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História

O Período Regencial (1831-1840)

Objetivo
Entender os debates políticos do período regencial que visavam elaborar projetos de construção da nação e
de formação do Estado brasileiro independente, tendo em vista as correntes políticas e os levantes regenciais.

Se liga
Para compreender melhor esse conteúdo, você precisa assistir às aulas sobre Independência do Brasil e
Primeiro Reinado.

Curiosidade
Em 1837, o ministro do império Bernardo Pereira de Vasconcelos apresentou ao regente Araújo Lima o projeto
de reformulação do seminário São Joaquim, com a criação do Colégio de Pedro II, que seria um colégio
secundário sediado no Rio de Janeiro. A intenção era a de realizar uma reformulação na educação brasileira,
e assim criar um sentimento de nação, difundindo os valores e ideais do império.

Teoria

O período regencial se iniciou com a abdicação de D. Pedro I


(que deixou seu filho Pedro de Alcântara no trono, mas sem
idade para governar), em 1831, e durou até o golpe da
maioridade, em 1840. Com a menoridade do imperador, os
regentes que passaram a governar o Brasil enfrentaram o
desafio de continuar a construção do Estado recém
independente, de manter o território e de conter as ameaças de
revoltas liberais, influenciadas, muitas vezes, pelas próprias
revoluções burguesas do século XIX na Europa. Assim, o
período regencial ficou marcado por esses desafios e pelas
possibilidades políticas de superar tais obstáculos; logo,
alguns grupos assumiram a administração no período e
realizaram uma alternância no poder entre indivíduos e correntes políticas atuantes da época. Essas
mudanças destacaram, assim, as seguintes fases:
1. Regência Trina Provisória (1831) – Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Joaquim Carneiro de
Campos e Francisco de Lima e Silva foram eleitos para escolherem os regentes permanentes;
2. Regência Trina Permanente (1831-1835) – Francisco Lima e Silva, João Bráulio Muniz e José da Costa
Carvalho;
3. Regência Una de Feijó (1835-1837) – Padre Diogo Antônio Feijó;
4. Regência Una de Araújo Lima (1837-1840) – Araújo Lima.

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Visto isso, nesse período, com a ausência da figura forte de um imperador e com a influência das tendências
políticas na formação do Estado, as correntes políticas passaram a se consolidar. Assim, percebemos a
atuação de três grupos principais:
• Liberais exaltados (jurujubas): grupo formado por comerciantes e pequenos proprietários rurais que
defendiam reformas políticas, o fim do poder moderador e um federalismo radical, ou seja, concessão
de mais autonomia às províncias. Um representante influente dos exaltados era Cipriano Barata.
• Liberais moderados (chimangos): grupo formado principalmente por grandes latifundiários que
defendiam uma maior participação da elite na política. Eram monarquistas, mas não defendiam o regime
absolutista, pois acreditavam que o poder legislativo deveria ter um peso maior.
• Restauradores (Caramuru): grupo formado por comerciantes portugueses, burocratas e militares que
defendiam o retorno de D. Pedro I para o trono brasileiro. Esse grupo enfraqueceu após a morte de D.
Pedro I, em 1834, e muitos de seus membros se tornaram Liberais Moderados. Um representante
influente foi José Bonifácio.

Regência Trina
O período conhecido como a Regência Trina foi dividido em duas fases, tendo a primeira se reunido apenas
para eleger os representantes da segunda, que seria a Regência Trina Permanente. Dessa forma, em 1831,
três representantes políticos, sendo um militar, um liberal e um conservador, reuniram-se e definiram os
nomes de Francisco Lima e Silva, João Bráulio Muniz e José da Costa Carvalho como os regentes.
Assim, ainda em 1831, começou a Regência Trina Permanente, que ficou no poder até 1835. Durante essa
fase, algumas mudanças políticas ocorreram, inclusive possibilitando maior autonomia para os estados,
como a criação da(o):
• Guarda Nacional (1831) – possibilitou aos cidadãos formarem um corpo armado para conter os
excessos governamentais e as rebeliões que pudessem acontecer.
• Código de Processo Criminal (1832) – ampliou os poderes dos juízes de paz.
• Ato Adicional (1834) – pode ser considerado uma vitória dos liberais exaltados, uma vez que promoveu
uma série de emendas na Constituição de 1824 e garantiu maior autonomia para as províncias
brasileiras. Alguns historiadores afirmam que o Ato Adicional de 1834 iniciou uma breve experiência
republicana no Brasil monárquico. O período também é comumente chamado de “Avanço Liberal”, devido
à maior autonomia adquirida pelas províncias.

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As revoltas regenciais
A abertura política e a autonomia concedida às províncias durante o Período Regencial marcaram também a
eclosão de diversas revoltas que colocaram em risco a unidade territorial brasileira. Tivemos cinco revoltas
principais: Cabanagem, Farroupilha, Malês, Balaiada e Sabinada. Confira abaixo um pouquinho de cada uma
dessas revoltas.

Cabanagem
As tensões entre o governo e os moradores do Pará, tanto da elite econômica quanto dos mais populares,
estendiam-se desde a década de 1820. Enquanto a elite desejava maior participação no Governo central, que
era dominado por políticos do Sudeste e do Nordeste, as camadas populares se rebelavam pelas péssimas
condições de vida e contra a escravidão.
Assim, os problemas se tornaram ainda maiores a partir de 1832, com novos conflitos e até mesmo rebeliões
militares exigindo maior autonomia da província. Nesse cenário conturbado, portanto, Bernardo Lobo de
Sousa foi indicado como o novo presidente da provínia do Pará, e, visando acalmar as tensões, adotou um
regime autoritário. Dessa forma, Bernardo perseguiu opositores, decretou prisões arbitrárias e chegou a
assassinar lideranças populares, como Manuel Vinagre, além de prender Clemente Melcher.
Dessa forma, em 1835, os irmãos Francisco Pedro e Antônio Vinagre e o seringueiro Eduardo Angelim
lideraram um grupo de rebeldes, formado por indivíduos pobres que viviam em cabanas à beira dos rios
(cabanos), e tomaram a cidade de Belém, assassinando Bernardo Lobo de Sousa. A revolta teve um caráter
liberal e formou um novo governo, que defendia a autonomia da província e, por parte de líderes populares,
como Angelim, a criação de reformas sociais.
No entanto, durante os 10 meses de governo, os sucessivos desentendimentos entre as lideranças e o
afastamento da elite logo desarticularam o movimento. Eduardo Angelim ainda tomou Belém mais uma vez
e decretou um governo republicano independente. A insistência dos regentes, porém, possibilitou a captura
de Angelim e, em 1840, a definitiva derrota dos cabanos, encerrando o processo com cerca de 30 mil mortos.

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Farroupilha
A região do Sul do Brasil, desde o período colonial, apresentava grande força na pecuária e, por isso, conseguiu
constituir uma elite econômica local, formada principalmente pelos estancieiros (grandes proprietários de
terra). Apesar da riqueza desses homens, a pecuária no Brasil não era uma atividade altamente lucrativa,
como o açúcar, ou voltada para a exportação. Essa criação do gado era destinada ao mercado interno,
sobretudo para a região do ouro, e tinha como principais produtos o charque (que era utilizado principalmente
para alimentar escravizados) e o couro.
Assim, apesar da importância dessa pecuária sulista, a produção do charque argentino e uruguaio passou a
penetrar no mercado brasileiro, tornando-se um indesejado competidor para a elite sulista. Para piorar, o
governo brasileiro ainda havia estabelecido uma alta carga tributária sobre o gado no sul e baixos impostos
para o charque argentino e uruguaio, gerando assim uma valorização muito maior do concorrente estrangeiro.
Tudo isso ainda em um contexto de pragas de carrapatos que devastavam o gado brasileiro, sem qualquer
auxílio do governo.
Portanto, essa situação criou uma enorme insatisfação nas elites do Sul, que já questionavam há décadas a
centralização monárquica, os constantes recrutamentos para guerras, a falta de benefícios e a pouca
autonomia política das províncias. O estopim foi quando, em 1834, o governo nomeou o conservador Antônio
Rodrigues Fernandes Braga como presidente da província do Rio Grande do Sul, que tratou de aumentar os
impostos e de organizar tropas.
Logo, os estancieiros do Sul, que eram muito influenciados pelas ideias liberais e republicanas que vinham da
Argentina e do Uruguai, rebelaram-se em 1835 contra o governo regencial. Sob as lideranças de Bento
Gonçalves, Davi Canabarro, Bento Manuel Ribeiro e com com apoio de Giuseppe Garibaldi, os revoltosos
reuniram tropas formadas por diversas pessoas, inclusive escravizados (sob promessas de alforria), e
tomaram Porto Alegre.
Vale destacar que o caráter separatista do movimento ainda é muito debatido, pois a independência nunca
foi uma unanimidade, visto que os estancieiros poderiam, com isso, perder o mercado brasileiro. No entanto,
com o tempo, as tendências emancipacionistas cresceram entre os líderes da farroupilha, e, em 1836,
decretou-se a criação da República Rio Grandense, presidida por Bento Gonçalves. Em 1839, os revoltosos
difundiram seus ideais e suas lutas e também fundaram em Santa Catarina a República Juliana.
Pelo lado do império, a reação para evitar a perda do território foi tanto através dos conflitos armados quanto
da diplomacia. Assim, indicando Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias, o império tratou de se mobilizar
para reconquistar o território sem perder o apoio dos estancieiros.
Dessa forma, Caxias, que havia esmagado a balaiada, conseguiu realizar grandes acordos com as lideranças
da farroupilha e, em 1845, firmou a Paz do Poncho Verde. O tratado garantiu a integração dos oficiais
revoltosos ao exército, a anistia aos farrapos, aumento nos impostos do charque argentino, liberdade para
escolherem o próprio presidente e alforria para os escravizados que haviam lutado.
Vale destacar que, apesar da promessa de alforria, muitos negros morreram nos conflitos da farroupilha,
inclusive os chamados “lanceiros negros” de Canabarro, que foram esmagados por um suposto ataque
surpresa. Suposto pois, para alguns historiadores, há evidências de que os lanceiros foram enviados para o
combate para serem mortos e, assim, os estancieiros resolverem com o império o impasse da alforria.

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Revolta dos Malês


No início do século XIX, uma das cidades com o maior número de negros escravizados no mundo era Salvador,
que tinha 40% da sua população formada por africanos e seus descendentes. Por ser uma cidade portuária,
a circulação de ideias e notícias era muito alta, e, frequentemente, pelos navios que chegavam
desembarcavam notícias, como a da famosa Revolução do Haiti.
Assim, o espírito do haitianismo estava sempre rondando cidades como Salvador e Rio de Janeiro, justamente
pela grande população de escravizados e pelas constantes rebeliões negras. Dessa forma, foi em 1835 que
ocorreu na capital baiana uma das maiores revoltas de escravizados do Brasil, a chamada Revolta dos Malês.
A palavra malês vem de imalê, que em iorubá significa muçulmano. Portanto, o termo era usado para se referir
à grande quantidade de africanos praticantes do islamismo na região. Nesse ponto, é importante lembrar que
a própria palavra islã, que significa submissão, demonstra uma importante característica da religião, que é a
submissão apenas ao Criador. Logo, a escravidão para os muçulmanos era algo que também os afetava
espiritualmente.
Sendo assim, a Revolta do Malês foi organizada por escravizados de origem muçulmana, em 1835, e marcada
para ocorrer no dia 25 de Janeiro (final do Ramadã), com o levante de escravizados e negros e mestiços livres.
No entanto, no dia anterior, as autoridades foram avisadas dos planos e logo se mobilizaram para acabar com
o levante, o que gerou sua antecipação para a madrugada do dia 25. Assim, vários conflitos se espalharam
pela cidade, mas terminaram com a derrota dos malês.

Sabinada
A sabinada foi uma rebelião que ocorreu em Salvador, em 1837, e que foi liderada pelo médico e jornalista
Fernando Sabino. A Bahia, entre os séculos XVIII e XIX, havia sido palco de diversos levantes, e, principalmente
em Salvador, havia grande circulação de ideias liberais e de debates políticos. Dessa forma, em uma
sociedade pobre, com grande parte da população formada por escravizados e que se deparava cada vez mais
com a falta de autonomia, aumento de impostos, convocações militares e pobreza, os levantes não foram
difíceis.
Ainda estremecida pela Revolta dos Malês, em 1835, Salvador presenciou, em 1837, mais um levante. Dessa
vez, no entanto, a rebelião foi protagonizada principalmente por trabalhadores livres e liberais, como Sabino,
e por latifundiários descontentes, como João Carneiro da Silva Rego.
No dia 7 de novembro, os sabinos tomaram o poder em Salvador, expulsaram as autoridades e criaram uma
república emancipada na Bahia. Essa experiência, no entanto, contava com um prazo, pois eles defendiam
que a independência se manteria apenas até a coroação de D. Pedro II.
O novo governo, entretanto, durou menos que isso, pois, em 1838, as forças da Guarda Nacional derrotaram
os revoltosos, que ficaram isolados, sem apoio popular e sem apoio dos latifundiários baianos.

Balaiada
A balaiada surgiu de um confronto entre dois grupos rivais do Maranhão, os cabanos (conservadores) e os
bem-te-vis (liberais), que brigavam pelo controle político da região. No entanto, as classes populares se
atrelaram a esse conflito, reivindicando melhores condições de vida. Portanto, não foi um movimento
unificado, pois congregava classes populares e médias. Com o crescimento da revolta popular, que conseguiu
tomar a cidade de Caxias, as classe médias recuaram, facilitando a repressão do movimento pelas forças
imperiais.

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A construção da nação
A descentralização do poder formou um cenário ideal para que diversas rebeliões e revoltas separatistas se
espalhassem no Brasil durante a regência. Eventos como a Cabanagem, a Sabinada, a Balaiada, a Farroupilha
e a Revolta do Malês colocaram em dúvida a soberania do Estado, a integridade nacional e a hegemonia das
elites. Assim, na visão do Estado, era necessária a construção de um sentimento nacional que unisse as
províncias, visto que a Guarda Nacional poderia não oprimir os desejos separatistas. Um dos primeiros passos
para a construção desse sentimento, portanto, foi a criação, em 1838, do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro.
O chamado IHGB teria o objetivo de reunir intelectuais que pudessem coletar documentos e informações
sobre o Brasil e, assim, publicar textos sobre a história e a geografia do recente país. Essa empreitada, como
visto, visava “dar um rosto” ao Estado brasileiro e gerar um sentimento de nação, através da construção de
um passado único para todos os brasileiros.
Nessa perspectiva de construção da nação, a regência de Araújo Lima ainda foi responsável pela ampliação
do ensino público, com a criação do Colégio Pedro II, e pela fundação do Arquivo Público do Império. Este,
enfim, teria a responsabilidade de guardar e organizar toda a documentação pública do Império, que passou
a servir, dessa forma, como um rico espaço para fontes históricas.
As tentativas de construir uma identidade através de instituições públicas e da construção de um “passado
brasileiro” receberam também o apoio da antiga elite agrária. Se anteriormente esses grupos defendiam uma
descentralização do poder, com maior autonomia das províncias, as revoltas regenciais revelaram a
necessidade do apoio do Estado para manter seus poderes regionais. Assim, muitos desses líderes locais
passaram a apoiar cada vez mais a centralização do poder, para evitar novos levantes.

A Regência Una
As revoltas listadas anteriormente foram apenas algumas, dentre tantas que ocorreram nesse período
regencial, e chegaram a adentrar o governo de Pedro II. Nesse período, a mudança na regência continuou,
com o fim da Regência Trina, em 1835, e o início da Regência Una, após a aprovação do Ato Adicional de
1834.
O Padre Diogo Antônio Feijó, que havia sido um dos criadores do Partido Liberal, foi eleito, pela Assembleia
Geral, Regente do Império, para substituir o antigo triunvirato e se tornar o regente do Brasil. Feijó trouxe para
seu governo uma postura mais descentralizadora; no entanto, protagonizou um mandato caótico, com muitas
disputas políticas, frequentes trocas de ministros, instabilidade no poder e revoltas espalhadas pelo Brasil.
Com toda essa situação, Feijó permaneceu na função até 1837, quando renunciou ao cargo.
Antes de renunciar, Feijó apontou o nordestino Pedro de Araújo Lima, um antigo rival,
como seu substituto. O político acabou sendo aprovado posteriormente em eleições
e visto por muitos como uma solução para os atuais problemas, pois seria uma
liderança mais conservadora e centralizadora, que devia recuperar a estabilidade
política e combater as revoltas. De fato, foi justamente com Araújo Lima que ocorreu
o chamado “regresso”, que caracterizou o crescimento da ala dos conservadores na
política brasileira. Com isso, algumas medidas em vigor, como a descentralização do
poder, foram anuladas.
A chegada dos conservadores ao poder fez com que os liberais criassem um discurso
que defendia a antecipação da maioridade de D. Pedro II, para que ele pudesse
assumir mesmo com menos de 18 anos de idade. Esse discurso foi aceito pela elite
econômica e política do país, que promoveu o conhecido Golpe da Maioridade. Assim,
em 1840, a maioridade de D. Pedro foi antecipada, e ele foi coroado com apenas 14
anos. Esse fato marcou o início do Segundo Reinado.

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Exercícios de fixação

1. Qual das revoltas a seguir ocorreu no período regencial?


a) Farroupilha.
b) Conjuração Mineira.
c) Guerra dos Mascates.

2. Qual dos grupos políticos a seguir atuou durante o Período Regencial?


a) Partido Republicano.
b) Liberais Exaltados.
c) Partido Comunista.

3. Por qual motivo D. Pedro II não assumiu o trono após a renúncia de seu pai?
a) Porque sofreu um golpe de Estado.
b) Porque voltou para Portugal com seu pai.
c) Porque tinha apenas 5 anos.

4. Como ficou conhecida a revolta de negros muçulmanos de Salvador?


a) Conjuração baiana.
b) Revolta dos Malês.
c) Sabinada.

5. Como ficou conhecido o golpe liberal para antecipar a posse de D. Pedro II?
a) Baialada.
b) Revolução Constitucionalista.
c) Golpe da maioridade.

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Exercícios de vestibulares

1. (UFAM-2018) Em 18 de agosto de 1831, a Regência Trina Permanente sancionou a lei proposta pelo
Ministro da Justiça, padre Diogo Antônio Feijó, que criava um novo tipo de instituição armada no
Império do Brasil. Essa nova instituição armada deveria atuar exclusivamente em âmbito municipal,
sem ser força policial nem força de guerra. A mesma tinha sua hierarquia com patentes militares, sendo
a principal delas a de Tenente-Coronel, posto ocupado, geralmente, por grandes proprietários. Na
verdade, sua principal finalidade era a repressão em ocasiões de levantes populares, que poderiam se
transformar em grandes rebeliões contra a ordem estabelecida. Quanto a essa instituição armada,
assinale a alternativa CORRETA quanto ao nome que ela recebeu:
a) Ordenança Nacional
b) Brigada Nacional
c) Guarda Nacional
d) Milícia Nacional
e) Força Nacional

2. (MACKENZIE-2016) O período das regências constitui momento crucial do processo de construção da


nação brasileira. Por sua pluralidade e ensaísmo [foi] um grande laboratório político e social, no qual as
mais diversas e originais fórmulas políticas foram elaboradas e diferentes experiências testadas,
abarcando amplo leque de estratos sociais. O mosaico regencial não se reduz, portanto, a mera fase
de transição, tampouco a uma aberração histórica anárquica, nem mesmo a simples 'experiência
republicana”.
Marcello Basile. “O laboratório da nação: A era regencial *1831-1840). In: Keila Grinberg e Ricardo Salles. O Brasil Imperial.
Volume II — 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p.97.

Assinale a alternativa que contenha elementos característicos do Período Regencial (1831-1840):


a) Suspensão do Poder Moderador, causando oposição de setores políticos conservadores;
surgimento do abolicionismo radical, contribuindo para revoltas de escravos na Bahia; fundação
do Partido Republicano que, aliado às Forças Armadas, acirrou a oposição ao Império.
b) Intensa oposição à antecipação da maioridade de D. Pedro II, visto com uma ameaça aos
interesses das camadas populares; profundas diferenças ideológicas entre as facções políticas
das elites, levando a confrontos armados; anulação da Constituição de 1824.
c) Surgimento de diferentes projetos políticos, como a defesa do republicanismo; mobilização do
exército contra a ascensão política das camadas populares; aprofundamento das desigualdades
sociais, em virtude da alta inflação e da especulação financeira.
d) Disputa pelo governo regencial, representada pela falta de unidade da elite política regencial e pela
vacância do trono; formação de facções políticas distintas, portadoras de diferentes projetos; ativa
mobilização popular, com revoltas em diversas províncias.
e) Eclosão de diversas revoltas sociais e políticas, em províncias do Norte e Nordeste; surgimento de
facções políticas, com projetos de governo diferentes; movimento em torno da antecipação da
maioridade de D. Pedro II, como forma de garantir o atendimento de reivindicações populares.

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3. (Enem-2010) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras
crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores
condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam
também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da
cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos “barões do café”, para o qual era fundamental
a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.
O contexto do Período Regencial foi marcado:
a) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia.
b) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central.
c) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de vida.
d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos "barões do café".
e) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de velhas
realidades sociais.

4. (FDV-2018) As chamadas rebeliões regenciais nasceram num período de grande instabilidade política
do Brasil, no século XIX. Questionaram não apenas o excesso de centralização política e a cobrança de
tributos, instituídos para organizar e manter o novo Estado brasileiro, mas também a situação de
miséria em que se encontrava a maioria da população. Considerando-se as rebeliões regenciais, é
correto afirmar que:
a) a Cabanagem, ocorrida no Pará, surgiu do recrutamento forçado da população para combater os
farroupilhas gaúchos, em 1837, sendo seu principal líder Francisco Sabino.
b) tendo como líder principal o vaqueiro Manuel dos Anjos Ferreira, a Revolução Farroupilha surgiu
diante da insatisfação da população maranhense contra os privilégios dos latifundiários e
comerciantes portugueses.
c) a Revolta dos Malês, ocorrida em Pernambuco em 1835, foi um levante que contou com o
protagonismo de escravos provenientes do Haiti.
d) a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, originou-se, principalmente, da insatisfação com os
elevados impostos cobrados pelo Império sobre os produtos locais e pela exigência de maior
autonomia para a Província, com influência de ideais republicanos.
e) a Sabinada ou Revolta dos Alfaiates, na Bahia, foi uma rebelião de caráter racial, contra a
escravidão e a imposição da religião católica, protagonizada por escravos que conseguiram
comprar sua própria alforria.

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5. (UESPI-2012) Após a abdicação de D. Pedro I ao trono, o Brasil foi governado por Regências Trinas,
conforme previa a Constituição, mas o Ato Adicional de 1834 provocou algumas mudanças, entre as
quais se estabelecia:
a) a regência una, para a qual o candidato era eleito e não mais indicado pela Assembleia Nacional,
saindo vitorioso no primeiro pleito o Padre Diogo Antônio Feijó.
b) a eleição direta e secreta de um regente, cuja candidatura era efetivada por seu partido político,
ganhando em primeiro lugar o brigadeiro Francisco de Lima e Silva.
c) a nomeação de um regente escolhido pelo presidente do Senado, a partir de uma lista composta
dos nomes de três deputados, sendo nomeado o ministro Diogo Antonio Feijó.
d) as regências unas provisórias, cujo regente seria escolhido entre os deputados provinciais, que
revezavam-se no poder, sendo o primeiro, José da Costa Carvalho.
e) a eleição popular de um regente, que ocuparia o cargo até a maioridade do herdeiro do trono, sendo
eleito em primeiro lugar o senador Nicolau Vergueiro.

6. (Enem/PPL-2019) A Regência iria enfrentar uma série de rebeliões nas províncias, marcadas pela
reação das elites locais contra o centralismo monárquico levado a efeito pelos interesses dos setores
ligados ao café da Corte, como a Cabanagem, no Pará, a Balaiada, no Maranhão, e a Sabinada, na Bahia.
Mas, de todas elas, a Revolução Farroupilha era aquela que mais preocuparia, não só pela sua longa
duração como pela sua situação fronteiriça da província do Rio Grande, tradicionalmente a garantidora
dos limites e dos interesses antes lusitanos e agora nacionais do Prata.
PESAVENTO, S. J. Farrapos com a faca na bota. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da
Palavra, 2013.

A característica regional que levou uma das revoltas citadas a ser mais preocupante para o governo
central era a:
a) autonomia bélica local.
b) coesão ideológica radical.
c) liderança política situacionista.
d) produção econômica exportadora.
e) localização geográfica estratégica.

7. (Enem/DIGITAL – 2020) Depois da Independência, em 1822, o país enfrentaria problemas que com
frequência emergiram durante a formação dos Estados nacionais da América Latina. Em muitas
regiões do Brasil, essas divergências foram acompanhadas de revoltas, inclusive contra o imperador
D. Pedro I. Com a abdicação deste, em 1831, o país atravessaria tempos ainda mais turbulentos sob o
regime regencial.
REIS, J. J. Rebelião escrava no Brasil: a história do Levante dos Malês em 1835. São Paulo: Cia. das Letras, 2003 (adaptado).

A instabilidade política no país, ao longo dos períodos mencionados, foi decorrente da(s):
a) disputas entre as tendências unitarista e federalista.
b) tensão entre as forças do Exército e Marinha nacional.
c) dinâmicas demográficas nas fronteiras amazônica e platina.
d) extensão do direito de voto aos estrangeiros e ex-escravos.
e) reivindicações da ex-metrópole nas esferas comercial e diplomática.

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8. (UNESP-2015) A escravatura, que realmente tantos males acarreta para a civilização e para a moral,
criou no espírito dos brasileiros este caráter de independência e soberania, que o observador descobre
no homem livre, seja qual for o seu estado, profissão ou fortuna. Quando ele percebe desprezo, ou
ultraje da parte de um rico ou poderoso, desenvolve-se imediatamente o sentimento de igualdade; e se
ele não profere, concebe ao menos, no momento, este grande argumento: não sou escravo. Eis aqui no
nosso modo de pensar, a primeira causa da tranquilidade de que goza o Brasil: o sentimento de
igualdade profundamente arraigado no coração dos brasileiros.
Padre Diogo Antônio Feijó apud Miriam Dolhnikoff. O pacto imperial, 2005.

O texto, publicado em 1834 pelo Padre Diogo Antônio Feijó:


a) parece rejeitar a escravidão, mas identifica efeitos positivos que ela teria provocado entre os
brasileiros.
b) caracteriza a escravidão como uma vergonha para todos os brasileiros e defende a completa
igualdade entre brancos e negros.
c) defende a escravidão, pois a considera essencial para a manutenção da estrutura fundiária.
d) revela as ambiguidades do pensamento conservador brasileiro, pois critica a escravidão, mas
enfatiza a importância comercial do tráfico escravagista.
e) repudia a escravidão e argumenta que sua manutenção demonstra o desrespeito brasileiro aos
princípios da igualdade e da fraternidade.

9. (Enem/PPL-2019) Uns viam na abdicação uma verdadeira revolução, sonhando com um governo de
conteúdo republicano; outros exigiam o respeito à Constituição, esperando alcançar, assim, a
consolidação da Monarquia. Para alguns, somente uma Monarquia centralizada seria capaz de
preservar a integridade territorial do Brasil; outros permaneciam ardorosos defensores de uma
organização federativa, à semelhança da jovem República norte-americana. Havia aqueles que
imaginavam que somente um Poder Executivo forte seria capaz de garantir e preservar a ordem vigente;
assim como havia os que eram favoráveis à atribuição de amplas prerrogativas à Câmara dos
Deputados, por entenderem que somente ali estariam representados os interesses das diversas
províncias e regiões do Império.
MATTOS, I. R.; GONÇALVES, M. A. O Império da boa sociedade: a consolidação do Estado imperial brasileiro. São Paulo:
Atual, 1991 (adaptado).

O cenário descrito revela a seguinte característica política do período regencial:


a) Instalação do regime parlamentar.
b) Realização de consultas populares.
c) Indefinição das bases institucionais.
d) Limitação das instâncias legislativas.
e) Radicalização das disputas eleitorais.

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10. (UNESP SP/2009) Leia o texto.


Nunca se vai além da tomada do poder local (...) Quanto à população livre das camadas médias e
inferiores, não atuaram sobre ela fatores capazes de lhe darem coesão social e possibilidades de uma
eficiente atuação política (...) formavam antes um aglomerado de indivíduos (...). Para
compreendermos a ineficiência política das camadas inferiores da população brasileira, devemos nos
lembrar que (...) nossa organização social, assente numa larga base escravista, não comportava uma
estrutura política democrática e popular.
(Caio Prado Jr., Evolução política do Brasil e outros estudos)

A partir das ideias do autor, é possível afirmar que, nas rebeliões regenciais:
a) a atitude revolucionária e consistente das camadas médias e inferiores propiciou a vitória desses
movimentos separatistas contra o governo centralizador de Feijó.
b) a disparidade de interesses e os programas inconsistentes das camadas médias e inferiores
colaboraram para a derrota desses movimentos.
c) a liderança das camadas médias e inferiores, inclusive dos escravos, garantiu um caráter
democrático e popular que permitiu a vitória contra as classes proprietárias.
d) os escravos, aliados às camadas médias e inferiores, criaram programas revolucionários de
separatismo e de alteração social.
e) a liderança das camadas médias e inferiores, com programas consistentes, significou uma
resistência organizada contra o absolutismo do Rio de Janeiro.

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História

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. A
A única que ocorreu no Período Regencial foi a Revolução Farroupilha, mobilizada por estancieiros, na
região Sul do Brasil.

2. B
Os Liberais Exaltados formaram um importante grupo político do Período Regencial, que desejava a
descentralização política.

3. C
D. Pedro II ainda não tinha idade para assumir o governo, por isso teve início o período regencial.

4. B
Malês era o nome usado para se referir aos escravizados de origem muçulmana.

5. C
O Golpe da Maioridade foi organizado por políticos liberais ligados ao Clube da Maioridade.

Exercícios de vestibulares

1. C
Em 1831, uma das primeiras medidas da regência foi a criação da Guarda Nacional, que tinha como
objetivo reunir milícias locais para reprimir revoltas nas regiões em que o Governo central não tinha tanta
força.

2. D
Como uma fase experimental de governo e sem a presença de um poder forte no trono, diversos grupos
buscaram empreender seus planejamentos de nação durante o chamado período regencial. Seja nas
elites, através dos partidos que se criavam, ou nas manifestações populares e revoltas nas diversas
províncias, a oportunidade de ver seus ideais ganharem voz animou muitos grupos.

3. E
A resposta que melhor se adequa ao contexto é a E, pois as revoltas populares não reclamavam a volta
da monarquia, não houve uma submissão das forças políticas ao poder central, visto que havia grande
descentralização, a reivindicação de melhores condições de vida não era uma pauta das elites e os
regentes não promoveram a ascensão dos barões do café. Logo, está correta apenas a marca da
convulsão política e do reforço das velhas realidades sociais.

4. D
Dentre as opções listadas, somente a letra D apresenta corretamente as características da revolta
mencionada, no caso, a Farroupilha. A Cabanagem não foi influenciada pelo recrutamento forçado, a
Revolta dos Malês não contou com escravos do Haiti e a Sabinada não foi a Revolta dos Alfaiates.

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História

5. D
O Ato Adicional permitia a criação de Assembleias legislativas locais, o que tem como consequência o
crescimento dos poderes de políticos regionais. O ato também extinguia o Conselho de Estado, que era
responsável por assessorar o imperador.

6. E
A revolta preocupava justamente por conta da posição estratégica, visto que era uma fronteira
fundamental com regiões platinas, como bem avisa o texto: “sua situação fronteiriça da província do Rio
Grande, tradicionalmente a garantidora dos limites e dos interesses antes lusitanos e agora nacionais do
Prata.”

7. A
As tendências unitaristas, que visavam centralizar o poder, e as federalistas, que desejavam maior
autonomia para as províncias, eram as que mobilizavam os principais debates políticos no Brasil
regencial.

8. A
O texto de Feijó inicia criticando a escravidão, mas depois conclui que ela cria características positivas
entre os brasileiros, como o sentimento de igualdade.

9. E
Não somente nas longínquas províncias aconteciam agitações populares; o abandono social das
instituições perante o povo era generalizado, causando manifestações também na capital, Rio de
Janeiro.

10. B
Os movimentos de revoltas regenciais não apresentaram uma consistência ideológica, política ou social,
visto que englobavam muitos protagonistas com interesses divergentes. Por conta disso, esses levantes
eram frequentemente derrotados pelo império.

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