Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vanessa Paschoa
Considere a tabela a seguir que relaciona valores de duas grandezas que denotamos
por x e y.
x y
3 2
7 10
11 50
15 250
19 1250
23 6250
27 31250
31 155250
.. ..
. .
Observe que enquanto os valores de x aumentam de 4 em 4 unidades os valores de y se
alteram sendo multiplicados sempre por 5. Que tipo de função pode descrever a relação
entre esses valores de x e y (y = f (x))?
Uma maneira de generalizar essa tabela é considerar que enquanto os valores x variam
como um progressão aritmética (na tabela com razão 4) os valores de y variam como uma
progressão geométrica (na tabela com razão 5).
Isso também ocorre quando temos uma aplicação inicial c0 que rende a uma certa
taxa de juros j. A tabela abaixo fornece valor acumulado com os juros em cada mês
mês valor acumulado
0 v0
1 v0 + jv0 = v0 (1 + j)
2 v0 (1 + j)2
3 v0 (1 + j)3
4 v0 (1 + j)4
5 v0 (1 + j)5
6 v0 (1 + j)6
7 v0 (1 + j)7
8 v0 (1 + j)8
.. ..
. .
Observe que a coluna do mês varia como uma progressão aritmética (razão )ea
coluna do valor acumulado como uma progressão geométrica (razão )
Neste caso, vemos explicitamente que podemos ter a seguinte função que dá o valor
acumulado em t meses: v(t) = v0 (1 + j)t . Como v0 e j são constantes então, se chamamos
1 + j = a vemos que esta é uma função tipo exponencial.
De fato, sempre podemos ter uma função exponencial relacionando grandezas que
variam em progressão aritmética enquanto outras variam em progressão geométrica.
Teorema 1. Seja f : R → R uma função crescente ou decrescente que transforma toda
pa em pg. Se chamarmos b = f (0) e a = f (1)/f (0) então f (x) = bax para todo x ∈ R.
Que tipo de função pode expressar x em função dos valores de y? Neste caso chama-
remos esta função de inversa da função da primeira tabela.
1 Função Inversa
Dizemos que uma função g : Y → X é a inversa da função f : X → Y se para quaisquer
valores de x e y temos g(f (x)) = x e f (g(y)) = y. Desta definição decorre que se g é
inversa de f então f é a inversa da g.
p. 2 / 4
2 Função Logaritmo na base a
A função exponencial f (x) = ax de R para R+ definida na aula anterior é uma função
bijetiva. Isto decorre de que por definição esta função é crescente ou decrescente e isso
implica que ela é injetiva (próximo exercı́cio). E, ser injetiva é uma consequência do
lema visto que garante que para qualquer valor y ∈ R+ existe um racional r tal que
y − < ar < y. Daı́ concluı́mos que existe x ∈ R tal que ax = y.
Exercı́cio 7. Mostre que se f é crescente ou decrescente então f é injetiva.
Admitindo que a função exponencial é bijetiva, como justificado brevemente, então
ela tem uma função inversa. Assim, cada função exponencial f : R → R+ , f (x) = ax
para a > 0 tem uma função inversa que chamamos de logaritmo na base a e denotamos
por loga . Ou seja,
loga (y) = x ⇐⇒ ax = y
que é o mesmo que escrever loga (x) = y ⇐⇒ ay = x.
Exercı́cio 8. Qual o domı́nio de uma função logaritmo?
Exercı́cio 9. Complete:
(a) log10 100 = (b) log2 8 = (c) log√2 4 = (d) logπ 1 =
Exercı́cio 10. Justifique por que para qualquer que seja a > 0 o valor de loga 1 = 0.
Agora, vamos provar uma propriedade muito interessante da função logaritmo que foi
muito usada para ajudar em cálculos na época que não existiam calculadoras: transformar
produto em somas.
Exercı́cio 11. Seja a > 0 fixado. Usando a propriedade da função exponencial f (x) = ax
de que au+v = au av para quaisquer u, v ∈ R, mostre que
Use que au = x e av = y.
Complete os passos da demosntração do teorema a seguir:
Teorema 2 (Caracterização de Função Logaritmo). Seja f : R+ → R uma função cres-
cente ou decrescente tal que
f (xy) = f (x) + f (y)
para quaisquer x, y ∈ R+ . Então existe a > 0 tal que f (x) = loga x para todo x ∈ R+ .
Demonstração para o caso crescente:
• Mostre que f (xy) = f (x) + f (y) implica que f (1) = 0.
• Seja d > 0 e defina g(x) = f (x)/f (d). Então g(d) = 1. Como f é crescente, g também
é crescente, então d > 1 pois g(d) = 1 > g(1) = 0.
Por indução finita, segue que se n ∈ N então g(dn ) = g(dn−1 .d) = g(dn−1 ) + g(d) =
(n − 1)g(d) + g(d) = n − 1 + 1 = n. (não precisa entregar, só entender que é verdade).
• Mostre que g(d−n ) = −n para n ∈ N.
• Se r = m/n com m ∈ Z e n ∈ N então, por indução,
m = g(dm ) = g(drn ) = g((dr )n ) = g((dr )n−1 .d) = g((dr )n−1 ) + g(d) = (n − 1)g(dr ) +
p. 3 / 4
g(dr ) = ng(dr ).
Logo, g(dr ) = m/n.
• Falta mostrar que g(dx ) = x para todo x irracional e daı́ completaremos a prova.
Para isso, note que, se x ∈ R então podemos tomar r, s racionais tais que r < x < s e daı́
r < x < s ⇒ (d > 1) dr < dx < ds ⇒ (gcrescente) g(dr ) < g(dx ) < g(ds ) ⇒ r < g(dx ) < s
Como podemos tomar r, s tão perto de x quanto desejarmos então o único valor possı́vel
para g(dx ) é x. Ora, se g(dx ) = x para todo x ∈ R então esta função é a inversa de dx .
Portanto, g(x) = logd x para todo x ∈ R+ .
Tomando a = d1/f (d) (temos a > 0), para todo x ∈ R vale que
p. 4 / 4