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Mesa debate a situação dos povos indígenas isolados e de contato inicial frente à

pandemia de COVID-19
Nesta quarta-feira, 29, na programação do 16º Acampamento Terra Livre, a mesa
“A situação dos povos indígenas em isolamento e contato inicial: vulnerabilidades
epidemiológicas e territorial no contexto do COVID-19” teve a participação de
representantes de organizações indígenas da Bolívia, Colômbia,Paraguai, Peru,
Venezuela e Brasil.
Os povos em isolamento e contato inicial são uma das populações mais vulneráveis
a esta doença, levando em consideração a falta de imunidade para este e outros
vírus. No entanto, além da ameaça causada pelo novo coronavírus, as populações
indígenas enfrentam outros problemas, comuns a todos os países presentes na
mesa, como invasão das terras, desmatamento, mineração, narcotráfico e doenças
como a dengue e a malária dentro de seus territórios.
Outro ponto em comum apresentado, é a dificuldade na implementação das ações
de combate ao COVID-19, pois a maioria dos países não apresenta um protocolo de
contenção e prevenção específico para os povos indígenas, principalmente os
isolados e de contato inicial, pois os planos da Organização Mundial da Saúde não
contemplam o isolamento coletivo.
As organizações estão buscando o diálogo com os governos, apresentando
medidas de proteção dos povos indígenas, e principalmente os isolados. Há uma
necessidade de informação e treinamento dos profissionais de saúde, considerando
a população com quem trabalham, pois essa deficiência tem levado à uma
insegurança para os profissionais da saúde e os povos indígenas.
No Peru, as comunidades se isolaram em seus territórios, fechando fronteiras
terrestres e hídricas. Lizardo Cauper, presidente da Asociación Interétnica de
Desarrollo de la Selva Peruana (AIDESEP), conta sobre as dificuldades que vêm
enfrentando diante da pandemia, principalmente no relacionamento com o governo
e o sistema de saúde. A AIDESEP denunciou à ONU a desatenção e discriminação
que os povos indígenas amazônicos estão sofrendo por parte do governo peruano
nas ações de enfrentamento ao COVID-19.
“O governo peruano já declarou estado de emergência há 42 dias, mas estamos nos
sentindo afastados, esquecidos. Com esse sistema de saúde atual, estamos sendo
excluídos. Já falamos com o Ministério da Saúde, Ministério da Cultura, mas não
estamos sendo incluídos nesse novo sistema. Estamos focados em cuidar do nosso
território, da nossa área. Além da dengue e do coronavírus, existem outras
atividades criminosas”, aponta Lizardo.
O representante da Federação Nativa do Rio Madre de Dios e afluentes
(FENAMAD), Daniel Rodriguez, apresentou as propostas da Federação, tais como a
definição de cordões sanitários, mecanismos de vigilância epidemiológica e
fortalecimento de postos de saúde, a facilitação do isolamento nas comunidades,
com apoio humanitário para as necessidades e fortalecimento da comunicação. A
FENAMAD traz como proposta sobre os povos isolados e de contato inicial
transfronteiriços, espaços virtuais de comunicação entre países, unificação de
políticas, intercâmbio de informações.
Estas propostas se repetiram nas apresentações, com esse fortalecimento da
fiscalização das fronteiras, o apoio ao isolamento nas comunidades, a
implementação das barreiras epidemiológicas, treinamento das equipes para
reportar corretamente os casos de COVID-19, além do fornecimento de
equipamentos de proteção, testes para o coronavírus e medicamentos.

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