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EDIÇÃO:
Câmara Municipal do Cartaxo
PROJECTO GRÁFICO:
GIC - Gabinete de Imagem e Comunicação da C.M.C.
IMPRESSÃO:
Palma - Artes Gráficas, Lda.
TIRAGEM:
2000 exemplares
Setembro 2007
introdução
Com a divulgação deste documento é objectivo da Comissão de Protecção de Crianças
e Jovens do Cartaxo, Modalidade Alargada, como é da sua função, proporcionar
às várias Entidades com Competência em Matéria de Infância e Juventude do
Concelho (ECMIJ) – Escolas, Creches, ATL, Serviços de Saúde, Serviços de Segurança
Social, Forças de Segurança, IPSS, Associações Culturais e Recreativas, entre outras
- um guião de procedimentos facilitador de uma comunicação e actuação articuladas
entre os diversos intervenientes na Promoção e Protecção dos Direitos das Crianças.
(ver ANEXOS Direitos da Criança)
Estas Entidades constituem o Primeiro Patamar de Intervenção, cabendo-lhes, dessa
forma, um papel fundamental na defesa do superior interesse das crianças, de acordo
com o actual Sistema de Protecção de Crianças e Jovens que vem apelar para uma
responsabilidade partilhada por toda a sociedade.
1. O SISTEMA DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS
E JOVENS
em virtude de ser uma rede de apoio mais informal, com uma menor
estigmatização para a criança e família, tendo no entanto de ser
efectuada igualmente de modo consensual com os pais e de acordo
com os princípios da mesma Lei.
Numa segunda instância intervêm as Comissões de Protecção
de Crianças e Jovens “Instituições oficiais não judiciárias com
autonomia funcional que visam promover os direitos da criança e do
jovem e prevenir ou pôr termo a situações susceptíveis de afectar a
sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento
integral” (artigo 12º), quando não é possível às Entidades de primeira
linha actuar de forma adequada e suficiente a remover o perigo em
que se encontram as crianças e jovens. Esta intervenção depende
do consentimento expresso dos seus pais, representante legal ou da
pessoa que tenha a guarda de facto e da não oposição da criança com
idade igual ou superior a 12 anos.
que estão mais próximas das crianças e jovens e da comunidade
em geral, segundo o art. 7º da Lei de Protecção.
formação, educação ou desenvolvimento, sem que os pais, o
representante legal ou quem tenha guarda de facto, se lhes
oponham de modo adequado a remover essa situação;
Este apoio deve seguir os Princípios Orientadores da Intervenção,
segundo o art. 4º da mesma Lei, destacando:
Desta forma entende-se que por exemplo as Escolas, Creches, Centros
de Saúde, Hospitais, Centros de Actividades de Tempos Livres entre
outras Entidades podem, apenas em situação de perigo actual ou
iminente para a vida ou integridade física da criança e cumulativamente
se os pais não derem consentimento para qualquer intervenção,
aplicar o art. 91º da Lei, ou seja tomar medidas adequadas para a
protecção adequada da criança, ou seja por exemplo, reter a criança
nas suas instalações até que as autoridades policiais ou o Ministério
Público intervenha na sua protecção, colocando-as por exemplo
em Centro de Acolhimento Temporário ou em qualquer local que
considerem adequado.
saúde, pauta-se pela intervenção directa nas situações em que a
criança ou jovem se encontra em perigo. Compete a esta Comissão,
entre outras funções:
• atender e informar as pessoas a que a ela se dirigem;
• apreciar as situações de que tenha conhecimento;
• proceder à instrução dos processos de promoção e protecção;
• solicitar parecer e colaboração de técnicos ou de outras pessoas
e entidades públicas e privadas;
• decidir a aplicação, acompanhamento e revisão de medidas de
promoção e protecção. (art. 21º)
a) Sinalização
De acordo com o artigo 66º da Lei de Protecção, “qualquer pessoa que
tenha conhecimento das situações previstas no artigo 3º (situações de
perigo) pode comunicá-las às ECMIJ, às entidades policiais, às CPCJ
ou às autoridades judiciárias.
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• Identificação da criança ou jovem;
• Identificação do agregado familiar e residência;
• Identificação da estrutura educativa que frequenta;
• Descrição da suspeita de perigo que origina a sinalização
detalhadamente, com evidências (local e data da ocorrência,
testemunhas, descrição de alguma lesão observada,
identificação do alegado agressor, etc.)
• Intervenções já realizadas e os resultados obtidos, de forma a
evitar-se a repetição das intervenções efectuadas.
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c) Fase diagnóstica
A fase diagnóstica é constituída pelas diligências e exames pertinentes
e necessários ao conhecimento da situação fáctica à fundamentação
das decisões e aplicação de medidas.
A avaliação da situação é facultada pelas informações obtidas nas
entrevistas e contactos efectuadas com a criança ou jovem, pais ou
responsáveis, outros familiares, educadores e professores, médico
de família e enfermeiros, equipas de projectos e serviços no âmbito
social entre outros.
d) Fase decisória
Após o diagnóstico, a Comissão Restrita pode deliberar em dois
sentidos: no sentido do arquivamento do processo, quando a situação
de perigo não se confirma ou já não subsiste ou no sentido da aplicação
de alguma medida de promoção e protecção.
ou em regime de colocação:
• acolhimento familiar;
• acolhimento em instituição (artigo 35º);
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Na intervenção junto de crianças e jovens em risco ou em perigo são
privilegiadas as medidas que não os retirem do seu ambiente familiar.
No entanto há situações que obrigam a um afastamento temporário da
criança ou jovem da família, por forma a criar as condições necessárias
para a sua futura reintegração e bem-estar.
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capacidades para intervir na área das crianças e jovens em perigo
e técnicos cooptados pela Comissão, com formação na área social,
saúde ou psicologia com especial interesse pelos problemas da
infância e juventude.
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Anexos
DIREITOS DA CRIANÇA
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• o direito de as decisões relativas à criança serem tomadas
tendo primacialmente em conta o seu superior interesse,
imediato e mediato;
• o direito de ser criança no tempo de ser criança, o que
implica o acompanhamento afectivo e estruturante, o lúdico, a
aprendizagem, o direito à experimentação e à descoberta que
ajude a crescer;
• o direito à educação para a tolerância e a paz: “o direito de se
preparar, pela educação, para assumir as responsabilidades
da vida numa sociedade livre, num espírito de compreensão,
paz, tolerância, igualdade entre os sexos e de amizade entre
todos os povos, grupos étnicos, nacionais e religiosos e com
pessoas de origem indígena”
(Art.21º, nº1 d) Convenção dos Direitos da Criança
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Tipologia das Situações de Perigo para a Criança/Jovem
2. Negligência Necessidades médicas não atendidas (falta Necessidade que alguns dos indicadores
Não proporcionar a satisfação dos cuidados a consultas, vacinas, feridas e doenças não se verifiquem de forma reiterada; pode ser
básicos e necessidades da criança/jovem nas tratadas); pediculose e sujidade; repetidos com intenção ou consciência ou resultante
áreas da higiene, alimentação, segurança, acidentes domésticos por negligência, da incapacidade/desconhecimento dos pais
educação, saúde, afecto, estimulação. sem supervisão de adultos; fome, roubo quanto aos cuidados básicos e necessidades
de alimentos, tendência a enfartar-se com da criança/jovem.
comida e falta de protecção do frio, ausência
nas reuniões de pais.
5. Maus-Tratos Psicológicos/Abuso Emocional Auto-mutilação: arranhar-se, beliscar- Requer que algum(s) do(s) indicadores
Incapacidade de dar à criança/jovem se, balancear; problemas no controle de ocorram de forma reiterada. Presente em
um ambiente de tranquilidade, bem- esfíncteres; dores sem causa orgânica todas as outras tipologias de maus-tratos.
estar e segurança emocional e afectiva, aparente; baixa auto- estima; choro/
indispensável a um saudável crescimento e riso incontrolado; défice na capacidade
desenvolvimento emocional. Manifestações: para brincar; falta de curiosidade e de
Insultos verbais; ausência de afecto; comportamento exploratório; ansiedade
ridicularização, desvalorização, hostilização, extrema; passividade a comportamentos
ameaças; indiferença; discriminação; violentos; excessiva ansiedade ou dificuldade
rejeição; culpabilização; críticas humilhação; nas relações afectivas interpessoais.
envolvimento em situações de violência
doméstica.
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Maus-tratos Indicadores/sinais Nota
6. Abuso sexual Podem verificar-se dificuldades para andar Requer unicamente um episódio de utilização
Envolvimento da criança/jovem em práticas ou sentar-se, dor na região vaginal ou anal, sexual da criança/jovem.
que tem como objectivo a gratificação e a manchas de sangue na zona genital que não São práticas que a criança/jovem, dado o
satisfação sexual de um adulto ou jovem corresponde ao seu nível de desenvolvimento; seu estádio de desenvolvimento: não tem
mais velho. tristeza acentuada, dificuldade em lidar com capacidade para compreender que é vítima,
Manifestações: o próprio corpo (por exemplo em actividades não está preparada e é incapaz de dar o seu
Obrigação do menor presenciar conversas desportivas); isolamento/medo da relação consciente consentimento.
obscenas, espectáculos e actos de carácter com os pares ou com os adultos; expressão
exibicionista,; utilização da criança/jovem em de conhecimentos ou vivências sobre
fotografias, filmes; beijos na boca; carícias nos sexualidade/ actos sexuais desadequados
órgãos genitais e nas mamas; manipulação para a idade; comportamentos auto ou
dos órgãos genitais do abusador; contacto hetero destrutivos (mutilações, ideias
entre os órgãos genitais de ambos; realização suicidas, episódios de grande agressividade/
de coito com penetração oral, anal e/ou violência); condutas aparentemente bizarras
vaginal. em jovens: dormir vestidos com roupas
que usam de dia, urinar propositadamente
na cama – evitar o toque do abusador –,
destruir/ocultar sinais de feminilidade.
7. Prostituição Infantil Oferta, obtenção, procura ou entrega de uma Requer unicamente um episódio de utilização
Designa a utilização de uma criança em criança para fins de prostituição infantil. sexual da criança/jovem.
actividades sexuais contra remuneração ou
qualquer outra retribuição.
Maus-tratos Indicadores/sinais Nota
8. Pornografia Infantil A oferta, distribuição, difusão, importação, Requer unicamente um episódio de utilização
Designa qualquer representação, por qualquer exportação, venda ou posse para fins de sexual da criança/jovem.
meio, de uma criança no desempenho pornografia infantil, segundo a definição
de actividades sexuais explícitas reais ou apresentada.
simuladas ou qualquer representação dos
órgãos sexuais de uma criança para fins
predominantemente sexuais.
9. Exploração do Trabalho Infantil Participação da criança em actividades Pelo menos por um período de tempo
Para obter benefícios económicos, a criança/ laborais de forma continuada ou por períodos concreto, a criança não pode participar nas
jovem é obrigada à realização de trabalhos de tempo, impedindo a criança de participar actividades da sua idade por se encontrar a
(sejam estes domésticos ou não) capazes de nas actividades sociais e académicas trabalhar.
comprometer a sua educação, prejudicar a próprias da sua idade.
sua saúde ou o seu desenvolvimento físico,
mental ou social.
10. Exercício Abusivo da Autoridade Paternal Privar a criança/jovem das actividades sociais Requer que algum(s) do(s) indicadores
Uso abusivo do poder paternal que se traduz e académicas próprias da sua idade e nível ocorram de forma reiterada e desadequada.
na prevalência dos interesses dos detentores de desenvolvimento; invasão da privacidade
do poder paternal em detrimento dos direitos da criança/jovem; privar a criança/jovem de
e protecção da criança/jovem. expressar as suas ideias e/ou opiniões.
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Maus-tratos Indicadores/sinais Nota
12. Exposição a Modelos de Comportamento Dificuldades de socialização; agitação; Para que se possa falar desta situação requer
Desviante apatia; tristeza acentuada; discurso/ que algum(s) do(s) indicadores ocorram de
Condutas do adulto que potenciem na criança/ comportamentos desadequados à idade; forma reiterada.
jovem padrões de condutas antisociais ou grande ansiedade; agressividade para o
desviantes bem como perturbações no próprio ou para os outros.
desenvolvimento (desorganização afectiva
e/ou cognitiva), embora não de uma forma
manifestamente intencional.
O perigo pode resultar, entre outros,
de comportamentos adoptados devido
a alcoolismo, toxicodependência ou a
comportamentos de delinquência.
Bibliografia
Lei nº 147/99, de 1 de Setembro, Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo com as alterações introduzidas pela Lei
nº 31/2003, de 22 de Agosto
Promoção e Protecção de Crianças e Jovens: Uma responsabilidade partilhada, CPCJ Oeiras, 2006
Ramião, Tomé d’ Almeida, Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, Quid Juris?, Sociedade Editora, Lisboa, 2004
Promoção e Protecção dos Direitos de Crianças e Jovens:
Ninguém pode olhar nos olhos uma criança continuando a consentir alguma
forma de violência contra ela.
Adaptado de Relatório para o Estudo da Violência Contra as Crianças, Nações Unidas, Agosto de 2006