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ZOE

Ao acordar de um sono leve e tranquilo, em seu quarto, apenas lembranças de viagens de sua
família, uma poltrona de leitura onde Zoe dormia, e sua cama com um colchão surrado que
ganhará ao completar 8 anos, uma escrivaninha no pé da cama que formará seu altar.

Zoe abriu sua boca e exclamou.

– Eu quero comida! Era seu gato mais uma vez, tagarelando ao acordar.

Já não era mais estranho para ele, Zoe seu gato era associado a figuras dos deuses do
Antigo Egito, permeados por uma sensibilidade mística e espiritualidade própria.

Estranho ele não perceber que dialogava com seu gato.

II

Na noite passada Arthur, tutor da Zoe, saía de uma casa de show underground, um clube
de dia e pela noite era regado a um clima sombrio, vinho barato, pessoas de sempre, som de
doer os ouvidos, um grupo de trabalhadores que gostavam de um som mais pesado, o som era
Black Metal.

Black metal uma vertente extrema do heavy metal, surgida nos anos 80, mergulhando
fundo ao lado mais sombrio da alma humana. Adeptos se pintavam com corpse paint seus rostos
– uma pintura facial em preto e branco – seu colete com patchs de bandas, cinto de balas,
braceletes de espinhos, coturno e expressões de guerra e/ou vazias.

Eram um círculo que comungava da mesma filosofia de vida, anticristos.

III

Arthur buscava refúgio no que considerava ser diferente. Exemplo, foi em sua época de
faculdade, onde para ser aceito precisava fazer parte de um grupo de alunos que denominavam,
Doutrinadores. Festas regadas a bebidas, sexo e drogas. Com muita sorte conseguia uma
mulher, ou um homem, para passar a noite.
Pecados e mais pecados eram cometidos. Percebia que afrontando a Deus, ele sentiria
mais vivo, buscava verdades nesse plano físico. Deixava todos os ensinamentos que fora dados
quando crianças, adormecidos no mais profundo calabouço de sua alma.

IV

Percebeu quando quis formar uma família, todos esses sentimentos vazios, de falsas
verdades, gatos falantes, e misticismo barato, não passava apenas de obstáculos colados para
testar seu poder de escolha.

Hoje, solitário em seu quarto, como companhia, Zoe. Espera o momento certo para sair
do encarceramento mental que existe em sua vida. Ele acredita fielmente que esta certo. Pobre
Arthur.

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