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Decadência

Nas ciências jurídicas, decadência (do latim decadentia) é um instituto que visa


a regular a perda de um direito potestativo devido ao decurso de determinado prazo
decadencial fixado em lei (decadência legal) ou eleito e fixado pelas partes (decadência
convencional).
Também chamada de caducidade, a decadência faz perecer o próprio direito.
Este é atrelado, fundamentalmente, aos direitos potestativos (revestidos de poder,
condição que torna a execução contratual dependente duma convenção que se acha
subordinada à vontade ou ao arbítrio de uma ou outra das partes). Assim, em se
tratando de um direito potestativo, não se pode falar em prescrição (que é a perda da
pretensão de exigir de alguém um comportamento). O exercício dos direitos
potestativos depende, tão só, da vontade de seu próprio titular.
A decadência é a perda do próprio direito pelo seu não exercício em
determinado prazo, quando a lei estabelecer lapso temporal para tanto. De acordo
com José Carlos Moreira Alves, "ocorre a decadência quando um direito potestativo
não é exercido, extrajudicialmente ou judicialmente, dentro do prazo para exercê-lo, o
que provoca a decadência desse direito potestativo".
Não havendo prazo em lei para o exercício de determinado direito potestativo,
ele não estará sujeito à extinção pelo não exercício, não se submetendo à decadência.
Os prazos decadenciais não se interrompem, nem se suspendem. A regra geral
é a de que não se aplicam à decadência os dispositivos legais que tratam da
suspensão, fluindo o prazo decadencial contra todos automaticamente e sem solução
de continuidade. Entretanto, há uma exceção (Código Civil Brasileiro, artigo 207),
estabelecendo que o prazo decadencial não corre contra os absolutamente incapazes.
Já os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas eventualmente prejudicados pela
perda de direitos por inércia de seus assistentes ou representantes terão o direito de
cobrar o prejuízo sofrido (Código Civil, artigo 195), exigindo-lhe prova da conduta
culposa do assistente ou representante.
Espécies de decadência Existem duas modalidades de decadência:
a) Decadência legal: advém de expressa previsão em lei, sendo de ordem pública e
irrenunciável. Em razão disso, os prazos decadenciais não admitem renúncia e, em
regra, não se suspendem ou interrompem, salvo as exceções já citadas. Também
o Código de Defesa do Consumidor estabelece uma hipótese específica de suspensão
do prazo da decadência, através da reclamação do consumidor na assistência técnica.
b) Decadência convencional: possui caráter de ordem privada, originada da previsão
das partes em negócios jurídicos, sendo renunciável e não podendo ser conhecida de
ofício pelo juiz. O tratamento dedicado à decadência convencional deve ser o mesmo
da prescrição, não podendo seguir as diretivas da decadência legal. Essa admite
renúncia, suspensão ou interrupção. Pode ocorrer, na mesma relação jurídica, a
incidência de prazos decadenciais legal e convencional. Nesse caso, somente começa
a correr a decadência legal quando exaurida a decadência convencional.
Alegação da decadência
A decadência pode ser alegada a qualquer tempo ou grau de jurisdição. Todavia,
somente será possível conhecer a decadência se houver anterior prequestionamento,
atendendo ao pressuposto constitucional específico.
A alegação de decadência pode ser feita no processo de conhecimento, de execução
ou cautelar, como, inclusive, reconhecido pelo artigo 810 do Código Instrumental.
Nos casos de decadência legal, o juiz pode conhecê-la de ofício, também sendo lícito
ao Ministério Público suscitá-la (Código Civil, artigo 210). Já nos casos de decadência
convencional, sendo instituída pelas partes, somente poderá ser suscitada por estas
(Código Civil, artigo 211).

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