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Programa de Capacitação de Professores Suzuki - SAA

Leitura complementar do Curso de Filosofia Suzuki - EAD


Suzuki Association of the Americas - SAA
Teacher Trainer Renata Pereira
2020

O Método da Língua Materna


Por Eduardo Ludueña
Por que estudamos como as crianças aprendem seu idioma?

• Todas as crianças aprendem sua língua materna bem


• É uma maneira bem-sucedida de aprendizagem
• É uma maneira bem-sucedida de ensino
• Aprender um idioma é complicado
• Para adultos é difícil
• Para as crianças é fácil, é natural

Aprendemos o segredo do seu êxito. Analisamos como as crianças aprendem sua


linguagem.

Como as crianças aprendem sua língua materna?


• Por ter nascido em um mundo onde todos falam este idioma
• Os bebês absorvem tudo
• São rodeados por amor e estímulo
• Experimentam com a voz e com diferentes sons
• Começam a imitar o que escutam
• Enquanto existir mais estímulo, maior é a resposta por parte dos bebês
• Emitem sons sem analisá-los ou entendê-los
• Possuem um prazer enorme ao aprender
• Imitam palavras, frases, orações
• Continuam rodeados da linguagem falada e escrita
• Todos os bebês aprendem de sua própria maneira e seu próprio ritmo
• Os adultos não podem empurrá-los, simplesmente os permitem crescer
• Devemos ler para os bebês, sem pressioná-los para que aprendam a ler
• Aos 3 anos, muitos bebês dominam a gramática do seu idioma
• Eles simplesmente fazem. Não há necessidade de explicações!
• Uma vez que as crianças possuem fluidez na sua língua falada, aprendem a ler e escrever.
• Falar (ser fisicamente capaz de produzir os sons) e ter o idioma no ouvido (vocabulário,
ordem, gramática), são preparações necessárias para aprender a ler.
• A gramática e a análise seguem um processo natural

O aprendizado começa muito antes das crianças “aprenderem” a ler na escola. O sucesso
da leitura é o resultado de tudo o que a criança vivenciou até então.

O processo natural de aprendizagem


• Absorver o meio ambiente
• Ouvir - escutar
• Imitar
• Estar rodeado de amor e do estímulo dos pais • Ser exposto à bons exemplos do idioma
• Ser exposto a um alto nível de língua falada
• Absorver gradualmente as sutis nuances e detalhes da linguagem
• Repetição constante
• Absorver tudo através dos sentidos, não através de explicações

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• Alcançar fluidez no idioma falado
• Aprender a ler e escrever
• Gramática e análise

O desenvolvimento sensorial é o caminho para o desenvolvimento intelectual!

Como podemos aplicar este processo natural ao aprendizado da música?


Fazer com que os pais compreendam o seguinte:

1. Inserir o bebê em um ambiente com música dos grandes mestres. Dr. Suzuki recomenda
que deixe o bebê se familiarizar com uma obra, por exemplo, Mozart, deixando que a escute
repetidas vezes.
2. Deixe que a criança (ou bebê) absorva o repertório Suzuki que vai estudar.
Simplesmente coloque a música, e a criança vai escutar. Não o obrigue a escutar! (Pensem em
como as crianças absorvem sua linguagem. Eles não necessitam focar em escutar. Isso não é
responsabilidade deles). Este é um ponto muito importante. Se vocês obrigam as crianças a
escutar continuadamente, eles não irão querer fazer e serão resistentes a isso. Acreditem na sua
habilidade em absorver!
3. Deixem que a criança experimente e imite.
4. Cerquem a criança com amor e estímulo sempre.
5. A importância de sua participação no processo de aprendizagem.
6. Cerquem a criança com boa música sempre. A música que está estudando e a que vai
estudar.
7. Deixem que a criança aprenda absorvendo, imitando, desenvolvendo o ouvido e o uso
do corpo. Não a obrigue escutar explicações!
8. Deixem que a criança repita constantemente o repertório. Assim é como se desenvolve o
ouvido e a técnica.
9. Deixem que a criança continue absorvendo através dos seus sentidos.
10. Ajudem com a prática diária.
11. No momento apropriado, introduza a leitura musical.
12. Logo, introduzam a teoria musical, as formas e a análise.

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A FILOSOFIA SUZUKI
• Todas as crianças podem aprender bem

Aceitamos todas as crianças. Desenvolvemos o talento em todos os alunos. Acreditamos no


potencial de todos os alunos.

• A habilidade se desenvolve cedo

Nunca é muito tarde... mas quanto mais cedo se começa, melhor. A música se converte em uma
parte natural da vida das crianças pequenas e elas aprendem-na como outro idioma.

• O ambiente nutre o crescimento

No lugar de pensar “Como posso mudar a criança?” necessitamos pensar “Como posso mudar o
ambiente para que este ambiente produza o desejo da criança mudar?”

• As crianças aprendem umas com as outras

Temos que compreender a importância das aulas coletivas, recitais e concertos, mesmo que o
aluno não participe de forma ativa. As crianças sempre estão aprendendo e assimilando.

• O êxito atrai o êxito

Quando se domina bem um passo, o próximo passo já está preparado e com garantia de êxito.
Sempre!

• A participação dos pais é essencial

Os bebês aprendem a falar com a estimulação constante dos adultos no seu ambiente. Quando os
pais demostram verdadeiro interesse no que está fazendo, o bebê estará motivado para seguir
fazendo.

• É fundamental encorajar a criança

O encorajamento sincero motiva, enquanto a crítica causa rejeição. Todos querem fazer o que nos
dizem que fazemos bem e nos distanciamos daquilo que cremos que nós fazemos mal.

• Passo a passo

O aprendizado da música, como o aprendizado de um idioma, é um processo muito gradual.


Desenvolvemos as habilidades pouco a pouco, ensinado em passos muito pequenos, dominando
completamente um passo antes de seguir com o próximo.

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• Cada um ao seu ritmo

Durante o aprendizado de um idioma, cada bebê aprende de sua maneira e com seu próprio
ritmo. Nunca pensamos “o bebê tem 18 meses e somente sabe tantas palavras, então não serve
para falar”. Entendemos que cada bebê tem seu ritmo interno e vai aprender pouco a pouco. Na
música é igual. Existem crianças que aprendem rápido e outras que aprendem mais lentamente,
especialmente no início. Não é necessário comparar, necessitamos apreciar cada criança e sua
aprendizagem.

• Cooperação e não competição

Devemos fomentar uma atitude de cooperação e não de competição entre as crianças, os pais e os
professores. Cada um desfrutando das realizações dos demais.

• Repetição com enfoque

As crianças aprendem a desenvolver suas habilidades fazendo cada passo com muita repetição. A
repetição não deve ser algo mecânico e sim sempre um enfoque específico.

• Através da música criamos um mundo melhor

O objetivo de Suzuki não foi ensinar música, mas sim, através da música, educar a pessoa. Ele
sempre disse: “ O caráter primeiro e, depois, a música.”

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Uma comparação no ensino da
música com o Método
Tradicional e o Método Suzuki
Por Barbara Barber
Recentemente tive uma conversa com um amigo, um violinista de uma orquestra sinfônica
importante, que também dá aulas particulares.

Amigo: “Você é uma professora Suzuki, certo?”


Eu: “Não, eu sou professora de violino.”
Amigo: “Mas você não usa o método Suzuki?”
Eu: ”Sim, mas eu também uso outros materiais. O que você usa?”
Amigo: “Bem eu uso Tune a Day, Loaureux, Wohlfahrt, Doflein e outros.”
Eu: “ Eu uso todos esses também.”

Ao longo da nossa conversa, chegamos à conclusão que realmente nós estávamos fazendo
a mesma coisa: ensinando alunos a tocar violino. Comecei a pensar sobre o significado do que é
ser um professor Suzuki e como isto se compara ao que se conhece como professor tradicional.

Quais as diferenças? Quais as semelhanças? Por que percebe-se uma diferença entre os
dois? Como eles se completam? Existe uma transição entre um e outro? Em que ponto eles
pregam a mesma coisa? Estas são perguntas frequentes de professores e pais que eu gostaria de
tentar responder, através de uma perspectiva norte americana.

A Escola Tradicional

Somente devido ao tremendo impacto que o ensino Suzuki tem promovido na educação
de instrumentistas de cordas é que agregamos o termo “educação tradicional” ao nosso
vocabulário de cordas. Antes que as idéias de Shinichi Suzuki fossem introduzidas no Japão, há
quase 30 anos, o que agora chamamos de estilo tradicional era o modo normal de ensinar
instrumentos de cordas. É um verdadeiro desafio definir o que hoje conhecemos como estilo
tradicional de ensino, uma vez que ele está baseado centenas de anos de desenvolvimento das
escolas européias de pedagogia e repertório passados de geração para geração. Nós podemos
traçar a nossa própria linhagem musical através dos professores com quem estudamos – a minha
própria volta à Ysaye, Auer e Persinger. Todos os violinistas podem se considerar descendentes de
Corelli, “o antecessor de todos os grandes violinistas” . Muitos violinistas e violistas formaram-se
baseados estritamente em Si︎, Sevcik, Kreu︎er, Galamian e Flesch; violoncelistas em Do︎auer,
Dupont, Feulliard e Popper; contra-baixistas em, Billé e Simandl; violonistas em Sor, Aguado,
Giuliani, Carulli e Carcassi; e harpistas em Boscha, Renié, Salzedo e Grandjany. Estes são apenas
alguns dos precursores da escola tradicional. Cada um desses compositores/pedagogos contribuiu
significativamente para a arte do ensino de cordas; porém, muitos outros geraram um impacto na
técnica de cordas apenas pelo seu próprio modo de ensinar (Vários dos grandes pedagogos nunca
na realidade foram solistas, como exemplo temos Dorothy DeLay e o próprio Suzuki).

Considerando-se as muitas personalidades e estilos individuais de execução, é obvio que a


escola tradicional de ensino de cordas foi influenciada por mudanças na cultura, sociedade, moda
e gosto de público, assim como pela evolução das modernas salas de concertos e dos próprios
instrumentos.

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Shinichi Suzuki

Shinichi Suzuki nasceu em 1898 no Japão, filho de um fabricante de violinos. Quando


jovem, estudou com Karl Klinger em Berlim, nos anos 20. Klinger foi aluno de Joachim: portanto,
o próprio Suzuki pode ser considerado tradicional. Ele deu início ao seu movimento de Educação
de Talento em 1945 em Matsumoto, depois de testemunhar a devastação provocada pela Segunda
Guerra Mundial e dar-se conta do imenso sofrimento das inocentes crianças japonesas. Ele
passou muitos anos desenvolvendo sua ideologia, bem como sua aplicação ao ensino de violino.
Hoje em dia, do alto de seus mais de 90 anos, ele se levanta cedo diariamente para meditar,
ler e ensinar e ainda viaja aos Estados Unidos ocasionalmente.

Apesar de seu sistema ser publicado e constantemente referido como “método”, ele é na
realidade uma filosofia educacional que pode ser aplicada ao ensino de qualquer conteúdo ou
técnica para aluno de qualquer idade. A base do material do Método Suzuki para violino, viola,
cello, contra-baixo, violão, harpa, piano e flauta é agora publicada pela Sammy Birchard, Inc. Uma
vez que o próprio Suzuki é violinista, o repertório original foi concebido para violino. Por esta
razão, e porque o violino é talvez o instrumento com mais facilidade de adaptação para crianças
pequenas por ser portátil e não tão caro, o método é mais popular para violino. Seus 10 volumes
para violino tem sido chamados “uma série de bem graduada de composições para o
desenvolvimento técnico e musical da criança”.

Os volumes 1 a 3 consistem em várias de suas composições e transcrições da


literatura clássica, incluindo obras de Bach, Brahms, Schumann, Dvorak e Boccherini (muitas
dessas mesmas peças são encontradas em outras coleções de solos para alunos principiantes e
intermediários). Os volumes 4 a 10 consistem do repertório padrão de violino usado por
professores tradicionais por muitos anos – os concertos de Sei︎, Vivaldi, Bach e Mozart; as sonatas
de Handel, Corelli, Eccles e Veraccini e um número de peças curtas transcritas. O que poderia ser
mais tradicional do que este repertório?

O repertório publicado para os outros instrumentos mencionados seguem a mesma ordem


cuidadosamente planejada, a cada peça acrescentando apenas um novo elemento técnico ou
musical. Algumas peças são inseridas periodicamente como peças “plateau”, dando ao aluno a
oportunidade de polir algumas técnicas previamente aprendidas e desenvolver-se musicalmente.

Muitas das primeiras peças são comuns a todos os instrumentos – em particular as


“Variações das Estrelinhas” - embora elas sejam transpostas para tonalidades apropriadas a cada
instrumento. Todo volume é acompanhado de gravação que permitem aos alunos ouvir as peças
que estão aprendendo com o acompanhamento de piano. Aí está uma das maiores contribuições
dos materiais publicados do Suzuki: gravações amplamente acessíveis de músicas para alunos
principiantes e intermediários.

Fundamentos Básicos da Filosofia Suzuki

Não é raro o uso indevido do nome Suzuki. Pais e alunos acham que eles estão “fazendo
Suzuki” quando na verdade eles estão estudando violino (ou cello, viola, contrabaixo, violão,

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harpa, flauta, piano). Crianças pequenas tem sido chamadas de “aqueles Suzukinhos bonitinhos”
quando na realidade eles estão utilizando idéias “tradicionais” e literatura tradicional de vários
pedagogos e compositores. O Dr Suzuki é o primeiro a admitir o ecletismo da sua filosofia e
sugere ao professor “Suzuki” que, ao invés de nomear-se assim, se apresente como “Suzuki da
Silva” ou “Suzuki de Oliveira”. Nota-se então que não há um “professor puramente Suzuki “, uma
vez que cada um de nós adapta várias técnicas e idéias no desenvolver da nossa própria maneira
de ensinar. A maneira Suzuki de ensinar, baseada na sua filosofia educacional, não é uma
metodologia técnica, mas possui características que a distingue da maneira de ensino tradicional.

Vejamos como algumas dessas idéias são compartilhadas até certo ponto por professores
tradicionais. Meus comentários (em itálico) contrastam esses conceitos com os do ensino
tradicional. A filosofia Suzuki é baseada no preceito de que as crianças podem ser educadas
através do seu ambiente.

O Dr. Suzuki acredita que toda criança nasce com um potencial extraordinário e, exposta a
um ambiente musical e recebendo excelente treinamento, ela pode aprender a tocar um
instrumento. Daí o nome “Educação do Talento”. Suzuki mudou o conceito tradicional de que
sucesso ou fracasso da habilidade musical de uma criança é resultado de um talento inato.
Enquanto algumas crianças podem adaptar-se mais rapidamente e de forma mais sensível que
outras, haja vista cada uma tem seu próprio ritmo de aprendizado, todas podem aprender a tocar
bem, seja qual for o nível alcançado. Talento não é inato ou herdado, mas sim treinado e educado.
Gênio é o respeitoso nome dado aqueles que são expostos e treinados a ter uma alta habilidade.

Suzuki aconselha professores e pais a nutrirem suas crianças e alunos em uma atmosfera
de amor, construindo a auto-estima com constante paciência, tolerância, oferecendo elogios e
reforçando positivamente estas idéias. Sua proposta não é transformar alunos em profissionais de
carreira, mas enriquecer suas vidas através da apreciação de boa música e torná-los seres humanos
sensatos , sensíveis e pacíficos. Enquanto todo professor abraçaria os conceitos de criar um
ambiente favorável ao aprendizado, mostrando a todas as crianças a experiência da música
clássica e seus benefícios, alguns professores de outros métodos de ensino estão mais inclinados a
encorajar os alunos mais talentosos que desde cedo demonstram considerável potencial.

Alunos treinados pelo Método Suzuki começaram bem jovens.

Professores que usam esta filosofia têm uma afinidade particular para ensinar crianças
pequenas. Eles podem começar alunos de qualquer idade a partir de três anos até nove ou dez. O
ideal é permitir um início vagaroso e cuidadoso, permitindo que a criança domine
completamente cada nível antes de seguir para o próximo. A instrução inicial para a criança
consiste em observar as aulas de outros alunos, ouvir as gravações e frequentemente aprender a
posição do instrumento e do arco com uma espécie de pré-violino/violoncelo.

Professores tradicionais normalmente iniciam alunos quando eles são mais velhos. No
entanto, a base construída em qualquer idade é crucial, pois o futuro dos alunos será um reflexo
desta. Professores descuidados na escolha do método de iniciação podem provocar danos
irreparáveis ao mover demasiadamente rápido seus alunos, independente de sua idade.

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O professor Suzuki estabelece uma sociedade com os pais.

Um dos pais atende a todas as aulas com a criança, tomando notas cuidadosa- mente e
fazendo perguntas para então ela/ele se tornar o professor em casa durante o resto da semana. Os
pais normalmente atendem a sessões de orientação, algumas vezes mesmos aprendem a tocar as
primeiras peças no instrumento. Isto requer organização e um compromisso substancial em
termos de tempo e energia dos pais. Qualquer professor aprecia o auxílio e encorajamento dos
pais. No entanto, eles geralmente não exigem que os pais tenham um papel ativo no processo de
aprendizado.

O ensino pelo Suzuki ensina as crianças a tocar um instrumento antes de introduzir a leitura de
partitura musical.

Suzuki Chama o seu plano de “filosofia da língua materna,” uma vez que ele segue o
mesmo procedimento usado pelas crianças quando estas aprendem a falar a sua língua nativa:
exposição, imitação, encorajamento, repetição, adição e refinamento. Os alunos aprendem a tocar
imitando as peças gravadas as quais eles escutam várias vezes por dias. Eles primeiramente
interiorizam cada peça e posteriormente são mos- trados como recriá-la no instrumento. Eles
vencem muitas das dificuldades técnicas do instrumento e aprendem a comunicar-se através do
instrumento antes de aprender a ler partituras, exatamente como eles aprendem a falar antes de
ler.
Quando as idéias educacionais de Suzuki foram introduzidos nos Estados Unidos, muitos
professores norteamericanos ficaram tão entusiasmados com esta nova maneira de ensinar
crianças a tocar sem a responsabilidade de usar a música impressa que, verdade seja dita, a leitura
musical foi frequentemente negligenciada. Aprendendo através de erros passados e adaptando o
método à nossa cultura, muitos professores perceptivos agora ensinam o instrumento e a leitura
geralmente do começo, mas como duas tarefas separadas. Muitos principiantes atendem às aulas
de leitura ou teoria, onde são expostos ao básico da notação musical, bem como ao prazer de
cantar e de participar de jogos musicais. Mas quando é que o aluno Suzuki começa a ler música
com o instrumento? Na hora apropriada, determinada pela própria criança em seu comando
técnico do instrumento e a habilidade de concentrar-se na música escrita ao mesmo tempo.
O professor julga cada aluno separadamente. A maioria dos professores incorpora a
leitura à aula no Volume 2 ou em idade escolar. Novos materiais foram desenvolvidos para este
propósito, e professores estão ensinando leitura mais cedo e com maior sucesso do que
anteriormente.

Alunos Suzuki são frequentemente criticados por não ler música tão bem quanto tocam.

Infelizmente, eles são alvos tão somente porque tocam bem, e porque normalmente são
mais jovens do que seus tradicionais contemporâneos; suas habilidades de leitura simplesmente
ainda não alcançaram o seu nível técnico e musical de execução do instrumento. Geralmente, eles
estão lendo em um nível apropriado à sua idade. Nós não culpamos nossas crianças de cinco anos
e seis anos quando eles podem já falar inglês fluentemente mas não podem ainda ler!

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Muitos alunos de outros métodos também não leem bem, mas, como eles normalmente
também não tocam bem, eles não são culpados por sua fracas habilidades de leitura. Muitos
músicos talentosos não leem música no mesmo nível nível que eles realmente tocam. Alguns dos
maiores músicos de jazz, música popular e gospel aprendem a tocar exclusivamente de ouvido.
Simplificando, o ensino tradicional coloca a escrita antes o som e o ensino Suzuki coloca o som
antes da escrita, o que é de fato o mais “tradicional” meio de educação no mundo.

Suzuki eliminou o uso de estudos no seu curso e usa escalas e arpejos apenas moderadamente.

Novas técnicas são introduzidas nas próprias peças ou com curtos exercícios introduzidos
antes delas nos livros. Professores também criam dezenas de pequenos exercícios quando
necessário nos primeiros volumes, adicionando em volumes adiantados as escalas padronizadas e
estudos técnicos. As primeiras peças de Suzuki foram escritas e adaptadas para crianças pequenas;
elas são curtas, cheias de movimento, divertidas de tocar, e funcionam bem em grupos. Elas são
escritas na tonalidade de Lá, Ré e Sol, viabilizando o uso dos sons das cordas soltas. Seus registros
geralmente favorecem as cordas superiores, já que estas cordas soam melhor em instrumentos
pequenos. A genialidade do primeiro ritmo das Estrelinhas (sendo este empréstimo da abertura
do Concerto Duplo de Bach) baseia-se na introdução às arcadas em detaché e staccato. Toda
criança se deleita ao ver que já pode tocar o seu primeiro “Mississipi Stop Stop” ( apenas um dos
muitos nomes pelo qual é conhecido). Eles estão prontos para tocar um solo! o Ritmo é tocado no
meio do arco, usando primeiro os grandes músculos do braço; as arcadas são prolongadas
gradualmente até tornarem-se arcos inteiros no final do volume 1.

Muitos sistemas tradicionais consistem em páginas após páginas de duros exercícios


técnicos usando semibreve, mínima, semínima, exigindo do aluno o controle do arco inteiro
desde o começo, ao mesmo tempo que ele também está aprendendo a controlar e a ler música.
Estes exercícios tem pouco ou nenhum interesse musical, além do fato que métodos musicais não
contém grande variedade de peças. Passam-se muitos meses antes do aluno estar preparado o
suficiente para tocar para os outros.

Os professores do Método Suzuki ensinam um repertório padronizado.

A maioria dos professores ensinam os primeiros quatro volumes em sequência, mas nos
volumes seguintes, a ordem das varia frequentemente, e materiais de várias diferentes fontes são
misturados à literatura Suzuki. A maioria dos professores que usa o repertório Suzuki é bem
flexível, usando o material para servir às diferentes necessidades de cada aluno. No entanto, não é
todo aluno que quer as mesmas peças que os outros estão tocando.

Professores tradicionais tem bastante flexibilidade em criar um cronograma individual


para cada aluno. Muitos professores tradicionais usam os materiais Suzuki com seus alunos
simplesmente porque são ótimas coletâneas de peças.

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Alunos Suzuki revisam continuamente o repertório previamente aprendido.

Novas peças são acrescentados ao repertório assim como crianças acrescentam palavras ao
seu vocabulário. Elas estão prontas para apresentar a qualquer momento. Peças revisadas são
usadas para introduzir novas técnicas (mudança de posição, spiccato e assim por diante) e
proporcionar a viabilidade para que alunos desenvolvam um alto nível de musicalidade. Alguns
professores abstém-se de exigir a revisão contínua do repertório aos seu alunos mais adiantados.
O aluno tradicional geralmente abandona uma peça do repertório quando começa uma nova.
Quando solicitado a tocar, o aluno normalmente “ não tem nada pronto”.

Alunos Suzuki tocam frequentemente e memorizam com facilidade.

Eles desde o começo aparecem no palco tanto como solistas ou membros de grupos de
professores. O repertório em comum serve como um mecanismo de motivação embutido: eles
estão ansiosos para aprender as peças que os alunos mais avança- dos estão tocando. Aulas de
grupo, concertos na comunidade, recitais e cursos de verão dão a eles razão suficiente para
estudar e compartilhar com os outros suas realizações. Quando eles entram nas orquestras das
escolas, o que eles quase sempre fazem, eles já têm vasta experiência em grupo.

Alunos tradicionais tendem a se direcionar mais para uma vida de “confinamento


solitário”. Eles normalmente não tem tantas oportunidades de apresentar-se em público, e as
experiência em grupo são somente adquiridas nas orquestras de escola e em grupos camerísticos.
A independência da estante de música, que permite o seu florescimento como artista, algumas
vezes não acontece até um nível mais avançado.

Programa de Desenvolvimento do Professor

Professores interessado na Educação de Talento podem receber treinamento intensivo


especializado com pedagogos americanos aprovados e altamente recomendados pela SAA
(Associação Suzuki das Américas). O estudo é dividido em unidades correspondentes à unidade
do livro de repertório. Um professor pode escolher uma unidade em específico para estudar com
um pedagogo em particular no local de sua preferência.

O estudo dos volumes é ensinado em cursos curtos, como programas de aprendizado


individualizado com professores em estúdios, ou como programa compreensivos de longo prazo
em faculdades e universidades que oferecem diplomas em Pedagogia Suzuki. Professores podem
registrar seu estudo pela SAA, seguindo as diretrizes do Programa de Desenvolvimento do
Professor, e são aconselhados a fazer as unidades em sequência. Os cursos são designados para
aqueles que tem bastante domínio de seus instrumentos. Pré requisitos para as aulas incluem
proficiência na execução do volume estudado, leitura e familiaridade com a filosofia Suzuki.

Os professores acham esse treinamento estimulante e extremamente valioso; ele é aplicável


a qualquer cenário no ensino de cordas – em estúdio privados, seja em preparação para a

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faculdade e no nível universitário, bem como as aulas em escolas públicas. O enfoque não está no
credenciamento, mas desenvolvimento e crescimento contínuo do professor.
É necessário que professores que se proclamem adeptos ao método Suzuki sejam filiados à
SAA. Nenhuma outra organização oferece este tipo sistemático e compreensivo de educação
contínua a professores de cordas, nem devem os professores serem afiliados à nenhuma outra
associação.

Concepções errôneas mais Frequentes

Os seguintes pontos de vista foram expostos pelo ceticismo e má interpretação de


indivíduos que são simplesmente desinformados sobre este sistema educacional. Uma tentativa é
feita aqui para dispersar tais mal-entendidos:

O ensino Suzuki é um método de grupo.

Alunos Suzuki ganham atenção da mídia por causa dos concertos em grandes grupos
frequentemente apresentados, dando a falsa impressão de que este é modo em que eles são
treinados. Ao contrário do que alguns acreditam, a base do programa é na realidade a chamada
aula individual. Este pode ser o modo mais apropriado de aula particular, uma vez que outros
alunos, pais e professores são também estimulados a comparecer.

Os alunos Suzuki não leem música.

Como nós já vimos, não ensinar alunos a ler música não é um dos princípios da Educação
do Talento. Se alunos usando este sistema não leem bem, os responsáveis por isto são os
professores e os pais.

Os alunos Suzuki tocam como robôs.

Em grupo, a unidade musical é enfatizada, como no naipe de cordas de qualquer orquestra


sinfônica profissional. Porém, qualquer professor que não estimule sua alunos a desenvolver sua
individualidade quando está tocando solo, não devesse talvez nem sequer estar dando aulas,
independente do método que esteja utilizando. Tanto professores Suzuki como professores
tradicionais fornecem exemplos de beleza musical tocando para inspirar seus alunos. É para isso
que servem os professores. Enquanto um aluno pequeno é moldado como se imitasse seu
professor, alunos mais avançados são guiados pelo que seu professor julgar ser a mais aceitável
direção.

Alunos mais avançados devem fazer a transição do “Suzuki” para o Tradicional”.

Alunos tocando os últimos volumes estudam repertório suplementar e supostamente


demonstram desenvoltura na leitura de partitura. Gradualmente, eles tornam-se independentes
do envolvimento dos pais na aula e no estudo em casa. Em nenhum ponto eles param de ser

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alunos Suzuki e passam a ser alunos tradicionais; não há uma transição de um para outro já que
ambos são a mesma coisa.

Professores Suzuki ensinam com jogos e truques.

Quando professores usam imagens criativas e jogos engenhosos tanto nas aulas individuais
quanto nas aulas de grupo, especialmente com alunos pequenos, isto quase sempre é feito, com
finalidades técnicas ou musicais. Professores tradicionais também usam muitas das mesmas
táticas de ensino. Isso realmente depende muito da personalidade individual o professor e sua
filosofia de ensino. Qualquer fórmula de aprendiza- do pode ser divertida.

Alguns procedimentos e técnicas “Suzuki” devem ser seguidos:

Muitos professores Suzuki adotam o costume japonês de pedir ao aluno que se curve (em
reverência) no começo e no final da aula como sinal de respeito, instigando-lhe a concentração
durante a aula e ensinando-lhe a portar-se propriamente no palco. Alguns professores ensinam
seus alunos principiantes a segurar o arco com o polegar voltado para fora do talão.

Fitas são normalmente colocados no espelho do instrumento dos principiantes, para


assegurar a precisão na afinação e no arco para indicar a distribuição do mesmo. Nenhuma
instrução em específico é dada aos professores sobre nenhuma dessas práticas comuns. Elas são
meramente de aspecto periféricos e não são essenciais à filosofia Suzuki. Professores devem
procurar usá-las por curto período de tempo, até um certo estágio, ou não usá-las.

Alguns seguidores da metodologia Suzuki pregam o posicionamento demasiadamente


baixo do braço direito do violinista. Esta pode ser o resultado da velha prática do “livro embaixo
do braço”, tão propaganda na Alemanha no fim do século dezenove. Apesar de nenhum guia
específico ter sido estabelecido, este tem sido tópico importante, enfaticamente considerado por
Dr Suzuki nos últimos anos. Ele defende o cotovelo baixo por acreditar que isto auxilia o
desenvolvimento de uma sonoridade mais densa causada pelo peso do braço ao invés da pressão
no arco.

Professores Suzuki devem ser licenciados.

Como dito anteriormente, não existe uma licença do professor, apenas o registro na SAA
das unidades de treinamento que o professor completou. Muitos professores intitulam-se
professores Suzuki sem se importar com a quantidade de treinamento ou diplomas em música
que eles tem. Sem o completo entendimento ou dedicação a filosofia, alguns professores usam o
nome “Suzuki” ou “Educação do Talento” por causa da atenção que atrai pais e crianças a este
conhecido sistema educacional. Muitos professores trabalham muito bem sob a estrutura de um
círculo organizado. Outros podem desencorajar esta identificação ou evitá-la inteiramente para
que não se restrinjam; eles não querem ficar conhecidos como instrutores apenas de crianças
pequenas, como muitas vezes são associados pelos mais desinformados. Existe também aqueles
que usam o que pode ser chamado de uma metodologia Suzuki modificada, empregando somente
parte dos princípios envolvidos. A maioria das idéias de Suzuki não são novas, mas tem sido

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codificadas como uma metodologia sistematizada. Ele tem oferecido a professores exemplos
maravilhosos de como ensinar crianças pequenas. Muitos professores tradicionais usam alguns
dos mesmos princípios em aulas individuais e em conservatórios.

Riscos e Problemas

Espero deixar aqui claro que minha intenção ao escrever este artigo não é a de somente
expor as virtudes da metodologia Suzuki. A Educação do Talento certamente não é imune a
alguns riscos do ensino de cordas em geral. Como qualquer processo educacional, seu sucesso
depende do professor que o ensina. Durante meus 15 anos de experiência ensinando Suzuki, pude
constatar as seguintes situações:

Por causa do envolvimento dos pais, do uso de gravação e do adiantamento da leitura de


partitura, algumas crianças pequenas avançam rapidamente entre um livro de repertório e outro,
defrontando-se então com alguma grande peça de repertório – um concerto de Mozart, por
exemplo – antes que estejam maduras técnica e emocional- mente. A obsessão de alguns pais e
professores em relação ao número de peças e volumes completos acaba por vezes comprometendo
a qualidade do trabalho.

O repertório Suzuki é composto predominantemente de obras barrocas, bem como de


peças de grande virtuosidade técnica nos últimos volumes. Ultimamente, professores procuram
mais do que nunca alargar este repertório, incorporando peças que forneçam maior variedade
técnica e estilística, o que possibilita um crescimento mais gradual na preparação do aluno para o
grande repertório.

Alunos mais velhos podem criar uma perigosa dependência:


a) de gravações, já que podem assimilar uma nova passagem muito mais rapidamente de ouvido
do que através da música impressa;
b) dos pais, sempre carregando os seus instrumentos, organizando todas as suas músicas e
preparando-os para tocar desde pequenos;
c) de seus professores, que tem afinado seus instrumentos, marcado suas músicas
e facilitado todo o aprendizado (algumas vezes mastigando nota por nota) desde o começo. Eles
algumas vezes tem maior dificuldade do que alunos tradicionais no desenvolver de sua
independência. No entanto, isto não é apenas um problema do aluno Suzuki. Até mesmo
professores universitários reclamam que seus alunos não sabem como pensar por eles mesmos!

O público americano tem a chance de ouvir o Tour Group da Educação do Talento,


formado por alguns dos melhores músicos jovens do Japão, todo outono. Estes concertos são
sempre fonte de muita inspiração ao s alunos, pais e professores. Em um esforço para manter-se a
par com seus equivalentes japoneses e com as gravações, os alunos Suzuki americanos tem a
tendência de tocar forte, muito forte, fortíssimo (Dr Suzuki constantemente enfatiza SOM
GRANDE) e presto, molto presto, prestíssimo (tempo de “Matsumoto”). Isto se torna mais
exagerado ainda quando os alunos tocam em grandes grupos. Repetindo: isto não é um problema
que só os alunos Suzuki desenvolvem. Todos os grupos de cordas formados por músicos jovens

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tem uma tendência natural de “correr e tocar muito forte” se seu professor não ensina nuances
como sotto voce e controle do tempo desde o começo.

Nós não somos tão diferentes

Portanto, vemos que as diferenças entre o ensino Suzuki e o ensino tradicional estão mais
relacionadas ao começo e são diferentes mais filosóficas do que técnicas. William Primrose
descreve seu ceticismo no que ele acredita ser uma filosofia de ensino em “linha de montagem” do
ensino de violino, uma atitude típica de muitos músicos de sua geração. Depois de viajar ao Japão
com sua esposa Hiroko, visitando Suzuki e ouvindo seus alunos no Instituto da Educação do
Talento em Matsumoto, Primrose surpreendeu-se do quanto a sua educação foi similar à
ideologia Suzuki: ele tinha sido criado desde cedo por pais dedicados em um ambiente musical
inspirador. Ele era “imitador”, como qualquer outra criança. O método do Suzuki de ensinar
violino não é tão diferente de tantos outros. Sua singularidade está na habilidade impressionante
de desenvolver crianças pequenas e enriquecer suas vidas.

Não importando se nos rotulamos professores “tradicionais” ou “Suzuki”, cada um de nós


deve aproveitar todas as oportunidades possíveis de aperfeiçoarmo-nos como músicos e como
professores, extraindo idéias de diferentes fontes e combinando-as com as nossas próprias,
desenvolvendo um estilo próprio. “Para o professor criativo e qualificado, qualquer método serve
como uma estrutura básica para um ponto de partida, para que posteriormente problemas
práticos do seu cotidiano o façam amadurecer e aperfeiçoar-se constantemente.

Nós construirmos nossa reputação como professores, seja ela boa ou ruim, através de
nossos alunos e nos exemplos que estes passam aos outros. Nossos passos iniciais podem ser
diferentes, mas nossas esperanças e objetivos são no final os mesmos: ter uma influência positiva
em crianças cujas vidas nós ajudamos a formar, ensinando-as a arte de tocar um instrumento e
instigando sempre a apreciação da boa música.

Título original em inglês: A Comparison of Tradicional and Suzuki Teaching, Barbara Barber. 1991
Translated and Reprinted by permission of author, Suzuki Association of the Americas and American
Strings Teachers Association.
Reservam-se os direitos desta tradução à Eloisa Padilha.

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