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SALVADOR
2017
LORENA KARINE SOUSA DOS SANTOS
Salvador
2017
Biblioteca Raul V. Seixas – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
da Bahia - IFBA - Salvador/BA.
Responsável pela catalogação na fonte: Samuel dos Santos Araújo - CRB 5/1426.
ABSTRACT
This study aimed to characterize the business, from cases, in the state of Bahia.
For this, four organizations were identified and classified to characterize the social,
economic and environmental impacts generated by businesses in our cases. In this
way, a qualitative explanatory bibliographical research was conducted to discuss
different approaches to social entrepreneurship, and was used in the Impact and Social
Innovation Dimension model developed by Comini (2016) to characterize and analyze
the focus of the organizations studied (non-social focus or the market). In this way, it
was verified that these organizations are mixed, like accounting servers and logos,
therefore, they are configured as social businesses and behave as agents of
transformation of the places where it operates.
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 8
2. REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................12
6. REFERÊNCIAS .........................................................................................................47
1. INTRODUÇÃO
Desta forma, Yunus acredita que um negócio social deverá ser integralmente
dedicado às causas sociais, sem distribuir dividendos, para que toda a renda seja para
manter o negócio em funcionamento e reinvestido para que o alcance de suas ações
seja maior.
Conforme Viviane Naigeborin, consultora e especialista na área de negócios
sociais no Brasil, os professores e acadêmicos da área de negócios sociais
internacionais, Stuart Hart e Michael Chu, discordam de Muhammed Yunus quanto à
distribuição de lucros oriundos do negócio social. Para estes atores, a distribuição de
lucros incentivaria mais investidores e poderia maximizar e acelerar os benefícios
sociais causados (NAIGEBORIN, V. 2010 p. 8). Hart et al (2002 apud SOUZA, E.;
OKANO, M., OLIVEIRA, G., VEIGA, A., 2016 p.1-10) informa ainda que para realizar
negócios com as pessoas mais pobres do mundo requer inovações radicais em
tecnologias e modelos de negócios.
Naigeborin (2010, p. 1-5) defende que negócios sociais “são modelos que
buscam desenvolver soluções de mercado que possam contribuir para superar alguns
problemas sociais e ambientais (...) onde o lucro não é o fim em si mesmo, mas um
meio para gerar soluções” e defende ainda que este modelo possui diferentes atores,
como lideranças sociais, investidores, empreendedores, etc., que almejam retorno
financeiro e benefício social.
Para a Artemisia1, negócios sociais são “iniciativas economicamente rentáveis
que através da sua atividade principal brindam soluções para problemas sociais e/ou
ambientais, utilizando mecanismo de mercado” (Artemisia apud NAIGEBORIN, V.
2010 p. 2) e completa ao posicionar-se que podem ou não gerar dividendos (Artemisia,
2014).
O SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) o
negócio social é “viável economicamente e existe para buscar solução a uma questão
social” (SEBRAE, 2016), onde busquem o impacto sócio ambiental positivo como uma
atividade principal da empresa.
Portanto, observa-se que independe da corrente de gerar ou não lucros, há um
consentimento entre os atores de que negócios sociais são empresas
autossustentáveis com missão de desenvolver a sociedade e/ou o meio ambiente,
desse modo, esta será a compreensão adotada para direcionar este estudo.
1
Organização sem fins lucrativos, fundada em 2004 pela Potencia Ventures, pioneira na
divulgação e no incentivo de negócios sociais no Brasil, através de cursos, aceleradoras, projetos, etc.
Disponível através do endereço eletrônico artemisia.org.br
objetivo de redução da pobreza, melhoria de saúde da população de baixa renda,
sustentabilidade, entre outros (YUNUS, M., 2010, apud KUHN, D., 2013 p. 25-50).
O segundo tipo defendido por Yunus refere-se a grupos de pessoas pobres que
unem-se para ganhar mais força no mercado, formando associações e/ou
cooperativas. Neste caso específico, eles visão o lucro, porém o negócio social é o
fato de a empresa existir ao permitir que seus associados melhorem
consideravelmente nas suas condições de vida, podendo crescer e adquirir mais
associados, proporcionando diminuição da pobreza do local de atuação através de
uma economia solidária (YUNUS, M., 2010, apud KUHN, D., 2013 p. 25-50).
Naigeborin defende que há principalmente três tipos de estratégias para um
negócio social, o primeiro seria incluir pessoas de baixa renda ou de populações
marginalizadas na cadeia produtiva do negócio, o que podemos relacionar com o
segundo modelo defendido por Yunus, através de associações e cooperativas por
meio de uma economia solidária; o segundo refere-se ao oferecimento de produtos e
serviços que melhoram a qualidade de vida de pessoas mais pobres, seja para
atender às necessidades básicas da população ou para viabilizar oportunidades de
melhoria de sua atuação socioeconômica, como em áreas de habitação, saúde,
energia, acesso à tecnologia, etc.; e o terceiro seria a oferta de bens e serviços que
contribuam, ainda que indiretamente, para o aumento de renda de pessoas mais
pobres, como o acesso a crédito produtivo, equipamentos de baixo custo, entre outros
(NAIGEBORIN, V. 2010 p. 1-10).
Apesar de que no Brasil, os tipos de negócios sociais defendidos por
Naigeborin sejam aceitos, internacionalmente essas definições referem-se ao termo
social enterprise, enquanto que os defendidos por Yunus refiram-se a social business
(GOMES, 2013) - respectivamente empresa social e negócio social, tradução literal.
A falta de uma definição específica para este(s) modelo(s) de negócios são
ocasionadas principalmente devido à falta de uma legislação no Brasil, que possa
caracterizá-lo(s) e o(s) tipificar (GOMES, 2013). Por não haver, até o momento da
pesquisa, nenhuma lei específica, serão aceitos todos os tipos demonstrados aqui.
Para permitir melhor visualização segue figura abaixo:
Para França Filho (2002, p.13), a economia solidária pode ser entendida como
um movimento de atualização histórica da economia social, ainda defende que a
economia solidária pode ser “outra possibilidade de sustentação das formas de vida
de indivíduos em sociedade, não centrada nas esferas do Estado e do mercado”
(FILHO, 2002, p. 13).
Assim, no âmbito dos negócios sociais, a economia solidária pode ser
comparada ao segundo modelo defendido por Yunus e Naigeborin, no qual o fato do
grupo, ou neste caso o cooperativismo existir, é um negócio social, pois permite a
inclusão dos seus membros em solidariedade e poucos recursos.
Desta forma, é preciso considerar um modelo no qual possa ser possível obter
crescimento financeiro, desenvolvimento e bem estar social coletivo, devido a
dificuldade do Estado e de empresas, cuja finalidade seja meramente o lucro,
proporcionar à população esses fatores (crescimento financeiro, desenvolvimento e
bem estar social coletivo). Assim, para Dolabela (1999) apud Carvalho e Santos
(2009), o empreendedorismo é a “modificação da realidade e a obtenção de auto-
realização e o oferecimento de valores positivos para a sociedade”. (DOLABELA,
1999 apud CARVALHO E SANTOS, 2009).
Aproximando-se assim, do conceito de Empreendedorismo Social, porém a
diferença fundamental entre empreendedorismo e empreendedorismo social seria o
objetivo central do empreendimento, enquanto o primeiro tem como foco a utilização
das oportunidades encontradas para obtenção de resultados financeiros, o segundo
objetiva os impactos sociais que suas ações podem causar, conforme Parente et al
(2011, p. 271):
A apropriação do conceito de empreendedorismo pelo empreendedorismo
social prende-se com a migração de características associadas àquele num
espaço cuja finalidade não é a da acumulação da riqueza ou lucro (...)
principal característica distintiva do empreendedorismo social a missão de
criar e maximizar o valor social, por intermédio de atividades inovadoras, ao
invés da geração de lucro inerente ao empreendedorismo (DAVIS, 2002;
AUSTIN et al, 2006; CERTO & MILLER, 2008; apud PARENTE et al, 2011 p.
271-271).
O empreendedorismo social, segundo Parente et al (2011, p. 269) surge a partir
de ação da sociedade para encontrar possíveis soluções aos impasses sociais que
não são resolvidos pelo Estado ou mercado e completa ao afirmar que o
empreendedorismo social “procura incorporar neste setor conceitos e ideias de
negócio como veículo de inovação a fim de superar os desafios sociais”. Embora seja
um conceito tido como novo nos dias atuais, as ações de empreendedorismo social
podem ser vistas ao longo da história, através de escolas e hospitais que utilizavam
meios sociais e econômicos para sua operacionalização (DEES, 2009; NICHOLLS,
2006 apud PARENTE et al 2011 p. 270).
Ainda, segundo Austin, Stevenson e Wei-Skillern, (2006 apud TISCOSKI, G;
ROSOLEN, T; COMINI, G. 2013 p. 3), o empreendedorismo social pode ser aplicado
em organizações nos setores privados, no terceiro setor ou em organizações híbridas
devido ao seu conceito amplo, desde que tenha uma ação inovadora com propósito
social. Assim, Tiscoski, Roselen e Comini (2013, p. 3) afirmam que “o conceito de
empreendedorismo social está pautado na criação de valor social e na introdução de
inovações de metodologia, serviços ou produtos, as quais gerariam uma
transformação social” e completam ao afirmar que ao unir os fatores sociais e
econômicos para as organizações trás novas possibilidades ao que antes era apenas
visto como duas: social OU econômico.
Desta forma, entende-se que todos os contextos estudados aqui, como negócio
social, responsabilidade social e economia solidária, estejam vinculados, dentro das
suas características, ao empreendedorismo social. Assim, neste contexto, o estudado
neste trabalho é o negócio social.
De acordo com Phills et al ( 2008, apud COMINI, 2016, p. 58), inovação social
trata-se de um “propósito de buscar uma nova solução mais efetiva, eficiente,
sustentável ou justa para um problema social do que as soluções existentes e para o
qual o valor criado atinge principalmente a sociedade como todo e não indivíduos em
particular”.
E ainda, conforme Comini (2016, p. 60), inovação social trata-se do resultado
na geração de valor socioambiental para uma comunidade a partir de novos
produtos/serviços/processos em determinado mercado ou contexto.
Há três tipos de inovação que são interessantes a este estudo, elas são
classificadas em incremental, institucional e disruptiva. A inovação incremental
refere-se a melhorias em algo preexistente, sem alterar características básicas ou
romper paradigmas (OLIVEIRA, M., 2015; COMINI, G., 2016, p. 60-80). Inovação
institucional vem a ser algo capaz de reajustar a estrutura de mercado (COMINI, G.,
2016, p. 60-80) e, por fim, com a inovação disruptiva, é possível romper paradigmas,
criar novos mercados e/ou criar novos sistemas sociais (OLIVEIRA, M., 2015;
COMINI, G., 2016, p. 60-80).
Assim, para fins deste estudo, com base no que foi exposto, considerar-se-á
inovação social os processos e/ou resultados de uma ação na sociedade que busque
solucionar ou amenizar determinado problema social.
Assim, durante a próxima seção serão apresentadas as dimensões para a
análise de impacto e inovação social que serviram como base para analisar os
impactos sociais, econômicos e ambientais gerados por organizações, a partir os
negócios sociais, no contexto do empreendedorismo social, e sua contribuição para o
desenvolvimento local.
ABRANGÊNCIA
• Produtos / Serviços: produtos/serviços
novos ou significativamente modificados em
• Incremental: preenche lacunas devido suas potencialidades
a falhas de mercado
• Processos: mudanças significativas nos
meios de produção e/ou logística
• Institucional: reconfigura a estrutura de
mercado • Mercadológica: novos métodos de
marketing, design de produtos,
• Disruptiva: provoca mudança social precificação, embalagem, promoção e
sistêmica distribuição
• Organizacional: mudanças nas práticas
de negócios e/ou relações externas
FINALIDADE
É possível observar que tanto Artemisia quanto Comini utilizam conceitos muito
próximos quanto aos indicadores da finalidade dos impactos da inovação
socioambiental. Assim, para fins deste estudo, utilizar-se-á o modelo de Comini, pois
entende-se que este compreende os informados pelo Artemisia e ainda incrementa,
tendo uma amplitude maior.
Essas dimensões serão utilizadas na pesquisa para analisar as organizações
estudadas, a partir das variáveis de abrangência, profundidade, tipo e finalidade, para
mensurar os impactos e inovações das organizações. Assim, o próximo capítulo
refere-se às metodologias utilizadas neste estudo, com as etapas e medidas
empregadas a fim de alcançar os objetivos de identificação e análises das
organizações estudadas.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2
Criada em 1980, a Ashoka Brasil é uma organização mundial, sem fins lucrativos, pioneira no
campo da inovação social, trabalho e apoio aos Empreendedores Sociais. Fonte:
https://brasil.ashoka.org/
durante a análise é atribuído um valor neutro (0) para pontuar informações inclusas
sobre a pesquisa. As notas desta análise foram dadas de acordo com informações
nos respectivos portais oficiais das organizações estudadas. Abaixo seguem as
figuras 5 e 6, que apresentam os critérios de análise.
a biodiversidade.
Score (1)
Geração de valor
Geração de valor social é um
socioambiental é o
Intencionalidade componente importante, porém core business do negócio.
não central. Score (-1)
Score (1)
Replicabilidade é mais
Escala Fator relevante. Score (-1) relevante que
a escalabilidade. Score (1)
Predominantemente
segmentos da população que
Os clientes pertencem a diversas
Clientes estão em situação de maior
classes sociais Score (-1)
vulnerabilidade social. Score
(1)
Cadeia de valor
Procura-se contratar
segmentos da população que
Os critérios para escolha são estão em situação de
Fornecedores preço e qualidade Score (-1) maior vulnerabilidade social.
Score
(1)
Prioridade para segmentos da
população que estão em
Não há nenhuma prioridade na
Colaboradores situação de maior
contratação. Score (-1)
vulnerabilidade social. Score
(1)
Governança
Há mecanismos institucionais
Não há mecanismos institucionais para participação coletiva das
Processo
para participação coletiva. Score comunidades com as quais o
Decisório (-1) empreendimento atua. Score
(1)
no empreendimento. Score
lucros (-1)
Financeira
(1)
Depende de doações e/ou
Todos os recursos são contribuições institucionais
Valor provenientes de vendas de para
Econômico produtos e serviços. desenvolver sua atividade
Score (-1) principal.
Score (1)
Total -10 10
Fonte: Comini, 2016, p. 73
Assim, foram analisadas também as dimensões apresentadas no marco teórico
4.2.4 para verificar a abrangência, finalidade, profundidade e tipo do empreendimento
estudado, quando comparadas aos dados secundários obtidos nesta pesquisa, pode-
se verificar estes impactos.
No terceiro momento, realizou-se a análise dos dados coletados, a estruturação
e organização dos mesmos, através do aparato conceitual e empírico levantados,
contribuindo, assim, para alcançar os objetivos específicos traçados na pesquisa
visando à construção do relatório com os resultados.
Na última etapa finalizou-se as análises com as considerações finais e
recomendações de pesquisas futuras.
3
Capitalismo Consciente trata-se de um novo paradigma socioeconômico para organizações público,
privado e social. Conta com quatro princípios fundamentais, os quais são propósito superior (visa além
do contexto econômico financeiro), importância dos stakeholders, engajamento ao propósito e cultura
e gestão conscientes. Este paradigma vem para responsabilizar e conscientizar a organização de toda
a cadeia produtiva dos seus bens e serviços. Fonte: Forleo, 2016, p. 30-36
Figura 7 – Posicionamento do Negócio Social: Euzaria
Fatores Lógica de Mercado Euzaria Lógica Social
Objetivo Aproveitar uma oportunidade de Resolver um problema
-1
Principal mercado. socioambiental.
Bens e serviços voltados para
Bens e serviços voltados para o
Oferta -1 necessidades básicas da população
consumo da população.
ou que conservem a biodiversidade.
Geração de valor social é um
Geração de valor socioambiental é o
Intencionalidade componente importante, porém 1
core business do negócio.
não central.
Replicabilidade é mais relevante que
Escala Fator relevante. -1
a escalabilidade.
Predominantemente segmentos da
Os clientes pertencem a diversas
Clientes -1 população que estão em situação de
classes sociais.
maior vulnerabilidade social.
Procura-se contratar segmentos da
Os critérios para escolha são
Fornecedores -1 população que estão em situação de
preço e qualidade.
maior vulnerabilidade social.
Prioridade para segmentos da
Não há nenhuma prioridade na
Colaboradores 0 população que estão em situação de
contratação.
maior vulnerabilidade social.
Há mecanismos institucionais para
Processo Não há mecanismos institucionais participação coletiva das
0
Decisório para participação coletiva. comunidades com as quais o
empreendimento atua.
Distribuição de Distribuição de dividendos. Lucro é totalmente investido no
0
lucros empreendimento.
Total -5
Fonte: Comini, 2016, adaptado pela autora, 2017.
Predominantemente segmentos da
Os clientes pertencem a diversas
Clientes -1 população que estão em situação de
classes sociais.
maior vulnerabilidade social.
Total 4
Fonte: Comini, 2016, adaptado pela autora, 2017.
Predominantemente segmentos da
Os clientes pertencem a diversas
Clientes -1 população que estão em situação de
classes sociais.
maior vulnerabilidade social.
Total 5
Fonte: Comini, 2016, adaptado pela autora, 2017.
Quanto aos níveis de impacto social produzidos pela Fundação Terra Mirim, é
possível classificar seu nível de profundidade em incremental, ao auxiliar, sobretudo
na preservação do meio ambiente, mas sem trazer mudanças profundas na estrutura
de mercado de Simões Filho ou região. A abrangência da fundação é local, ao
atender principalmente a região do Vale do Rio Itamboatá, na cidade de Simões Filho.
O tipo de solução utilizado pela empresa é classificado como produtos e serviços,
pela maneira inovadora que trata os serviços de hospedagens, alimentação, educação
e espirituais, voltados para a preservação ambiental. Com isto, a finalidade alcançada
pela organização é o aumento do capital humano, social, natural e promoção de
cidadania e autoestima, ao promover educação ambiental, autoconhecimento e
conservação da natureza e biodiversidade.
Predominantemente segmentos da
Os clientes pertencem a diversas
Clientes -1 população que estão em situação de
classes sociais.
maior vulnerabilidade social.
Total 2
Fonte: Comini, 2016, adaptado pela autora, 2017.
A profundidade da inovação social provocada pela APAEB pode ser
considerada como institucional, pois transformou a estrutura do mercado de sisal da
época da ditadura militar, quando começaram os movimentos da APAEB, até os dias
atuais. O tipo de solução usada pode ser considerado como organizacional, devido
às mudanças práticas de como os negócios de sisal desta região fora transformado,
a partir da união dos agricultores. Quanto à finalidade, a APAEB é capaz de
proporcionar aumento do capital humano, produtivo e social, através dos seus
programas socioambientais e inserção dos trabalhadores da região na sua cadeia de
produção e sua abrangência fora considerada como local, visto que suas ações
possuem como foco a região sisaleira da Bahia.
Nota -5 4 5 2
Abrangência Local Local Local Local
Produtos e
Tipo
Organizacional Mercadológica serviços Organizacional
Profundidade Incremental Incremental Incremental Institucional
Aumento do capital Aumento do capital Aumento do capital Aumento do capital
humano humano humano humano
Aumento do capital Aumento do capital Aumento do capital Aumento do capital
social social social produtivo
Finalidade Promoção de Promoção de
cidadania e cidadania e Aumento do capital Aumento do capital
autoestima autoestima natural social
Promoção de
cidadania e
autoestima
Fonte: dados da autora, 2017.
Com isto, é possível afirmar que a maioria dos casos estudados estão mais
concentrados para a lógica do aspecto social, embora a parcela estudada possa não
ser refletida para o restante do estado da Bahia.
Ainda assim, é possível observar que essas organizações buscam, dentro de
suas capacidades, o desenvolvimento local de onde estão situadas, sobretudo através
da educação.
A grande diferença de atuação dessas organizações é que enquanto a APAEB,
Cipó e Terra Mirim atuam diretamente para contribuir com o desenvolvimento local,
seja com educação, inserção na cadeia de valor e promoção da cidadania e/ou
autoestima, a Euzaria demonstra ter foco para o mercado, desde 2017 passa a
“terceirizar” essas ações, uma vez que o atual responsável para a educação de
crianças e jovens em condições de vulnerabilidade social informada pela organização
seja o Instituto Aliança, embora a Euzaria participe com apoio financeiro significativo,
uma vez que 50% de suas vendas são utilizadas para garantir mais aulas a estas
crianças e adolescentes.
Embora o nível predominante de profundidade quanto à inovação analisado
tenha sido incremental, essas organizações são reconhecidas e consideradas
importantes em seus locais de atuação, agindo como agentes de transformação.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Folha de São Paulo. Brasil vive a segunda pior recessão de sua história.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/08/1808803-brasil-vive-a-
segunda-pior-recessao-de-sua-historia.shtml. Acesso em 29/01/17