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CÁLCULO I

Prof. Marcos Diniz | Prof. André Almeida | Prof. Edilson Neri Júnior | Prof. Emerson Veiga | Prof. Tiago Coelho

Aula n
o 17: Teorema de Rolle e Teorema do Valor Médio.

Objetivos da Aula
• Enunciar os Teoremas de Rolle e do Valor Médio;

• Apresentar algumas aplicações do Teorema do Valor Médio.

Teorema do Valor Médio


Para enunciarmos o Teorema do Valor do Médio, precisamos do seguinte resultado:
Teorema 1 (de Rolle). Seja f uma função contínua que satisfaça as seguintes hipóteses:
1. f é contínua no intervalo fechado [a, b]
2. f é derivável no intervalo aberto (a, b)
3. f (a) = f (b)
Então, existe um número c em (a, b) tal que f 0 (c) = 0.
A gura a seguir mostra o gráco de três funções que satisfazem o resultado anterior. Em cada um dos
casos há pelo menos um ponto (c, f (c)) onde a tangente é horizontal e, portanto, f 0 (c) = 0.

Vejamos alguns exemplos de utilização desse resultado.


Exemplo 1. Demonstre que a equação x3 + x − 1 = 0 tem exatamente uma raiz real.
Solução: Pelo Teorema do Anulamento existe uma raiz. De fato, f (x) = x3 + x − 1 é contínua pois é
uma função polinomial, f (0) = −1 e f (1) = 1, logo existe um c entre 0 e 1 tal que f (c) = 0. Para vericar
que a equação dada não possui outra raiz real, vamos usar o Teorema de Rolle. Suponha, por contradição,
que a equação dada tenha duas raízes a e b, então f (a) = f (b) = 0. Como f é uma função polinomial,
então f é derivável em (a, b) e contínua em [a, b]. Assim, pelo Teorema de Rolle, existe um c entre a e b,
tal que f 0 (c) = 0. Mas,
f 0 (x) = 3x2 + 1 > 0 ∀ x
Portanto, f 0 (x) nunca pode ser zero, o que contradiz o Teorema de Rolle. Portanto, a equação não
pode ter duas raízes.

Exemplo 2. Dois corredores começam uma disputa de corrida ao mesmo tempo e terminam empatados.
Mostre que em algum instante, durante a corrida, eles correram com a mesma velocidade.

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Solução: Sejam f a função que descreve a posição do corredor 1 e g a do corredor 2. A cada instante
t durante a corrida, associamos a posição f (t) e g(t) aos respectivos corredores 1 e 2. Consideremos a
função h(t) = f (t) − g(t) e [t0 , tf ] o intervalo de tempo que durou a corrida. Como f e g são deriváveis
em (t0 , tf ) e contínuas em [t0 , tf ] então h também é. E além disso,

h(t0 ) = f (t0 ) − g(t0 ) = 0

e
h(tf ) = f (tf ) − g(tf ) = 0
pois eles começaram e terminaram juntos a corrida. Segue do Teorema de Rolle que existe algum instante
t1 entre t0 e tf tal que
h0 (t1 ) = 0
Logo,
f 0 (t1 ) = g 0 (t1 ).


Teorema 2 (do Valor Médio). Seja f uma função que satisfaz as seguintes hipóteses:
1. f é contínua no intervalo fechado [a, b]
2. f é derivável no intervalo aberto (a, b)
Então, existe um número c em (a, b) tal que
f (b) − f (a)
f 0 (c) = (1)
b−a
ou, de maneira equivalente,
f (b) − f (a) = f 0 (c)(b − a). (2)
Geometricamente, temos que, dados dois pontos A(a, f (a)) e B(b, f (b)) sobre o gráco de uma função
derivável. Neste caso, a inclinação da reta secante AB é:
f (b) − f (a)
mAB = , (3)
b−a
que é a mesma expressão mostrada no lado direito da Equação 1. Uma vez que f 0 (c) é a inclinação da
reta tangente no ponto (c, f (c)), o Teorema do Valor Médio, nos garante, pela Equação 1 que há, pelo
menos, um ponto P (c, f (c)) sobre o gráco onde a inclinação da reta tangente é igual à inclinação da reta
secante. Em outras palavras, estamos dizendo que a reta tangente no ponto P é paralela à reta secante
AB . Observe gracamente:

Exemplo 3. Determine c ∈ (0, 4) para o qual a reta tangente ao gráco da função f (x) = x2 − 5x + 6 no
ponto P (c, f (c)) seja paralela à reta secante que passa pelos pontos A(0, f (0)) e B(4, f (4)).

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Solução: Como f é uma função polinomial, então é contínua e derivável em todo o seu domínio. O
Teorema do Valor Médio garante a existência de c ∈ (0, 4), tal que:
f (b) − f (a) f (4) − f (0)
f 0 (c) = ⇒ 2c − 5 = ⇒ c = 2.
b−a 4−0


Exemplo 4. Se um objeto move-se em uma linha reta com uma função posição s(t). Então a velocidade
média entre t = a e t = b é:
s(b) − s(a)
b−a
e a velocidade em t = c é s0 (c). Assim, o Teorema do Valor Médio nos diz que, em algum instante t = c
entre a e b, a velocidade instantânea f 0 (c) é igual a velocidade média. Por exemplo, se um carro percorrer
180 km em duas horas, então o velocímetro deve ter passado pela marca dos 90 km/h pelo menos uma vez.


Observação 1. Em geral, o Teorema do Valor Médio pode ser interpretado como se dissesse que existe um
número no qual a taxa de variação instantânea é igual a taxa de variação média em um intervalo.
Exemplo 5. Suponha que f (0) = 3 e f 0 (x) ≤ 5 para todos os valores de x. Quão grande f (2) pode ser?
Solução: Pelos dados do problemas, temos que f é derivável (e, portanto, contínua) para todo x. Em
particular, vamos aplicar o Teorema do Valor Médio no intervalo [0, 2]. Então, existe um número c tal que

f (2) − f (0) = f 0 (c)(2 − 0)

logo
f (2) = f (0) + 2f 0 (c) = 3 + 2f 0 (c).
Sabemos que f 0 (c) ≤ 5 para todo x. Assim, multiplicando ambos os membros dessa desigualdade por
2, temos que 2f 0 (c) ≤ 10, logo
f (2) = 3 + 2f 0 (c) ≤ 3 + 10 = 13.
Portanto, o maior valor possível para f (2) é 13.


Exemplo 6. Suponha que em uma rodovia reta há dois carros de patrulha da Polícia Rodoviária que estão
distantes 5 quilômetros um do outro. Suponha também que um caminhão passou pelo primeiro carro
da patrulha com velocidade de 55 km/h, e sem parar, 4 minutos depois passou pelo segundo carro da
patrulha com velocidade de 50 km/h. Mostre que em algum instante entre os carros da Polícia Rodoviária,
o caminhão ultrapassou o limite de velocidade dessa rodovia que era de 55km/h.
Solução: Consideremos  a função posição do caminhão no instante t. Note que o trajeto considerado
 s(t)
1
foi feito no intervalo 0, , onde t = 0 é o instante em que o caminhão passa pelo primeiro carro da
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patrulha e o instante
4 1
= h
60 15
é o instante em que ele passa pelo segundo carro. Desse modo,
 
1
s(0) = 0 e s =5
15

Logo, a velocidade média do caminhão nesse trajeto é de


1
s( 15 ) − s(0) 5−0
1 = 1 = 75km/h
15 − 0 15

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Supondo que s é derivável no intervalo 0, e contínua em 0, , segue do Teorema do Valor Médio
15 15
1
que existe um instante entre t = 0 e t = tal que a velocidade do caminhão foi igual à velocidade média
15
do trajeto. Portanto, em algum instante t∗ temos que s0 (t∗ ) = 75, logo o caminhão ultrapassou o limite de
velocidade.

Os resultados a seguir são também consequências do Teorema do Valor Médio e serão utilizadas poste-
riormente.
Corolário 1. Se f 0 (x) = 0 para todo x em um intervalo (a, b), então f é constante em (a, b).

Corolário 2. Se f 0 (x) = g 0 (x) para todo x em um intervalo (a, b), então f − g é constante em (a, b), isto
é, f (x) = g(x) + c, em que c é uma constante.

Resumo
Relembre as hipóteses de cada um dos teoremas apresentados na aula. Quais são as interpretações
geométrica e cinemática do TVM?

Aprofundando o conteúdo
Leia mais sobre o conteúdo desta aula na seção 4.2 do livro texto.

Sugestão de exercícios
Resolva os exercícios da seção 4.2 do livro texto.

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