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Caro(a) cursista,
Bons estudos!!!
Laura Bacellar
1. Polarização
Trata-se de um mercado dinâmico, com grandes diferenças também de faturamento. Uma
tendência, que já existia no começo deste século mas está aumentando muito de velocidade,
é a polarização do mercado.
De um lado concentram-se grandes corporações de mídia ou educação que incluem editoras
em seu portfólio – veja por exemplo os grupos Kroton, Pearson e Disney. De outro lado estão
uma infinidade de editoras pequenas, de nicho – veja os participantes da feira Plana em São
Paulo.
Essa polarização se estende à forma de trabalhar com livros.
As grandes corporações tendem a incentivar a produção de obras semelhantes às que foram
sucesso. Há uma busca constante, agressiva, por títulos com potencial de bestsellers. São
editoras que investem em obras de autores famosos, temas quentes, que exigem
adiantamentos e muitas ações de marketing.
Essas editoras de modo geral gostam de planificar todos os processos (haja planilhas!), têm
departamentos e cargos bem definidos e procuram baixar custos ao máximo. Não focam tanto
na qualidade de produção do livro quanto no marketing, e por conta de sua produção
numerosa requerem menos envolvimento dos profissionais com cada livro, mas fazem muita
cobrança de prazos. Quem trabalha para esse tipo de editora costuma precisar de inglês ou
espanhol, acompanhar traduções e ser feroz no cumprimento de prazos.
As editoras pequenas, por outro lado, costumam ter outro tipo de mentalidade. São muito
especializadas em algum tipo de tema ou público, funcionam próximas dos leitores, prezam
mais pela qualidade. No entanto, por não terem tanto poder econômico, nem sempre
conseguem investir o necessário no trabalho editorial.
Algumas delas são artesanais, geridas pelos donos. Quem trabalha para esse tipo de editora
costuma ter uma experiência mais ampla, já que faz de tudo um pouco, mas não se aprofunda
tanto em uma área. Os salários tendem a ser mais baixos também.
Entre os dois polos ainda há editoras de médio porte, mas a tendência é que fiquem apenas
as muito grandes e as pequenas no mercado.
Veja aqui o ranking das maiores editoras do mundo:
http://www.wischenbart.com/upload/Wischenbart_Ranking2015_analysis_final.pdf
Note a tabela na página 4, que mostra os dez maiores grupos editoriais, quatro
dos quais estão presentes no Brasil. Você sabe quais são?
http://www.publishnews.com.br/materias/2015/06/26/82463-ftd-volta-ao-ranking-
das-maiores-editoras-do-mundo
2. Autores independentes
Existem outros movimentos no mercado, que passa por um momento de profunda
transformação. Uma outra tendência que impacta produtores editoriais é o crescimento
vertiginoso do número de pessoas que desejam publicar suas próprias obras.
Antes marginal, esse segmento agora tornou-se muito ativo e cresce sem parar.
Há muitas oportunidades de trabalho aqui, porém trata-se de uma área que exige bastante
jogo de cintura, visto que a maioria dos autores desconhece os trabalhos de produção
editorial. Eles em geral querem fazer seus livros da forma mais barata possível e não têm
noção do que é importante ou necessário.
3. Novos canais
A tecnologia tem criado novas maneiras de levar conteúdos ao público. O livro digital foi uma
onda que assustou muito o mercado, que temia uma reviravolta radical. O desdobramento
está sendo diferente do esperado: o livro físico não desapareceu e continua preferido por
grande parcela dos leitores.
O livro digital exigiu que produtores começassem a entender de vídeos, animações,
plataformas, interatividade. No entanto, por ter se tornado mais uma extensão em outro
formato do livro físico e não algo totalmente diferente – o mercado não quis pagar por um
produto cheio de recursos digitais –, não houve uma alteração extrema na produção.
O que tem acontecido até agora é que livros físicos são convertidos para o formato digital e
ganham alguns recursos extras apenas, sendo o trabalho de produção editorial basicamente o
mesmo.
O audiolivro está acontecendo com provável resultado semelhante, ainda não sabemos. No
entanto, o conteúdo passado oralmente, por alguém que lê, fica mais distante da página
escrita. Produtores editoriais vão ter que aprender a selecionar leitores com boas vozes e
enunciado claro, vão precisar adaptar textos para serem compreendidos pela via oral, vão ter
que montar um sistema de revisão antes da leitura e de conferência depois da gravação.
No momento, o mercado está expandindo esse canal, não havendo ainda volume suficiente
para produções inteiramente separadas. Profissionais fazem bem em ficar alertas e, na
medida do possível, aprender novas habilidades. O trabalho com o texto e o
acompanhamento das etapas permanece, mas vale ficar atento para as novas etapas
atreladas aos novos canais.
4. Tipos de editoras
O mercado ainda assim permanece em essência espraiado pelos tipos de livros que sempre
existiram, ainda que agora sejam publicados em maior quantidade.
Vamos ver a seguir os principais tipos de editora por publicação.
Literárias
Técnicas e religiosas
Universitárias
Didáticas
Publicam obras para serem adotadas por escolas e pelos programas do governo.
Trabalham principalmente com obras extensas (vários volumes, uma para cada
ano de ensino) de autores nacionais.
São editoras grandes, acompanham de perto todos os programas do governo, têm
ritmo de trabalho de picos intensos.
O trabalho de produção editorial precisa abarcar as muitas especificidades desses
livros, tanto as de forma, como exercícios, ilustrações, livro do professor com
indicações de aula; quanto de conteúdo, como material dentro dos parâmetros
pedagógicos ditados pelo governo.
Exemplos: FTD, Moderna, Ática/Scipione, DCL, Positivo.
Interesse geral
Não é muito fácil separar as editoras com precisão porque muitas delas, como por exemplo
Record, Leya e Planeta, atuam em mais de um segmento, podendo exibir selos literários,
técnicos, de interesse geral e infantil.
Em todo caso, quem pretende trabalhar no setor ou quer mudar de área faz bem em conhecer
ao máximo as editoras, a forma como atuam, aquilo que mais prezam.
Bibliodiversity Indicators
Acesse:
https://youtu.be/IPdR408Ll9s
https://youtu.be/-R5WRJu2uSA
Uma pesquisadora brasileira, Julia Alves dos Santos, faz considerações sobre este conceito e
seu impacto nas coleções de bibliotecas.
Boa leitura!!!
Última atualização: quinta-feira, 27 mai 2021, 17:20