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RELAÇÕ ES

INTEGRAIS
APLICADAS A
VOLUMES
DE CONTROLO
Mecânica dos Fluidos II
Trabalho realizado por: Cláudio Almeida, Gonçalo Ferreira, João Costa e João Fonseca

Universidade de Coimbra

FCTUC – Departamento Eng. Mecânica


Relaçõ es integrais
aplicadas a volumes de
controlo
Mecânica dos Fluidos II

Relações integrais aplicadas a volumes de controlo


Introduçã o
O presente trabalho visa a resolução de um problema subordinado à temática da
conservação da quantidade de movimento angular.
Na generalidade dos estudos de carácter científico e no caso em concreto do
escoamento de fluidos, é possível a abordagem de duas formas distintas, a via teórica e a via
experimental. Ambas as opções têm méritos e limitações, devendo ser utilizadas de forma
complementar sempre que possível.
Neste trabalho será apenas utilizada a abordagem teórica, visto que, a via experimental
exige não o recurso a laboratórios e material específico, mas também um período temporal
considerável para a elaboração de um estudo desta magnitude.
O primeiro passo para um estudo teórico reside na correcta identificação dos princípios
físicos fundamentais envolvidos no fenómeno em estudo. Para este estudo em concreto, o
princípio de maior relevância é o princípio da conservação de movimento angular.

Introduçã o teó rica


Para resolvermos o exercício que nos foi proposto vamos começar por introduzir alguns
conceitos teóricos.

Relação entre sistema e volume de controlo instantaneamente coincidentes

Para relacionar um sistema com um


volume de controlo começamos por recorrer à
figura 1 onde podemos distinguir, para um t+Δt
(doravante t+Δt ≡ sistema que evoluiu) três
estágios distintos: I-matéria que entrou no VC
com a evolução do sistema; II-matéria que já
pertencia ao VC e permaneceu no interior deste
com a evolução do sistema; III-matéria que
F IGURA 1 – Evolução do sistema de t para t+Δt
deixou de pertencer ao VC com a evolução do
sistema.

Uma vez introduzidos estes conceitos podemos então estabelecer que uma dada 1
propriedade N, extensiva (porque depende da massa) é dada por (1):

N sist =∭ ηρdv (1)


sist
Em que:
N ≡ propriedade extensiva η ≡ grandeza que multiplicada pela
massa do sistema nos dá N
ρ ≡ massa volúmica

∭ dv ≡ volúme do sistema
sist
Fazendo um balanço de matéria:

DN
= lim ¿ ¿
Dt ∆ t →0

[
(∭ ) (∭ ) (∭ ) (∭ )
ηρdv + ηρdv ηρdv + ηρdv
]
Relações integrais aplicadas a volumes de controlo

II t +∆ t III t +∆ t I t II t
¿ lim −
∆ t →0 ∆t ∆t

¿ lim
∆ t →0
[(
− ∭ ηρdv
I

a∆ t
) (∭ ) (∭ ) (∭ )
t
+

II
ηρdv +
t

∆bt
II
ηρdv
t +∆ t
+
III
ηρdv

∆t c
t+ ∆ t
]
Em que a corresponde a I, b a II e c a III na figura 1.

Ao aplicarmos o limite, fazendo Δt→0 temos que:

II →VC (2.1)

(
− ∭ ηρdv +
II
) (∭ )
t II
ηρdv
t+ ∆ t

∭ ηρdv
→ ∂ t VC
(2.2)
∆t

(
− ∭Quer
I
ηρdvisto+dizer
t
∭ ηρdv
III
)(
que, aot+ ∆fazermos
controlo, portanto, II é o volume de∬
t
→ ηρ( V
⃗ . n
^ )dA
)
Δt→0, o sistema fica coincidente
(2.3) com o volume de
controlo (2.1). A outra equação (2.2) dá-nos a taxa de
∆t SC
variação da propriedade extensiva N no interior do volume de controlo. Já (2.3) dá-nos o fluxo
líquido que atravessa a superfície de controlo. (fluxo líquido é a diferença entre o que sai menos
o que entra).

Influxo resultante Efluxo resultante

Sist. Sist.

2 VC VC
t t

Figura 2- Convenção de normal unitária exterior


A convenção de normal unitária exterior aplicada ao caso em questão, significa que
V . n^ ) <0,
quando há influxo resultante, ou seja o fluxo líquido é positivo, o produto interno ( ⃗
porque o versor n^ tem sentido contrário a V . O inverso, também é verdadeiro como se pode ver

na figura 2.
De (2) resulta a equação integral da conservação de uma propriedade N:

DN ∂
= ∭ ηρdv+∬ ηρ( ⃗
V . n^ ) dA (3)
Dt ∂ t VC SC

Conservação da quantidade de movimento angular

Particularizando para o caso em que a propriedade extensiva em análise é a quantidade

Relações integrais aplicadas a volumes de controlo


de movimento ⃗P, sabendo que por definição ⃗P=m V⃗ , daqui se conclui que η ≡ ⃗
V , uma vez que

msist =∭ ρdv .
sist
Aplicando a segunda lei de Newton a um referencial inercial obtém-se a seguinte
equação (4) F =ma⃗
⃗ (4)

Sabendo que a aceleração é igual à taxa de variação da velocidade por unidade de


tempo, temos que:
DV

F =m
⃗ (4.1)
Dt
Não existindo variação da massa ao longo do tempo;

D(m V⃗ ) D( ⃗
P)
F=
⃗ = (4.2)
Dt Dt
As forças que actuam sobre um elemento de fluído subdividem-se em: forças de campo
F c ) e forças de superfície ( ⃗
(⃗ F s ). Para o caso da conservação da quantidade de movimento
angular, são os momentos gerados por estas mesmas forças que importam para o balanço em
questão, como tal as forças devem ser multiplicadas pelo vector posição entre estas e o
referencial relativamente ao qual é feita a análise.
Aplicando a segunda lei de Newton a uma massa elementar dm, obtém-se a equação (5)

D
d⃗
F= ( dm ⃗
V) (5)
Dt
Como anteriormente referido é necessário entrar em linha de conta com os momentos
e não com as forças, para tal multiplicam-se ambos os membros da equação pelo vector posição
r⃗ , de onde se obtém a equação 5.1
D
F =r⃗ ∧ ( dm ⃗
r⃗ ∧d ⃗ V) (5.1)
Dt
No entanto, calculando a seguinte derivada,
D
( r⃗ ∧dm ⃗
V) (5.2)
Dt
Obtém-se: 3
V ∧dm V
⃗ ⃗ + ⃗r ∧ D ( dm ⃗
V) (5.3)
Dt
V e o vector dm ⃗
Sabendo que o vector ⃗ V são paralelos, então o seu produto vectorial
será nulo, permitindo assim garantir seguinte igualdade (5.4)

D
r⃗ ∧d ⃗
F= ( r⃗ ∧ dm ⃗
V) (5.4)
Dt
Estendendo a análise a um sistema finito

D ⃗ ) = D ∭ ( r⃗ ∧ V
∭ r⃗ ∧ d ⃗F =∭ Dt ( ⃗r ∧ dm V
Dt
⃗ ) dm (5.5)
sist sist sist

H ) é dada pela equação 5.6


Daqui se obtém que a quantidade de movimento angular (⃗

H =∭ ( r⃗ ∧ V
⃗ ⃗ ) dm (5.6)
H corresponde à soma dos momentos
sist propriedade extensiva ⃗
A taxa de variação desta
resultantes, que correspondem por sua vez à equação integral de conservação da quantidade de
movimento angular (5.7)

M s= D H = ∂ ∭ ( ⃗r ∧ V

⃗ M c+⃗
M =⃗ ⃗ ) ρdv +∬ ( r⃗ ∧ V
⃗ ) ρ( ⃗
V . n^ )dA
Relações integrais aplicadas a volumes de controlo

(5.6)
Dt ∂ t VC SC

Hipóteses simplificadoras

Quando estamos em regime permanente, temos que não há taxa de variação da


quantidade de movimento (angular) no interior do VC, portanto:


∂t V . n^ ) dA =0
∬ ρ(⃗
SC
=0
Quando o fluido é incompressivel, ou seja, a massa por volume é constante. Temos:

ρ =c te ∂
V . n^ ) dA = ∭ ρdv
∬ ρ(⃗
SC ∂t VC

Temos ainda que, quando o VC é indeformável e o fluido incompressivel:

V . n^ )dA =0
∬ (⃗
SC

Resoluçã o do exercício 3.11

Na análise deste problema resolveu-se simplificar, analisando um só braço do aspersor.


Consideramos também um volume de controlo solidário com o aspersor. Consideramos ainda só
o momento de saída da água, não considerando os momentos da entrada de água.
Aplicando ao exercício a equação integral de conservação de quantidade de movimento, temos:

M =⃗
⃗ M r =∬ ( r⃗ ᴧ ⃗
V ) ρ (⃗
V . n^ ) dA
sc

2 d 2 ) é:
4 A velocidade da água, relativamente ao bocal, considerando ( r =
4
Q ^ 4Q ^
V B=
⃗ j= j
nA nπ d 2
Considerando o versor ^j segundo o eixo yy.
Para a velocidade de saída da água relativamente a um referencial de inércia:

4Q
V 1=

(
nπ d 2
+ΩR ^j
)
Sendo, ΩR ^j a velocidade do bocal relativamente a um referencial de inércia. Ainda
considerando r⃗ =R i^ vector de posição, sendo i^ o versor segundo o eixo xx.
Substituindo na equação integral de conservação de quantidade de movimento, temos:
4Q Q 4 QR
M =⃗
⃗ ^
M r =M r k=n R i^ ᴧ
nπ d 2
[ ( n )]
+ ΩR ^j ρ =ρ Q
nπ d 2 ( )
+ Ω R2 k^ Pondo em evidência Ω

fica:

Relações integrais aplicadas a volumes de controlo


Mr 4Q
Ω= 2

ρQ R nπ d2 R
a) Substituímos as incógnitas com o objectivo de sabermos qual o valor da velocidade de
M r=0.01 k^ Nm ; Q = 0.05 l/s ; d = 1.5 mm;
rotação do aspersor para duas saídas (n=2), com um ⃗
R = 2 cm

0.01 4 × 0.05 ×10−3


Ω= − =−207.4 r ad / s
103 ×0.05 × 10−3 × 0.022 2 π × 0.00152 × 0.02
Ω=−1980 r . p . m.
b) Usando a mesma fórmula da alínea anterior mas com algumas alterações devido a
não existir momento resistente nesta alínea.

Mr 4Q 0 4Q −4 Q
Ω= 2
− = − =
nπ d R ρQ R nπ d R nπ d 2 R
2 2 2
ρQ R
Na primeira situação pede-se que achemos o valor da velocidade de rotação máxima
para um aspersor com duas saídas (n=2).

−4 Q −4 ×0.05 ×10−3
Ω n=2= = =−707.4 rad /s=−6755 r . p . m
nπ d 2 R 2 π × 0.00152 ×0.02
Na segunda situação dizem-nos que o aspersor tem quatro saídas (n=4), logo temos:

Ω n=2
Ω n= 4= =−353.7 rad /s=−3377 r . p .m
2

Conclusã o
Neste trabalho concluímos que com o aumento do número de saídas de água a 5
velocidade rotação vai diminuir visto que n se encontra em denominador.
O aumento do caudal vai ter o efeito inverso, já que vai causar um aumento da
velocidade, enquanto o aumento tanto de diâmetro como de R vai resultar na diminuição da
velocidade.
O aumento do Mr vai diminuir a velocidade de rotação.
Relações integrais aplicadas a volumes de controlo

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