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Semiologia do Sistema Nervoso


Anamnese

Assim como acontece com os demais sistemas do organismo, a anamnese representa um grande
passo para se chegar a um diagnóstico. Em relação à História da Doença Atual merece destaque
a data do início da doença, o modo de instalação e a evolução cronológica dos sintomas. É
importante ressaltar também os exames e tratamentos realizados, o estado atual do paciente, os
antecedentes, condições pré-natais, condições do nascimento e do desenvolvimento
neuropsicomotor, vacinações, doenças anteriores e hábitos de vida.

 Em relação à cada faixa etária há prevalência de determinadas doenças: infecções na


infância, processos desmielinizantes no jovem e doenças vasculares no idoso.
 As palavras do paciente só devem ser anotadas ao prontuário depois do devido
esclarecimento de seu real significado. A sensação percebida pelo paciente é de maior
valia do que a designação por ele dada ao sintoma.
 Dados negativos, “nega”, têm valor igual ou superior aos dados positivos, “relata”.
 Quando o paciente tiver reduzido nível intelectual, distúrbios mentais, crises epilépticas,
ou quando for criança, é necessário obter informações com parentes ou amigos.

Sinais e Sintomas

Distúrbios da consciência

Estado de vigília: percepção consciente do mundo exterior e de si mesmo.

Estado comatoso: paciente com total incapacidade de identificar seu mundo interior e os
acontecimentos do meio que o circunda. Podem ser identificadas várias fases intermediárias
entre os dois estados de consciência. consciência pode ser perdida de modo abrupto e breve,
como nas síncopes, convulsões e concussão cerebral por traumatismo de crânio leve.

Obnulação: consciência comprometida de modo pouco intenso, com estado de alerta discreto a
moderadamente comprometido.

Sonolência: paciente é facilmente despertado, não responde de forma totalmente apropriada, e


volta logo a dormir.

Confusão mental ou delirium: perda da atenção, pensamento não é claro, respostas lentas, não há
percepção normal temporoespacial, podem surgir alucinações, ilusões e a agitação.

Esturpor ou torpor: alteração de consciência mais pronunciada, paciente é despertado por


estímulos mais fortes, presença de movimentos espontâneos.
Estado de coma: não há despertar com estimulação, ausência de movimentos espontâneos.

Cefaléia

A principal característica é o seu caráter pulsátil, latejante. O melhor exemplo é a enxaqueca, que
pode ser precedida por alterações visuais transitórias ou parestesias fugazes. Cefaléia da
Hipertensão intracraniana é pulsátil, toma toda a cabeça e é resistente aos analgésicos. Cefaléia
tensional é em aperto ou peso, geralmente localizada nos músculos da nuca, com pioras
ocasionais.
Dor na face

Neuralgia do trigêmio: dor intensa, em agulhada, unilateral, geralmente determinada por uma
zona-gatilho (sendo a comissura labial a mais comum, o que leva o paciente a evitar movimentos
na região). Praticamente exclusiva de idosos.

Tontura e vertigem

Pacientes têm dificuldade em descrever com precisão as manifestações, por isso são facilmente
confundíveis. Podem ou não estar associadas. Na vertigem há um caráter rotatório, enquanto que
na tontura prevalece instabilidade de equilíbrio e insegurança durante a marcha.

Movimentos involuntários ou hipercinesias

Convulsões: movimentos musculares súbitos e incoordenados, involuntários e paroxísticos, que


ocorrem de maneira generalizada ou apenas em segmentos do corpo. Convulsões tônicas são
sustentadas e imobilizam as articulações. Convulsões clônicas são rítmicas, alternando-se
contrações e relaxamentos musculares em ritmo mais ou menos rápido. As convulsões em
diversas condições clínicas, mas em todos os casos se dão por descargas bioelétricas originadas
em alguma área cerebral com imediata estimulação motora.

Tetania: crises exclusivamente tônicas geralmente localizadas nos pés e mãos. Ocorre nas
hipocalcemias e na alcalose respiratória por hiperventilação.

Fasciculações: contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular. São devidas à


perda da inervação muscular.

Ausências

Breves períodos de perda de consciência, nos quais o paciente interrompe suas atividades.
Podem ser despercebidos pelo próprio paciente ou seus familiares. Quase exclusivas de crianças.
Se diz que a criança ficou “encantada” ou “distraída”.

Automatismos

Fenômenos complexos em que há perda de consciência, durante a qual o paciente executa atos de
modo ordenado ou desordenado, podendo ser desde pequenos gestos até atos complexos como
dirigir veículos. Os pacientes podem não perceber o acontecimento.

Distúrbios da Comunicação

Disfonia: alteração do timbre da voz, que se torna rouca ou bitonal. Disfunção das pregas vocais
por lesão do nervo acessório. Quando a lesão for bilateral o paciente torna-se afônico.

Dislalia: perturbação da articulação da palavra falada, sem que as causas sejam localizadas no
sistema nervoso.

Disritmolalia: perturbação no ritmo da fala. Destaca-se a taquilalia ( a alteração do ritmo torna a


fala imprecisa) e gagueira (interrupção do ritmo da fala).
Dislexia: dificuldade para capacitar-se para a leitura convencionalmente ensinada. O grau
máximo denomina-se alexia.

Disgrafia: grafia irregular, fragmentada, podendo ser ilegível.

Afasia: dividida em:


a. Afasia motora ou verbal: conhecida como afasia de Broca, dificuldade de variável
intensidade para expressar-se pela fala ou pela escrita.
b. Afasia receptiva ou sensorial: conhecida também como afasia de Wernicke, leve a
extrema dificuldade para compreensão de fala e escrita, não acompanhada de déficit
motor.
c. Afasia global: forma mais grave de afasia, com a compreensão e expressão da linguagem
amplamente reduzidas.
d. Afasia de condução: repetição de vocábulos (parafasia), embora consiga ler e falar
rasoavelmente, o paciente não é capaz de repetir frases que lhe são ditas.
e. Afasia amnéstica: incapacidade para designar ou nomear os vocábulos ou o nome de
objetos, no entando o paciente é ciente da finalidade dos mesmos.
f. Afasia transcortical: alteração de linguagem semelhante à afasia motora, paciente
apresenta compreensão e repetição razoáveis, porém dificuldade para leitura e escrita, e
leve incapacidade para designar os nomes dos objetos.

Distúrbios das gnosias: gnosia significa reconhecimento, função específica do córtex cerebral, e
a sua perda denomina-se agnosia. As formas mais importantes são para o reconhecimento dos
sons, da visão de objetos, dos próprio corpo em relação ao espaço, da fisionomia própria ou
alheia.

Distúrbios das praxias: praxia significa atividade gestual constante e intencional, e sua
dificuldade ou incapacidade denomina-se apraxia.
a. Apraxia constritiva: perda de gestos normalmente organizados como desenhar, modelar
b. Apraxia ideomotora: dificuldade ou incapacidade da execução de gestos simples, como
levar a mão ao nariz.
c. Apraxia ideatória: dificuldade de produzir uma sequência lógica e harmoniosa de gestos
simples, como retirar um cigarro do maço elevar à boca, abrir a caixa de fósforos, riscar o
fósforo, acender o cigarro e fumar.
d. Apraxia do vestir: dificuldade ou incapacidade de despir-se ou vestir-se.
e. Apraxia da marcha: especialmente em seu início.
f. Apraxia bucolinguofacial: alteração dos gestos da mímica facial, da boa e da língua,
permanecendo inalterado o automatismo.

Avaliação do estado mental


O Que Solicitar ao Paciente O Que Este Teste Indica
Indicar a data atual e o local onde ele se encontra e Orientação no tempo, no espaço e conhecimento de
dizer o nome de determinadas pessoas pessoas

Repetir uma lista curta de objetos Concentração

Lembrar três itens não relacionados entre si após 3 a 5


Memória imediata
minutos

Descrever um evento que ocorreu no dia anterior ou


Memória recente
alguns dias antes

Descrever eventos do passado distante Memória remota

Interpretar um provérbio (p.ex., “pedras que rolam não


criam limo”) ou explicar determinada analogia (como Pensamento abstrato
“por que o cérebro se parece com um computador?”)

Descrever sentimentos e opinões sobre a doença Interiorização da doença

Citar os últimos cinco presidentes e a capital do país Base de conhecimento

Informar como ele se sente no dia e como ele


Humor
usualmente se sente nos outros dias

Executar uma ordem simples que envolva três partes Capacidade de obedecer comandos simples
distintas do corpo e que dependa da diferenciação entre
direita e esquerda (p.ex., “coloque o polegar direito
sobre a orelha esquerda e mostre a língua”)

Nomear objetos simples e partes do corpo e ler,


Função da linguagem
escrever e repetir certas frases

Identificar pequenos objetos com a mão e números


escritos na palma da mão e discriminar um do outro, Como o cérebro processa as informações a partir
tocando-os em um ou dois pontos (p.ex.,na palma da dos órgãos sensoriais
mão e nos dedos)

Copiar estruturas simples e complexas (p.ex., utilizando


blocos de construção) ou posições dos dedos e desenhar Relações espaciais
um relógio, um cubo ou uma casa

Escovar os dentes ou retirar um fósforo da caixa e


Capacidade de realizar uma ação
acendê-lo

Realizar operações matemáticas simples

Exame Físico

Ao realizar um exame físico como parte de uma avaliação neurológica, o médico costuma
examinar todos os sistemas orgânicos, mas com maior atenção no sistema nervoso. São
examinados os nervos cranianos, os nervos motores, os nervos sensoriais e os reflexos, assim
como a coordenação, a postura, a marcha, a função do sistema nervoso autônomo e o fluxo
sangüíneo cerebral.
Nervos Cranianos

O médico examina a função dos 12 pares de nervos cranianos, que estão diretamente conectados
ao cérebro. Um nervo craniano pode ser afetado em qualquer ponto de seu trajeto em decorrência
de lesões, tumores ou infecções e, por essa razão, é necessário que seja determinada a localização
exata da lesão.

Teste dos Nervos Cranianos

Numeração
dos Nervos Nome Função Teste
Cranianos
Itens com odores
muito específicos
(p.ex., sabão, café e
I Olfatório Olfato cravo) são colocados
junto ao nariz do
indivíduo para serem
identificados
É testada a
capacidade de ver
objetos próximos e
distantes e de detectar
II Óptico Visão
objetos ou
movimentos com os
cantos dos olhos
(visão periférica)
É examinada a
capacidade de olhar
Movimentos dos
para cima, para baixo
olhos para cima,
III Oculomotor e para dentro. É
para baixo e para
observada a presença
dentro
de queda da pálpebra
superior (ptose)
É testada a
Movimentos dos capacidade de
IV Troclear olhos para baixo movimentar cada olho
e para dentro de cima para baixo e
de dentro para fora
São testadas a
sensação de áreas
afetadas da face e a
Sensibilidade e fraqueza ou paralisia
V Trigêmeo movimento dos músculos que
faciais controlam a
capacidade da
mandíbula de apertar
os dentes
É testada a
capacidade de
movimentar o olho
Movimento para fora, além da
VI Abducente
lateral dos olhos linha média, seja
espontaneamente ou
enquanto o indivíduo
fixa um alvo
VII Facial Movimento É testada a
facial capacidade de abrir a
boca e mostrar os
dentes e de fechar
firmemente os olhos
A audição é testada
com um diapasão. O
equilíbrio é testado
Audição e solicitando ao
VIII Acústico
equilíbrio indivíduo que
caminhe sobre uma
linha reta, passo a
passo
A voz é analisada,
para se verificar a
presença de
rouquidão. A
capacidade de
Função da deglutição é testada.
IX Glossofaríngeo
garganta A posição da úvula
(na região posterior e
medial da garganta) é
verificada, solicitando
ao indivíduo que diga
“ah-h-h”
A voz é analisada,
para se verificar a
presença de
Deglutição, rouquidão e se o
X Vago freqüência indivíduo apresenta
cardíaca um tom de voz
anasalado. A
capacidade de
deglutição é testada
É solicitado ao
indivíduo que ele
Movimentos do
encolha os ombros
pescoço e da
XI Acessório para se observar a
parte superior
presença de fraqueza
das costas
ou ausência de
movimentos
É solicitado ao
indivíduo que mostre
Movimento da a língua para se
XII Hipoglosso
língua observar a presença
de um desvio para um
lado ou outro

Nervos Motores

Os nervos motores ativam os músculos voluntários (músculos que produzem movimento, como
os músculos dos membros inferiores utilizados durante a marcha). A lesão de um nervo motor
pode causar fraqueza ou paralisia do músculo por ele inervado. A falta de estímulo ao nervo
periférico também causa deterioração e emaciação muscular (atrofia). O médico investiga a
presença de atrofia muscular e, em seguida, testa a força de vários músculos, solicitando ao
paciente que ele empurre ou puxe alguma coisa contra uma resistência.
Nervos Sensitivos

Os nervos sensitivos transmitem informações ao cérebro sobre a pressão, a dor, o calor, o frio, a
vibração, a posição das partes do corpo e a forma das coisas. São realizados testes para se
verificar a perda de sensibilidade na superfície do corpo. Geralmente, o médico concentra-se em
uma área na qual o indivíduo sente adormecimento, formigamento ou dor, utilizando
primeiramente um alfinete e, em seguida, um objeto com borda romba, para verificar se ele
consegue perceber a diferença entre a picada e a pressão. A função dos nervos sensoriais também
pode ser testada com a aplicação de uma pressão suave, de calor ou de vibração. A capacidade de
discernir a posição é verificada solicitando-se ao paciente que feche os olhos e mova um dedo
(de uma das mãos ou de um dos pés) para cima e para baixo, pedindo que ele descreva a sua
posição.

Reflexos

O reflexo é uma resposta automática a um estímulo. Por exemplo, quando o tendão localizado
abaixo da patela é percutido suavemente com um pequeno martelo de borracha, a perna flexiona.
Esse reflexo patelar (um dos reflexos tendinosos profundos) fornece informações sobre o
funcionamento do nervo sensitivo, sobre sua conexão com a medula espinhal e sobre o nervo
motor que emerge da medula espinhal e vai até os músculos da perna. O arco reflexo segue um
circuito completo, desde o joelho até a medula espinhal e retorna à perna, sem que haja
envolvimento do cérebro. Os reflexos mais comumente testados são o reflexo patelar, um reflexo
similar nos cotovelos e no tornozelos e o reflexo de Babinski, que é testado através da aplicação
de um golpe firme precina borda externa da planta do pé com um objeto rombudo. Normalmente,
os dedos dos pés encurvam, exceto nos lactentes com menos de seis meses de idade. Quando o
hálux (dedão do pé) se eleva e os demais dedos se estendem e abrem lateralmente, isto pode ser
um sinal de uma anomalia cerebral ou de nervos motores que vão do cérebro até a medula
espinhal. Muitos outros reflexos podem ser testados para se avaliar funções nervosas específicas.

Arco Reflexo

O arco reflexo é a via que um nervo reflexo segue. Um exemplo é o reflexo patelar. 1. Uma
percussão no joelho estimula receptores sensitivos, gerando um sinal nervoso. 2. O sinal percorre
ao longo de uma via nervosa até a medula espinhal. 3. Na medula espinhal, o sinal é transmitido
do nervo sensorial ao nervo motor. 4. O nervo motor envia o sinal de volta a um músculo da
coxa. 5. O músculo contrai, fazendo com que a perna se desloque para frente. Todo reflexo
ocorre sem envolvimento do cérebro.

Coordenação, Postura e Marcha

Para testar a coordenação, o médico solicita ao paciente que, em primeiro lugar, ele toque o
próprio nariz com o dedo indicador. Em seguida, é solicitado ao paciente que ele toque o dedo do
médico e, finalmente, que ele repita rapidamente essas ações. Pode-se solicitar ao paciente que
ele toque o nariz primeiramente com os olhos abertos e em seguida com os olhos fechados. Em
seguida, que ele fique em pé, parado, com os braços esticados e os olhos fechados e, finalmente,
que ele abra os braços e comece a andar. Essas ações testam os nervos motores e sensoriais,
assim como a função cerebral. Vários outros testes simples podem também ser realizados.

Sistema Nervoso Autônomo


Uma distúrbio do sistema nervoso autônomo (involuntário) pode causar problemas como a queda
da pressão arterial quando o indivíduo fica em pé (hipotensão), a ausência de sudorese ou
problemas sexuais (p.ex., dificuldade de ereção ou de sua manutenção). Novamente, o médico
pode realizar uma série de testes como, por exemplo, a mensuração da pressão arterial com o
indivíduo sentado e logo após ele colocar- se em pé.

Fluxo Sangüíneo Cerebral

Um estreitamento (estenose) grave das artérias que transportam o sangue até o cérebro coloca o
indivíduo em risco de um acidente vascular cerebral. O risco é maior em indivíduos idosos ou
hipertensos, diabéticos ou que apresentam doenças arteriais ou cardíacas. Para avaliar as artérias,
o médico coloca um estetoscópio sobre as artérias do pescoço e verifica a presença de ruídos
anormais (sopros) produzidos pelo sangue sendo forçado através de uma área estreita. Para uma
avaliação mais acurada, é necessária a realização de exames mais sofisticados como, por
exemplo, a ultra-sonografia com Doppler ou a angiografia cerebral.

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