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Faculdade Estácio De Sá De Goiás

Curso De Farmácia

Protetores Solares

Alunas: Aline Amorim


Anatelce Leão F. e Souza
Jeovana José de Souza
Rafaela Aquino
Vânia P. Aguiar de Freitas

Goiânia – GO
Maio/2011
Faculdade Estácio De Sá
Curso De Farmácia

Protetores Solares

Projeto de Pesquisa apresentado à Faculdade


Estácio de Sá – GO, como requisito para a
aprovação da disciplina Cosmetologia,
ministrada pela profª Cláudia, do curso de
Graduação em Farmácia, do 6º período –
matutino.

Goiânia – GO
Abril/2011
Introdução

Vivendo em um país tropical, como o Brasil, é importante abordar a utilização de


Protetores Solares, pois existem muitas dúvidas em relação à importância e eficácia desses
produtos. A incidência direta dos raios solares ultravioletas sobre a pele pode gerar uma
serie de patogenias, dentre elas o câncer de pele.
Este trabalho tem por objetivo identificar os efeitos da radiação UVA, UVB, UVC,
conceituar o que é Protetor Solar, classificar os diferentes tipos de protetores solares e
suas bases (orgânicos e inorgânicos), seus mecanismos de proteção além de apresentar as
normas técnicas de metodologias (FDA1 e COLIPA2), que regulamentam dentre outros, os
testes de ensaio in vitro e in vivo.
O conteúdo da pesquisa será desenvolvido e apresentado como parte da avaliação da
disciplina de cosmetologia, ministrada pela profº Claúdia.

1- Metodologia FDA – (Food and Drug Administration) – é o orgão governamental dos Estados Unidos da
América que faz o controle dos alimentos (tanto humano como animal), suplementos alimentares,
medicamentos (humano e animal), cosméticos, equipamentos médicos, materiais biológicos e produtos
derivados do sangue.
O Fator de Proteção Solar de um produto é determinado a partir da média do FPS obtido através da
aplicação do produto nas costas de vinte voluntários que são expostos a uma fonte de luz artificial que
simula a radiação solar. A média final encontrada não pode ser inferior ao FPS declarado na embalagem
do produto pelo seu fabricante e a variação dos 20(vinte) valores encontrados não pode ser maior que
5%.

2- Metodologia COLIPA – representa a Indústria Européia de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal.


Este método pode ser aplicado no mínimo em 10 (dez) e no maximo em 20 (vinte) voluntários,
dependendo da relevância estatística desejada. Assim como no método anterior, o FPS também é obtido
a partir da média dessas mediações. Os parâmetros para aprovação permitem uma variação de +20% e
-20% em relação ao FPS declarado.
Desenvolvimento

O Brasil tem grande parte de sua superfície demográfica localizada entre o Trópico de
Capricórnio e o Equador. Esta área recebe com maior intensidade os raios solares por estar
mais próxima ao sol. Os raios solares, nesta região, incidem em um ângulo mais
perpendicular, tornando o Brasil o país com maior área intertropical e um dos mais
ensolarados do planeta. O clima tropical, a grande quantidade de praias, a idéia de beleza
associada ao bronzeamento, principalmente entre os jovens, e o trabalho rural favorecem a
exposição excessiva à radiação solar. Este fato é um dos principais responsáveis pelo
aumento do número de pessoas com câncer de pele no país.

As pessoas que se expõem ao sol de forma prolongada e freqüente constituem o grupo


de maior risco de contrair câncer de pele, principalmente as pessoas de pele clara. Sob
circunstâncias normais, as crianças se expõem anualmente ao sol três vezes mais que os
adultos. Considerando-se que os danos provocados pelo abuso de exposição solar são
cumulativos, é importante que cuidados especiais sejam tomados desde a infância. Estima-se
que até os 18 anos de idade, o tempo de exposição solar é maior do que no restante da vida.
Pesquisas indicam que a exposição cumulativa e excessiva durante os primeiros 10 a 20 anos
de vida aumenta muito o risco de câncer de pele, mostrando ser a infância uma fase
particularmente vulnerável aos efeitos nocivos do sol sobre esse órgão.

A pele é o maior órgão do corpo humano. Segundo informações da Sociedade


Brasileira de Dermatologia - SBD, a pele corresponde a 16% do peso corporal, exercendo
diversas funções, como: regulação térmica, defesa orgânica, controle do fluxo sangüíneo,
proteção contra diversos agentes do meio ambiente e funções sensoriais. Este órgão é formado
por três camadas: epiderme, derme e hipoderme. A primeira é a mais externa e é constituída
por células compostas basicamente de queratina, proteína responsável pela impermeabilização
da pele. Na epiderme é que se encontram os melanócitos, que produzem o pigmento que dá
cor à pele (melanina). A derme, segunda camada da pele, localizada entre a epiderme e a
hipoderme, é responsável pela resistência e elasticidade da pele. A terceira camada da pele, a
hipoderme, é a porção mais profunda e é composta por feixes de tecido conjuntivo que
envolve células gordurosas e formam lobos de gordura. Essas três camadas da pele são
sensíveis aos raios ultravioletas que fazem parte da luz solar.
Os raios ultravioletas (raios UV) podem provocar também reações tardias, devido ao efeito
cumulativo da radiação durante a vida, causando o envelhecimento cutâneo e as alterações
celulares que, através de mutações genéticas, predispõem ao câncer da pele. A faixa da
radiação UV (100 a 400 nm) pode ser dividida em três partes:

UVA (320 a 400 nm)

Freqüentemente a radiação UVA não causa eritema. Dependendo da pele e da


intensidade da radiação recebida, o eritema causado é mínimo. Quando comparada à radiação
UVB, sua capacidade em induzir eritema na pele humana é aproximadamente mil vezes
menor, porém penetra mais profundamente na derme. Induz pigmentação da pele promovendo
o bronzeamento por meio do escurecimento da melanina pela fotoxidação da leucomelanina,
localizada nas células das camadas externas da epiderme. É mais abundante que a radiação
UVB na superfície terrestre (UVA 95%, UVB 5%). Histologicamente causa danos ao sistema
vascular periférico e induz o câncer de pele, dependendo do tipo de pele e do tempo,
freqüência e intensidade de exposição. A radiação UVA também pode agir de maneira
indireta, formando radical livres.

UVB (280 a 320 nm)

A radiação UVB atinge toda a superfície terrestre após atravessar a atmosfera. Possui
alta energia e, com grande freqüência, ocasiona queimaduras solares. Também induz o
bronzeamento da pele, sendo responsável pela transformação do ergosterol epidérmico em
vitamina D, e causa o envelhecimento precoce das células. A exposição freqüente e intensa à
radiação UVB pode causar lesões no DNA, além de suprimir a resposta imunológica da pele.
Desta forma, além de aumentar o risco de mutações fatais, manifestado sob a forma de câncer
de pele, sua atividade reduz a chance de uma célula maligna ser reconhecida e destruída pelo
organismo.

UVC (100 a 280 nm)

A radiação UVC é portadora de elevadas energias, característica que a torna


extremamente lesiva aos seres vivos.

Devido à absorção pelo oxigênio e pelo ozônio na estratosfera, nenhuma radiação


UVC, e pequena fração de UVB, chegam à superfície da Terra. Devido a fatores ambientais,
mas com a redução na camada de ozônio tem levado a um aumento da radiação UVB na
superfície da terra, ocasionando maior incidência de queimaduras e, conseqüentemente,
câncer de pele. A Austrália vem tendo grandes problemas com os níveis de radiação
ultravioleta devido a sua localização e à destruição em larga escala da camada de ozônio na
Antártica, provocando maior incidência de câncer de pele. Fatores como estes justificam a
preocupação com a destruição da camada de ozônio.

Os perigos à saúde, relacionados à radiação UV, podem ser minimizados pelo


emprego de protetores solares, os quais estão no mercado há mais de 60 anos. Inicialmente,
eles foram desenvolvidos para proteger a pele contra queimaduras do sol, isto é,
preferencialmente contra a radiação UVB, permitindo bronzeamento por meio de UVA. Com
o crescente conhecimento a respeito de UVA, ficou evidente que a pele precisaria ser
protegida de toda faixa UVA/UVB para reduzir o risco de câncer de pele causado por
exposição ao sol.

Outras zonas fundamentais do espectro solar terrestre devem ser comentadas neste
trabalho já que também causam danos à saúde. São elas:

 Infravermelho (IR) – é em grande parte observada pelo vapor de água atmosférico e


pelo gás carbônico (CO2). As radiações infravermelhas possuem fraca ação química,
sendo essencialmente calórica. Os raios infravermelhos produzem calor e podem
induzir certas alterações na pele tal como dano celular e eritema.

 Luz visível – é importante para visão, entretanto, pode induzir reações em certas
moléculas químicas. Possuem grau diverso de energia calórica, luminosa e química.

Protetores Solares

Protetores solares ou filtros solares são substâncias que aplicadas sobre a pele
protegem a mesma contra a ação dos raios ultravioleta (UV) do sol. Os filtros solares podem
ser químicos ou físicos. É comum a associação de filtros químicos e físicos para se obter um
filtro solar de Fator de Proteção Solar (FPS) mais alto.
É importante a conscientização das pessoas para que utilizem o filtro solar e procurem
não se expor ao sol nos períodos nos quais ele é mais nocivo: de dez horas da manhã às
quatro horas da tarde.

Existem duas classes de filtros solares: orgânicos e inorgânicos, classificados rotineira


e respectivamente como filtros de efeito químico (filtros químicos) e filtros de efeito físico
(filtros físicos). Os processos de absorção e reflexão de radiação são considerados fenômenos
físicos desde que não haja uma reação química. Assim, uma molécula absorvedora de
radiação UV não necessariamente deve ser chamada de filtro químico. A classificação de
filtros orgânicos e inorgânicos torna-se mais sensata, uma vez que nos filtros orgânicos temos
a presença de compostos orgânicos e nos inorgânicos temos a presença de óxidos metálicos.
Geralmente, os compostos orgânicos protegem a pele pela absorção da radiação e os
inorgânicos, pela reflexão da radiação. Existem no mercado, atualmente, filtros orgânicos que
além de absorver, refletem a radiação UV. A Ciba Especialidades Químicas disponibilizou ao
mercado o "Methylene Bis-Benzotriazolyl Tetramethylbutyl-phenol – MBBT", Tinossob ® M,
que, mesmo sendo orgânico, apresenta a capacidade de reflexão e dispersão da radiação, além
da capacidade de absorção das radiações UV, comportando-se, desta forma, como um filtro
também de efeito físico. Ressalta-se que os fenômenos reflexão e espalhamento dependem do
tamanho de partículas do filtro inorgânico, entre outros fatores e não do fato de ser composto
orgânico ou inorgânico.

Os filtros orgânicos são formados por moléculas orgânicas capazes de absorver a


radiação UV (alta energia) e transformá-la em radiações com energias menores e inofensivas
ao ser humano. Estas moléculas são, essencialmente, compostos aromáticos com grupos
carboxílicos.

Como os filtros solares absorvem apenas parte da região do ultravioleta (UVA ou


UVB), para se ter uma proteção completa deve-se fazer uma combinação entre estes filtros.
Por outro lado, a combinação de diferentes tipos de filtros pode causar alto grau de
irritabilidade quando aplicada à pele.

Quanto à sua origem, os filtros solares podem ser: sintéticos ou naturais. Os sintéticos
pertencem aos seguintes grupos químicos: PABA e seus derivados, salocilatos, cinamatos,
benzofenonas antralinatos, dibenzoilmetanos, derivados da cânfora e outros, enquanto que os
naturais são alguns óleos vegetais que absorvem radiações UVB compreendidas entre 290 e
320 nm; exemplo: óleo de coco (23%), óleo de amendoim (24%); óleo de algodão (26%) e
óleo de urucum, além de promover uma cor alaranjada, contribui também para a proteção.

Além dos óleos normalmente utilizados como veículo ou excipientes de


determinadas composições, alguns extratos vegetais possuem substâncias químicas capazes de
absorver radiação ultravioleta. Entre eles, podemos mencionar: o extrato de aloe (UVB) –
derivados antracênicos (aloína, aloemodina, isoemodina, crisofanol); extrato de hamamélis
(UVB) – derivados do àcido gálico; extrato de camomila(UVB) – flavonóides
(apigenina,quercimetrina); extrato de alecrim(UVB); extrato de ratânia(UVB) – derivados do
àcido gálico; extrato de calêndula (UVB<-UVA) – flavonóides; extratos de frângula (UVB) –
derivados antracênicos (glicofrangulina); extrato de própolis (UVB); extrato de nogueira –
(UVB)naftoquinonas (juglona); extrato de henna – (UVB)naftoquinonas (lawsona); extrato de
café verde (UVB); extrato de amor perfeito (UVA); extratos da alga Carolina officinalis-
Phyco-corail(proteção IV);Thermus thermophillus (Venuceace-Croda/Sederma – proteção IV)

A utilização de filtros solares naturais é ainda discutível devido às variações do


conteúdo de um mesmo extrato em função do modo de extração, tipo de solução extrativa,
fonte etc. A ausência de informações inerentes a sua estabilidade frente à radiação UV são
fatores que determinam bastante cautela quanto à sua utilização como filtros solares;
entretanto, esses extratos podem ser utilizados de forma positiva em preparações protetoras
como coadjuvantes associados aos sintéticos, pois, independentemente de seus efeitos
filtrantes, tais produtos apresentam enormes vantagens eudérmicas.

Os filtros solares capazes de absorver as radiações UV (químicos) são certamente os


agentes filtrantes comumente utilizados na maioria das formulações protetoras.

A utilização de filtros físicos (bloqueadores) permite a obtenção de altos fatores de


proteção solar.

Os principais representantes dessa classe de produto, cujo mecanismo é o bloqueio


físico por reflexão (refletores de radiação), são: dióxido de titânio e óxido de zinco. Estes
filtros solares representam a forma mais segura e eficaz para proteger a pele, pois apresentam
baixo potencial de irritação, sendo inclusive, os filtros solares recomendados no preparo de
fotoprotetores para uso infantil e pessoas com peles sensíveis.
Óxido de zinco – Não é encontrado naturalmente, porém é obtido pelo refinamento do
minério de zinco. Partículas com tamanho aproximado de 0,1us (consideradas transparentes e
conhecidas como o microfino) apresentam excelente efetividade como absorvedora da
radiação ultravioleta, predominantemente na região UVB. O óxido de zinco não deve ser
utilizado sozinho em bloqueadores solares, pois ele não abrange satisfatoriamente a faixa
UVA e deve sempre ser associado ao dióxido de titânio.

Dióxido de titânio – É um pigmento branco com alto poder de cobertura e com alto índice de
reflexão sobre a luz incidente. O dióxido de titânio é encontrado na forma de um produto
ultrafino e micronizado (diâmetronanométrico) capaz de exercer alta proteção (superior a 20),
com vantagem de ser considerado transparente no que diz respeito à sua aplicação sobre a
pele, pois seu diminuto tamanho não permite a reflexão da luz visível. Óxido de zinco e
dióxido de titânio são materiais semicondutores. Os mecanismos de absorção e de desativação
envolvem transições entre bandas de valência e de condução do sólido.

Nos filtros inorgânicos, os processos de proteção envolvidos são diferentes daqueles


das moléculas orgânicas. Vale ressaltar que os filtros inorgânicos são constituídos de
partículas, de preferência com tamanhos da ordem da radiação que se quer espalhar. Por
tratar-se de partículas, os filtros inorgânicos com tamanhos adequados de partículas além de
absorção, apresentam espalhamento da luz UV.

Os óxidos usados como filtros solares quando incorporados às formulações ficam


suspensos, sendo o tamanho das partículas do óxido de suma importância não apenas na
eficácia do protetor solar como também na aparência cosmética do produto. Um ponto
negativo na utilização deste tipo de filtro solar é a tendência em deixar uma película branca
sobre a pele, que pode ser esteticamente desagradável.

Uma inovação recente na tecnologia de filtros inorgânicos criou versões micro-


particuladas destes óxidos. As partículas são reduzidas, durante o processo de obtenção, a
dimensões tais que não absorvam nem espalhem radiação visível, mas absorvam e espalhem a
radiação UV. Essas versões microparticuladas, também chamadas pigmentos microfinos,
representam um grande avanço, pois não deixam película perceptível sobre a pele. Nestas
versões o tamanho de partículas está na faixa de 70 a 200 nm.
O espalhamento máximo da luz ocorre na presença de partículas com diâmetro
aproximadamente igual ao comprimento de onda (l) da luz incidente. Para não ocorrer à
formação da película branca sobre a pele, o tamanho de partículas não pode ser da mesma
ordem de grandeza do comprimento de onda da faixa da radiação visível, assim as partículas
devem ser menores que 400 nm.

Podem ocorrer algumas interações não muito favoráveis associadas ao uso dos filtros
solares inorgânicos. Os pigmentos microfinos precisam estar adequadamente dispersos no
veículo, normalmente uma emulsão, para que se tenha eficácia. A má dispersão irá reduzir o
desempenho do produto. Pigmentos microfinos também precisam ser mantidos em suspensão,
de modo que não ocorra aglomeração das partículas, pois o desempenho final do produto
diminuirá se, com o passar do tempo, ocorrer coalescência e formação de agregados maiores.
Outro ponto importantíssimo que deve ser considerado na utilização de micro partículas diz
respeito ao pH. Caso o pH da emulsão utilizada como veículo se iguale ao pH do ponto
isoelétrico (PI), pH no qual a superfície do sólido passa a ter carga zero, as micro partículas
irão coalescer. O PI de um pigmento microfino varia, dependendo do tratamento dado à sua
superfície.

Vários são os métodos de obtenção de óxidos com controle de tamanho de partículas.


O ZnO, por ex., pode ser obtido pelos métodos Pechini, sol gel, precipitação homogênea entre
outros, com características peculiares dependentes do método e das condições envolvidas nas
etapas de cada um deles.

Especulação não comprovada, publicada em revista popular (Saúde é Vita%, 2005)


discute o possível comportamento de alguns filtros solares orgânicos como hormônio sexual
feminino. Essa hipótese partiu de um trabalho desenvolvido na Faculdade de Farmácia da
Universidade de São Paulo, que tabulou os resultados de vários testes realizados em institutos
de pesquisa no Japão, Estados Unidos e Suíça. A partir destes dados, é informado que os
filtros orgânicos podem penetrar na pele, entrar na circulação sangüínea e difundir-se pelo
corpo. Uma vez dentro do organismo agem como hormônio sexual feminino. Nas usuárias,
este falso hormônio pode alterar o ciclo menstrual e causar males, como endometriose e
crescimento anormal da parede uterina. Já nos homens pode causar uma diminuição na
quantidade de espermatozóides e atrofia dos testículos. Em ambos os casos, não se descarta a
hipótese de câncer. Nessa mesma reportagem um químico, da Associação Brasileira de
Cosmetologia, diz não concordar com essa hipótese uma vez que resultados de experiências
realizadas por todo o mundo apontam que os filtros orgânicos não oferecem perigo à saúde.
Vale ressaltar que a reportagem não é publicação científica e não cita nenhuma referência
científica sobre as afirmações que levaram a essas conclusões, portanto, trata-se apenas de
especulações. Em trabalho recente, Janjua e colaboradores estudaram, a partir de experiências
in vivo, a permeação dos filtros orgânicos 3-(4-metilbenzilideno), benzofenona 3 e
octilmetoxicinamato na pele e seus efeitos nos níveis dos hormônios reprodutivos em seres
humanos. Neste trabalho, concluiu-se que há uma penetração substancial destes filtros para o
interior do nosso organismo. Após aplicação destes filtros, os mesmos foram detectados tanto
na urina quanto no sangue dos voluntários. Porém, nenhuma alteração nos níveis do hormônio
sexual feminino foi observada dentro do tempo fixado para controle.

Uma nova tecnologia promete ser solução para contornar o problema da penetração
dos filtros orgânicos para o interior do organismo: a utilização de esferas de silicone contendo
os filtros solares. As estruturas de silicone devem dificultar a penetração das moléculas de
filtros solares na pele.

As respostas cutâneas provenientes da exposição à radiação solar podem ter efeitos


agudos e crônicos sobre o indivíduo. Os efeitos agudos são caracterizados por: eritema e ou
queimadura solar (eritema, sensação de calor, edema, febre, bolhas, descamação);
bronzeamento (melanização dos queronócitos); fotossensibilidade induzida por drogas:
algumas drogas sob ação da radiação UV podem causar fotoxicidade grave. São exemplos
clássicos: psoralenos, antibióticos, sulfanamidas,fenotiazidas,clorotiazidas,retinóides etc; e
agravamento de doenças: irradiação solar pode agravar o lupus eritematoso, a porfiria, o
vitiligo, o herpes viral simples etc. Já os efeitos crônicos se caracterizam por: envelhecimento
cutâneo prematuro- ocorre nas regiões expostas manifestadas sob lesões pigmentadas
(queratose actínica), secura, telangiectasias, queratose, discromias e perda da elasticidade da
pele (alterações do colágeno e elastina) e câncer de pele- o câncer de pele é o mais comum
dos problemas malignos da radiação solar. Dos vários tipos de cânceres de pele, somente o
carcinoma de células escamosas foi claramente relacionado à incidência de radiação solar
ultravioleta. Não se estabeleceu, no entanto, igual evidência sobre o efeito da radiação solar
sobre o carcinoma basocelular, porém, seu tipo e distribuição (cabeça, pescoço, e mãos)
apóiam o papel indutor da luz solar. O espectro de ação para a carcinogênese parece coincidir
com o eritema (290-320nm). A luz UV lesa e reduz o número de células de Langerhans
epidérmicas com conseqüente alteração no sistema imunológico, bem como determina a
formação de linfócitos T supressores que interferem com rejeição de cânceres cutâneos.

Radiação solar e Radical Livres: Fotoenvelhecimento

O foto envelhecimento se superpõe às alterações cutâneas da evolução cronológica e


às alterações condicionadas pela interpérie (sol, vento, frio, calor, poluição) observáveis nas
áreas tegumentárias expostas.

A teoria dos radicais livres é na atualidade a mais aceita para explicar o


envelhecimento. Essa teoria estabelece que as alterações degenerativas que ocorrem na idade
avançada se devem à formação de espécie tóxica conhecida como radicais livres. Cerca de 5%
do oxigênio respirado dá origem a radicais livres.

Os principais substratos dos radicais livres são os lipídeos das membranas celulares
constituídos por ácidos graxos insaturados.

Os radicais livres de oxigênio não só peroxidam os lipídeos da membrana celulares


como também alteram outros elementos. Afetam todas as macromoléculas (polissacarídeos,
proteínas, ácidos nucléicos) e ataca a substância fundamental extracelular, despolimerizando o
ácido hialurônico, degradando o colágeno e a elástina dérmicos. Os radicais livres podem
agredir o material genético modificando quimicamente os ácidos nucléicos (DNA), o que
conduz a dano cromossômico.

Para se proteger contra as agressões dos RL (Radicais Livres), o organismo conta com
mecanismos de defesa endógenos e exógenos. O primeiro é constituído por sistemas
enzimáticos: superóxido dismutase (SOD), catalases, e glutation peroxidases, os níveis
celulares destas enzimas estão regulados geneticamente e sua atividade condicionada, entre
outros fatores, pela disponibilidade de oligoelementos (cobre e zinco (SOD-citoplasmática),
maganês (SOD_mitocondrial),selênio(Glutation)). O segundo mecanismo protetor
compreende ao dos antioxidantes exógenos: vitamina E, Coenzima Q10, Carotenóides,
Glutation reduzido, vitamina C, Taurina.
A melanina exerce um importante efeito protetor devido a sua capacidade
oxirredutora e o seu efeito estabilizador de radicais livres.

O processo de envelhecimento cronológico e as alterações produzidas pelo dano


actínio distinguiram-se fundamentalmente pela radiação ultravioleta, denominado foto
envelhecimento. Ambos os processos se superpõem nas regiões cutâneas expostas. As
características clínicas, farmacológicas e bioquímicas dos processos são diferentes e não há
dúvida de que os RL estão envolvidos em ambos.

A necessidade de fotoproteção

O aumento da necessidade de agente foto protetor utilizados pela população em geral


se tornou mais evidente nos últimos anos. Em populações que dispensam maior tempo
recreacional de exposição à luz solar, há um crescimento da consciência dos efeitos nocivos
resultantes da exposição à radiação solar como: o aumento da incidência da carcinogênese da
pele, aceleração do envelhecimento cutâneo, e outras alterações incluindo anomalias de
pigmentação, lesões pré-cancerosas tal como queratose actínia assim como câncer de pele tipo
melanoma e não melanoma.

Atualmente tem se evidenciado um aumento da depleção da camada de ozônio na


estratosfera. Esta situação pode resultar no futuro em um aumento da radiação ultravioleta na
atmosfera terrestre. Além dos riscos com aumento da radiação ultravioleta devido à depleção
do ozônio, outra situação com importância potencial, relacionada com o aumento do risco de
câncer de pele e aceleração do envelhecimento cutâneo é a incidência de radiação
infravermelha na pele.

Uma efetiva campanha de educação pública tem sido realizada no mundo inteiro para
informar os perigos da exposição solar particularmente o aumento do risco de câncer de pele
resultante de reações severas a queimaduras solares

Os riscos de queimaduras solares severas na infância resultam no aumento da


incidência de melanoma maligno, aumentando a importância de proteção solar efetiva desde a
infância.
A melhor maneira de se prevenir dos efeitos nocivos da exposição solar é de se manter
afastado do sol. Deve-se evitar o sol entre 10horas e16h. Os olhos devem ser protegidos
utilizando óculos de sol com 100% de proteção contra UVA e UVB. Camisas de mangas
compridas, chapéu e calças largas ajudam a proteger a pele.

Fator de Proteção Intrínseca e extrínseca contra radiação UVB e UVA

Numerosos fatores nos protegem contra a radiação ultravioleta (UV), incluindo


componentes endógenos da pele, barreiras físicas exógenas e agentes farmacêuticos.

Fototipos Cutâneos

Tipos de pele e sua reação o sol

Cor da pele (áreas não Tipo de Queimadura


Bronzeado
expostas) pele solar
Branca I Sim Não
Branca II Sim Mínimo
Branca III Sim Sim
Branca IV Não Sim
Parda V Não Sim
Negra VI Não sim

Tabela baseada na resposta verbal referente à primeira exposição ao sol sem proteção
por um período de 45 a 60 minutos, segundo Fitzpatrick.

A primeira defesa na superfície da pele é a presença do ácido urocânico que é um


derivado da histidina por descarboxilação. É um constituinte natural da pele e promove uma
defesa contra a radiação UV (absorção em 290-320nm).

O segundo mecanismo de defesa da pele é formação de melanina, que ocorre em


vários estágios. É geralmente aceito que a ação protetora da melanina é relacionada com sua
capacidade de absorver radiações incidentes (pelas várias duplas ligações conjugadas que
possui). Seu pico de absorção está a 335nm, protegendo efetivamente contra a UVA.

A melanina constitui-se no principal mecanismo de defesa contra a radiação solar e pode


ser de três tipos: Eumelanina (escura); Facomelanina (vermelha) e Tricocromos (amarela).

Todas as melaninas são produzidas a partir da tirosina nos melanócitos - células


encontradas junto aos queratinócitos na camada basal da epiderme e que mantém com estes
uma estreita relação para a transferência de melanina. O conjunto de um melanócito e seus
queratócitos associados constitui a unidade melânica epidérmica e está normalmente
integrado para um melanócito e 36 queratinócitos.

A atividade da unidade melânica epidérmica é regulada por fatores genéticos, pela


radiação ultravioleta e pelos hormônios (ACTH, MSH, LTH). As melaninas escuras oferecem
uma proteção natural de fator aproximadamente igual a 3. Após duas a três semanas de
exposição, o aumento de síntese de melanina adicionado ao espessamento da epiderme
permite a obtenção de um fator equivalente a 12. No caso das Faemelaninas, isto não
acontece.

A Eumelanina é uma micela de uma macromolécula constituída predominantemente


pela unidade 5,6-dioxindólica que se origina da ciclização oxidativa da tirosina.

A Faeomelanina é estruturalmente diversa da Eumelanina quanto ao formato da


unidade benzotiazínica e benzotiazólica ligadas entre si a formar um polímero complexo e
irregular.

O Tricocromo é uma variedade da faeomelanina de baixo peso molecular que contém


um cromóforo com estrutura 1,4-benzotiazínica.

A quantidade de melanina cutânea varia de virtualmente zero em pele de albinos até


um pouco menos de 1g no organismo de um adulto negro. O número de melanócitos é
essencialmente o mesmo na pele do indivíduo negro e na de um indivíduo branco, havendo
variação na quantidade de melanina sintetizada e no tamanho dos melanossomas entre as
diferentes raças.

Dose eritematosa mínima (DEM)


O componente clínico mais evidente da queimadura solar é o eritema, que implica em
alterações da síntese de DNA, RNA, das membranas celulares, as proteínas e a produção de
citoquinas e mediadores da inflamação. Ocorre de 2 a 6 horas da exposição e alcança seu
ápice a 15-24horas da mesma.

Fotossensibilidade

A reação anormal da pele humana à radiação solar se denomina fotossensibilidade.


Esse fenômeno inclui os fenômenos fototóxicos e fotoalérgicos.

As reações fototóxicas aparecem em qualquer pessoa, com uma concentração


suficiente de um agente fotossensibilizante, que se expõe a longitudes de ondas agressivas,
geralmente UVA. Podem ser ocasionadas por contatos com plantas, pela presença de
furocumarinas, como a lima, bergamota, limão, aipo e figos. Os fármacos fototóxicos mais
conhecidos são as sulfas, as tetraciclinas, as fenotiazinas, os agentes antiflamatórios não-
esferoidais tais como o piroxicam, a amiodarona, o àcido nalidíxico, os diuréticos tiazídicos, a
griseofulvina, o coaltar, os retinóides e os psoralenos. Há produção de eritemas, bolhas e
pigmentação.

As reações fotoalérgicas são caracterizadas pelo aparecimento de lesões pruriginosas e


envolvem o sistema imunitário; é o caso das urticárias solares.

Quando a exposição exagerada e prolongada ao sol induz uma depressão do sistema


imunitário, reduz as porções de células CD4, das células de Langerhans, e incrementa o
número das CD8 (supressoras).

Formulações de Protetores Solares

O Fator de Proteção Solar (FPS) mede a proteção contra os raios UV. Quanto maior o
valor do FPS, maior será o nível de proteção. Para escolher o FPS compatível a um
determinado tipo de pele, não se deve levar em consideração as partes do corpo mais expostas
ao sol, como braços ou rosto, pois tais regiões estão em contato direto e constante com o sol e,
portanto, respondem de forma diferente aos seus efeitos. Todo filtro solar tem um número que
determina o seu FPS, que pode variar de 2 a 60. A pele quando exposta ao sol sem proteção
leva um determinado tempo para ficar vermelha. Quando se usa um filtro solar com FPS 15,
por exemplo, a mesma pele leva 15 vezes mais tempo para ficar vermelha.

Para disponibilizar um filtro solar ao consumidor é necessário que o mesmo esteja


incorporado a um veículo. A esta associação filtro solar/veículo denomina-se protetor solar ou
fotoprotetor. Algumas características são exigidas para que os protetores solares sejam
comercializados. Além de química, fotoquímica e termicamente inertes os protetores devem
apresentar características como ser atóxico; não ser sensibilizante, irritante ou mutagênico;
não ser volátil; possuir características solúveis apropriadas; não ser absorvido pela pele; não
alterar sua cor; não manchar a pele e vestimentas; ser incolor; ser compatível com a
formulação e material de acondicionamento e, ser estável no produto final.

Para preparar um protetor solar é necessária a presença de dois componentes básicos:


os ingredientes ativos (filtros orgânicos e/ou inorgânicos) e os veículos. Diversos são os
veículos possíveis a serem utilizados no preparo de protetores solares, envolvendo desde
simples soluções até estruturas mais complexas como emulsões. Os principais veículos
empregados em preparações fotoprotetoras podem ser:

Loções hidro-alcoólicas

Compostas principalmente de água e álcool, são fáceis de espalhar na pele e evaporam


rapidamente. Seu emprego tem sido questionado em razão dos baixos níveis de proteção
obtidos. Além disso, o efeito deletério do álcool etílico sobre a pele tem sido questionado.

Cremes e loções emulsionados

As emulsões constituem de longe o melhor veículo para os filtros solares. Sendo


constituídas de componentes tanto apolares (lipossolúveis) quanto polares (hidrossolúveis).
Podem carregar em sua estrutura tanto filtros hidrossolúveis quanto lipossolúveis, fato
bastante saudável do ponto de vista da proteção. Tais sistemas podem ser O/A (óleo em água)
ou A/O (água em óleo), características que também podem conduzir a preparações mais ou
menos protetoras. As emulsões A/O são as mais adequadas para a proteção da pele, porém
apresentam elevado caráter graxo ou gorduroso, com conseqüente desconforto para o usuário.
Em razão ao exposto, as emulsões O/A constituem os sistemas mais empregados e garantem
adequada proteção com um sensorial mais confortável ao usuário.

Géis

São os veículos obtidos através de um espessante hidrofílico. Independentemente da


origem do espessante, sejam eles naturais (gomas, alginatos) ou sintéticos (polímeros e
copolímeros de acrilamida), os géis resultantes geralmente não oferecem os mesmos níveis de
proteção que as emulsões. Além disso, para manter a transparência característica deste grupo
de preparações exige a necessidade dos filtros solares serem hidrossolúveis. Como somente se
conseguem altos níveis de proteção através da mistura de filtros e sendo estes, em sua grande
maioria, lipossolúveis, a obtenção de géis transparentes é uma tarefa técnica extremamente
delicada e pode envolver a inclusão de solventes nem sempre desejados, como é o caso do
álcool etílico. Na preparação de géis fotoprotetores também se deve evitar a presença de
filtros inorgânicos. Mesmo sendo microparticulado, os filtros inorgânicos oferecem ao gel, na
melhor das hipóteses, aspecto opaco e, na maioria das vezes, resultam em aglomerados
visíveis aos olhos do consumidor. O problema destas preparações não se resume apenas ao
aspecto estético, mas, fundamentalmente, aos baixos níveis de proteção oferecidos. A
presença de aglomerados no protetor levará à formação de uma película não homogênea em
toda a extensão da pele, fato este que comprometerá sensivelmente o nível da proteção. 

Fator de Proteção Solar

Para estabelecer o nível de proteção oferecido pelos fotoprotetores, criou-se o termo


fator de proteção solar (FPS), cujo índice é o resultado da divisão do tempo da dose
eritematosa mínima (DEM) da pele protegida com o filtro solar, pelo tempo da DEM da pele
não protegida.
O FPS é uma indicação de quanto tempo um indivíduo protegido com um fotoprotetor
pode permanecer exposto ao sol sem que apresente queimadura, comparado ao tempo que
poderia permanecer exposto caso não estivesse protegido. Considerando, por ex., as mesmas
localizações geográficas, estação do ano, condições climáticas e período do dia, uma pessoa
de pele clara que pode ficar 20min exposta ao sol sem protetor solar, poderá ficar 300min
exposta ao sol com um protetor de FPS = 15, pois 20 x 15 = 300. Quanto maior o FPS maior
será a proteção, ou seja, maior será o tempo que a pele ficará protegida frente à radiação
UVB. Ressalta-se que o FPS é definido em função da radiação UVB causadora de eritemas.
O FPS refere-se à proteção contra radiações UVB (eritematosas), sendo que a
aplicação de um único filtro UVB condiciona a obtenção de FPS considerados baixo (FP
máximo =10), sendo caracterizados de “bronzeadores”. A necessidade de aumentar o FPS
determinou a associação de filtros UVB ou a introdução de filtros UVA ou mesmo a presença
dos bloqueadores solares, resultando assim nos chamados “Protetores Solares”.

O valor do FPS é calculado através da Equação 2,

Onde DME = dose mínima eritematosa, ou seja, dose mínima necessária para ocorrer o
eritema.

Para a medida do FPS deve ser dada atenção especial à necessidade da aplicação
correta do produto sobre a pele. Segundo Diffey, o padrão quantitativo de protetor solar por
unidade de pele necessária para medir o FPS em humanos é 2 mg/cm 2. Assim, a cada
aplicação deverá ser usada a quantidade de 30 a 40 g do produto por um indivíduo adulto, de
tamanho e peso normais. Estudos mostraram também que se aplicam normalmente dois terços
do protetor com filtro inorgânico quando comparado aos protetores com filtros orgânicos,
devido ao fato de os protetores solares à base de filtros inorgânicos serem mais difíceis de
espalhar na pele. Considerações deste tipo, reforçadas por alguns estudos realizados com o
consumidor, indicam que o FPS obtido sem seguir o procedimento quantitativo citado acima
resulta em valores que podem chegar a um terço do valor proposto.

Os testes indicativos do grau de proteção relacionados com a concentração de filtro, ou


determinação do FPS são realizados “in vivo”, sendo três os países (EUA, Alemanha e
Austrália) que dispõem de normas técnicas padronizadas para sua realização, gerando
polêmicas quanto à aplicabilidade do FPS, uma vez que muitos países acabam importando
esses resultados, que diferem entre si.
O FPS refere-se à proteção contra radiações UVB (eritematosas), sendo que a
aplicação de um único filtro UVB condiciona a obtenção de FPS considerados baixo (FP
máximo =10), sendo caracterizados de “bronzeadores”. A necessidade de aumentar o FPS
determinou a associação de filtros UVB ou a introdução de filtros UVA ou mesmo a presença
dos bloqueadores solares, resultando assim nos chamados “Protetores Solares”.

Segundo Mansur e colaboradores correlacionaram à determinação do FPS em seres


vivos e por espectrofotometria. Para obter os dados por espectrofotometria, os protetores
solares foram dissolvidos em álcool na concentração de 0,2 µL/mL, e os espectros de
absorção medidos. Para a obtenção do FPS foi utilizada a Equação 3,

Onde FC = fator de correção (=10) determinada de acordo com dois protetores solares de FPS
conhecidos, de tal forma que um creme contendo 8% de homossalato desses quatro de FPS;
EE(l) = efeito eritemogênico da radiação de comprimento de onda l; I(l) = intensidade do sol
no comprimento de onda l e Abs(l) = absorbância da solução no comprimento de onda l.

Os resultados in vivo e in vitro (espectrofotometria) apresentaram boa correlação para


os protetores com filtros orgânicos. Segundo os autores, não há maneira mais precisa de se
avaliar um protetor solar que testes em voluntários humanos, sob luz natural do sol. Porém, o
método in vitro por espectrofotometria tem grande aplicação na previsão do FPS antes de se
realizarem testes em seres humanos, reduzindo assim os riscos de queimaduras nos
voluntários submetidos aos testes in vivo.

Fatores que interferem no FPS:

 Fatores humanos: tipo de pele, conteúdo de melanina, quantidade de pêlo etc;


 Fatores ambientais: temperatura, umidade, intensidade da radiação, ângulo da
radiação incidente, presença de produtos refletores da radiação etc;
 Excipiente do filtro solar: emulsão A/O, emulsão O/A, óleo, gel oleoso, gel aquoso,
solução hidroalcoólica, aerosol etc;
 Tipo e concentração do agente filtrante: exercem um efeito direto sobre o grau de
proteção a ser obtido; de modo geral, para obtenção de altos FPS é necessário associar
diferentes filtros;
 Espessura do filme aplicado: aplicação correta do produto pode contribuir de
maneira notória na proteção pretendida;
 Hidrorresistência do filme aplicado: natação e sudorese podem resultar em perda
significativa do produto aplicado.

Mecanismo de ação dos filtros solares químicos

Os filtros solares são compostos químicos aromáticos (anel aromático) conjugados à


um grupo carbonílico (carbonila). Esses compostos químicos absorvem a radiação UV de
comprimento de onda curta (250 a 340 mm) e convertem em radiação de comprimento de
onda maior, ou seja, de menor energia (↑ 380 mm).

Filtros solares permitidos

Famílias de Fotoprotetores Químicos (Classificação)

 Benzofenonas → Oxibenzona, Dioxibenzona


 PABA e ésteres do PABA → ácido paraminobenzóico (PABA), Etil dihidroxi propil
PABA, Octil dimetil PABA, gliceril PABA
 *Cinamatos→ Cinoxato, Octocrileno, Metoxicinamato de octila, Metoxicinamato de
isoamila
 Salicilatos → Etilhexil salicilato, Homosalato, Salicilato de octila, Dibenzoil metano,
Avobenzona (Parsol 1789), Isopropil dibenzoil metano (Eusolex 8.020)
 Derivados da Cânfora → Metil benzilideno cânfora (Eusolex 6.300)
 Antralinatos → Antralinato de mentila, Antralinato de n-acetil homomentila
 Miscelânia → Ácido 2 fenil benzimidazol-5-sulfônico (Eusolex 232)

Famílias de Fotoprotetores físicos (Classificação)


 Protetores físicos → Dióxido de titânio, Óxido de zinco, Petrolato vermelho, Mica

Protetor solar x Bloqueador solar

Protetor solar são creme, loção, gel ou óleo com FPS estimado. É um fotoprotetor
químico que atua na pele oferecendo proteção frente ao sol através da absorção dos raios UV.
Devido à necessidade de um determinado tempo para que ocorra a reação do filtro solar com a
pele, ele deve ser aplicado pelo menos 20 minutos antes da exposição solar. É de fácil
aplicação e invisível na pele.
Bloqueador solar é um fotoprotetor físico e geralmente é uma emulsão ou pasta opaca
contendo óxido de zinco e dióxido de titânio. O bloqueador reflete a luz solar protegendo a
pele de toda radiação ultravioleta (UVA e UVB) e, portanto, não é classificado quanto ao
FPS. Entretanto, alguns fotoprotetores com FPS acima de 15 são algumas vezes referidos
como bloqueadores, apesar de deixar passar alguma radiação UV.
As formulações podem ser classificadas em fórmulas de: média proteção, alta proteção
e máxima proteção. Essas formulações absorvem os raios UVA e UVB com intensidades
diferentes assim como veículos diferentes.
Sobre os filtros solares, as Emulsões são caracterizadas como sendo o melhor veículo,
tendo bom desempenho e compatibilidade com fotoprotetores, permitindo a formulação de
maiores FPS, além de ser um filme protetor denso e uniforme. O Óleo possui um excelente
espalhamento, porém, filme protetor muito fino, veículo pobre com relação à otimização do
FPS, de maior custo e uso restrito. Quanto ao Gel, tem baixo FPS mesmo com alta
concentração de filtros, desempenho pobre como veículo de fotoprotetores, filme de
fotoprotetor descontínuo e poroso, além de ter limitada a efetividade das resinas prova d’água
para este excipiente. Já o Aerossol possui alto custo, risco de acidente nos olhos, o álcool
pode ressecar a pele, a forma do filme fotoprotetor é descontínuo e o uso é guiado pelo
marketing.
Para escolher um bom filtro solar é preciso observar alguns critérios, sendo eles:
consultar lista positiva de filtros solares; selecionar filtro solar de maior absorção na faixa
mais eritemática do UVB e procurar mesclar diferentes filtros solares para maximizar os
valores de FPS e minimizar os riscos de irritação, inclusive misturando filtros químicos e
físicos.
Existem hoje no mercado algumas tendências atuais na formulação de fotoprotetores.
Dentre essas tendências podem-se citar os produtos à prova d’água, os produtos isentos de
PABA devido à baixa absorbância do comprimento de onda, além do fato de manchar a
roupa; produtos isentos de filtros químicos, sendo substituídos por filtros solares ultrafinos
como o Dióxido de Titânio e o Óxido de Zinco considerado produtos de baixa irritabilidade
comparados aos químicos; produtos com FPS acima de 30; produtos com baixo teor de óleos;
produtos com conceito 2x1 cuja função é proteger e hidratar, proteger e acelerar o
bronzeamento, proteger contra mosquitos etc.; produtos de amplo espectro (UVA, UVB, IR) e
produtos de uso diário com proteção contra UV o ano inteiro, sendo que a proteção é
conseguida pela incorporação de filtros solares UVA e UVB e suplementada por diversas
matérias primas que demonstram atividade anti-radicais livres.
Para melhorar a permanência do veículo em contato com a pele é preciso agregar na
formulação do FPS alguns doadores de resistência à água. Os doadores mais usados são os
silicones. Os silicones fornecem diversos efeitos aos produtos cosméticos como anti -
espumante doador de brilho, antipegajosidade, lubrificante, protetor da pele. Quanto maior o
peso molecular dos silicones, menor sua solubilidade em água. Quanto à viscosidade, está
relacionada ao grau de polimerização.
Alguns exemplos de silicones e suas propriedades podem ser utilizados na fabricação
de FPS são: Fluídos de silicone, que tem a função de dar maciez, espalhamento, redução da
oleosidade e pegajosidade; Silicones poliéteres, usado como emulsificantes; Mistura contendo
gomas de silicone, responsável para dar suavidade, espalhamento e substantividade; Aquil
metil siloxanos, silicones híbridos com hidrocarbonetos que dá resistência à lavagem além de
aumentar o FPS; Emulsões de silicone, sensação de deslizamento, película de proteção,
substantividade e longa duração; Elastômeros de silicone aumentam o FPS e possuem ação
espessante.
Os Polímeros de PVP e os Polímeros emulsionantes, assim como o Copolímero
cruzado de ácido/dietilenoglicol/glicerina também conferem à preparação uma maior
resistência à água, além de formar um filme insolúvel em água e proporcionar um efeito
espessante na formulação e com baixo potencial de irritabilidade.
Outros ingredientes ativos comuns em formulações fotoprotetores são comumente
utilizados. Dentre os mais importantes pode-se relacionar: Sais de ácidos carboxílicos, têm a
propriedade de reter a umidade junto à pele prevenindo o seu ressecamento; Aminoácidos e
derivados que exercem a função de proteção; Uréia que é utilizada como hidratante em
concentrações de até 10%; Lactato de amônia é usado como hidratante cutâneo; Phytantriol,
umectante, aumenta a deposição de certos nutrientes na pele; Ceramidas III A e III B,
indicada para peles manchadas, ressecadas e envelhecidas, é empregadas em emulsões O/A;
Extratos vegetais aproveitados por suas propriedades filtrantes da radiação; Antioxidantes
(Vitamina E, Vitamina C, Betacaroteno, SOD- Superóxido dismutase) ajudam a neutralizar os
radicais livres formados a partir da ativação fotoquímica da radiação UV na pele; Helioxine,
extraído da semente de girassol, promove uma resposta efetiva e protetora ao
fotoenvelhecimento. É usado em combinação com filtros solares; Photosomes extrato
enzimático lipossomado que veicula o ativo uniformemente pela pele. É fotoativo revertendo
danos às células do DNA e reduz efeitos da exposição solar, assim como ação hidratante;
Alfabisabolol, obtido da camomila, é usado para pessoas com pele sensível; Melanina protege
as células contra metabólitos tóxicos, sendo a eumelanina um varredor de radicais livres
protegendo a pele dos efeitos da radiação ultravioleta; D-Pantenol é uma pró-vitamina que,
quando aplicada na pele, penetra e se transforma em ácido pantotênico (vitamina B5). Sua
presença é essencial para o funcionamento do tecido epitelial. Possui propriedade de proteção
contra eritema e de aceleração do processo de cicatrização, sendo bastante usado em produtos
bronzeadores ou pós- sol.; Repelentes de insetos é usado na associação de um protetor solar
para proteger os banhistas de regiões tropicais, normalmente infestadas por insetos; Nitreto de
Boro função de melhorar o sensorial das formulações fotoprotetoras. Proporciona sensação de
maciez, sedosidade e lubricidade.
A determinação de FPS deve ser realizada no produto acabado, ou seja, no produto
resultante da associação dos filtros solares e o excipiente ou veículo. Uma mudança na
composição do veículo ou excipiente pode inferir de maneira significativa no FPS final do
produto, bem como a desempenho do fotoprotetor pode variar com a forma farmacêutica
escolhida. Portanto, tentar estabelecer um paralelo entre a concentração de filtro solar em uma
formulação e o FPS obtido é uma atitude sujeita a erros grosseiros.

Conclusão
De acordo com a pesquisa desenvolvida sobre o tema protetores solares, o grupo
percebeu a importância de seu uso para prevenção do envelhecimento precoce e,
principalmente, do câncer de pele sendo que as neoplasias de maior incidência estão
relacionadas com a falta de proteção e o excesso de exposição aos raios solares.
Os jovens, em particular, constituem um grupo vulnerável à exposição solar
inadequada. Em um panorama geral, as medidas de foto proteção são praticadas, porém, de
maneira irregular e nem sempre durante exposições intencionais ao sol. A exposição solar em
horários seguros e com métodos de proteção devem ser estimulada.
A radiação UV danifica o DNA e o material genético, oxida os lipídeos, produz
radicais livres, causa inflamação, rompe a comunicação celular e modifica as expressões dos
genes em resposta ao estress, enfraquecendo a resposta imune da pele. Além disso, os raios
UV são causadores de queimaduras, de envelhecimento precoce e câncer de pele.
O uso do protetor solar tem o objetivo de reduzir a quantidade de radiação UV a ser
absorvido pela pele servindo como uma barreira protetora. O ideal é fazer uso de uma
combinação de filtros UVA UVB permitindo uma proteção de amplo espectro a pele.

Bibliografias
 Ferreira, Anderson de Oliveira – Guia Prático de Farmácia Magistral vol.2. 3ª edição. São
Paulo: Ed. Pharmabooks, 2008.
 http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/protetorSolar.asp
 http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/protetorSolar2.asp
 http://saude.terra.com.br/interna/0,,OI4134760-
EI1497,00este+reprova+de+protetores+solares+FPS.html
 http://www.dermatologia.net/novo/base/fps.shtml
 http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?204
 http://www.vocesabia.net/curiosidades/como-funciona-o-filtro-solar/

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