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MINISTÉRIO DA SAÚDE

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ


Instituto René Rachou – FIOCRUZ MINAS

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

PLANO DE DISCIPLINA

DISCIPLINA
SIGLA
(Preenchido pela
O campo da saúde coletiva: abordagens e interlocuções CTS
Secretaria de Ensino)
(Ciência, Tecnologia e Sociedade)

ÁREA DE CARGA VAGAS


SEMESTRE/ANO CRÉDITOS
CONCENTRAÇÃO HORÁRIA
60 h/ª Mínimo: 05
1°/2022 4
Saúde Coletiva Máximo: 20

PRÉ-REQUISITO(S)

Não tem

DOCENTE(S):
SUPERVISORA:
Denise Nacif Pimenta (IRR-Fiocruz Minas)

DOCENTE(ES) PÓS-DOUTORANDOS:

Bráulio Silva Chaves (IRR-Fiocruz Minas | CEFET-MG)


Paloma Porto (IRR-Fiocruz Minas | UFRGS)
Paulo Roberto da Silva Júnior (IRR-Fiocruz Minas | Faculdade Arnaldo)
Polyana Valente (IRR-Fiocruz Minas | UEMG)

Ementa: As mediações entre o campo Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e a saúde


tornaram-se ainda mais nítidas com a pandemia da Covid-19. A dramaticidade da pandemia e seus
impactos sociais evidenciaram que a doença e o vírus, mesmo em seu caráter global, não foram
apropriados em uma experiência social universal, pelo contrário, expuseram materialidades,
práticas e diversas significações que estão determinadas por contingenciamentos locais e projetos
de sociedade distintos. Os múltiplos significados da pandemia também mostram um trajeto da
doença que carrega recortes, como os de raça, gênero e classe social, expondo desigualdades,
exclusões e um perfil epidemiológico que se difere quando se consideram tais variáveis. Tais
problemas, que se agudizam no cenário atual, estão colocados e são tratados há algumas décadas
nas pesquisas no campo das ciências sociais e humanas em saúde. O pós-Segunda Guerra Mundial
é fundamental ao suscitar novas miragens CTS para a saúde. A partir daí, emergem fenômenos
que unem a tecnologização dos discursos e um processo de especialização de saberes em que os
campos biomédicos se afunilam epistemicamente. De outra parte, há também movimentos que

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ressaltam o papel da interdisciplinaridade na saúde e o lugar da sociedade na sua compreensão.


Configurações ainda em curso demonstram as mutações do próprio conceito de saúde, a inserção
de perspectivas multifatoriais, além de outras vinculadas aos processos de profissionalização na
Saúde Pública que, junto com a emergência da Saúde Coletiva, tensionam outros campos como a
Medicina Social e a Medicina Preventiva. Tais fenômenos acontecem dentro da constituição de um
regime tecnocientífico. No caso da saúde, a tecnociência motiva a percebê-la numa engrenagem
em que o mercado atua na construção de um aparato inovacionista e de forte fetichismo
tecnológico. As políticas públicas em saúde operam na interface desses dilemas, alterando quadros
compreensivos e práticos, definindo como Estados subdesenvolvidos tratam as doenças de massa,
negligenciadas, emergentes, reemergentes. O global é tensionado pelo local para se pensar na
definição de problema de saúde pública, no tratamento de pandemias, epidemias e endemias. A
partir desse cenário, a disciplina procura problematizar como os campos da Saúde Coletiva e dos
estudos CTS pensam a saúde em seus diferentes enquadramentos: epistemológicos, históricos,
sociais, profissionais, bem como outros atravessamentos interseccionais, sobretudo de raça,
gênero e classe.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

Unidades

1. Estudos CTS e saúde: interlocuções temáticas e teóricas


1.1 Questões introdutórias: CTS, tecnociência e saúde
1.2 CTS e “science studies”
1.3 O uso dos estudos CTS para objetos na saúde

2. Saúde coletiva: a história de um campo à luz dos estudos CTS


2.1 Cooperações internacionais e o Brasil: o caso da Fundação Rockefeller
2.2. OMS e a internacionalização da agenda da saúde: instituições e as doenças de massa,
tropicais, negligenciadas, emergentes e reemergentes
2.3 Gênese e transformações do campo da saúde coletiva

3. SUS e saúde coletiva sob o olhar CTS


3.1 A reforma sanitária
3.1 O SUS: conceitos e histórias
3.2 Tecnologias e o SUS

4. Abordagens CTS e saúde coletiva


4.1. Decolonialidade
4.2 Gênero, raça e intersecções
4.3 Covid-19: pandemia sob o olhar CTS
4.4 Happenings: a arte une ciência, tecnologia, sociedade e saúde

Datas: Terças-feiras

Horário: 14h às 16h30

O laboratório de aulas práticas será utilizado? ( ) Sim ( X ) Não


Quais dias?

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PRÁTICAS DE ENSINO APRENDIZADO ADOTADAS:

Exposição oral com a participação dos discentes; seminários temáticos; leituras orientadas;
trabalhos em equipe e individual; debates e produção de texto.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO:

1.Seminário
2.Artigo final

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALVES, Daniela; BAUMGARTEN, Maíra. Ciência e tecnologia na sociedade brasileira do limiar dos
anos 2020 - notas para reflexão. IN: ALVES, Daniela; BAUMGARTEN, Maíra (orgs.). Conhecimentos
e sociedade: teorias, políticas e controvérsias. Brasília: Verbena Editora, 2019.

BAZZO, Walter; LISINGEN, Irlan von; PEREIRA, Luiz T. do V. Introdução aos Estudos CTS (Ciência,
Tecnologia e Sociedade). Cadernos de Ibero América. OEI - Organização dos Estados
Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura. Espanha: Madrid, 2003.

BENSAUDE-VINCENT, Bernadette. As vertigens da tecnociência. São Paulo: Ideias & Letras, 2013.

BROWN, Theodore. M.; CUETO, Marcos; FEE, Elizabeth. A transição de saúde pública ‘internacional’
para ‘global’ e a Organização Mundial da Saúde. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 13, n. 3, p.
623-47, jul.-set. 2006.

CASTRO, Rosana. Economias políticas da doença e da saúde: população, raça e letalidade na


experimentação farmacêutica. Ayé: Revista de Antropologia, v. 1, p. 1-26, 2019.

CHAVES, Bráulio Silva. A pandemia de COVID-19 entre a saúde pública e a tecnociência. CTS em
foco: Boletim ESOCITE.BR, v. 1, p. 42-47, 2021.

CHAVES, Bráulio Silva. Um INERu cada vez mais IMERu: parasitologia, esquistossomose e
instituições nas dinâmicas da política autoritária da década de 1960. Contraponto, v. 10, p. 477-499,
2021.

CHAVES, Bráulio Silva. A construção da esquistossomose como um problema de saúde pública em dois
períodos na história das ciências da saúde no Brasil (1910-1950). Revista do NUPEM, v. 13, p. 111-132,
2021.

CUETO, Marcos. “Los ciclos de la erradicación: la Fundación Rockefeller y la salud pública


latinoamericana, 1918-1940”. In: CUETO, Marcos (Org.). Salud, Cultura y Sociedad en América
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LIMA, Nísia Trindade; GERSCHMAN, Silvia; EDLER, Flavio Coelho; SUÁREZ, Julio Manuel (orgs.)
Saúde e Democracia: história e perspectivas do SUS. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2005.

LÓPEZ, L.C. O conceito de racismo institucional: aplicações para o campo da saúde. Interface -
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KRIEGER, N.; BASSET, M. La salud da la población negra: enfermedad, clase e ideología en la


ciencia. Ciencia y Tecnologia. nº Especial de la Monthly Review, p. 115-132, 1986.

MAIA, Carlos Alvarez. História, ciência e linguagem: o dilema relativismo e realismo. Rio de Janeiro:
Mauad X, 2015.

MOTTA, Renata. Entre controvérsia e hegemonia: os transgênicos na Argentina e no Brasil. Rio de


Janeiro: Editora Fiocruz, 2018. (Capítulos 1, 2 e 3)

PORTO, Paloma. “Em nome da neutralidade”: as dinâmicas nas políticas de financiamento científico no
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VALENTE, P. A.; PIMENTA, D. N. A participação da Fundação Rockefeller no processo de


institucionalização da Escola de Enfermeiras Visitadoras na Colômbia. História, Debates e Tendências
Passo Fundo, v. 21, N. 3, p. 153 - 169 , Set / Dez. 202

VIEIRA-DA-SILVA, Ligia Maria. O campo da saúde coletiva: gênese, transformações e articulações


com a reforma sanitária. Salvador: Rio de Janeiro: EDUFBA; Editora Fiocruz, 2018.

TEIXEIRA, Luiz Antonio; PAIVA, Carlos Henrique Assunção. Saúde e reforma sanitária entre o
autoritarismo e a democracia. IN: TEIXEIRA, Luiz Antonio; PIMENTA, Tânia Salgado; HOCHMAN,
Gilberto. História da Saúde no Brasil. São Paulo: Hucitec, 2018. (Capítulo 11, pp. 430-466).

MONITORIA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA ( ) SIM ( x ) NÃO

Descrição sumária das atividades a serem desenvolvidas pelo monitor:

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