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pandemia do COVID-19
Introdução
1Os alunos não podem competir em condições igualitárias na escola pois trazem consigo uma
bagagem social e cultural diferenciada.
complexidades sociais; Pensar a reprodução social em específico no nosso sistema
educacional com Bourdieu, implica pensar nas relações entre poder material e
simbólico, uma vez que incorporamos, sob a forma de esquemas inconscientes de
percepção, de apreciação e de ação, as estruturas da ordem social.
As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação no contexto escolar para
as aulas remotas, apresentam a forma de capital cultural objetivado2, que se sustenta
sobre uma estrutura socialmente desigual, em um país onde 53 milhões de indivíduos
vivem na pobreza, não tendo condições mínimas de fazerem as refeições diárias
(onde muitas crianças e adolescentes nas escolas públicas, contam com a refeição
escolar para suprir a alimentação que falta em casa), onde o déficit de moradia, um
dos direitos fundamentais resguardado pela Constituição Federal em seu Art. 6,
ultrapassa 7,7 milhões. Importante pontuar ainda que um em cada quatro domicílios
brasileiros não possuem água encanada, 11,4 milhões de pessoas morando em
favelas e, junto esses dados, encontram-se os bairros onde os moradores vivem em
situações precárias, vivendo em torno de 24 milhões de pessoas (ABED, 2020). Toda
essa gama de indicadores e elementos influenciam o “ Sucesso escolar”, ponto fractal
para Bourdier.
3. Considerações finais:
Falar do cenário da nossa educação em dias comuns já não é uma tarefa fácil,
imagina trazer discussão ao cenário atual; No entanto esse trabalho teve a intenção
de contribuir para aguçar os nossos sentidos sendo guiados e interpretados pela lente
bourdiana, com relação aos contextos da escola, da universidade e os espaços não
formais em plena pandemia. Fazer uma releitura bourdiana cai como uma luva nesse
atual momento, pois o pensamento relacional de Bourdier permite articular
efetivamente o indivíduo ao seu contexto social;
Nesse sentido compreender que o papel das políticas públicas no âmbito da
educação deve ter um objetivo maior que é focar nas desigualdades sociais,
aproveitando esse momento crítico da nossa história para repensar a educação como
2 O capital cultural objetivado compreende a propriedade da pessoa (por exemplo, uma obra de arte,
instrumentos científicos, etc.) que pode ser transmitida para obter lucro econômico (compra e venda)
e para transmitir simbolicamente a posse de capital cultural facilitada por possuir tais coisas.
um todo. A literatura atual sobre educação em tempos de pandemia tem sinalizado
que esse período desafiador pode ser promissor para a inovação da educação,
considerando-se que os professores e estudantes não serão mais os mesmos,
após o período de ensino remoto, devemos ficar atento a esse discursso e sairmos
dessa crise sanitária com pespectivas reais de políticas de estado que
efetivamente altere a nossa realidade. Pois o modelo de ensino remoto aplicado
até o momento, tem demonstrado totalmente ineficiente, fazendo vista grossa para
reais dificuldades de muitos estudantes das escolas públicas e universidades
públicas deste país;
Por fim fica a necessidade de transformamos o imaginário em realidade
exigindo dos nossos governantes uma nova postura frente às decisões e pautas
que envolvam o universo educacional, pois já se tornou imprescindível repensar e
reestruturar a educação, minimizar os impactos e os hiatos solidificados pelo
Ensino Remoto, já estamos neste exato momento vivendo consequências reais da
falta de politicas públicas educacionais para o cenário de Pandemia.
Referências bibliográficas:
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 16 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
Zan, Dirce; Krawczyk, Nora. Ataque à escola pública e à democracia: notas sobre os
projetos em curso no Brasil. Retratos da Escola, v. 13, n. 27, p. 607-220, 2019.