Era Processos e fenómenos registados
Formações do Pré- O dobramento permo-triássico, registado
Câmbrico posteriormente, limitou-se essencialmente a uma
estreita faixa no extremo Sul de África,
resultante de uma deformação soco crustal
denominado Panafricano.
Estabilização e activação da crusta terrestre.
Do Pré-câmbrico Nesta fase as principais elevações montanhosas
superior para o ganharam a sua actual configuração, muito
câmbrico embora tenham sofrido ao longo dos tempos
processos significativos de transformação.
O Cinturão Moçambicano, que noutras regiões
do continente Africano se conhece por
Damariano e Catanguiano representam regiões
cratónicas regeneradas térmicas e
deformativamente durante a tectogénese
panafricana.
Paleozoico inferior Em território moçambicano, ainda não foram
e medio identificas rochas do Paleozóico Inferior e
Médio, períodos durante os quais se supõe que
Moçambique.
Karroo Séries sedimentares foram, em parte, cobertas As
por lavas vulcânicas de basaltos, riolitos, tufos, tectónicas tiveram lugar no Plioceno
dacitos e ignimbritos.
Principais resultados Localização
Formou-se o esqueleto das principais Norte de país: Manica, Cabo
montanhas do país, nomeadamente Delgado e Sofala.
os complexos rochosos do chamado
Cratão Rodesiano, no Precâmbrico
Inferior e o Cinturão Moçambicano,
“Moçambique Belt”, no Precâmbrico
Superior. Estes processos rochosos
constituem o principal embasamento
de cerca de 2/3 do território
Moçambicano,
Em consequência dessas Moçambique: Niassa e
transformações, são visíveis nas Médio Zambeze.
regiões elevadas, os peneplanos,
pediplanos, insebelberge, pães-de-
açúcar e muitas outras formas típicas
da geomorfologia das regiões
tropicais.
A posição estratigráfica das África Austral,
ulteriores sedimentações e emissões Supercontinente Gondwana
vulcânicas, demonstra que a partir
Paleozóico, Moçambique foi sempre
terrafirme, embora tenha sido
invadido temporariamente pelas
águas no seu actual litoral.
maiores movimentações Oeste de Maputo, Tete,
Cabo Delgado, Niassa,
e prosseguiram com maior ou menor Sofala e Manica.
 O magmatismo predominantemente alcalino intensidade até ao Pleistoceno.
(carbonatitos e sienitos nefelínicos), esteve Na formação o Rift, levantou-se o
também relacionado com os fenómenos planalto de Cheringoma, na
epirogenicos que contribuíram para revigorar o província de Sofala e emergiram os
siteme a de falhas de toda África Oriental. maciços rochosos carbonatíticos dos
montes Xiluvo e várias outras
intrusões isoladas em muitos pontos
do país.
Os movimentos tectónicos
contribuíram para revitalização das
falhas já existente e para a formação
de novas direcções de falhamento.
Formações do As séries sedimentares Jurássicas estão Nestas bacias depositaram-se Tete, Nampula e Cabo
jurássico representadas por formações gresosas e sedimentos de grés, calcários, Delgado.
conglomeráticas, a sua disposição está margas, conglomerados e
intimamente relacionada com as transgressões calcarenitos. Estas formações
que se verificaram posteriormente. ocorrem na sua maior parte numa
Durante o Cretácico, iniciou-se a subsidência de estreita faixa com Quionga e o rio
extensas bacias do litoral, acompanhada de Lúrio e constituem manchas mais ou
transgressões marinhas que em muitas áreas, o menos extensas na parte meridional e
oceano atingiu o limite ocidental da actual central do país.
planície litoral.
Entre o cretácio e Nas séries sedimentares do Cretácico e do Registaram-se intensos fenómenos Búzi, Pande e Temane
terciário Terciário, nomeadamente em Búzi, Pande e de erosão e que deixaram como
Temane foram descobertas jazidas de gás vestígios encostas ravinada sem
natural. várias montanhas.
Este período erosivo é conhecido por «Ciclo de
Os altiplanaltos e os montes residuais
Congo» e corresponde ao momento do ganharam, na essência, a sua
desmembramento definitivo do Gondwana. topografia actual, embora o recuo da
escarpa tenha sido mais lento.
Terciário médio A morfogénese terrestre foi comandada pelo As constantes alterações climáticas Zambézia e Manica
ciclo da erosão “Quedas de Vitória” que que se faziam sentir, prosseguiram
 modelou os planaltos de altitude média com maior intensidade até atingirem
bordejantes da planície litoral. A actividade o auge no Quaternário, as quais
erosiva desenvolvida neste período, cobriu para constituem umas das principais
destacar a escarpa que separa as diferentes características.
unidades morfológicas do país.
Quaternário Não se registaram orogenias comparáveis aos do O aparecimento do homem e Na África Oriental, Kenya e
Terciário. Este período geológico foi marcado determinadas formas de Kilimanjaro.
pela alternância entre climas húmidos e secos. desenvolvimento dos processos Rios Rovuma, Lúrio,
Os climas húmidos, designados pluviais, foram geomorfológicos, pedológicos e Ligonha, Licungo,
contemporâneos dos climas glaciares do biológicos. Zambeze, Púnguè, Búzi,
Hemisfério Norte, enquanto os climas secos, Os materiais erodidos e acumulados, limpopo e Incomati.
interpluviais que se correlacionam igualmente foram mais tarde, sob condições e Sofala, Inhambane e
com as regressões e transgressões, referem-se em climáticas tropicais, fertilizados Maputo.
Moçambique a períodos climáticos de formando em muitos casos laterites.
pluviosidade e temperaturas diferentes. Os ventos fortes e secos que
Os efeitos negativos da ausência da vegetação sopravam frequentemente, tanto do
tornavam-se mais evidentes com inicio dos oceano como do continente,
pluviais em que os solos eram constantemente contribuíram para o desenvolvimento
sulcados e destruídos pelas torrentes que de dunas de formas e dimensões
aprofundavam e espraiavam os seus leitos, diferentes, a distâncias variáveis da
depositando nas suas secções, os materiais costa.
transportados. Os períodos de intensa Nas regiões mais elevadas e que por
precipitação favoreciam o desenvolvimento da conseguinte mais chuvosas,
cobertura vegetal e da fauna. desenvolveram-se florestas frondosas
Nas margens destes rios podem-se observar 2 até que ofereciam uma certa protecção
5 terraços, sendo os superiores constituídos por contra a erosão.
sedimentos mais grosseiros e situados a alturas A emersão da actual linha da costa
até 80 metros acima dos actuais leitos dos rios. O que se verificou na última regressão
incremento da erosão continental, relacionava-se criou condições para a deposição de
também com a alteração do perfil longitudinal aluviões de 30 a 80 cm de espessura
dos rios, obrigava-os, nas zonas latas, a que recobrem as extensas planuras
aprofundarem cada vez mais os seus leitos e a do litoral moçambicano.
depositarem os seus sedimentos de argilas As inúmeras lagoas costeiras
coloidais, plásticas e lodosas nas zonas existentes na parte meridional do
estuarinas e deltáicas país, em forma de rosário,
representam vestígios as últimas
transgressões. Muitas delas, devido a
fenómenos geomorfológicos e
climáticos actuais estão ameaçadas
de extinção ou parcialmente
reduzidas a pântanos.