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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca

de Campinas – Estado de São Paulo

HOTEL DAS FONTES LTDA – pessoa jurídica, inscrito no CNPJ sob o n°...,
sediado à Rua ..., n° ..., Bairro ..., na cidade de Serra Negra, Estado de São
Paulo, CEP ..., com endereço eletrônico ...@..., através do seu
administrador Joel Marques, nacionalidade, estado civil, profissão,
portador da cédula de identidade civil sob o n° ..., inscrito no CPF sob o
n° ..., residente e domiciliado à Rua ..., n° ..., Bairro ..., Cidade ..., Estado ...,
CEP ..., vem muito respeitosamente, por seu advogado-infra-assinado,
inscrito na OAB sob o n°, com escritório no endereço ..., CEP ..., com
endereço eletrônico ....@...., conforme procuração anexa, com fulcro no
artigo 700 e seguintes do CPC, propor a presente

AÇÃO MONITÓRIA

Em face de PAULO (SOBRENOME), nacionalidade, profissão, estado civil,


inscrito na cédula de identidade civil sob o n° ..., portador do CPF ..., residente
e domiciliado à Rua ..., n° ..., Bairro ..., Campinas, Estado de São Paulo,
CEP ..., com endereço eletrônico ___@___ .

I – DOS FATOS

1. Ao mês de Janeiro de 2020, o Sr. Paulo solicitou orçamento para uma


reserva junto ao Hotel das Fontes Ltda, referente a 10 (dez) apartamentos, por
e-mail, com intenção de promover um encontro entre seus antigos colegas de
graduação de Direito, para o mês de Outubro.
2. Toda a negociação feita por e-mail, se deu de forma que o Hotel das
Fontes Ltda. encaminhou orçamento prévio, encaminhou termos e condições,
estabelecendo que, o valor cobrado seria de R$ 100.000,00 (cem mil reais), os
apartamentos seriam automaticamente reservados mediante aceite da
proposta e de forma clara estabeleceu que caso houvesse interesse na
desistência da reserva, o Hotel das Fontes Ltda. deveria ser comunicado com
no mínimo 45 (quarenta e cinco) dias de antecedência da data de check in, sob
pena de multa referente ao valor correspondente a 20% (vinte por cento) do
valor total da reserva, a título de cláusula penal.

3. O Sr. Paulo, concordou com todos os termos e condições e efetuou a


reserva sem ressalvas.

4. A menos de 30 dias do evento, no dia 10 (dez) setembro, Sr. Paulo por


e-mail solicitou, alegando razões de conveniência, sem demais explicações, o
cancelamento de suas reservas, alegando que não efetuará o pagamento de
qualquer quantia, sob pretexto de que o Hotel das Fontes Ltda, não encontrará
nenhum prejuízo.

5. Desta forma, não há outra alternativa ao Hotel das Fontes Ltda, senão a
propositura da presente demanda para o recebimento da quantia que alcança o
valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), referente ao montante da dívida
atualizada.

II – DO DIREITO

2.1 - Dos requisitos da Ação Monitória

A Ação Monitória se trata de uma ação que tem como intuito exigir o
cumprimento de uma obrigação pecuniária, originando um título executivo,
caso presentes os requisitos estabelecidos pelo Art. 700 do Código de
Processo Civil, assim determinados:
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por
aquele que afirmar, com base em prova escrita sem
eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz:

I - o pagamento de quantia em dinheiro;


II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de
bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não
fazer.

Observa-se no presente caso uma clara situação de Ação Monitória, tendo em


vista que os e-mails juntados (Anexo X) se caracterizam como “prova escrita
sem eficácia de título executivo”, expondo o indubitável crédito que o
requerente possui em face do requerido, em decorrência de descumprimento
das cláusulas estabelecidas pelas partes em uma relação contratual.

2.2 - Da existência da dívida e da validade das cláusulas

Conforme presente da descrição dos fatos, se faz clara a existência da relação


jurídica entre o requerente e o requerido. Ao longo da troca de e-mails, foi
expressa a aceitação e concordância do requerido com os termos propostos
pelo requerente, de forma com a qual se demonstra plena a formação de uma
relação contratual entre as partes.

Ressalta-se a possibilidade de negociação contratual e eventual vinculação das


partes através meios digitais, como os e-mails. É pacífico o entendimento do
STJ acerca da matéria, que aceita a troca de e-mails como prova para
demonstrar relações contratuais, conforme determinado pelo acórdão do Resp
nº 1.381.603, com a seguinte ementa:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA.
PROVA ESCRITA. JUÍZO DE PROBABILIDADE.
CORRESPONDÊNCIA ELETRÔNICA. E-MAIL.
DOCUMENTO HÁBIL A COMPROVAR A
RELAÇÃO CONTRATUAL E A EXISTÊNCIA DE
DÍVIDA. 1. A prova hábil a instruir a ação monitória,
isto é, apta a ensejar a determinação da expedição
do mandado monitório - a que alude os artigos
1.102-A do CPC/1.973 e 700 do CPC/2.015 -,
precisa demonstrar a existência da obrigação,
devendo o documento ser escrito e suficiente para,
efetivamente, influir na convicção do magistrado
acerca do direito alegado, não sendo necessário
prova robusta, estreme de dúvida, mas sim
documento idôneo que permita juízo de
probabilidade do direito afirmado pelo autor. 2. O
correio eletrônico (e-mail) pode fundamentar a
pretensão monitória, desde que o juízo se convença
da verossimilhança das alegações e da idoneidade
das declarações, possibilitando ao réu impugnar-lhe
pela via processual adequada. 3. O exame sobre a
validade, ou não, da correspondência eletrônica (e-
mail) deverá ser aferida no caso concreto,
juntamente com os demais elementos de prova
trazidos pela parte autora. 4. Recurso especial não
provido. (STJ – 4ª Turma – RESP Resp nº 1.381.603
– Relator: LUIS FELIPE SALOMÃO – Publicação:
06/10/2016)

Vinculadas as partes pela relação contratual demonstrada nos e-mails, se


estabelece as obrigações entre as partes – a do requerente em fornecer os
quartos e a do requerido em realizar o pagamento ou, com antecedência de 45
dias, informar o cancelamento do negócio, sob pena do pagamento de 20% do
valor do contrato.

Tendo o requerido manifestado o cancelamento do negócio após já vencido o


prazo de 45 dias, se faz necessário acionar a cláusula penal presente nos
termos do acordo, um título de 20% do valor do contrato, correspondente a R$
20.000,00 (vinte e mil reais), em decorrência do desrespeito à cláusula penal.

Não ocorrendo hipóteses de resolução forçada da obrigação como caso fortuito


ou força maior, é plena a exigibilidade da cláusula penal, a despeito do que fora
alegado pelo requerido nos e-mails, acerca da “inexistência de prejuízo”,
conforme determina o Art. 416 do Código Civil:

Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é


necessário que o credor alegue prejuízo

Com efeito, observados os requisitos de admissibilidade da ação monitória e a


devida demonstração da validade destes, é mister a admissão da presente
ação monitória.

III – DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:


a) seja realizada a citação dos Requeridos, com a consequente expedição do
mandado de pagamento no prazo de 15 dias, conforme determina o artigo 701
do Código de Processo Civil, sob pena do mandado ser convertido em
mandado executivo, ajustando-se ao procedimento da fase de cumprimento de
sentença;
b) ocorrendo o pagamento dentro do prazo legal, seja o réu condenado ao
pagamento de honorários fixados em 5% (cinco por cento) a ser calculado sob
o valor da causa, conforme determina o artigo 701, do Código de Processo
Civil;
c) ocorrendo a oposição dos embargos, requer seja concedido à autora o prazo
para apresentação de sua impugnação e eventual produção de provas que
forem necessárias ao deslinde do presente feito e em direito admitidas, em
especial por meio da oitiva de testemunhas e o depoimento pessoal dos réus, a
fim de se comprovar o inadimplemento da dívida;
d) sejam os Requeridos condenados ao pagamento das custas e despesas
processuais, bem como dos honorários advocatícios, caso haja a oposição dos
embargos.

Dá à causa o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais).

Termos em que pede deferimento

Campinas, 15 de setembro de 2021

Advogado - OAB n.º/ UF

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