Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Línguas – Secção de Português

Português II – SEMESTRE II - 2021

Aula Nº 07

TÓPICO (4): Géneros Jornalísticos


Objectivos:

(i) Ler e interpretar textos;


(ii) identificar propósitos comunicativos, aspectos discursivos e linguísticos;
(iii) Recolher exemplos dos géneros em causa.

1. Tipologia Textual – Texto Informativo

Tal como já tínhamos dito, anteriormente, na vida, quer ao nível escolar, social ou profissional,
deparámo-nos, vezes sem conta, com a necessidade de ler e/ou escrever textos. Assim, é
imprescindível o conhecimento dos diversos tipos de textos. A nós, vai nos interessar os textos
cujo principal objectivo é transmitir informação da actualidade. Está-se a falar, neste caso, dos
géneros jornalísticos, mais precisamente a notícia, a crónica e a publicidade.

1.1.Géneros Jornalísticos

O jornalismo é a profissão realizada pelo jornalista, sendo que o seu trabalho é de realizar
pesquisas sociais (não naquele sentido que faz a Sociologia). A sua preocupação é descrever a
realidade e obter respostas para elucidar os leitores sobre temas/assuntos diversos da actualidade
(Lopes, Victor Silva, 1993: 91).

À semelhança do texto literário, o texto jornalístico possui os seus respectivos géneros,


conforme a estrutura e os objectivos que toma. Desta forma, encontramos a notícia, a reportagem,
a entrevista, o inquérito, e o artigo. No fundo, qualquer um destes géneros, não obstante possuírem
estilos diferentes, concorrem para um mesmo objectivo – o de transmitir a informação de
actualidade com clareza, simplicidade, exactidão e concisão.

1.1.1. NOTÍCIA

Chama-se notícia a todo o texto que relata, de forma concisa e objectiva, um facto actual
ou relevante, que desperta o interesse da comunidade a que se destina. Entretanto, Silva (2011)
defende que mesmo os factos mais remotos também podem ser objecto de notícia, o que chama de
notícia histórica.

A evolução da linguagem jornalística e a criação de um estilo próprio no contexto da


literatura permitiu o desenvolvimento de técnicas adequadas aos objectivos fundamentais da
comunicação social de hoje: a rapidez, fácil compreensão (clareza e simplicidade), adopção de um
tipo de construção que permita rápidas traduções em línguas diferenciadas – uma espécie de estilo
universal ao serviço, sobretudo, das agências noticiosas.

Foi nessa ordem de ideias que resultou uma das leis fundamentais do jornalismo de hoje:
na notícia, o mais importante escreve-se logo no princípio.

Ora, uma norma como esta aconselha o aperfeiçoamento de um estilo inverso ao


novelístico. O autor de uma notícia deve começar pelo desfecho de um determinado acontecimento
para depois descrever, em pormenor, a forma com as coisas se sucederam.

❖ ESTRUTURA DA NOTÍCIA

A estrutura de uma notícia deve ou pode ser constituída por:

(1) Título, antetítulo, subtítulo.

(2) Lead ou parágrafo guia – corresponde ao primeiro parágrafo em que se apresenta de


forma resumida o que aconteceu. Um lead bem elaborado deve ser claro, atrativo, directo
e simples. A sua construção e a escolha dos dados que o integram funcionam como «isco»
do leitor e, por isso, devem convencê-lo desde logo da importância da notícia e de que vai
encontrar informações de grande o interesse nos parágrafos seguintes. O primeiro
parágrafo ou lead não deverá ultrapassar nunca os dois períodos. Neste parágrafo dever-
se-á responder às seguintes questões: Quem? O Quê? Onde? Quando?

Embora as variantes de lead permitam o começo por QUANDO?, e O QUÊ?, a grande


percentagem (da ordem dos 80%) das notícias correctas publicadas em jornais de todo o mundo
«abrem» com um lead iniciado por QUEM?. Esta construção põe em relevo o sujeito da aração
directa, a de mais fácil leitura e compreensão.

(3) Corpo da notícia ou desenvolvimento – é constituído pelo desenvolvimento da notícia,


onde se faz a descrição pormenorizada do que aconteceu. Nesta parte dever-se-á responder
às perguntas: COMO? e PORQUÊ?.

❖ CARACTERÍSTICAS GERAIS DA NOTÍCIA

A notícia deverá respeitar os seguintes princípios:

▪ Clareza – como toda de redacção, jornalística ou não, a notícia deverá ser clara para ser
inteligível.

▪ Objectividade – relatar o facto como ele é, não como gostaria que fosse; opõe-se à
subjectividade e supõe imparcialidade, devendo recorrer-se prioritariamente ao nome e ao
verbo, evitando, sobretudo, os adjectivos valorativos.

▪ Veracidade – a notícia deve corresponder à verdade dos factos; a veracidade é decorrente


da objectividade e indispensável à credibilidade dum órgão informativo.

▪ Actualidade – a notícia deve conter um facto novo, actual ou que conserve um interesse
actual.

▪ Uso da 3ª pessoa gramatical – a narração é feita na 3ª pessoa gramatical, usando


especialmente frases do tipo declarativo.
❖ FUNÇÃO DA LINGUAGEM PREDOMINANTE

Na notícia, a função da linguagem predominante é a informativa ou referencial. A função


informativa ou referencial destina-se a transmitir a informação de forma objectiva, sem
comentários nem juízos de valor. O seu objectivo é a notícia. É, por excelência, a linguagem do
jornalismo, dos noticiários. A linguagem é objectiva, precisa, denotativa.

Emprega-se um vocabulário correcto e frases curtas.

NB: Esta linguagem é também usada nos manuais técnicos, fichas informativas, instruções sobre
uso e instalação de aparelhos. Na literatura, emprega-se nas epopeias, narrativas míticas.

Função referencial

Quando alguém utiliza essa função em um acto de fala, tem por intenção transmitir ao
interlocutor dados da realidade de forma objectiva e precisa, longe de recursos linguísticos como
metáforas e vícios de linguagem como a ambiguidade. Ela também é conhecida como função
denotativa por ser essa a sua principal característica, ou seja, utilizar a linguagem tal qual ela é
em sua essência.

Referências bibliográficas:

Rei, J. E. (2000). Curso de Redacção II: O Texto. Porto: Porto Editora.

Silva, P. H. (2011). Os Géneros Jornalísticos e a Notícia. In Anais de SILEL. Volume 2.


Uberlândia: UDUFU. Disponível em http://www.ileel.ufu.br/anaisdosilel/wp-
content/uploads/2014/04/silel2011_2177.pdf

Você também pode gostar