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ESCOLA SECUNDÁRIA DE VENDAS NOVAS

DAVID SALPICO, DINIS SOARES, TIAGO LANDUM, TOMÁS FIGUEIRAS

VISITA GEOLÓGICA À REGIÃO DE MONTEMOR-O-NOVO/ÉVORA:


Relatório da atividade

VENDAS NOVAS
2022
No passado dia 10 de maio de 2022 realizámos uma visita de estudo à região de
Montemor-o-Novo/Évora com o intuito de explorar os contextos geológicos desta
região e as suas condições de formação.
Foi no decorrer da formação da Pangeia (aquando da Orogenia Varisca), por meio de
fenómenos de subdução e colisão de placas, que se terá formado o atual Maciço Ibérico,
onde se encontram as unidades geológicas da Zona Sul-Portuguesa e da Zona de Ossa-
Morena.
O Maciço de Évora que visitámos encontra-se na Zona de Ossa-Portuguesa – a segunda
maior unidade geológica de toda a Península.
A evolução da geodinâmica neste local deu-se em 2 diferentes momentos: no Pré-
câmbrico e no Paleozóico.
A visita fez-se de acordo com um itinerário pré-decidido, segundo o qual se realizavam
diversos pontos de paragem, nos quais se realizariam as atividades propostas.

Localização geográfica da Zona de Ossa-Morena, ZOM.


1ªParagem (Ribeira de Almansor)
Enquadramento: Complexo Migmatítico
A primeira paragem da nossa visita realizou-se na Ribeira de Almansor localizada em
Montemor-o-Novo a cerca de 30 km a oeste de Évora. Nas Margens da Ribeira de
Almansor, uma ribeira que nasce em Arraiolos e desagua em Samora Correia,
conseguimos observar diversos tipos de rochas, desde rochas magmáticas ácidas até
rochas metamórficas de ultrametamorfismo (migmatitos). 
O complexo Migmatítico não resultou de mecanismos de migmatização clássicos, ou
seja, a formação de bandados de leucossoma (parte clara rica em minerais félsicos) e
melanossoma (parte escura rica em minerais máficos), mas resultou de uma complexa
mistura de magmas no paleozoico instalados ao longo de um cisalhamento ativo o que
deu origem posteriormente a diferentes rochas ultrametamórficas como os migmatitos e
rochas magmáticas como os granitóides que originaram o tal bandando.
Este Complexo Migmatítico corresponde ao setor NW do maciço de Évora que aflora
desde a região de Montemor-o-Novo até Évora.
Perto da Ribeira encontramos algumas rochas metamórficas como o Quartzito e o
mármore e também dobras e outras estruturas deformadas resultado da Orogenia
Varisca, ocorrida no Paleozoico Superior.

Imagem 1: Carta Geológica do Maciço


de Évora onde é possível observar a
parte correspondente ao Complexo
Migmatítico na região de Montemor que
como podemos observar pela imagem é
constituído por migmatitos originados
durante a orogenia hercínica ou varisca,
alguns Tonalitos uma rocha magmática
plutónica com textura fanerítica com
uma composição semelhante à do
Diorito mas com quantidade superiores
de Quartzo e com mais de 20% de
minerais félsicos presentes e uma
pequena quantidade também de Dioritos
e gabros.

Imagem 2: Tonalito
Imagem 3: Ribeira de Almansor
Nesta Imagem podemos ver uma
parte da Ribeira de Almansor
juntamente com alguma da flora de
região e também o substrato
rochoso composto essencialmente
por algumas rochas magmáticas e
rochas que sofreram
ultrametamorfismo (migmatitos).

Imagem 4: Rocha Meteorizada na


margem da Ribeira de Almansor
Na imagem é possível observar uma
das rochas da margem da ribeira
que sofreu um processo de
meteorização química.
2ªParagem (Castelo de Montemor-o-Novo, Montemor-o-Novo)
A segunda paragem da visita foi feita ao Castelo de Montemor-o-Novo, na cidade de
mesmo nome.
O Castelo de Montemor-o-Novo localizava-se na antiga freguesia de Santiago do
Castelo e hoje na união de freguesias de Nossa Senhora da Vila, Nossa Senhora do
Bispo e Silveiras, no município de Montemor-o-Novo, no distrito de Évora.
A primitiva ocupação humana deste local remonta possivelmente a um castro pré-
histórico romanizado, conforme os testemunhos arqueológicos abundantes na região.
Neste ponto encontravam-se as estadas romanas de Santarém e da foz do rio Tejo,
seguindo, por Évora até Mérida. O local teria sido, por esta razão fortificado.
Apresenta uma planta triangular irregular. O plano da muralha voltado a norte, foi
primitivamente rasgado por uma porta, hoje desaparecida, denominada como Porta de
Évora.
O acesso é feito atualmente pela chamada Porta da Vila, Porta de Santarém ou Porta
Nova, a norte, flanqueada pela chamada Torre do Relógio, de planta quebrada, com
porta em arco quebrado.

Castelo
de Montemor-o-Novo, em Montemor-o-Novo
3ªParagem (Cromeleque de Almendres, Évora)
A nossa última paragem da manhã foi feita no Cromeleque de Almendres situados em
Évora, na freguesia de Nossa Senhora de Guadalupe.
É constituído por 95 monólitos de Pedra, ou seja, uma Rocha de grandes dimensões.
Estes terão sido esculpidos em granodiorito porfiroide de grão grosseiro a médio, sendo
os minerais que os constituem plagióclases, quartzo, feldspato, etc. É o mais importante
megalítico do seu tipo na Europa tanto pelo seu tamanho como pelo estado de
conservação em que se encontra. Mas o Cromeleque de Almendres não foi formado de
uma só vez, segundo estudos realizados na região a construção do cromeleque foi
realizada em 3 etapas:
 No final do Neolítico Antigo foi erguido o primeiro conjunto de monólitos este de
pequeno porte medindo desde 11,40m até 18,80m.
 O outro recinto erguido a oeste dos círculos anteriores no período do Neolítico
Médio. Este recinto tem a forma de duas elipses concêntricas, irregulares e estão
associadas ao recinto mais antigo. A elipse mais externa mede 43,60 m. Hoje em dia
11 menires já se encontram desaparecidos e apenas 29 ainda se encontram em pé.
 No Neolítico Final ambos os recintos foram modificados principalmente o menor
que foi transformado num átrio do recinto maior. Com esta remodelação foi possível
orientar a entrada no recinto elíptico. Além disso nesse período é possível que
alguns menires tenham sido transformados em estelas ou seja monólitos com várias
gravuras.
O cromeleque foi descoberto pelo investigador Henrique Leonor Pina durante os
trabalhos de mapeamento da Carta Geológica de Portugal, que após uma limpeza do
local foram descobertos os menires.
Características do Cromeleque:
Na nossa viagem vimos muitos dos monólitos que constituem o cromeleque dos
Alemendres. Este datam desde o final do Neolítico antigo até ao Neolítico Final. As
suas dimensões variam muito, mas em geral são pequenos alguns tendo entre 2,5 a 3
metros, possuem uma forma ovoíde semelhante a um ovo e acredita-se que
afloramentos de quartzodioritos localizados a 250 metros e 1000 metros do Cromeleque
foram usados para esculpir os monólitos para adquirirem as suas formas ovais. A maior
parte que observamos eram pequenos, estes correspondiam ao recinto mais recente, no
entanto no recinto mais antigo pudemos ver os menires maiores.
Menires decorados:
Dez dos 95 Monólitos possuem gravuras e outros pequenas covas escavas no monólito.
Estas gravuras eram desenhadas com o intuito de atrair sorte e usadas para os cultos
praticados na altura, por exemplo no monólito conhecido como 48 é possível ver uma
pequena figura antropomórfica rodeada por círculos. Esta figura representa um báculo
que tem como função unir um conjunto de fiéis e defendê-los do mal.
É de salientar também outro menir o 64 este faz parte do recinto maior e apresenta na
sua superfície gravuras de raquetas e círculos.

Menir 64
Neste monólito é possível
observamos umas gravuras
correspondentes a uns círculos e
raquetas, ou seja, formas ovais.

Cromeleque de Almendres
Nesta foto é possível observar alguns
monólitos pertencentes ao recinto
mais recente que é composto pelos
monólitos mais pequenos.
4ªParagem (Alto de S. Bento, Évora)
O quarto ponto de paragem fez-se no Alto de S. Bento, na cidade de Évora.
O Alto de S. Bento é um local situado a oés-noroeste da cidade alentejana de Évora
onde se pode verificar uma pequena elevação tectonicamente estável.
Este local é reconhecido pela vista que disponibiliza da cidade em geral, pela flora que
apresenta e pelos maciços graníticos que aqui se encontram.
Aqui foi-nos possível observar afloramentos de granito porfiróide, isto é, granitos de
textura fanerítica em que a massa fundamental da rocha possui grãos com dimensões
semelhantes onde se podem observar cristais bem desenvolvidos. Neste tipo de rocha
podem observar-se fenocristais de feldspatos alcalinos e uma matriz rica essencialmente
em quartzo.
No Alto de S. Bento existem ainda os chamados leucogranitos, rochas de cor clara
(dado que são pobres em minerais máficos). Estes são essencialmente constituídos por
quartzo e faldspatos.
Nesta zona podem também ser observados gnaisses, rochas metamórficas com uma
granulidade média a alta, resultantes de um metamorfismo de alto grau e que
apresentam uma textura específica onde se podem observar leitos de cores claras e
escuras organizados sequencialmente – o bandado gnáissico. O protólito (rocha original
que lhe dará origem) do gnáisse pode ser o argilito ou o granito.
São também observáveis redes de diacláses (próprias de uma paisagem granítica) que se
terão formado por descompressão e arrefecimento progressivos das rochas em que se
encontram.
Existiam ainda na região diversos filões que evidenciam que a rocha pre-existente terá
sido, num evento posterior à sua formação, penetrada por magmas ou por produtos
minerais contidos em águas a altas temperaturas.
Numa iniciativa de preservar o património deste local criou-se um projeto educativo
municipal – o Centro Museológico do Alto de S. Bento – que visa assim preservar e
conservar as riquezas da região.

Nesta imagem
Aqui podemospodemos observar
um encrave, isto filões.
observar é, um resto de uma
5ªParagem (Templo de Diana, Évora)
A quinta e última paragem da nossa visita deu-se no Templo de Diana, no centro da
cidade de Évora.

Templo de Diana, também conhecido como templo de Évora está localizado na cidade
de Évora, em Portugal. Faz parte do centro histórico da cidade, o qual foi classificado
como Património Mundial pela UNESCO. É um dos mais famosos marcos da cidade e
um dos símbolos mais significativos da presença romana em território português. Este é
um dos mais grandiosos e mais bem conservados templos romanos em toda a península
ibérica.

Este terá sido construído no início do século I, d.C e mesmo tendo mais de 2000 de
existência apresenta uma arquitetura que ainda impressiona muitos e que veremos a
seguir.

Arquitetura:

O templo é um exemplo da arquitetura religiosa do período romano, sendo de forma


retangular, com as colunas organizadas nos estilos hexastilo e períptero.

De todo o antigo edifício, apenas se conservaram o pódio, partes da colunata e


fragmentos da arquitrave e friso, que eram suportadas pelas colunas. O pódio está
situado numa base com cerca de 25 m por 15 m e 3,5 m de altura, construída em
cantaria de granito de forma irregular esta estando quase intacta. A plataforma do pódio
tem uma altura de quatro metros, e estava decorada com silhares no perfil da base, na
moldura e nos cantos, sendo as partes restantes em opus caementicium. O acesso à
plataforma faz-se por uma escadaria, que ainda é visível apesar do seu estado de
conservação. Sobre a plataforma estão situadas as colunas, das quais sobreviveram
catorze exemplares e onde estão conservados muitos dos capitéis feitos de Mamoré
branco de Estremoz que diferente dos demais terá surgido a partir de um metamorfismo
regional.
Templo de Diana, na cidade de Évora
Conclusão:
Através desta visita foi-nos possível sair do ambiente de sala de aula e aplicar conceitos
e conhecimentos aí adquiridos às características específicas dos locais que visitámos.
Podemos compreender, estudar e explorar os contextos geológicos destes locais e as
suas condições de formação.
Nesta visita geológica podemos ainda ganhar uma maior noção do enquadramento do
Alentejo e, mais especificamente das regiões de Montemor-o-Novo e de Évora nas
unidades geológicas da Península Ibérica.
Foi-nos, por fim, possível compreender e analisar a presença e a importância das rochas
nos principais marcos naturais e culturais da nossa região.
Bibliografia:
https://www.mundoportugues.pt/2018/04/11/templo-romano-de-evora-que-todos-
conhecemos-como-templo-de-diana/
http://arquivo2020.cm-evora.pt/en/Evoratourism/Visitar/Paginas/Moinhos-do-Alto-de-
Sao-Bento-Nucleo-Museologico.aspx
https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2020/006/
https://black-smoker.com/tag/macico-de-evora/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Almansor
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cromeleque_dos_Almendres
https://www.feriasemportugal.com/castelo-de-montemor-o-novo
https://www.aausvfxira.pt/recordacoesefotos_albuns/20170516-us-
cromelequesdealmendres-album/20170516-us-ve-cromelequesdealmendres.pdf

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