Si individual, a partir do âmago e
universal no espírito do artista, como se verifica abaixo:
16
ALMEIDA, op. cit., p. 9.
17
HEGEL, op. cit., p.462.
18
ALMEIDA, op. cit., p. 9.
19
HEGEL, op. cit., p. 459.
e a arte encontram muito mais a sua execução nos teatros gregos, no qual o
espírito universal individualizado é sempre retratado pela imagem do herói, como
se denota nesta passagem: “Todavia, mesmo se admitindo que a religião da arte
na expressão grega manifesta o Si individual e a figura humana em suas
divindades, ela ainda não é a mais espiritual das religiões”20.
20
ALMEIDA, op. cit., p. 9.
21
ALMEIDA, op. cit., p. 10.
22
ALMEIDA, op. cit., p. 10.
23
ALMEIDA, op. cit., p. 11.
Contudo, deve-se ressaltar o culto da religião da arte, que surge na
duplicação da religião da arte, esta ampara uma conformidade dentro da religião.
“O culto se apresenta deste modo como o caminho ou como o ponto de união
entre a essência divina – que plaina, por assim, numa espécie de além – e a
consciência humana”24. Como também nos afirma Hegel:
Em seguida, a obra da arte deixa de ser abstrata e passa a ser uma obra
de arte viva, que se concretiza na unidade entre o divino e o humano, no qual o
homem mesmo obtém consciência-de-si e ao mesmo tempo passa a ter
consciência de sua essência divina. Ademais, temos um terceiro estágio da
religião, a obra da arte espiritual. Nela se encontra:
24
ALMEIDA, op. cit., p. 12.
25
HEGEL, op. cit., p. 470.
26
ALMEIDA, op. cit., p.12.
27
HEGEL, op. cit., p. 477.
Neste sentido, a divindade é representada por figuras de homens heroicos
e valentes que se tornam importantes e decisivas para a vida de seu povo. Por
isso, a linguagem na religião da arte foi elevada a uma linguagem mais universal.
28
ALMEIDA, op. cit., p14.
29
ALMEIDA, op. cit., p 16.
homens); e, ao final, ganha a linguagem mais própria do “si”, na
epopéia, na tragédia e, por fim, na comédia30.
3 A Religião Revelada
30
CALFAT, op. cit., p 92.
31
HEGEL, op. cit., p. 183.
32
CALFAT, op. cit., p. 103.
não preenchida; portanto, antes possui somente o pensamento
de si mesma, ou seja, tal como ‘é-aí’, e tal como se sabe como
objeto, é a [consciência] inefetiva. Por conseguinte, é somente a
independência estoica do pensar; e esta, atravessando o
movimento da consciência céptica, encontra sua verdade
naquela figura que foi denominada a consciência-de-si infeliz33.
33
HEGEL, op. cit., p. 491.
34
HEGEL, op. cit., p. 492.
35
HEGEL, op. cit., p. 492.
Contudo, pode-se dizer que três são os momentos que perpassam a religião
revelada, a saber:
36
CALFAT, op. cit., p. 108.
37
CALFAT, op. cit., p. 109.
ainda está rompida sua efetividade”38, logo, a sua reconciliação está sempre num
além, tanto no passado como no futuro e nunca no seu presente efetivo.
Considerações Finais
38
HEGEL, op. cit., p. 515.
39
ALMEIDA, op. cit., p. 23.
determinidade do ser-para-si puramente negativo, e, através desse movimento
o espírito entra em uma outra figura; a figura do artesão. Este é completamente
oposto do espírito animal, sendo sua ação tranquila e positiva. Na religião do
artesão, a essência divina se encontra em um objeto produzido, manufaturado,
e que carece da essência absoluta da linguagem.
Já na religião da arte nota-se uma ligação com o espírito ético, sendo está
a substância universal do espírito objetivo. Nela, o artesão busca descobrir o
meio específico para infundir a unidade da obra que é criada e a consciência-de-
si que a produz. Nessa religião se expressa a essência universal inserida pela
individualidade do Si, e não a individualidade do Si inserida pela essência
universal, como acontece na religião revelada. Contudo, a religião da arte
apresenta o ‘si’ na figura da estátua, no hino, no culto, na obra da arte viva, na
linguagem do ‘si’, na epopéia, na tragédia e na comédia.
Referências Bibliográficas