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Caso prático 1

José Onório é um empresário devorado pela ideia de maximizar os seus lucros. O Toni
Migalhas é um trabalhador que por estar desempregado se encontra em situação económica
desesperada. Sabendo deste facto o José Onório propõe ao Toni Migalhas um contrato de
trabalho em que este seria remunerado com uma quantia igual a dois terços do salário mínimo
nacional, à função desempenhada deveria corresponder porém em termos normais uma soma
igual ao dobro do salário mínimo nacional. Toni aceitou a proposta.

a) Poderia mais tarde o Toni reagir contra o contrato que se via forçado a concluir? De
que formas?
b) E se a remuneração proposta e aceite correspondesse exactamente ao salário mínimo
nacional? A solução dada na alínea anterior seria a mesma?

RESOLUÇÃO: artº282º, 287º. Artº283º, 906º do C.C..

Caso prático 2

O Armando é um apreciador de bons vinhos e gosta em ocasiões especiais presentiar os seus


amigos com garrafas de colheitas seleccionadas. Vendo aproximar-se o aniversário de um dos
seus maiores amigos resolve oferecer-lhe duas garrafas de vinho do Dão, reserva de 1964, uma
excelente reserva. Contudo encontrando-se o Armando impossibilitado de comprar ele próprio
o vinho, pediu a um colega, o André, que o comprasse indicando-lhe o tipo de vinho, colheita e
estabelecimento onde o deveria adquirir, junto de um comerciante onde o Armando desde à
muito se abastecia de vinhos de castas e reservas de qualidade superior. Chegando ao
estabelecimento, o André pediu: “Ora são duas garrafas de vinho do Dão, reserva de 1984,
para o Sr. Armando”. Trocou, portanto, o ano da reserva, trazendo um vinho de qualidade
corrente e por isso muito inferior ao da reserva de 64. Ao receber as garrafas, Armando
telefonou de imediato ao comerciante para desfazer o negócio.

Quid iuris?

Haveria outra forma de satisfazer o interesse de Armando?

RESOLUÇÃO do 2º caso prático:


Para oferecer 2 garrafas de vinho do Dão, reserva de 64 a um amigo, Francisco pediu a Pedro
para se deslocar ao estabelecimento onde este se abastecia de vinho de casta e reserva
superiores. Contudo Pedro pediu 2 garrafas de Dão, mas de 84, dizendo expressamente que
seriam para o Sr. Francisco. Com efeito, este caso centra o seu problema na emissão da
declaração. Essa declaração produzida por Francisco foi transmitida por Pedro ao vendedor. O
problema está assim na transmissão da declaração e não na declaração em si, pois Francisco
disse aquilo que efectivamente queria, mas Pedro não disse aquilo que Francisco queria.
Logo estamos perante um erro na transmissão da declaração (vide artº250 do CC), mais
propriamente na própria declaração, pois Pedro emitiu a declaração com palavras diferentes do
que na realidade pretendia. Logo este negócio é anulado nos termos do artº247 do CC. Para
que Francisco possa anular a declaração, teria de provar que o declaratário conhecia ou não
devia ignorar a essencialidade para o declarante do elemento sobre o qual incidia o erro.
Concretizando, para a declaração ser anulável, o vendedor deveria conhecer ou não ignorar
que adquirir vinhos de casta superior era essencial para Francisco. Pelo o que diz o caso sub-
júdice, podemos afirmar que essa essencialidade era conhecida do vendedor, uma vez que
Francisco nessa loja só comprava vinhos de casta superior, tendo dito expressamente Pedro,
que o vinho era para Francisco.
Concluindo, Francisco pode desfazer o negócio, dado tendo 1 ano para este efeito, vide
artº287. Uma outra forma eventualmente mais prática de satisfazer o interesse de Francisco,
era este acordar com o vendedor a alteração do contrato, de modo, de correspondência com a
sua vontade.
Ao fazer isso, estaria a validar o negócio, ou seja, ele eliminaria a causa da anulação que assim
não poderia proceder, vide artº248.
Poder-se-ia também, eventualmente afirmar que o vendedor não estaria de boa-fé, pois ele
sabia que Francisco só comprava reservas.
Se assim considerar-se, o vendedor poderia ter de indemnizar os danos que culposamente
causou á Francisco, por não estar agindo de boa-fé na formação do contrato vide artº227.

Caso Prático 3:
David quer comprar uma enciclopédia de Direito e Economia denominada “Polis”, mas está
convencido que esta enciclopédia se chama “Logos”, nome que designa uma outra
enciclopédia, esta de filosofia. Para o efeito dirige-se por carta á editora responsável por ambas
as enciclopédias e pediu que lhe fosse entregue a enciclopédia de Direito e Economia, “Logos”.
Passado alguns dias recebeu em sua casa a enciclopédia “Logos” e procedeu então o
pagamento. Quando abriu a embalagem onde se encontrava a enciclopédia, verificou que
aquela era afinal uma enciclopédia de filosofia e não de Direito e Economia que ele pretendia.
David pretende agora desvincular-se do negócio. Poderá faze-lo? Quid Iuris.

RESOLUÇÃO: Ao escrever uma carta à editora pedindo a enciclopédia “Logos” de Direito e


Economia, o David emitiu uma declaração que não corresponde à sua vontade real pois ele na
realidade queria a enciclopédia “Pólis”. Estamos assim perante uma divergência não
intencional entre a vontade real e a declaração, mais propriamente, um erro no conteúdo da
declaração visto o David usar palavras que têm um sentido diferente do que ele lhes dá
(artº236º). Por sua vez, pode-se afirmar que o erro na declaração de David é revelado no
contexto da declaração, ou seja, na carta que enviou à editora e por isso pode ser considerado
um erro de escrita (artº249º). Este erro é estruturalmente um erro na declaração mas é
ostensivo. O erro na declaração de David consiste em a denominação da enciclopédia não
corresponder claramente ao nome e por sua vez o nome corresponder a outra enciclopédia.
Podemos assim concluir que o erro é ostensivo e foi revelado no contexto da declaração, sendo
assim, um erro de escrita. O erro de cálculo ou escrita não dá direito a David a anular o
contrato, ou seja, David não se pode desvincular dele. David apenas o pode rectificar:
correcção do contrato para que fique de acordo com a vontade real do declarante.

Caso Prático 4:
Luís comprou á Elisabete, construtora civil, um andar num edifício de 15 pisos, construído por
esta última. O Luís decidiu-se pela compra deste andar porque em comparação com outros do
mesmo género apresentava um preço mais acessível. Pouco tempo após a escritura, Luís toma
conhecimento que afinal o edifício onde se encontra o seu andar não dispõe, ao contrário do
legalmente exigido, da devida protecção anti-sísmica, pois os respectivos pilares não tinham
sido, pura e simplesmente construídos, e daí o preço tão acessível.
Luís contacta o seu advogado para saber de todos os possíveis que a lei lhe faculta para se
desvincular daquele contracto de compra e venda, e todos os direitos que poderá invocar
contra Elisabete.
Qual deverá ser a resposta do advogado?
Agora as seguintes hipóteses a respeito da conclusão do contracto de compra e venda entre
Luís e Elisabete.
Hipótese A)
Elisabete celebra o negócio por meio do Rui, seu procurador, que desconhece as
particularidades da construção do edifício em causa.

Hipótese B)
Elisabete utiliza na preparação do contracto, um mediado, o Pedro, que está a par da qualidade
da construção, mas assegura á Luís, estar em face de uma construção da mais alta qualidade
técnica.

Diga se em cada, das situações descritas, a resposta dada á 1º pergunta continua a ser a
mesma.

RESOLUÇÃO: O Luís pretende adquirir um apartamento num prédio construído pela Elisabete,
contudo não dispunha da respectiva protecção anti-sísmica, pois os pilares para o efeito não
tinham sido construídos, aproveitando o preço acessível e convencido que o prédio era de boa
qualidade, Luís e Elisabete celebram um contrato de compra e venda, artº874º e segs CC.,
contudo, após a escritura, (artº875º CC.), Luís é informado da qualidade da construção do
prédio, Luís tem desde logo vários meios para se desvincular do contrato, primeiramente
podemos afirmar que Luís está em erro, não por haver uma divergência entre a vontade real e
a vontade declarada, Luís expressou-se exactamente como queria, mas sim porque a sua
vontade está viciada, ou seja, Luís comprou a casa convencido de que esta tinha pilares anti-
sísmicos. Assim se o declarante soubesse, nunca teria realizado o negócio, pelo menos
naquelas condições. Consequentemente a vontade foi mal formada fazendo uma
representação incorrecta da realidade, estamos por isso, perante um erro sobre os motivos,
em princípio o erro sobre os motivos é irrelevante, a menos que diga respeito a uma de 3
excepções:

1- Que o erro recaia sobre a pessoa ou objecto do negocio, artº251ºCC.

2- Que as partes tenham por acordo reconhecido a essencialidade do motivo para o


declarante, artº252º nº1,CC.

3- Que o erro recaia sobre a base negocial do negocio, artº252º nº 2 e 437º, CC.

Rapidamente se conclui que o erro recai sobre o objecto (apartamento) do negócio jurídico. A
essencialidade do erro tem que ser encarada sobre o aspecto subjectivo de quem erra. O erro
sobre o objecto do negócio tem o mesmo regime do erro na declaração, artº247º, ou seja, o
negócio é anulável se o declaratário conhece-se ou não deve-se ignorar a essencialidade para o
declarante sobre que incidiu o erro. Dado o carácter essencial da protecção anti-sísmica nos
parâmetros da construção modernos, podemos considerar que Elisabete pelo menos não
devia de ignorar a essencialidade do motivo, logo o Sr. Luís podia anular o contrato nos termos
do artº287º, CC, outro instrumento que Luís teria à sua disposição, é também um tipo de erro
sobre os motivos, (o dolo, artº253º e 254º CC), este erro é estruturalmente um erro sobre os
motivos, mas um erro induzido pelo declaratário ou por terceiros através de qualquer sugestão
ou artificio empregue com a intenção ou consciência de induzir ou manter alguém em erro
(dolo positivo, (acção)), bem como a dissimulação do próprio erro, (dolo negativo, (omissão),
verifica-se que Elisabete conhecia perfeitamente essa característica, nada tendo dito a Luís,
essa actuação enquadra-se no dolo, mais propriamente, negativo, pois Elisabete nada fez para
corrigir a representação errada da realidade que Luís tinha. O comportamento de Elisabete
também não fez parte dos artifícios ou sugestões considerados legítimos segundo as
concepções dominantes do comércio jurídico (“Dolus Bonus”) porque Elisabete está a atribuir
ainda que por omissão, características que o prédio não tem, artº253ºnº2. O declarante cuja
vontade tenha sido determinada por dolo, pode anular a sua declaração, artº254º e 287º CC.,
tendo para o efeito um ano a contar da cessação do vicio, ou seja, a partir do momento em
que se apercebe que está em dolo, porque o problema do caso se situa estruturalmente na
fase pré contratual. o Luís podia pedir uma indemnização à Elisabete com base no
artº227º,por danos que esta culposamente lhe tenha causado, por fim, o Luís ainda se poderia
defender recorrendo à figura do objecto contra a ordem pública, o objecto ou as suas
características violam uma disposição legal de carácter imperativo, artº280º CC.

a) Caso a Elisabete tivesse nomeado o Rui seu procurador com vista à conclusão dos negócios,
respeitantes aquele prédio, em nada a resposta anterior se alteraria, segundo o artº261º nº 2
CC., o representante de boa fé não aproveita o representado de má fé, logo a Elisabete não se
podia defender através da boa fé do Rui e por isso o Luís continua a poder anular o contrato
nos mesmos termos, a cima descritos.

b) Mais uma vez o facto de Elisabete ter utilizado um mediador para concluir o negócio,
estando este a par da qualidade de construção do imóvel, não alteraria a consequência
jurídica, mas apenas a figura. Neste caso o Dolo já não seria do declarado, mas de terceiro,
artº254º nº2 e passaria a ser um Dolo positivo (acção), mas parte de uma acção de Pedro,
contudo, para que a declaração seja anulada, é necessário que o declaratário conheça ou
deve-se conhecer o Dolo de terceiro, em princípio a Elisabete conheceria o Dolo de Pedro, mas
não podemos afirmar, pois a hipótese nada nos diz, no entanto, caso não se provasse que
Elisabete conhecia ou devia conhecer o Dolo do Pedro, o Luís podia recorrer ao artº227ºCC.,
pedindo a Pedro uma indemnização no âmbito de uma responsabilidade pré contratual, pelos
danos que este tenha culposamente provocado a Luís.

Caso Prático 5
O Carlos está interessado em comprar um leitor de discos compactos para integrar na
aparelhagem modelar que já possui. Para obter informações sobre as características técnicas
destes aparelhos dirigiu-se a uma loja da especialidade. Depois de ter analisado os modelos
disponíveis, perguntou ao empregado, o André, qual o preço do PDS 1020 tendo, então,
verificado que o mesmo estava dentro do valor que podia pagar (o aparelho custava 150
euros). O Carlos pediu então ao André para embalar um PDS 1020. Este assim fez e entregou o
modelo ao Carlos recebendo ao mesmo tempo o respectivo preço. Atentos estes factos,
pondere as seguintes questões:
a) Em que momento ficou concluído o contrato e entre quem?
b) Após ter chegado a casa, o Carlos repara que na factura e recibo consta a venda de um
PDS 1050 por 150 euros. Ora este modelo era bastante melhor e mais caro que aquele
que o Carlos trouxera de modo que agora o Carlos pretende que o vendedor troque o
PDS 1020 entregue pelo PDS 1050 facturado, sem acréscimo de preço alegando que foi
este o modelo vendido. Terá esse direito?
c) Carlos constata que o modelo comprado (que só funciona ligado a um amplificador)
não é compatível com o amplificador de que dispõe e pretende por isso desfazer o
contrato. Poderá fazê-lo?

RESOLUÇÃO:
a) A conclusão do contrato depende de uma proposta eficaz, de uma aceitação eficaz e
do acordo sobre todas as cláusulas (artº232º). A proposta do Carlos é eficaz pois este
pediu para embalar o leitor de discos (artº224º, nº1, 1ª parte), por sua vez a proposta
foi aceite quando o empregado encerrou a conta. Assim, celebrou-se um contrato de
compra e venda nos termos dos artigos 874º e seguintes com os efeitos previstos no
artº879º. O contrato foi celebrado entre Carlos e o estabelecimento comercial.
b) O Carlos não teria direito ao PDS 1050 uma vez que o erro na declaração do
estabelecimento é revelado no contexto da declaração ou seja, na factura, sendo por
isso um erro ostensivo. O erro de cálculo ou de escrita não dá direito a anular o
contrato mas tão só à sua rectificação (artº248º e 249º).
c) Este erro é um erro sobre os motivos mas é irrelevante por não se enquadrar numa
das três excepções previstas no artº251º, 252º e 247º. O Carlos constata que o modelo
comprado não é compatível com o seu amplificador. Estamos perante um erro sobre
os motivos (artº252º) pois Carlos sabia o que queria, exprimiu correctamente a sua
vontade mas tinha uma representação errada da realidade ou seja, pensava que
aquele leitor seria compatível com o seu amplificador quando não o era. Em princípio
o erro sobre os motivos é irrelevante a uma das três excepções. Ora não podemos
associar nenhuma das excepções ao caso de Carlos pois o erro não recai sobre a base
negocial nem sobre o objecto (o leitor podia de facto ligar-se a um amplificador).
Restava a Carlos o erro sobre os outros motivos mas para que o pudesse aplicar o
Carlos e o André tinham de ter acordado que o leitor de discos tinha que ser
compatível com o seu amplificador pois isso era essencial para o Carlos. O enunciado
nada nos diz sobre esse acordo. Assim, podemos considerar que ele não existe e logo
este erro é irrelevante, não podendo o Carlos desfazer-se do negócio.

Caso prático 6:
A Cristina estava interessada em adquirir à Cláudia um valioso quadro tendo-lhe endereçado
para o efeito uma proposta nesse sentido. Na resposta a Cláudia afirmou que não lhe venderia
o quadro “nem depois de morta”. Esta atitude da Cláudia resultava de antigas divergências
existentes entre as duas. Muito desgostosa, a Cristina contou o sucedido ao seu amigo André
“ponta e mola” assim chamado em virtude de antigas condenações por agressão com armas
brancas. Pretendendo fazer um favor à sua amiga Cristina e sem lhe dizer nada, o André
“ponta e mola” telefonou à Cláudia e “avisou-a” de que se não vendesse o quadro à Cristina,
sofreria consequências desagradáveis. Intimidada, a Cláudia vendeu o quadro em questão à
Cristina pois sabia que o André “ponta e mola” não costumava brincar. Passados quatro anos o
André “ponta e mola” faleceu num acidente de viação e Cláudia recorreu então ao Tribunal
para reaver o quadro do David a quem a Cristina o vendera entretanto. Será David obrigado a
devolver o quadro? Suponha agora em alternativa que ninguém intimidou a Cláudia mas que
esta vendeu o quadro por bom dinheiro à Cátia que em seguida o vendeu à Cristina no
cumprimento de um acordo anteriormente estabelecido entre ambas para permitir à Cristina
adquirir a obra de arte. Passados seis meses, a Cláudia descobre o sucedido e pretende reaver
o quadro. Terá êxito nesta sua pretensão?

RESOLUÇÃO:
 Coacção psicológica (nº1 do artº255º) imposta por terceiro. Logo, é anulável (256º).
Tem que se verificar se é grave o mal e justificado o receio da sua consumação (devido
ao longo cadastro do sujeito);
 A cessação do vício só desaparece quando o André morre. Logo, ela pode anular.

Caso prático 7:
A situação da família Silva é complicada. No passado dia 10 de Janeiro, António Silva comprou
a Bento um prédio sito na Avenida Pinho da Costa por pensar que aí nascera o avô. No mês de
Março do mesmo ano, o Carlos Silva contactou Daniel, um conhecido e estimado agente
musical para dar um espectáculo diferente mediante um preço determinado com base numa
percentagem a aplicar à receita apurada pelos dois. Estavam convencidos de que também vai
actuar nesse espectáculo, o Francisco, outro cantor famoso que desde Janeiro se encontra
hospitalizado.
Quid iuris?

RESOLUÇÃO:
1ª parte – erro sobre os motivos – artº252º nº1.
2ª parte – artº252º nº2, 437º. Anulação ou modificação do contrato.

Caso prático 8:
O António fez saber por anúncio num jornal: “vendo ratos a 5 euros cada um”. Indicava ainda
uma morada e um número de telefone. BED, laboratório, precisava de ratos/cobaias. Ao ler o
anúncio, Carlos empregado do laboratório enviou de imediato uma carta a António em que
dizia pretender comprar 30 ratos. Em anexo à carta, enviou um vale postal no valor de 150
euros.
Alguns dias depois, Carlos adquiriu uma gaiola e dirigiu-se à morada indicada para ir buscar os
ratos. Qual não foi o seu espanto quando António lhe pretendeu entregar 30 ratos de
computador. Carlos recusa afirmando que aquilo que comprou e pagou foram 30 ratos
animais.
Quid iuris

RESOLUÇÃO:
Artº236º. Não há contrato, não há negócio jurídico pois as interpretações divergem.
Artº247º - erro-obstáculo, erro na exteriorização.

Caso prático 9:
Antónia às partes da morte, escreve a Benedita, sua afilhada no dia de casamento desta e
estando Antónia arrependida por pouco ter procurado a sua afilhada ao longo da vida: “dou-te
todos os meus anéis”, ao que Benedita respondeu: “agradeço à madrinha”. Quando dias
depois, em reunião familiar Antónia entrega os anéis a Benedita, esta assinala que falta um
anel, o que tem um valiosíssimo relógio incorporado. Antónia responde dizendo que se trata
de um relógio e não de um anel, de resto é o seu relógio do dia-a-dia.

RESOLUÇÃO:
Artº237º.

Caso prático 10:


Em Agosto de 2000, o António diz à sua colega Benedita: “recebi de herança um Malhoa e um
Vieira da Silva, cada uma avaliada em cerca de 250.000 euros. Vendo um deles, a aquele que
quiseres.” A Benedita responde: “fico com o Malhoa e já agora em vez de dinheiro entrego o
meu apartamento na praia da luz”. Ao que António diz: “Bom negócio, combinado!”. Passado
um ano, em Agosto de 2001 António sugere a Benedita: “o negócio do Malhoa está feito mas é
preciso ficar preto no branco pelo que convém irmos a um notário e já agora avaliemos o
Malhoa em 100.000 euros para que eu poupe algum dinheiro em impostos. Benedita aceita a
sugestão de António. Em Setembro de 2001, num cartório em Lisboa a escritura é lavrada
naqueles termos. Passados 5 anos, António é contactado por Carlos, coleccionador de arte que
julgando-o o dono do Malhoa, lhe oferece 600.000 euros, informando António de que nos
últimos 4 anos os Malhoas foram descobertos por alguns dos grandes coleccionadores de arte
americanos, pelo que muito se valorizaram. António vem agora invocar a invalidade do
contrato titulado por escritura pelo ocorrido acerca do valor do quadro pelo que ele António
continua proprietário do Malhoa.

RESOLUÇÃO:
Simulação relativa.
Simulação de valor.
Há divergência intencional.
Há negócio simulado e sobre este há negócio de troca dissimulado.
Artº251º.
Artº238º nº1 e 2.
Conclui-se que o contrato é válido e que o quadro é de Benedita.

Caso prático 11:


O A e o B outorgaram uma escritura em que se dizia que o primeiro vendia ao segundo certo
imóvel por 150.000 euros. Na verdade B pagou 250.000 euros sendo aquele o preço declarado
para evitar pagar IMT. C titular de um direito de preferência (artº1555º) tendo tido
conhecimento do negócio de nada sabendo das combinações do bastidores de A e B, mandou-
lhes uma carta pretendendo adquirir pelos 150.000 euros, preço que lhe pareceu simpático e
que pensou corresponder à realidade porque tinha A por uma pessoa honesta.
Quid iuris.

RESOLUÇÃO:

  

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