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LICENCIATURA EM AGRONOMIA
UNA- FCA
Matola, Junho de 2020
Universidade Nachingwea
UNA - FCA
Matola, Dezembro de 2019
Determinação dos Períodos de Interferência das Infestantes no Rendimento da Cenoura (Daucus
carota L.) no Posto Administrativo da Machava
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro que este trabalho de fim do curso é resultado da minha investigação pessoal, que todas
fontes estão devidamente referenciadas, e que nunca foi apresentado para obtenção de qualquer
grau nesta Universidade, ou em qualquer outra instituição.
Assinatura
____________________________________________________
(Feliciano Manuel Nhacuongue)
Data: ____/____/_____
DEDICATÓRIA
A família em geral.
Primeiro a Jeová por ter me criando, dado a vida, pelos ensinamentos dado e sem ele nada disso
seria possível.
A minha família pelo apoio, especialmente aos meus pais pelo carinho, amor, força, por
acreditarem nas minhas capacidades e por pagar os meus estudos mesmo com as dificuldades
enfrentadas foi a prioridade do momento o meu muito obrigado.
Ao meu supervisor Prof. Doutor Tomás Fernando Chiconela, não só pela orientação concedida,
pela dedicação e paciência durante a elaboração deste trabalho.
Aos meus colegas do curso pelo apoio moral, pela solidariedade demonstrada durante o período de
formação, pelos momentos partilhados, especialmente a Tinalda, Esperança ao Miler e Virgílio
pelo contributo dado na realização do trabalho.
E a toda família Nhacuongue e Nhaca pelo apoio prestado, a todos aqueles cujos nomes não cabem
nesta página. O meu muito obrigado!
Obrigado.
DECLARAÇÃO DE HONRA………………...…………………………………………………... i
DEDICATÓRIA……………………………...…………………………………………………… ii
AGRADECIMENTOS……………………………………………...……………………………. iii
LISTA DE ABREVIATURAS………………………...…………..……………………………... ix
RESUMO………………………………………….…………….…………………………………. x
ABSTRACT…………………………………………………...…………………………………... xi
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO……………………………...…………………………………… 1
ANEXOS .................................................................................................................................. 42
Tabela 4: Coeficiente de Variação para diâmetro médio da raiz (DMR), comprimento médio da
raiz (CMR), rendimento de raízes totais (RRT) e rendimento de raízes comercializáveis (RRC). .. 25
Tabela 5: Resultado de teste de especificações para diâmetro médio da raiz (DMR), comprimento
médio da raiz (CMR), rendimento de raízes totais (RRT) e rendimento de raízes comercializáveis
(RRC). .......................................................................................................................................... 26
Tabela 6: Resumo da análise de variância para diâmetro médio da raiz (DMR), comprimento
médio da raiz (CMR), rendimento de raízes totais (RRT) e rendimento de raízes comercializáveis
(RRC). .......................................................................................................................................... 26
Tabela 7: Comparação de médias para diâmetro médio da raiz (DMR), comprimento médio da raiz
(CMR), rendimento de raízes totais (RRT) e rendimento de raízes comercializáveis (RRC) em
função do grupo tratamento. ......................................................................................................... 27
Tabela 8: Comparação de médias para diâmetro médio da raiz (DMR) em função do período. ..... 28
Tabela 9: Comparação de médias para comprimento médio da raiz (CMR) em função do período.
..................................................................................................................................................... 29
Tabela 10: Comparação de médias para diâmetro médio da raiz (DMR) em função da interacção
entre os factores. ........................................................................................................................... 30
Tabela 12:Comparação de médias para rendimento de raízes totais (RRT) em função da interacção
entre os factores ............................................................................................................................ 32
Tabela 13: Comparação de médias para rendimento de raízes comercializáveis (RRC) em função
da interacção entre os factores....................................................................................................... 33
Figura 4:Representação ilustrativa da: (A) adubação, (B) sementeira e (C) emergência da cenoura
..................................................................................................................................................... 16
Figura 5: Representação ilustrativa da: (A) medição do comprimento médio da raiz e (B) pesagem
do rendimento. .............................................................................................................................. 19
Figura 6: Distribuição das espécies na área experimental em função dos períodos crescentes de
controlo e convivência, Machava Sede, 2019. ............................................................................... 24
Figura 7: Representação ilustrativa da comunidade infestante aos: 15 DAS (A), 30 DAS (B), 45
DAS (C), 60 DAS (D), 75 DAS (E) e 90 DAS (F)......................................................................... 25
Anexo IV: Planilha de colheita de dados experimentais para rendimento de raízes totais (RRT) de
comercializáveis (RRC). ............................................................................................................... 44
Anexo VI: Planilha de colecta de dados referente a comprimento médio da raiz ........................... 45
Anexo IX: Escalas usadas para estimar abundância das espécies .................................................. 46
GL – Graus de Liberdade
QM - Quadrado Médio
Foi conduzido um ensaio na Matola, nas condições do Posto Administrativo da Machava com o
objectivo de estudar a interferência das infestantes sobre o rendimento da cenoura (Daucus carota
L.). O delineamento experimental foi de blocos completos casualizados em arranjo factorial 2 x 6
com três repetições, os 12 tratamentos testados resultarão de dois factores. (i) dois grupos de
crescimento inicial da cultura (controlo e convivência) e (ii) Seis (15, 30, 45, 60 e 91 DAS)
períodos do ciclo de desenvolvimento da cultura. Os dados referente a comunidade infestante foram
submetidos no Microsoft Excel para avaliar a distribuição e abundância das espécies e os dados de
rendimento, comprimento médio da raiz, diâmetro médio da raiz, rendimento de raízes totais e
raízes comercializáveis foram submetidos a análise de variância, com auxílio do software
estatístico Sisvar 4.3, e para a comparação de médias foi usado o teste de Tukey a 5 % de
probabilidade. Os resultados sobre a comunidade infestante mostram que a espécie Partenium
hysterophorus foi a mais importante tendo se destacado quanto a abundância e quanto a
distribuição, as espécies que se destacaram foram Cenchrus brownii, Commelina benghalensis,
Digitaria ciliaris, Eragrostis ciliaris e Parthenium hysterophorus. A análise do rendimento
demonstrou que o período anterior à interferência (PAI) foi de 18 DAS e o período total de
prevenção a interferência foi (PTPI) de 68 DAS. Portanto, o período crítico de prevenção à
interferência (PCPI) foi de 18 a 68 DAS. Comparando as testemunhas (91 DAS de convivência e
91 DAS de controle) observou-se uma redução de 92.46% e 100% respectivamente no rendimento
total e comercializável.
The experiment was conducted at Matola under the conditions of Machava Administrative Post
with the objective of studying the interference of weeds on carrot (Daucus carota L.) yield. The
experimental design was a randomized complete block in factorial arrangement 2 x 6, with three
replications, the 12 treatments tested resulted from two factors. (i) two groups of initial crop growth
(control and coexistence) and (ii) Six (15, 30, 45, 60, 75 and 91 DAS) periods of crop cycle. The
weed community data were submitted in Microsoft Excel to evaluate the distribution and
abundance and the data of mean root length, mean root diameter, total root yield and commercial
roots were submitted to analysis of variance, with the aid of Sisvar 4.3 statistical software, and for
the comparison of means was used the Tukey test at 5% probability. The results of the weed
community show that the specie Partenium hysterophorus was the most important and the ones that
stood out for the abundance and the species that stood out for the distribution were Cenchrus
brownii, Commelina benghalensis, Digitaria ciliaris, Eragrostis ciliaris and Parthenium
hysterophorus. The performance analysis showed that the period before interference was 18 days
after sowing and the total period for preventing interference was 68 days after sowing. Therefore,
the critical period for preventing interference was 18 to 68 days after sowing. Comparing the
witnesses (91 days of coexistence and 91 days of control) there was a reduction of 92.46% and
100% respectively in total and commercial roots.
1 CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A cenoura (Daucus carota L.) é uma hortícola que pertence a família Apiaceae do grupo das
raízes tuberosas, produz uma raiz aromática e comestível (Isac, 2015). A cenoura tem um alto
conteúdo de β-caroteno, sendo uma importante fonte de vitamina A, estudos têm demonstrado o
aumento na demanda de β-caroteno pelos consumidores devido a sua actividade anti-cancerígena
(Silva, 2002). No entanto, a sua produção é afectada devido a interferência com as infestantes
(Castro et al., 2016).
A interferência que as infestantes causam nas culturas não se estende por todo seu ciclo de
desenvolvimento, pois existem períodos em que a convivência com a comunidade infestante
interfere significativamente no rendimento da cultura e outros períodos em que a convivência não
interfere no rendimento (Carvalho, 2007). Deste modo surge a importância de determinar os
períodos de interferência para facilitar a programação de uma óptima estratégia de maneio das
infestantes.
O maneio das infestantes deve ser baseado na utilização de medidas ou estratégias de controlo que
irão afectar o ciclo da comunidade infestante, proporcionando à cultura melhores condições ao
crescimento e desenvolvimento e, ao mesmo tempo desfavorecendo a germinação, emergência e
crescimento das infestantes (Pujol, 2016).
Para um maneio adequado das infestantes é imprescindível a realização de estudos que visam a
determinação dos (i) índices fitossociológicos que auxiliem na identificação das espécies mais
importantes para diferentes períodos de crescimento da cultura e de estudos para a análise dos (ii)
parâmetros que indiquem os períodos em que a interferência das infestantes na produtividade das
culturas é bastante expressiva. A análise simultânea dos resultados e a repetição deste estudo em
diferentes regiões de produção podem auxiliar na escolha das melhores épocas e estratégias de
maneio das infestantes para cada região de produção (Carvalho, 2007).
Os períodos de interferência foram definidos por Pitelli e Durigan (1984), que estabeleceram três
períodos: período anterior à interferência (PAI), período total de prevenção á interferência (PTPI) e
período crítico de prevenção á interferência (PCPI). De tal modo que o PCPI é a fase em que o
controlo da comunidade infestante é crítico, ou seja, as práticas de controlo da comunidade
infestante devem ser adoptadas, para evitar que a interferência se estale definitivamente, desta
forma evita-se que ocorra redução do rendimento da cultura a níveis económicos não aceitáveis e as
As infestantes causam danos directos as culturas, reduzindo a produtividade pela competição por
factores de produção (água, luz, nutrientes e espaço) e pela libertação de substâncias alelopáticas
(Castro et al., 2016). De acordo com Coelho et al. (2009), a presença das infestantes em áreas de
cultivo agrícola é um dos pontos mais críticos do processo produtivo, se os métodos de maneio não
forem devidamente aplicados o rendimento da cultura pode reduzir em 94%. O grau de
interferência das infestantes nas culturas depende das características da cultura, comunidade
infestante, ambientais e da época e duração do período de convivência entre as infestantes e as
culturas, sendo que as variações destes factores resultam em alterações nos valores dos períodos
críticos, o que justifica a repetição deste estudo em diferentes locais de produção (Kozlowski,
1999).
O conhecimento dos períodos de interferência é a base para o desenho de uma boa estratégia de
maneio das infestantes. A falta de informação sobre os períodos de interferência das infestantes
com a cultura tem dificultado o maneio desta no campo, levando com que os agricultores apliquem
os métodos de controlo durante todo ciclo de desenvolvimento da cultura, usando de forma
intensiva os herbicidas e mobilizando excessivamente a estrutura do solo, com isso, condições são
criadas para a poluição e degradação dos solos, sobretudo no aumento do custo de produção.
Segundo o exposto acima essa investigação poderá possibilitar a identificação dos períodos de
interferência das infestantes na cultura da Cenoura (Daucus carota L.), por via destes facilitar o
trabalho do agricultor no maneio das infestantes no campo, reduzindo o número de vezes a aplicar
Perguntas de estudo:
(i) Será que o rendimento da cenoura é influenciado pela interferência das infestantes?
(ii) Quais são os períodos de interferência das infestantes na cultura da cenoura?
1.3 Objectivos
1.3.1 Geral
1.3.2 Específicos
1.4 Hipóteses
Ho: O rendimento da cenoura é independente da interferência das infestantes.
A cultura da cenoura é originária da Ásia Central, tem como centro básico de diversidade a
Cachemira e Punjab – Índia, tem mais dois centros secundários um no Mediterrâneo e o outro na
Ásia Menor (Silva, 2002). No século XIII apareceu de forma mais difundida na Europa e depois na
América (Isac, 2015).
Os solos mais recomendados para a produção da cenoura são caracterizados por serem soltos,
arejados, permeáveis, de textura média com teores adequados de nutrientes e matéria orgânica, com
pH em torno de 6 (Isac, 2015).
A Cenoura é uma cultura tipicamente de zonas temperadas, o clima mais favorável para o
desenvolvimento da cenoura é temperado marítimo (Filgueira, 2003). Temperaturas na faixa de 10
a 15ºC são favoráveis para o comprimento das raízes e o desenvolvimento de coloração
característica, sendo que temperaturas superiores a 21ºC estimulam a formação de raízes curtas e de
coloração deficiente, existem variedades que formam raízes de boa qualidade sob temperaturas de
18 a 25ºC, temperaturas acima de 30ºC proporcionam curto ciclo vegetativo afectando o
desenvolvimento das raízes e a produtividade, ao passo que temperaturas baixas associadas a dias
longos induzem o florescimento precoce (Sousa et al., 1999).
A germinação das sementes ocorre sob temperaturas de 8 a 35ºC, sendo que a velocidade e a
uniformidade de germinação variam com a temperatura dentro destes limites, a faixa ideal para
uma germinação rápida e uniforme é de 20 a 30ºC, dando-se a emergência de 7 a 10 dias após a
sementeira (DAS). A alta humidade relativa do ar associada a temperaturas elevadas favorece o
desenvolvimento de doenças nas folhas durante a fase vegetativa da cultura (Sousa et al., 1999).
Segundo Pujol (2016) citando Wilson (1988) relata que a competição é o principal componente de
interferência, pois a composição botânica de qualquer vegetação é determinada principalmente pelo
resultado da competição, por reduzir o crescimento, a massa vegetal e o rendimento das culturas.
Em áreas de produção de hortícolas, a interferência que as infestantes impõem nas culturas torna-se
um grande problema, pois essas áreas passam por explorações intensivas do solo acompanhadas
pela alta mobilização do mesmo, altas taxas de adubação e irrigações frequentes. Devido a esses
factores, essas áreas são propensas ao desenvolvimento de populações de infestantes ruderais. Pujol
(2016), referencia que pesquisadores relatam altas perdas na produção de hortícolas que decorrem
através da interferência das infestantes com as culturas, as mesmas foram avaliadas em 70% na
beterraba, 94% na cenoura, 94,5% na cebola, 95% no quiabo e 96 % na beringela sem tutoramento
e desbrote.
A competição é um componente complexo em que o seu resultado pode ser influenciado pelos
recursos ambientais (luz, CO2, água, nutrientes e O2) ou pelas condições ambientais (temperatura,
pH e compactação do solo), mas a competição entre culturas e infestantes ocorre pelos recursos do
ambiente pois as condições ambientais não são directamente consumidas (Radosevich, 1984).
Os recursos possíveis de serem envolvidos na competição entre a comunidade infestante e as
plantas agrícolas são água, luz, nutrientes e espaço. Quando duas ou mais plantas se desenvolvem
ao mesmo tempo no mesmo espaço a competição por esses recursos está sempre presente.
Quando duas ou mais plantas crescem próximas, as mais altas criam sombreamento sobre as mais
baixas sendo mais efectivas na interceptação da radiação ganhando vantagem logo na fase inicial
do seu crescimento em posicionar as suas folhas de modo que a interceptação da radiação seja
máxima em relação às outras plantas. A competição por luz ocorre devido ao posicionamento das
folhas em relação a interceptação da radiação solar, dai que surge a necessidade de controlar as
infestantes antes que o sombreamento destas seja efectivo, pois o controlo tardio causa redução na
produtividade, além disso a qualidade da produção também é afectada (Anderson, 1988).
As variações destes factores resultam em alterações nos valores dos períodos críticos sobre a
convivência ou o controlo das infestantes, o que justifica a repetição deste tipo de pesquisa em
diferentes locais de produção, considerando os aspectos da cultura, solo, clima, topografia,
espaçamento utilizado, banco de sementes das infestantes no solo, época de sementeira (Pitelli &
Durigan, 1984). De todos os factores que influenciam o grau de interferência o mais importante é o
período em que as plantas cultivadas e a comunidade infestante disputam através dos recursos do
ambiente (Kozlowski, 1999).
Os três períodos de interferência foram definidos por Pitelli & Durigan (1984): I- período anterior a
interferência (PAI), II- período total de prevenção a interferência (PTPI) e III- período crítico de
prevenção a interferência (PCPI) (Silva et al., 2013). São usadas curvas de regressão para
demonstrar os períodos de interferência, essas curvas relacionam o rendimento da cultura em
função dos períodos de controlo ou convivência das plantas infestantes. São necessários no mínimo
4 pontos para construção das curvas, mas 6 a 7 pontos são considerados ideais, sendo que variáveis
como a densidade e a identificação das infestantes são importantes na condução desse estudo
(Pojol, 2016).
Estudos dirigidos por Coelho et al. (2005), com objectivo de “Avaliar a influência de diferentes
períodos de convivência com as plantas daninhas sobre a produção da cultura da cenoura cv.
Brasília, em cultivo orgânico, no sistema de plantio em fileiras duplas”.As infestantes mais
frequentes encontradas foram; Oxalis latifolia, Lepidium virginicum, Cyperus rotundus, Ageratum
conyzoides e Digitaria nuda.
Os autores observaram que a produtividade foi afectada negativamente a partir dos 48 dias após a
sementeira (período anterior à interferência - PAI), e que foi necessário o controlo das infestantes
até 62 dias após a sementeira, para que a cultura atingisse 90% da produtividade máxima (período
total de prevenção à interferência - PTPI), manifestando assim o seu potencial produtivo, bem
como a qualidade de raízes. Após este período mesmo convivendo com a comunidade infestante
Estudos dirigidos por Coelho et al. (2009), com o objectivo de “Avaliar o efeito de períodos de
convivência das plantas daninhas na produtividade da cenoura cultivar “Brasília” e na comunidade
de plantas daninhas”. Tiveram como principais infestantes Ageratum conyzoides, Digitaria nuda,
Eleusine indica e Lepidium virginicum. Observaram que a presença da comunidade infestante
durante todo o ciclo da cultura pode acarretar perdas de até 94% no rendimento, evidenciando alta
susceptibilidade da cenoura na interferência com as infestantes. Os autores referenciam que não
houve período crítico de prevenção à interferência, um único controlo das infestantes, entre 22 e 31
dias após a sementeira, foi suficiente para garantir a produção potencial da cultura.
Estudos conduzidos por Batistão et al. (2013), com o objectivo de “Avaliar o período de
interferência da comunidade infestante sobre o desenvolvimento da cenoura”, As infestantes
observadas foram: Commelina benghalensis, Digitaria horizontalis, Eleusine indica, Cyperus
rotundus, Panicum maximum e Rottboelia exaltata. Os autores observaram que a espécie com
maior importância foi Panicum maximum, destacando-se pela densidade. Os autores referenciam
que a redução das variáveis peso, diâmetro e comprimento da raiz do período de 0 para 15 e 30 dias
após a emergência (DAE), provavelmente ocorreu devido à competição por nutrientes, espaço e
água, dificultando o desenvolvimento radicular da cultura. Através das curvas de regressão
observaram que o período anterior a interferência das infestantes na cultura da cenoura ocorre no
início do ciclo até aproximadamente 30 dias após a sementeira (DAS) e nos tratamentos em que a
convivência com as plantas daninhas foi igual ou superior a 45 dias após a sementeira (DAS),
houve perda total de produção comercial.
A abundância absoluta refere-se ao número de indivíduos de uma determinada espécie por unidade
de área e a relativa refere-se a percentagem de cada espécie em relação ao número total de
indivíduos observados (Pagule, 2014).
ii. Frequência
Expressa a ocorrência da espécie nas parcelas de amostragem e pode ser expressa em termos de
dados absolutos ou relativos, ou seja, permite avaliar qual ou quais espécies ocorrem com maior
frequência na comunidade.
Pagule (2014) citando Lamprecht (1990), diz que a frequência absoluta refere-se ao número de
parcelas de amostragem em que uma dada espécie ocorreu em ralação ao total de amostragens e a
relativa expressa a percentagem de ocorrência de uma espécie em relação à soma das frequências
de todas as espécies que constituem a comunidade. Os valores altos de frequência (61%-100%)
indicam uma composição florista homogénea e os valores baixos (1%-40%) indicam alta
heterogeneidade.
Localização geográfica
O experimento foi conduzido ao Céu aberto no período de Julho a Novembro de 2019, na Machava
Sede, Posto Administrativo da Machava na Matola. Matola é a actual capital provincial de Maputo,
situa-se
se na parte sul da Baía de Maputo sob o corredor de Maputo, tem como limites: a norte o
distrito de Moamba, a sul o distrito de Boane e Cidade de Maputo, a este Marracuene
arracuene e Cidade de
Maputo e a oeste o distrito de Baone (INE, 2013).
Machava
Sede
Clima
De acordo com os dados da Climate
Climate-data.org o clima predominante na Matola é conhecido como
um clima de estepe local, e segundo a classificação de Koppen e Geiger o clima é BSh, com uma
temperatura média de 22.9ºC, pluviosidade média anual de 731 mm.
Determinação dos Períodos de Interferência das Infestantes no Rendimento da Cenoura (Daucus
carota L.) no Posto Administrativo da Machava
Solo
Os solos da Matola são arenosos amarelados caracterizados por areias castanhas amareladas, com
mais de180 cm de profundidade apresentam boa drenagem a excessiva, o pH-H2O é forte a
moderadamente ácido variando de 4-6, o teor de matéria orgânica é baixa a moderada variando de
0- 3 %, quanto a salinidade são não salinos (CEe=0-1 mS/cm) e quanto a sodicidade são não
sódicos com Percentagem de sódio Trocável (PST) variando de 0-2 % (INIA, 1994).
3.2 Material
Fita métrica, rolo de corda, estacas, botas, enxada, ancinho, balança, adubo NPK (12:24:12), Ureia
(46), Cloreto de potássio (60), regadores (13L), sementes, etiquetas, pesticida, seringa, pulverizador
de dorso (10L), régua graduada de 30 cm, bloco de anotações, caneta, máquina calculadora,
paquímetro, planilha de recolha de dados.
3.3 Métodos
3.3.1 Delineamento experimental e tratamentos
O experimento foi conduzido no Delineamento de Blocos Completos Casualizados (DBCC) em
arranjo factorial 2 x 6 (o primeiro factor foi constituído por dois níveis que são grupo de
tratamentos com controlo das infestantes e grupo de tratamento em convivência das infestantes com
a cultura e o segundo factor foi constituído seis níveis que são os seis períodos do ciclo da cultura),
com três repetições perfazendo no total 36 parcelas experimentais.
No primeiro grupo (i) caracterizado por períodos crescentes de controlo, a cultura da cenoura
permaneceu livre de infestantes a partir da sementeira até 15, 30, 45, 60, 75, 91 dias após a
sementeira (DAS), após estes períodos as infestantes cresceram livremente até o final do ciclo da
cultura. No segundo grupo (ii) caracterizado por períodos crescentes de convivência, a cultura
cresceu na presença da comunidade infestante a partir da sementeira até os mesmos períodos
descritos no primeiro grupo de tratamentos, após estes períodos as infestantes foram controladas.
A casualização dos tratamentos foi feita com auxílio do programa Sisvar versão 4.3.O ensaio teve
80.75 m2 de área total, sendo 9.5 m de comprimento e 8.5 m de largura, cada parcela teve 1 m2 de
área total com 40 plantas, eliminando-se 0.25m e 0.1m das extremidades como bordaduras, a área
útil foi constituída por duas linhas centrais com 16 plantas o equivalente a 0.4m2 (0.5*0.8) e o
esquema do ensaio é apresentado na Figura 2.
T10 T5 T8 T12 T1 T3
BI
T9 T6 T7 T4 T11 T2
T7 T12 T9 T8 T5 T10
BII
T4 T2 T11 T3 T6 T1
T10 T9 T5 T1 T11 T8
BIII
T6 T3 T2 T12 T7 T4
a) Preparação do terreno
A preparação do terreno para montagem do ensaio inicio
iniciou no dia 31 de Julho de 2019 até dia 05 de
Agosto de 2019, foi feito manualmente com recurso a enxada, onde consistiu na realização de duas
lavouras a segunda cruzada, após a lavoura foi feito o nivelamento
nive do terreno com auxílio a
ancinho e enxada. Em seguida
ida fez-se
fez se a demarcação do terreno e o levantamento de canteiros
(parcelas) com 1m2 e cerca de 20 cm de altura para facilitar o desenvolvimento radicular da
cenoura.
A B C
Figura 3: Representação ilustrativa da preparação do terreno: (A) lavoura, (B) nivelamento do terreno e (C)
levantamento de canteiros.
b) Adubação de fundo
A adubação de fundo foi realizada no dia 06 de Agosto de 2019 a base de NPK na formulação
12:24:12
24:12 segundo as recomendações do MINAG nas Normas Técnicas Elementares Agrícolas
se ao solo 416 kg ha-1 de NPK. O modo de aplicação foi a lanço
(Anexo III), onde incorporou-se
Determinação dos Períodos de Interferência das Infestantes no Rendimento da Cenoura
Cenoura (Daucus
(
carota L.) no Posto Administrativo da Machava
tendo-se
se usado enxada para incorporar o adubo e efectuou-se
efectuou se rega durante 3 dias antes da
sementeira para dissolver o adubo.
c) Adubação de cobertura
A adubação de cobertura foi feita em duas fases aos 35 e 60 DAS, usando Ureia (46) na quantidade
de 55 kg ha-1 e Cloreto de Potássio (60) na quantidade de 41 kg ha-1. A adubação foi feita a lanço
nas parcelas, e em seguida efectuou-se
efectuou se a rega para dissolver o adubo de modo a ser absorvido pela
planta.
d) Sementeira
A sementeira foi efectuada no dia 10 de Agosto de 2019 directamente nas parcelas visto que a
cenoura dispensa a sementeira no viveiro. Antes preparou-se
se uma certa quantidade de solo sem
detritos para cobrir a semente logo após a sua distribuição, com vista a facilitar a sua emergência
visto que é muito pequena. Fez se abertura de sulcos com cerca de 1 cm de profundidade que
distavam 25 cm formando
ndo 4 linhas por parcela, após a distribuição das sementes,, os sulcos foram
cobertos com o solo preparado anteriormente.
A B C
Representação ilustrativa da: (A) adubação, (B) sementeira e (C) emergência da cenoura
Figura 4:Representação
e) Desbaste
O desbaste foi efectuado manualmente aos 30 DAS deixando-se
deixando se uma distância de 10 cm entre
plantas, retirou-se
se as plantas menos vigorosas deixando-se
deixando se as mais vigorosas com objectivo de
reduzir a densidade de plantas, proporcionar um óptimo espaçamento para evitar
evitar a competição
pelos recursos de produção e obter raízes de maior tamanho e boa qualidade.
f) Amontoa
A amontoa foi efectuada aos 30 e 60 DAS com recurso a sacholas e consistiu em
amontoar o solo no colo das plantas com objectivo de evitar a sua exposição
exposição ao sol, que pode
causar o colo verde na Cenoura. Nas parcelas mantidas em convivência entre infestantes e a cultura
Determinação dos Períodos de Interferência das Infestantes no Rendimento da Cenoura (Daucus
carota L.) no Posto Administrativo da Machava
levou-se solo de fora da parcela para evitar cortar as infestantes e a amontoa foi feita com cuidado
de modo a evitar a cobertura das infestantes.
g) Controlo de infestantes
O controlo da comunidade infestante foi feita a partir de 15 DAS da cenoura, para o controlo
adoptou-se o maneio integrado onde combinou-se o controlo manual (sacha e monda) e a cobertura
morta, para evitar a introdução das infestantes através da palha usou-se palha de Imperata
cylindrica. A palha foi previamente pesada para garantir que a quantidade seja a mesma em todas
as parcelas, onde usou-se 900g de palha m-2, a mesma foi colocada segundo a metodologia traçada,
antes da cobertura fez-se controlo manual para evitar a resistências das infestantes.
i) Irrigação da cultura
A cultura da cenoura é exigente em água, para determinação da quantidade de água de rega,
depende da temperatura, variedade, tipo de solo em questão, época de produção, entre outros
factores. A irrigação foi feita manualmente com uso de regadores, da sementeira até o desbaste a
rega foi frequente e leve controlando-se a humidade no solo, após o desbaste aumentou-se a lâmina
de água e o intervalo de rega. A quantidade de água usada encontra-se no Anexo II.
j) Colheita
A colheita de raízes da cenoura foi feita no dia 09 de Novembro, 91 DAS, quando as plantas
apresentavam as características que definem o ponto de colheita da cenoura como: amarelecimento
das folhas, seca das folhas mais velhas e arqueamento das folhas mais novas para baixo (Matos et
al., 2011). A colheita foi feita manualmente e a colecta dos dados obedeceu as planilhas em Anexo
IV, V e VI.
Fr. abs
Fr(%)i = x 100%
∑ Fr. abs
Onde:
Fr.absi = frequência absoluta da i-ésima espécie;
Fr%i = frequência relativa da i-ésima espécie;
ΣFr.absi = Soma das frequências absolutas de todas as espécies amostradas;
S = número de espécies.
3.5.2 Análise do rendimento e delimitação dos períodos de interferência
Análise do rendimento
(i) Diâmetro médio da raiz (DMR), fez-se colecta aleatória de 8 cenouras em cada parcela,
medindo-se as raízes próximas à inserção das folhas com auxílio a paquímetro.
(iii) Rendimento de raízes totais (RRT), foi medida logo após a colheita da cenoura na área
útil, a pesagem foi feita com auxílio de uma balança electrónica.
(iv) Rendimento de raízes comercializáveis (RRC), a pesagem foi feita com auxílio de uma
balança electrónica, foi medida logo após a separação das raízes comercializáveis usado os
padrões exigidos nas raízes comercializáveis, segundo Isac (2015) são raízes
comercializáveis aquelas que não apresentarem raízes deformadas, florescidas, quebradas,
rachadas ramificadas, com galhas, com ombros verdes ou roxos.
∗ ∗
Rendimento/ha = =
Á ú .
As quatro variáveis de rendimento em estudo foram submetidas a análise de variância, com auxílio
do software Sisvar 4.3. As variáveis que apresentaram diferenças significativas foram submetidas
ao teste de comparação de médias de Tukey a 5% de probabilidade. O Stata 13 foi usado para testar
a consistência dos dados usando os testes de especificações (Normalidade e Heteroskedasticidade),
para normalidade usou se teste de Shapiro-Wilk e Heteroskedasticidade usou-se o teste de Breusch-
Pagan, os dados foram transformados com a fórmula log (x), onde X é a variável resposta.
A B
Figura 5: Representação ilustrativa da: (A) medição do comprimento médio da raiz e (B) pesagem do
rendimento.
Determinação dos Períodos de Interferência das Infestantes no Rendimento da Cenoura (Daucus
carota L.) no Posto Administrativo da Machava
(v) Delimitar os períodos de interferência
Para a determinação dos períodos de interferência das infestantes, os dados de rendimento
comercializável, em ambos os grupos de tratamentos, foram ajustados a um modelo de
regressão não linear proposto por Kozlowski (2002), por meio do programa Sigmaplot
(versão 13.0), usando a equação logística descrita abaixo:
a
Y = yo +
1+
Onde:
Y = rendimento de raízes da cenoura (ton ha-1);
yo = rendimento mínimo, no início do ensaio para o grupo controlo e no final do ensaio para
o grupo convivência;
a = diferença entre o rendimento máximo e o mínimo;
x = dias após a sementeira da cenoura;
xo = número de dias em que ocorreu 50% de redução no rendimento máximo; e
b = declive da curva.
Segundo a classificação de Lamprecht (1990), de uma forma generalizada, a frequência relativa das
espécies registada no experimento variou de 0.93 a 8.33% no grupo convivência e 1.52 a 22.73%
no grupo controlo, o que mostrou alta heterogeneidade das espécies nas condições experimentais.
Estudos conduzidos por Souza (2014), estudando os períodos de interferência e controlo químico
das infestantes na cebola, teve como espécies mais frequentes Raphanus raphanistrum e Digitaria
horizontalis, na comunidade infestante os valores de frequência relativa variaram de 0.1 a 79%,
com uma composição especifica que variava de heterogéneo a homogéneo sendo a espécie
Digitaria horizontalis à que apresentou maior frequência relativa.
25.00
Frequência (%)
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
Commelina…
Parthenium…
Psilotrichum…
Senecio…
Controlo
Boerhavia diffusa L.
Bulbostylis capillaris L.
Chenopodium album L.
Cleome gynandra L.
Eragrostis ciliaris L.
Cyperus esculentus
Panicum maximum
Sesamum alatum
Gomphrena celosioides
Triumfetta rhomboidea
Bidens pilosa L.
Portulaca oleracea L.
Sonchus oleraceus L.
Cenchrus brownii
Conyza bonariensis L.
Argemone mexicana L.
Polygonum aviculare L.
Amaranthus spinosus L.
Digitaria ciliaris
Tribulus terrestris
Convivência
Espécie
Figura 6: Distribuição das espécies na área experimental em função dos períodos crescentes de controlo e
convivência, Machava Sede, 2019.
(c) Abundância
A espécie Parthenium hysterophorus foi a mais importante que todas as outras espécies tendo se
destacado em abundância, sendo classificada em muito abundante nos períodos de convivência e
em pouco abundante nos períodos de controlo de acordo com os dados de abundância em Anexo
VII e VIII e a classificação de Braun-Blanquet 1979 em Anexo IX. Essa espécie foi a que
apresentou a maior abundância em todos os períodos, permitindo a sua dominância na comunidade.
Coelho et al. (2009), estudando a interferência das infestantes na cenoura teve resultados diferentes,
tendo encontrado como espécie mais importante a Ageratum conyzoides, destacando-se pela
abundância e Eleusine indica foi a segunda espécie mais importante, destacando-se pela
abundância, da mesma maneira que Digitaria nuda, a terceira espécie mais importante.
Pujol (2016), relata que geralmente nos períodos de convivência entre a comunidade infestante e as
culturas, ocorre alta densidade de infestação quando comparado com os períodos finais, pois devido
ao aumento da densidade populacional e do desenvolvimento das espécies infestantes,
principalmente aquelas que germinaram e emergiram e desenvolvem-se rapidamente no início do
ciclo da cultura, chega um ponto em que a extracção de recursos do meio é maior que a capacidade
do meio em fornece-los, a competição pelos recursos intensifica-se, principalmente por luz. Nesse
aspecto, as infestantes com maior cobertura vegetal, tornam-se dominantes e aquelas com menor
cobertura vegetal são suprimidas ou morrem. Esse facto explica a redução da abundância das
infestantes no final do ciclo da cultura.
A B C
D E F
Figura 7: Representação ilustrativa da comunidade infestante aos: 15 DAS (A), 30 DAS (B), 45 DAS (C),
60 DAS (D), 75 DAS (E) e 90 DAS (F).
Tabela 4: Coeficiente de Variação para diâmetro médio da raiz (DMR), comprimento médio da raiz (CMR),
rendimento de raízes totais (RRT) e rendimento de raízes comercializáveis (RRC).
Tabela 5: Resultado de teste de especificações para diâmetro médio da raiz (DMR), comprimento médio da
raiz (CMR), rendimento de raízes totais (RRT) e rendimento de raízes comercializáveis (RRC).
Tabela 6: Resumo da análise de variância para diâmetro médio da raiz (DMR), comprimento médio da raiz
(CMR), rendimento de raízes totais (RRT) e rendimento de raízes comercializáveis (RRC).
Comparando o rendimento médio dos dois grupos de tratamentos em relação as variáveis em estudo
verificou-se uma redução no grupo convivência de 11.71% para diâmetro médio da raiz (DMR),
14.41% para comprimento médio da raiz (CMR), 37.31% para rendimento de raízes totais (RRT) e
38.79% para rendimento de raízes comercializáveis (RRC). Facto semelhante foi observado por
Carvalho (2007) na beterraba onde verificou que o valor médio da produtividade total de raízes nos
períodos de convivência foi 34,73% menor que naqueles de controlo e Coelho et al. (2005) na
cenoura.
Tabela 7: Comparação de médias para diâmetro médio da raiz (DMR), comprimento médio da raiz (CMR),
rendimento de raízes totais (RRT) e rendimento de raízes comercializáveis (RRC) em função do grupo
tratamento.
Grupo tratamento DMR (cm) CMR (cm) RRT (ton ha-1) RRC (ton ha-1)
Controlo 2.05a 12.63a 10.72a 6.42a
Entretanto, pode-se inferir que o diâmetro médio da raiz é uma característica que não apresentou
forte relação com o rendimento da cultura, apesar de ter sido reduzida pela interferência das
infestantes, conforme verificado por Coelho et al. (2009).
Resultados diferentes foram encontrados por Pereira & Yamashita (2006), estudando a
Interferência de plântulas de Cyperus ferax (L.) no desenvolvimento inicial de plantas de Lactuca
sativa (L.), onde observaram diferenças estatísticas no comprimento das raízes da Lactuca sativa
em função dos períodos estudados, sendo que o maior comprimento das raízes foi encontrado no
tratamento sem rizomas de Cyperus ferax e o menor comprimento das raízes nos tratamentos com
maior número de rizomas de Cyperus ferax.
Conforme ilustra a Tabela 10, a análise do diâmetro médio da raiz em função da interacção mostrou
que, tanto nos períodos de controlo assim como nos períodos de convivência não foram observadas
diferenças estatísticas. Comparando a testemunha que permaneceu todo ciclo em controlo da
comunidade infestante e aquela que permaneceu todo ciclo em convivência com a comunidade
infestante observou-se uma redução de 34.18% no diâmetro médio das raízes.
A melhor interacção observou-se nos períodos 45 e 60 DAS pois, foi onde os períodos de controlo
e os períodos de convivência não apresentaram diferenças estatísticas. O que significa que obteve-
se o mesmo diâmetro médio da raiz ao controlar as infestantes até 60 DAS e ao deixar a cultura a
conviver com as infestantes até 60 DAS.
Coelho et al. (2009) verificaram que o diâmetro médio da raiz foi reduzido após 77 dias de
convivência, enquanto somente o tratamento de 28 DAS de controlo diferiu estatisticamente da
testemunha mantida todo ciclo na ausência das infestantes.
Duarte et al. (2012) analisando o diâmetro médio do colmo na cultura do milho, verificaram que a
testemunha que permaneceu todo ciclo em convivência apresentou o menor diâmetro, reflectindo
em uma redução de 14% quando comparada a testemunha com controlo. Estudos realizados por
Silva et al. (2014) com a cultura do sorgo, mostraram que a convivência das infestantes com a
cultura afectou negativamente o diâmetro do colmo de plantas de sorgo. Sendo que a falta de
controlo da comunidade infestante durante todo o ciclo da cultura foi responsável pela redução de
aproximadamente 25% no diâmetro de colmo.
DMR (cm)
DAS (1)
Período de Controlo Período de Convivência
15 1.45cB 2.55aA
30 1.86bcB 2.35abA
45 2.27abA 2.11abA
60 1.97abcA 1.64bcA
75 2.14abcA 1.27cB
91 2.64aA 0.95cB
Médias seguidas pela mesma letra (maiúsculas na linha e minúsculas na coluna) não diferem entre si pelo
teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade; (1)DAS: Dias após a sementeira
Quanto ao efeito interacção, a melhor interacção foi observado nos períodos 30 e 45 DAS pois,
nesses períodos não observou-se diferenças estatísticas entre os períodos de controlo e os períodos
de convivência. Entretanto obteve-se mesmo comprimento médio da raiz ao controlar as infestantes
ate 30 e 45 DAS e ao deixar a cultura a conviver com as infestantes ate 30 e 45 DAS.
Coelho et al. (2009) obtiveram resultados diferentes na cenoura, onde observaram que o
comprimento médio da raiz da cenoura foi reduzido após 56 dias de convivência, enquanto com o
controlo das infestantes durante 14 DAS obtiveram resultados semelhantes a testemunha mantida
na ausência das infestantes durante todo ciclo da cultura. Os autores observaram que as perdas entre
a testemunha 98 dias de controlo e 98 de convivência com as infestantes foram de 48,78%.
Tabela 11:Comparação de médias para comprimento médio da raiz (CMR) em função da interacção entre os
factores
CMR (cm)
DAS (1)
Períodos de Controlo Períodos de Convivência
15 11.40aB 14.31aA
45 12.17aA 12.48abA
60 13.84aA 10.58bcB
75 13.16aA 7.64dB
91 13.36aA 8.15cdB
Médias seguidas pela mesma letra (maiúsculas na linha e minúsculas na coluna) não diferem entre si pelo
teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade; (1)DAS: Dias após a sementeira
Quanto a interacção não obteve-se a melhor interacção mas, nos períodos de controlo obteve-se
melhores médias a partir de 60 DAS e para os períodos de convivência verificou-se somente até 15
DAS, o que demonstra que o controlo a partir de 15 DAS até 60 DAS proporciona melhores
rendimentos.
Tabela 12:Comparação de médias para rendimento de raízes totais (RRT) em função da interacção entre os
factores
Facto semelhante foi observado por Coelho et al. (2009), onde relataram redução no rendimento de
quase 100% das raízes quando não foram utilizadas práticas adequadas de maneio das infestantes
Quanto a interacção, a melhor interacção foi obtida aos 45 DAS pois, não observou-se diferenças
estatísticas entre os períodos de controlo e os períodos de convivência. Entretanto observou-se o
mesmo rendimento ao controlar as infestantes até 45 DAS e ao deixar a cultura conviver com as
infestantes até 45 DAS.
Tabela 13: Comparação de médias para rendimento de raízes comercializáveis (RRC) em função da
interacção entre os factores
Conforme Lang (2018) citando Zanine e Santos (2004), as plantas podem competir entre si
(intraespecífica) e com outras plantas (interespecíficas) pelos recursos do meio (luz, água,
nutrientes, CO2, etc.). A duração do tempo de competição acarreta prejuízos no crescimento, no
desenvolvimento e, consequentemente na produção das culturas, entretanto a produtividade da
cenoura passou a ser afectada negativamente a partir de 18 DAS convivendo com a comunidade
infestante, sendo necessário o controle da comunidade infestante até 68 DAS para que não ocorra
Na prática, o PCPI é o período que as sachas ou efeito residual dos herbicidas devem abranger, pois
as infestantes que emergirem após esse período não crescem o suficiente para promover
interferência e redução significativa no rendimento da cultura e geralmente é apresentado em
semanas de controlo (Pitelli, 1985).
Coelho et al. (2009) obtiveram resultados diferentes na cenoura, observaram que não houve PCPI
um único controlo aos 22 DAS até 31 DAS foram suficientes, para evitar esse problema, o controlo
das infestantes deveria ser efectuado uma única vez entre 22 e 31 DAS, a fim de que a
produtividade comercial não seja significativamente reduzida, considerando as condições
ambientais em que foi desenvolvida a pesquisa.
Segundo Pitelli (1985), a duração do PTPI pode ser influenciada principalmente pela intensidade e
pela velocidade em que ocorre o sombreamento nas entrelinhas pela cultura. Assim, quanto maior a
intensidade e velocidade de sombreamento, menor tende a ser o PTPI. Esses dados evidenciam a
necessidade de amanhos culturais que possibilitem vantagens competitivas a cultura em relação a
comunidade infestante, aproveitando as próprias características da cultura de forma eficiente, como
redução no espaçamento entre linhas e o aumento do espaçamento entre as plantas e realização de
adubações equilibradas ou localizadas e em fases correctas, com o objectivo de favorecer rápido
desenvolvimento vegetativo, para que a interceptação da radiação pela cultura seja maior e diminua
a incidência de luz que atinge o solo, proporcionando um ambiente desfavorável para o
desenvolvimento das infestantes (Nichelati, 2015).
5.1 Conclusão
Para as condições edafo-climáticas nas quais foi instalado o experimento e de acordo com os
amanhos culturais dispensados à cultura da cenoura, pode-se concluir que:
A família Asteraceae destacou-se quanto ao número de espécies sendo seguida pela família
Amarhantaceae e Poaceae. Nos períodos com extensões crescentes de controlo assim como
nos períodos com extensões crescentes de convivência, a espécie infestante Parthenium
hysterophorus L. foi a mais importante destacou-se em todo ciclo da cultura quanto a
abundância.
Ao analisar o rendimento de raízes comercializáveis (ton ha-1), os resultados mostraram que
a produtividade de raízes comercializáveis teve basicamente o mesmo
comportamento da produtividade total de frutos, em que os períodos de 60, 75 e 91 de
controlo obtiveram melhores resultados assim como o período de 15 DAS de convivência.
Comparando as testemunhas (91DAS de convivência e 91DAS de controle) observou-se
uma redução de 92.46 e 100% respectivamente para as raízes totais e raízes
comercializáveis.
5.2 Recomendações
Aos produtores que apliquem os períodos de interferência nas suas unidades produtivas,
pois estas mostram bons resultados comparado com a produção potencial da cultura.
A repetição deste estudo em diferentes regiões e épocas de produção para servir de auxílio
na escolha das melhores épocas e estratégias de maneio das infestantes para cada região de
produção.
A repetição deste estudo para apurar o potencial agronómico da cultura na aplicação dos
períodos de interferência.
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ANEXOS
ACTIVIDADES DATA
Lavoura 1 31 de Julho de 2019
Lavoura 2 02 de Agosto de 2019
Nivelamento 5 de Agosto de 2019
Demarcação do terreno e Levantamento de canteiros 5 de Agosto de 2019
Adubação de Fundo 6 de Agosto de 2019
Sementeira 10 de Agosto de 2019
Rega Anexo 2
Anexo IV: Planilha de colheita de dados experimentais para rendimento de raízes totais (RRT) de
comercializáveis (RRC).
RRT (g) RRC (g)
Tratame nto
BI BII BIII BI BII B III
M1P1 0.121 0.111 0.195 0 0 0
M1P2 0.259 0.279 0.295 0.101 0.153 0.109
M1P3 0.36 0.399 0.371 0.162 0.268 0.201
M1P4 0.561 0.561 0.596 0.33 0.4 0.367
M1P5 0.58 0.581 0.604 0.43 0.41 0.399
M1P6 0.623 0.594 0.629 0.465 0.405 0.427
M2P1 0.576 0.602 0.595 0.47 0.367 0.396
M2P2 0.41 0.4 0.433 0.32 0.204 0.255
M2P3 0.335 0.32 0.31 0.123 0.152 0.27
M2P4 0.175 0.197 0.11 0.11 0.1 0.05
M2P5 0.07 0.115 0.05 0 0.013 0
M2P6 0.05 0.05 0.04 0 0 0
Anexo VII: Tabela de parâmetros (Abundância, Frequência absoluta e Frequência relativa) determinados
para o grupo convivência
Espécie Ab Fa FR (%)
Amaranthus spinosus L. 0.56 0.22 1.85
Argemone mexicana L. 0.11 0.11 0.93
Bidens pilosa L. 1.22 0.33 2.78
Boerhavia diffusa L. 3.06 0.72 6.02
Bulbostylis capillaris L. 3.56 0.56 4.63
Cenchrus brownii 6.39 0.89 7.41
Chenopodium album L. 0.22 0.17 1.39
Cleome gynandra L. 0.39 0.28 2.31
Commelina benghalensis L. 4.00 1.00 8.33
Conyza bonariensis L. 3.67 0.44 3.70
Cyperus esculentus 1.27 0.22 1.85
Digitaria ciliaris 6.22 0.83 6.94
Eragrostis ciliaris L. 13.28 0.89 7.41
Gomphrena celosioides 3.00 0.44 3.70
Panicum maximum 3.50 0.61 5.09
Parthenium hysterophorus L. 106.39 1.00 8.33
Polygonum aviculare L. 1.67 0.17 1.39
Portulaca oleracea L. 0.61 0.22 1.85
Psilotrichum boivinianum 5.50 0.67 5.56
Senecio madagascariensis 1.44 0.67 5.56
Sesamum alatum 2.56 0.67 5.56
Sonchus oleraceus L. 0.28 0.22 1.85
Tribulus terrestris 0.28 0.17 1.39
Triumfetta rhomboidea 1.22 0.50 4.17
Espécie Ab Fa FR(%)
Argemone mexicana L. 0.11 0.06 1.52
Boerhavia diffusa L. 0.17 0.17 4.55
Bulbostylis capillaris L. 0.61 0.28 7.58
Cenchrus brownii 0.33 0.17 4.55
Cleome gynandra L. 0.11 0.11 3.03
Commelina benghalensis L. 0.39 0.33 9.09
Cyperus esculentus 0.22 0.11 3.03
Digitaria ciliaris 0.22 0.17 4.55
Eragrostis ciliaris L. 2.17 0.50 13.64
Panicum maximum 0.06 0.06 1.52
Parthenium hysterophorus L. 11.22 0.83 22.73
Polygonum aviculare L. 0.11 0.06 1.52
Psilotrichum boivinianum 0.78 0.33 9.09
Senecio madagascariensis 0.17 0.17 4.55
Sesamum alatum 0.11 0.11 3.03
Triumfetta rhomboidea 0.22 0.22 6.06
Total 17.00 3.67 100.00