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INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS DE DEFESA

“Tenente-General Armando Emílio Guebuza”

Curso de Licenciatura em Ensino de História


3º Ano, 1º Semestre/2022

Disciplina: História de África 3

Tema: Principais Acordos ou Tratados após a Conferência

Discente:
Cecilia Jossaio Cumbe
Docente:

Machava, Abril 2022


Índice
1. Introdução............................................................................................................................4

1.2. Objectivo geral.............................................................................................................4

1.3. Objectivos específicos..................................................................................................4

1.4. Metodologia.................................................................................................................4

2. A conferência de Berlim......................................................................................................5

3. Contexto histórico................................................................................................................5

4. Principais motivações..........................................................................................................6

5. Divisão da África.................................................................................................................6

6. Conclusão............................................................................................................................8

7. Referência bibliográfica......................................................................................................9
1. Introdução

No início dos anos 80 do século 19, o interesse europeu sobre África, um continente quase
totalmente desconhecido até à altura, cresceu de forma acentuada. As novas ambições
geopolíticas conduziram à chamada "Conferência da África Ocidental, também conhecida por
a Conferência do Congo que teve lugar no Palácio do Chanceler do Império em Berlim.

Foi presidida pelo Chanceler Otto von Bismark e teve a presença de diplomatas, juízes e
geógrafos de 14 países da Europa. Durante três meses negociam o futuro de África, dividem o
continente em zonas de influência e desenham “de maneira selvagem as fronteiras. Isto tudo
sem nunca estar um único africano presente na conferência que pudesse opinar ou tomar parte
na discussão.

1.2. Objectivo geral

Conhecer os causas e consequências da conferencia de Berlim

1.3. Objectivos específicos

 Descrever o cenário político que antecedeu a conferencia;


 Identificar as principais motivações da conferencia de Berli.
 Levantar as consequencias da conferencia.

1.4. Metodologia

A metodologia usada neste trabalho foi unicamente bibliografica, através da consulta de


manuais e artigos físicos e electronicos.

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2. A conferência de Berlim

A conferência de Berlim, realizada entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, foi


convocada com o objetivo de organizar os projetos de exploração e ocupação do continente
africano pelas grandes potências europeias. Proposto pelo chanceler alemão Otto von
Bismarck, esse evento reuniu os representantes de 13 países da Europa, dos Estados Unidos e
do Império Otomano.

Embora os europeus já estivessem na região desde o século XV, durante os três meses de
discussão foram definidas novas fronteiras e rotas para livre circulação e comércio nos rios
Níger e Congo, além do compromisso com o fim da escravidão e tráfico de escravos.

Como os povos africanos ficaram de fora de todas as decisões, para muitos historiadores esses
encontros deram o pontapé inicial nos conflitos internos que viriam a acontecer na África,
provocando danos que até hoje não foram solucionados.

3. Contexto histórico

A conferência de Berlim foi mais um capítulo do colonialismo, processo de exploração de


regiões na África e Ásia a partir do século XIX. O desenvolvimento tecnológico, que
possibilitou avanços na geração de energia e nos meios de transporte, e a busca pelo acúmulo
de riquezas, levaram as potências econômicas da Europa a procura de novos mercados
consumidores e, ao mesmo tempo, áreas de fornecimento de matérias-primas a baixo custo.

Foi diante desse cenário que os continentes africano e asiático passaram a fazer parte dos
interesses dos países europeus industrializados. No caso da África, as disputas pelo seu
controle partiram de três nações: Bélgica, Portugal e França. O primeiro passo foi dado pelos
belgas, quando o rei Leopoldo II conseguiu dominar o Congo. Ele foi o responsável pelo
assassinato de milhões de nativos.

A França, que também visava a ocupação do território, logo resolveu tomar posse de
Brazzaville, hoje a capital da República do Congo. Tempos depois, ainda expandiu seu poder
para República de Guiné e Tunísia. Já Portugal, temendo a perda das suas colônias,
reivindicou a unificação entre dois dos seus domínios, Angola e Moçambique.

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A ideia de ligação entre as colônias deu origem ao “mapa cor-de-rosa”, que defendia o
controle de leste a oeste dessas regiões e acreditava que a mudança poderia facilitar o
transporte de mercadorias e comércio. A proposta foi recusada pelo Reino Unido e os
portugueses foram obrigados a desistir do plano.

Para evitar mais conflitos diplomáticos, Portugal então idealizou um encontro entre as nações
europeias. No entanto, foi a Alemanha que organizou, em 15 de novembro de 1884, a
conferência de Berlim. Sob a liderança de Otto von Bismarck, representantes de diferentes
nações uniram-se para decidir a ocupação e exploração da África.

4. Principais motivações

A conferência de Berlim, que contou com a participação de Portugal, Bélgica, Holanda,


Suécia, Rússia, Itália, França, Grã-Bretanha, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos,
Alemanha, Império Otomano (atual Turquia) e Império Austro- Húngaro (atuais Áustria e
Hungria), propunha acabar com a escravidão, garantir a livre navegação de todos os países
nas bacias de Níger e Congo, o ideal para o fortalecimento dos seus comércios, e barrar a
venda de armas e bebidas alcoólicas para as populações nativas. Além disso, acreditava-se
que a ocupação seria um importante meio de disseminação do cristianismo no continente.

Contudo, essas propostas buscavam esconder o verdadeiro interesse das grandes potências:
explorar economicamente a África e dividir os seus territórios, principalmente o Congo (área
rica em ouro, carvão, cobre e outras matérias-primas).

Para os africanos, a conferência de Berlim resultou em diversos problemas sociais, políticos e


culturais. Mesmo com a resistência de muitos, os europeus impuseram seus domínios e
construíram divisões territoriais que não foram revertidas nem com a independência das
colônias africanas, que começou depois da Segunda Guerra Mundial.

5. Divisão da África

A conferência de Berlim, finalizada em fevereiro de 1885, permitiu a posse de quase 90% das
terras africanas. Os europeus deixaram de lado as características culturais, sociais, étnicas e
linguísticas das populações nativas, dividindo o continente de acordo com as suas
preferências. Até o início do século XX, as potências controlavam os seguintes regiões:

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 Grã-Bretanha: suas colônias ficavam na zona que começava no Cabo da Boa
Esperança, na África do Sul, até o Cairo, no Egito.
 França: assumiu as terras ao sul do Saara, na costa ocidental e ilhas no oceano índico.
 Portugal: continuou com suas colônias nas regiões de Cabo Verde, são Tomé e
Príncipe, Guiné, Angola e Moçambique.
 Espanha: manteve seus domínios no norte da África e na costa ocidental.
 Alemanha: adquiriu terras na costa atlântica, onde atualmente encontra-se Camarões e
Namíbia, e na costa índica, atuais Quênia e Tanzânia.
 Itália: ocupou por um tempo a Somália e Eritreia. Tentou tomar posse da Etiópia,
porém não teve sucesso.
 Bélgica: controlou a parte central do continente africano, na área que remete ao Congo
e Ruanda.

A Conferência de Berlim também determinou que os rios Níger e Congo seriam de livre
navegação, ou seja, estavam abertos a todos os países. Por fim, foram determinados, em parte,
os territórios que seriam ocupados e divididos na África da forma que melhor agradasse as
potências industrializadas.

A Conferência de Berlim foi uma vitória diplomática do chanceler Bismarck. Com a reunião,
ele demonstrava que o Império Alemão não podia ser mais ignorado e era tão importante
quanto o Reino Unido e a França. Igualmente, não solucionou os litígios de fronteiras
disputados pelas potências imperialistas na África e levariam à Primeira Guerra Mundial
(1914-1918).

O conflito foi travado entre dois grandes blocos: Alemanha, Áustria e Itália (formavam a
Tríplice Aliança), e França, Inglaterra e Rússia (formavam a Tríplice Entente). Como a África
era considerada uma extensão desses países europeu, o continente também se viu envolvido
na Grande Guerra Mundial, com os nativos integrando os exércitos nacionais. Essa nova
configuração do continente africano feito pelas potências mundiais, permaneceu até o fim da
Segunda Guerra Mundial (1939- 1945). Após esta data eclodiram vários movimentos de
independência em diversos países africanos.

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6. Conclusão

Em suma, a repartição da África, realizada de forma arbitrária, teve seu ápice quando da
realização da Conferência de Berlim, que se iniciou em 1884 e durou até o ano subsequente.
A Conferência contou com a participação de 15 países, 13 pertencentes à Europa e o restante
advindo dos Estados Unidos e da Turquia.

Apesar dos Estados Unidos não possuírem colônias no continente africano, era um poderio
que se encontrava em fase de crescimento, visando assim a conquista de novos territórios. Na
mesma situação se encontrava o país sede da Conferência, a Alemanha, que desejava também
conquistar para si algumas colônias.

Vários temas foram abordados durante a Conferência, porém, o objetivo maior era a
elaboração de um conjunto de regras que dispusessem sobre a conquista da África pelas
potências coloniais da forma mais ordenada possível, mas que acabou resultando em uma
divisão nada pacífica.

A Grã-Bretanha e a França foram os países que abocanharam o maior número de territórios,


em seguida veio Portugal, Bélgica, Espanha, Itália. A Turquia, apesar de não conquistar
nenhuma colônia na África, era o cerne do Império Otomano, Estado que teve sua existência
entre os anos de 1299 e 1922, e tinha interesses no norte da África. Os demais países europeus
que não foram beneficiados na divisão da África eram potências comerciais ou industriais que
já possuíam negócios mesmo que indiretos com o continente africano.

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7. Referência bibliográfica

SUMBANE Salvador Agostinho. História 11a classe, Maputo, 2a ed. 2017/05.

ALMEIDA, Antonio Domingues de, et al. Dicionario Breve de Historia. Lisboa: Editorial


Presença, 1996;

DEPARTAMENTO DE HISTORIA-UEM. Historia de Mocambique: Agressao Imperialista,


1886-1930. Maputo: Livraria Universitaria-UEM, 2000.

SILVA, Daniel Neves. "Conferência de Berlim"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/historiag/conferencia-berlim.htm. Acesso em 06 de abril de
2022.

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