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Fundamentos de Matemática I
TÉCNICAS DE DIFERENCIAÇÃO
Gil da Costa Marques
13.1 Introdução
13.2 Derivada da soma ou da diferença de funções
13.3 Derivada do produto de funções
13.4 Derivada de uma função composta: a Regra da Cadeia
13.5 Derivada do quociente de funções
13.6 Derivada de y = xα, onde α ∈
13.7 Derivada da função inversa
13.8 Diferencial de uma função de uma variável real
13.9 As regras de L’Hospital
13.1 Introdução
A seguir apresentaremos as técnicas de derivação para funções de uma variável. O objetivo
de tais técnicas é o de facilitar o cálculo de derivadas a fim de não precisar recorrer sempre à
definição de derivada de uma função num ponto interior ao seu domínio.
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d ( f + g ) df dg
= + ou (f + g )′ = f ′ + g ′ 13.3
dx dx dx
d ( f − g ) df dg
= − ou (f − g )′ = f ′ − g ′ 13.4
dx dx dx
O resultado acima para a derivada da soma pode ser facilmente verificado a partir da defi-
nição de derivada. Para isso, consideramos as taxas de variação da função soma de duas funções.
De acordo com a sua definição, escrevemos:
∆ ( f + g )( x ) = ( f + g ) ( x + ∆ x ) − ( f + g )( x ) =
= f ( x + ∆ x) + g ( x + ∆ x) − f ( x ) − g ( x ) = 13.5
= f ( x + ∆ x) − f ( x ) + g ( x + ∆ x) − g ( x )
∆ ( f ( x ) + g ( x )) ∆f ( x ) ∆g ( x )
= + 13.6
∆x ∆x ∆x
Considerando o limite da expressão 13.6, quando ∆x → 0, obtemos 13.3, uma vez que os
limites das duas parcelas no segundo membro da igualdade acima existem e são finitos, já que
as funções f e g são deriváveis.
No caso da diferença de funções deriváveis, a verificação é análoga.
Exemplos
• Exemplo 1:
Consideremos as funções f ( x) = sen x e g(x) = x3.Vamos encontrar a derivada da função f + g.
df dg
Temos: ( x ) = f ′ ( x ) = cos x e ( x ) = g ′ ( x ) = 3x 2
dx dx
d ( f + g)
Assim: ( x ) = ( f + g )′ ( x ) = f ′ ( x ) + g ′ ( x ) = cos x + 3x 2
dx
• Exemplo 2:
Dada a função y = f ( x), definida por f ( x) = 5x2 − 6x + 9, vamos calcular a função derivada.
df d
Temos: ( x ) = (5x 2 − 6 x + 9 )
dx dx
Como
d
dx
( 5 x 2 ) = 10 x
d
(6x ) = 6
dx
d
(9) = 0
dx
df d
Então, ( x ) = ( 5x 2 − 6 x + 9 ) = 10 x − 6 .
dx dx
d ( f . g ) df dg
= ⋅g + f ⋅ ou ( f . g )′ = f ′ ⋅ g + f ⋅ g ′ 13.7
dx dx dx
Para deduzir tal propriedade, iniciamos com a definição de taxa de variação média para o
produto de duas funções. Assim, por definição, temos:
∆ ( f ⋅ g ) = ( f ⋅ g ) ( x + ∆x ) − ( f ⋅ g )( x ) = f ( x + ∆x ) ⋅ g ( x + ∆x ) − f ( x ) g ( x ) 13.8
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∆ ( f . g ) = f ( x + ∆x ) ⋅ g ( x + ∆x ) − f ( x ) g ( x + ∆x ) + f ( x ) g ( x + ∆x ) − f ( x ) g ( x ) 13.9
∆ ( f . g ) = ( f ( x + ∆x ) − f ( x ) ) g ( x + ∆x ) + f ( x ) ( g ( x + ∆x ) − g ( x ) ) 13.10
∆ ( f .g ) f ( x + ∆x ) − f ( x ) g ( x + ∆x ) − g ( x )
lim = lim g ( x + ∆x ) + f ( x ) 13.11
∆x →0 ∆x ∆x →0
∆x ∆x
equação que nos leva ao resultado 13.7, uma vez que
lim f ( x + ∆ x ) = f ( x ) e lim g ( x + ∆ x ) = g ( x ),
∆ x→ 0 ∆ x→ 0
bem como
f ( x + ∆ x) − f ( x ) g ( x + ∆ x) − g ( x )
lim = f ′ ( x ) e lim = g ′ ( x ),
∆ x→ 0 ∆x ∆ x→ 0 ∆x
d ( kf ) df
=k ou ( kf )' = kf ' 13.12
dx dx
• Exemplo 3:
Sendo f ( x) = 4x 3.cos x, vamos encontrar sua derivada.
Temos:
g ( x ) = 4 x 3 ⇒ g ′ ( x ) = 12 x 2
h ( x ) = cos x ⇒ h′ ( x ) = − sen x
Assim, como a derivada do produto é dada por (gh)ʹ(x) = gʹ(x).f ( x) + g(x).fʹ(x), temos:
• Exemplo 4:
Vamos calcular a derivada da função f ( x) = 5x4.sen x.cos x. Temos:
g ( x ) = 5 x 4 ⇒ g ′ ( x ) = 20 x 3
h ( x ) = sen x ⇒ h′ ( x ) = cos x
z ( x ) = cos x ⇒ z ′ ( x ) = − senn x
A fim de calcular a derivada do produto das três funções, observamos que, escrevendo de maneira abreviada,
( ghz )′ = ( gh )′ ⋅ z + ( gh ) ⋅ z′ = ( g ′ ⋅ h + g ⋅ h′) ⋅ z + g ⋅ h ⋅ z′ = g ′ ⋅ h ⋅ z + g ⋅ h′ ⋅ z + g ⋅ h ⋅ z′
e, portanto,
f ′ ( x ) = ( 20 x 3 ) ⋅ ( sen x ) ⋅ ( cos x ) + ( 5 x 4 ) ⋅ ( cos x ) ⋅ ( cos x ) + ( 5 x 4 ) ⋅ ( sen x ) ⋅ ( − sen x ) =
= 20 x 3 ⋅ sen x ⋅ cos x + 5 x 4 ⋅ cos2 x − 5 x 4 ⋅ sen 2 x =
= 20 x 3 ⋅ sen x ⋅ cos x + 5 x 4 ( cos2 x − sen 2 x )
• Exemplo 5:
Sendo f ( x) = 7 sen x, vamos encontrar sua derivada.
Vimos que, sendo k uma constante, temos (k.f )ʹ = k.fʹ, uma vez que a derivada de uma função
constante é zero.
Assim, fʹ(x) = 7 cos x.
dy dh du
= ⋅ 13.13
dx du dx
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Assim, basta lembrar que, se y = h(g(x)), então, a taxa de variação média será dada por:
∆y ∆h ∆h ∆u
= = 13.14
∆ x ∆ x ∆u ∆ x
ou seja,
∆y h ( u + ∆u ) − h ( u ) ∆u h ( u + ∆u ) − h ( u ) g ( x + ∆x ) − g ( x )
= ⋅ = ⋅ 13.15
∆x ∆u ∆x ∆u ∆x
∆y ∆h ∆u
lim = lim . = h′ ( u ) . g ′ ( x ) = h′ ( g ( x ) ) . g ′ ( x ) 13.16
∆ x→ 0 ∆ x ∆ x→0 ∆u ∆ x
• Exemplo 6:
Consideremos a função f ( x) = sen4 x = (sen x)4 e vamos calcular sua derivada.
Para tanto façamos:
h(x) = sen x
logo
f ( x) = sen4 x = (sen x)4 = (h(x))4
Desse modo:
df
( h ) = 4h 3
dh
e:
dh
( x ) = cos x
dx
• Exemplo 7:
Sendo f ( x) = senx5, vamos calcular sua derivada.
Para tanto, façamos:
h(x) = x5
o que acarreta:
f ( x) = sen h(x)
Temos então:
dh
h′ ( x ) = ( x ) = 5x 4
dx
e
df
f ′(h) = ( h ) = cos h
dh
g ( x)
f ( x) = 13.17
h( x)
de tal modo que h(x) ≠ 0. Assumindo que f e g são deriváveis, vamos mostrar que a derivada
da função f é dada por:
dg dh
df ( x)⋅h( x) − g ( x)⋅ ( x) g ′ g ′h − gh′
( x ) = dx 2
dx ou = 13.18
dx h ( x ) h h2
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1 −1
f ( x) = g ( x)⋅ = g ( x ) ⋅ h ( x )
h( x)
df dg −1 d −1
f ′( x ) = ( x ) = ( x ) ⋅ h ( x ) + g ( x ) ⋅ h ( x )
dx dx dx
d −1 −2
Pela Regra da Cadeia, temos h ( x ) = − h ( x ) ⋅ h′ ( x ).
dx
Logo,
−1 −2
f ′ ( x ) = g ′ ( x ) ⋅ h ( x ) + g ( x ) ⋅ ( −1) ⋅ h ( x ) ⋅ h′ ( x ) =
g ′ ( x ) g ( x ) ⋅ h′ ( x ) g ′ ( x ) ⋅ h ( x ) − g ( x ) ⋅ h′ ( x )
= − =
h( x) h ( x )
2
h ( x )
2
Desse modo, a derivada do quociente de duas funções deriváveis, sendo não nula a função
do denominador, é dada por:
g ′ d g ( x ) g ′ ( x ) ⋅ h ( x ) − g ( x ) ⋅ h′ ( x )
( x) = = 13.19
h dx h ( x ) h ( x )
2
• Exemplo 8: 4
x
Dada f ( x ) = , vamos calcular sua derivada.
Fazendo sen x
g ′ g ′ ( x ) ⋅ h ( x ) − g ( x ) ⋅ h′ ( x )
( x) = 2
h h ( x )
temos:
x 4 ′ 4 x 3 ⋅ sen x − x 4 ⋅ cos x
f ′( x) = =
sen x sen 2 x
• Exemplo 9:
sen x
Vamos encontrar a derivada de tg x = em todo ponto em que o denominador não seja
zero. cos x
Fazendo
g(x) = sen x ⇒ gʹ(x) = cos x
e
h(x) = cos x ⇒ hʹ(x) = −sen x
utilizando a expressão para a derivada do quociente,
g ′ g ′ ( x ) ⋅ h ( x ) − g ( x ) ⋅ h′ ( x )
( x) = 2
h h ( x )
temos:
• Exemplo 10:
1
Vamos encontrar a derivada de sec x = em todo ponto em que o denominador não seja
zero. cos x
Fazendo
g(x) = 1 ⇒ gʹ(x) = 0
e
h(x) = cos x ⇒ hʹ(x) = −sen x
utilizando a expressão para a derivada do quociente,
g ′ g ′ ( x ) ⋅ h ( x ) − g ( x ) ⋅ h′ ( x )
( x) = 2
h h ( x )
temos:
1 ′ 0 ⋅ ( cos x ) − 1 ⋅ ( − sen x ) sen x sen x 1
= = = ⋅ = tg x ⋅ sec x
cos x cos2 x cos2 x cos x cos x
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y = xα 13.20
envolve um expoente real, podendo ser racional ou irracional, e a questão de encontrar sua
derivada será resolvida examinando essa função como a composição de duas outras.
De fato, podemos escrever
α
y = x α = eln x 13.21
uma vez que a função exponencial de base e e a função logarítmica de base e são funções inversas.
Assim, utilizando a propriedade dos logaritmos, ainda podemos escrever
α
y = x α = eln x = e α ln x
1 1
y ′ = e α ln x ⋅ α ⋅ = x α ⋅ α ⋅ = α ⋅ x α−1 13.22
x x
a derivada da
a derivada
exponencial
do logaritmo
de base e
de base e
• Exemplo 11:
Encontrar a derivada de
3
a. y = x 4
b. y = x 2
• Exemplo 12:
Este exemplo merece atenção: se y = x2 + 2x, sua derivada, que é a derivada de uma soma de funções,
é obtida pela aplicação de duas propriedades diferentes, uma para cada uma das parcelas:
y ′ = 2 x + 2 x ⋅ ln 2
uma vez que, para derivar f ( x) = 2x, utilizamos o raciocínio anterior, isto é,
f ( x ) = 2 x = eln 2 = e x ln 2
x
e, daí,
f ′ ( x ) = e x ln 2 ⋅ ln 2 = 2 x ⋅ ln 2
• Exemplo 13:
Analogamente, a derivada de y = xπ + πx é:
y ′ = πx π −1 + π x ⋅ ln π
• Exemplo 14:
Tudo o que foi desenvolvido até aqui nos permite encontrar a derivada de
A(x) = f ( x)g(x)
O domínio da função A é constituído pelos números reais tais que f ( x) > 0.
Podemos escrever então
g( x)
A( x) = f ( x)
g ( x )⋅ln f ( x )
=e
e, portanto,
1
A′ ( x ) = e ( ) ( ) ⋅ g ′ ( x ) ⋅ ln f ( x ) + g ( x ) ⋅ ⋅ f ′ ( x )
g x ⋅ln f x
f ( x)
ou seja,
g( x) f ′( x)
A′ ( x ) = f ( x ) ⋅ g ′ ( x ) ⋅ ln f ( x ) + g ( x ) ⋅
f ( x)
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z = F ( y) 13.23
z=Fy 13.24
onde supomos que as funções z = F( y) e y = f(x) são ambas deriváveis em seus domínios.
Denotando os acréscimos infinitamente pequenos por Δx, Δy e Δz, então, a taxa de variação
média de z, com relação a x, é dada por:
∆ z F ( y + ∆y ) − F ( y ) F ( y + ∆y ) − F ( y ) ∆y
= = 13.25
∆x ∆x ∆y ∆x
dz F ( y + ∆y ) − F ( y ) f ( x + ∆ x) − f ( x )
( x ) = ∆lim ⋅ lim 13.26
dx y → 0 ∆y ∆ x → 0 ∆x
z′ ( x ) = F ′ ( y ) ⋅ y′ ( x ) = F ′ ( f ( x ) ) ⋅ f ′ ( x ) 13.27
F f = Id 13.28
ou seja,
( F f )( x ) = F ( f ( x ) ) = Id ( x ) = x 13.29
dF df dF dF −1
df
( f ( x )) ⋅ ( x ) =
dx df
( f ( x )) ⋅
dx
( x) = 1 13.30
dF −1 ( x ) dF
−1
= f ( x ) 13.31
dx df
Com a ajuda da expressão 13.31, podemos facilmente determinar a derivada da função
inversa de uma dada função. Consideremos o caso das funções simples y = Ax, y = arcsen x e
y = arccos x, as quais podem ser obtidas a partir das derivadas das funções y = logAx, y = sen x
e y = cos x.
Em O Teorema do Valor Médio e Aplicações das Derivadas, faremos uso da expressão
13.31 para encontrar as derivadas de funções simples a partir das derivadas das funções inversas.
• Exemplo 15:
Consideremos a função f ( x) = x2 com domínio D e imagem I dados por:
D=
I = +
Nesse caso, f não admite inversa. Entretanto, considerando uma restrição do domínio, podemos
definir, por exemplo, a função
f + : ∗+ → ∗+
x x2
De y = x2 obtemos x = y , isto é:
g ( y) = y
é a função inversa de f +.
Pelo que vimos em 13.22, já sabemos que a derivada de g é:
1 − 12 1
g′( y ) = y =
2 2 y
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Vamos determinar a derivada de g utilizando o que vimos a respeito da derivada da função inversa.
Temos, pelo teorema demonstrado,
1
g′( y ) =
f ( x)
′
ou seja,
1 1 1
g′( y ) = = =
f ′( x) 2x 2 y
• Exemplo 16:
As funções
y = f ( x) logA x (A > 0, A ≠ 1)
e
x = g( y) = A y (A > 0, A ≠ 1)
são inversas uma da outra.
Em Derivadas das Funções Simples, vimos como encontrar a derivada de cada uma delas.
Agora, sabendo, por exemplo, que
gʹ(y) = A y.ln A
podemos encontrar a derivada da inversa f utilizando o fato de que
1 1 1
f ′( x) = = y =
g ( y ) A ⋅ ln A x ln A
′
• Exemplo 17:
Consideremos a função g(y) = sen y, que não é inversível em seu domínio.
π π
Considerando a restrição de g ao intervalo D = − , , podemos definir a função inversa
2 2
y = g−1(x) = f ( x) = arcsen x
(que se lê: “arco-seno x”)
x = g ( y ) = sen y
Temos:
g ′ ( y ) = cos y = 1 − sen 2 y = 1 − x 2
Assim:
1 1
f ′( x) = =
g′( y ) 1 − x2
∆ x = α∆ x0 13.32
onde agora α é uma quantidade infinitamente pequena, teremos que a taxa de variação média
será dada por:
f ( x + ∆ x ) − f ( x ) f ( x + α∆ x0 ) − f ( x )
= 13.33
∆x α∆ x0
f ( x + α∆ x0 ) − f ( x ) f ( x + ∆ x ) − f ( x )
= ⋅ ∆ x0 13.34
α ∆x
f ( x + α∆ x0 ) − f ( x )
df ( x ) = lim 13.35
α→ 0 α
Indicamos, de acordo com a notação acima, essa diferencial com o caractere d. Assim, escre-
vemos para tal quantidade
dy ou df ( x) 13.36
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f ( x + α∆ x0 ) − f ( x ) f ( x + ∆ x) − f ( x )
lim = lim ∆ x0 13.37
α→ 0 α ∆ x→ 0 ∆x
ou seja,
df ( x ) = f ′ ( x ) ⋅ ∆ x0 13.38
dx = ∆x0 13.39
Assim, a diferencial da variável independente x nada mais é do que a constante finita ∆x0.
Tendo em vista 13.39, que identifica ∆x0 como a diferencial da função identidade, o lado
direito da equação 13.38 pode ser escrito como o produto
df ( x ) = f ′ ( x ) dx 13.40
ou, analogamente,
dy = yʹdx 13.41
• Exemplo 18:
Vamos encontrar o valor aproximado de ln (1,004).
Nesse caso, temos a função y = f ( x) = ln x, o valor inicial x = 1 e o acréscimo ∆x = 0,004.
Temos, então, ∆y = ln 1,004 − ln 1 = ln 1,004
1
e, como dy = f ʹ(x).∆x, sendo f ′ ( x ) = , para x = 1, temos:
x
dy = 0,004
Logo, ∆y pode ser aproximado por 0,004, ou seja,
ln(1,004) ≅ 0,004
• Exemplo 19:
Qual o valor aproximado de 4, 0024 ?
Agora temos a função y = f ( x ) = x , o valor inicial x = 4 e o acréscimo ∆x = 0,0024.
Então, ∆y = 4, 0024 − 4 = 4, 0024 − 2.
1
e, como dy = fʹ(x).∆x, sendo f ′ ( x ) = , para x = 4, temos:
2 x
0, 0024
= dy = 0, 0006
4
Assim, podemos entender a derivada como igual à razão entre a diferencial da função e a
diferencial da variável. Por essa razão, frequentemente, chamamos a função derivada de coe-
ficiente diferencial. Nesse contexto, diferenciar uma função é o mesmo que encontrar sua
diferencial. A operação pela qual se diferencia é chamada diferenciação.
A partir do cálculo das derivadas, podemos obter as diferenciais das funções. Assim, temos as
seguintes diferenciais:
a dx
d = −a 2 , dx a = ax a −1dx 13.43
x x
d ( e x ) = e x dx 13.44
π
d ( sen x ) = cos x dx = sen x + dx 13.45
2
π
d ( cos x ) = − sen x dx = cos x + dx 13.46
2
Ainda poderíamos, é claro, mostrar que a diferencial da soma de duas funções diferen-
ciáveis é igual à soma das diferenciais dessas funções, bem como que a diferencial do produto
y(x) = u(x).v(x) de duas funções diferenciáveis u e v é dada pela relação: dy = udv + vdu.
Para verificar essa última afirmação, basta observar que:
dy = y ′ ⋅∆ x = ( u′v + uv′) ∆ x = uv′∆ x + vu′∆ x = udv + vdu
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dy
( x ) = y ′ ( x ) = f ′ ( u ) ⋅ u′ ( x ) 13.47
dx
então,
dy = f ′ ( u ) ⋅ u′ ( x ) dx 13.48
dy = f ′ ( u ) du 13.49
o que significa que a diferencial de uma função composta é expressa da mesma maneira como
se a variável intermediária u fosse uma variável independente.
• Exemplo 20:
Seja y = ln x e vamos determinar sua diferencial dy.
Temos:
y = f ( u) = ln u e u = u(x) = x
1 1 1
Então, y ′ ( x ) = f ′ ( u ) ⋅ u′ ( x ) = u′ ( x ) = ⋅ .
Logo, u x 2 x
1 1 1
dy = ⋅
x 2 x
dx ou dy =
x
d ( x)
• Exemplo 21:
No caso de y = cos x2, vamos determinar sua diferencial.
De modo análogo, temos:
y = f ( u) = cos u e u = u(x) = x2
existirá e
f ( x) f ′( x )
lim = lim 13.50
x →a g ( x ) x →a g ′ ( x )
• Exemplo 22:
Seja o limite
cos x − 1
L1 = lim
x →0 3x 2
Observamos que:
lim ( cos x − 1) = cos 0 − 1 = 1 − 1 = 0
x →0
lim ( 3x 2 ) = 3 ( 0 ) = 0
2
x →0
0
Portanto, temos que L1 é da forma , que é uma indeterminação.
0
Vejamos, então, se existe o limite:
(cos x − 1)′
L2 = lim
x →0 ( 3 x 2 )′
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Temos:
(cos x − 1)′ = − sen x
e
( 3x )′ = 6 x
2
Assim:
L2 = lim
( cos x − 1)′ = lim − sen x lim − 1 ⋅ sen x = − 1
6x 6 x 6
( 3x )′
x →0 2 x →0 x →0
• Exemplo 23:
x −1 0
O limite lim também é da forma .
x →1 ln x 0
1
Observamos que (x − 1)ʹ = 1 e que ( ln x )′ =
x
( x − 1)′ 1
e que lim = lim = lim x = 1
x →1 (ln x )′ x →1 1 x →1
x
x −1 x −1
logo, existe lim e lim = 1.
x →1 ln x x →1 ln x
• Exemplo 24:
ln sen x 0
limπ também é da forma .
x→ ( π − 2 x )
2
0
2
Observamos que
1
(ln sen x )′ = ⋅ cos x = cotg x
sen x
e que
[( π − 2 x ) 2 ]' = 2( π − 2 x ).( −2) = −4( π − 2 x )
(ln sen x )′ cotg x 0
e que limπ = limπ ainda é da forma .
x→ [( π − 2 x ) ]′ x → −4( π − 2 x )
2
0
2 2
Logo, existe
(ln sen x )′ cotg x 1
limπ = limπ =−
x→ [( π − 2 x ) ]′ x → −4( π − 2 x )
2
8
2 2
ln sen x ln sen x 1
e existe limπ e lim =− .
x→ ( π − 2 x )2 x→ π ( π − 2 x )2 8
2 2
existirá e
f ( x) f ′( x )
lim = lim 13.51
x →a g ( x) x → a g ′( x )
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• Exemplo 25:
ln tg 3x −∞
Vejamos o limite: lim que é da forma .
x →0 ln tg 5 x −∞
Observamos que
1 1
(ln tg 3x )′ = 3 ⋅ ⋅ sec 2 3x = 3 ⋅
tg 3x sen 3x.cos 3x
e que 1 1
(ln tg 5 x )′ = 5 ⋅ ⋅ sec 2 5 x = 5 ⋅
tg 5 x sen 5 x.cos 5 x
e que
3
(ln tg 3x )′ 3 sen 5 x.cos 5 x
lim = lim sen 3x.cos 3x = lim ⋅ =1
x →0 (ln tg 5 x )′ 5 x →0 5 sen 3 x.cos 3 x
x →0
sen 5 x.cos 5 x
sen 5 x 5 ln tg 3x ln tg 3x
pois lim = (verifique!). Logo, existe lim e lim = 1.
x →0 sen 3 x ln tg 5 x ln tg 5 x
3 x →0 x → 0
• Exemplo 26:
ex +∞
O limite lim também é da forma .
x →+∞ x10 +∞
Observamos que
(ex)ʹ = ex
e que
(x10)ʹ = 10.x9
e que
( e x )′ ex
lim = lim
x →+∞ ( x10 )′ x →+∞ 10 x 9
+∞
ainda é da forma . Aplicando a regra de L’Hospital mais 9 vezes, chegaremos a
+∞ ex
lim = +∞
x →+∞ 10!
ex ex
Logo, existe lim 10 e lim 10 = +∞.
x →+∞ x x →+∞ x
• Exemplo 27:
tg x +∞
O limite limπ é da forma .
x→ sec x +∞
2
Observamos que
(tgx)ʹ = sec2x
e que
(secx)ʹ = tg.secx
(tg x )′ sec x +∞
e que lim = limπ ainda é da forma .
π (sec x )′ tg x +∞
x→ x→
2 2
Entretanto, não adianta aplicar novamente a regra de L’Hospital...
Agora, esse limite é quase imediato, ao ser calculado diretamente!
tg x sen x cos x
limπ = lim ⋅ = lim sen x = 1
x→ sec x x → π cos x 1 x → π
2 2 2
Fundamentos de Matemática I