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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – LICENCIATURA

JOÃO RAFAEL DE OLIVEIRA SOUSA

ESCOLA SEM PARTIDO: um obstáculo a um currículo emancipatório.

SÃO LUÍS
2020
JOÃO RAFAEL DE OLIVEIRA SOUSA

ESCOLA SEM PARTIDO: um obstáculo a um currículo emancipatório.

Projeto de monografia apresentado ao Curso de Ciências


Sociais da Universidade Estadual do Maranhão para o
grau de licenciatura em Ciências Sociais

Orientador: Prof.º Dr.º Bráulio Roberto de Castro Loureiro

SÃO LUÍS
2020
1. INTRODUÇÃO
A elaboração do trabalho de conclusão de curso que irá ser norteado a
partir do presente projeto surge com inquietações desenvolvidas por discursões
teóricas e ações práticas no campo da educação básica sob o papel que
possui o professor no processo educacional, a própria construção e elaboração
desse processo, assim como os produtos finais por ele gerado, os alunos
enquanto seres críticos e agentes inseridos em uma realidade social
respectiva, partindo da análise do currículo implementado na educação básica,
das delimitações da atual LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional1 e da BNCC – Base Nacional Comum Curricular 2.

As inquietações anteriormente mencionadas foram desenvolvidas,


observadas e muitas vezes repensadas no âmbito de programas institucionais
para o desenvolvimento pleno das licenciaturas, como o PIBID – Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência e o Programa Residência
Pedagógica, ambo, vinculados à Universidade Estadual do Maranhão por meio
do Departamento de Ciências Sociais, aos quais tive atuação enquanto bolsista
e pude de forma mais direta desenvolver trabalhos inseridos no campo prático
da educação básica na rede pública estadual da cidade de São Luís,
Maranhão.

A inserção no campo prático, no chão da escola pública, possibilitou de


forma considerável a delimitação do objeto de pesquisa e posteriormente a
elaboração do plano de trabalho do mesmo, os planos de trabalho e atividades
desenvolvidas por meio dos programas que atuei enquanto caracterizaram de
forma ativa para a construção aqui desenvolvida, ressaltando assim a
importância dos mesmos para a formação das licenciaturas e dos professores
pesquisadores, problemática que também vem a ser abordada de forma
paralela.

1
Lei de Diretrizes e Bases da Educação define e regulariza a organização da educação
brasileira com base nos princípios presentes na Constituição, sancionada em 20 de dezembro
de 1996.
2
Documento normativo para as redes de ensino e suas instituições públicas e privadas,
referência obrigatória para elaboração dos currículos escolares e propostas pedagógicas para
o ensino.
Em meio ao insurgente fervilhar das ideias aspergidas pelo Escola Sem
Partido, que nasce no ano de 2004 como um movimento, porém, só torna-se
um Projeto de Lei e ganha força ativa por volta do ano de 2015, coadunado por
movimentos do aspecto ideológico da direita com dicotomias simplistas. Por
meio de esforços desses movimentos para figurar o E.S.P como um ponto
central no debate educacional brasileiro e suas demandas, me parece de
grande pertinência transforma-lo em chave de leitura e objeto central da
pesquisa, desenvolvendo análises que sejam capazes de compreender o
problema fulcral posto para a elaboração desse trabalho monográfico.

Superada a cortina de fumaça causada pelo discurso da ideologização


que é algo necessário para a existência do E.S.P., por obvia sustentação
política dos movimentos acima citados, parto – auxiliado por educadores,
filósofos, sociólogos e pensadores da educação – para a reflexão que
caracteriza-se o ponto focal do trabalho: pensar sob as intencionalidades
objetivas do programa/projeto, suas delimitações e ações direta na construção
e elaboração dos currículos da educação básica e seguir analises por menores,
anteriormente apresentadas nesse projeto. Não há proposição clara para a
elaboração de currículos dentro das delimitações próprias do E.S.P, mas pode-
se observar de forma claro uma aproximação bem marcante à educação
neotecnicista, que afasta o professor do papel de educar.

O que parece à primeira vista ver um programa/projeto vago e sem


grandes intencionalidades, revela-se o contrário em uma leitura mais atenta e
observando aquilo que em primeiro momento podemos até julgar enquanto
uma descomunal bagunça conceitual, possui intencionalidades bem
delimitadas que atacam diretamente seções constitutiva da LDB, da BNCC e
até mesmo da Constituição Federal de 1988, que asseguram à educação
básica dispositivos como a laicidade, pluralismo cultural, religioso e de gênero
e a construção de uma escola democrática, além de assegurar o papel do
professor na qualidade de educador. Nesse sentido cabe responder algumas
perguntas para o desenvolvimento do trabalho, tais como: quais as reais
intencionalidades do Escola Sem Partido sob a educação básica pública
brasileira? Existe uma premissa de partidarização no ensino brasileiro? A
consolidação de um currículo escolar mediante as matrizes do Escola Sem
Partido interessam a quem? O papel do professor está abrangido enquanto
educador (dentro e fora da lógica do E.S.P.)?

Pensar o currículo é pensar a base de todo o processo educacional, uma


vez que parte dele todas as demais conjunturas focais aqui delimitadas como a
relação mais imediata entre educador-educando, agentes resultantes desse
processo e as realidades sociais as quais estão inseridos para fins de
acomodação ou transformação, é justamente na dicotomia
acomodação/transformação que torna-se importante o exercício de análise e
escrita sobre o programa/projeto Escola Sem Partido como um instrumento
jurídico-político de controle dos processos educacionais e consequentemente
da elaboração dos currículos escolares, da nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, da Base Nacional Comum Curricular e do Plano Nacional
de Educação.
2. JUSTIFICATIVA

Inúmeros são os autores nas Ciências Sociais que tratam a respeito das
dificuldades epistemológicas e do desencantamento com tema da pesquisa ao
longo da trajetória da mesma. Tive contato, em primeiro momento com a
pesquisa sobre educação básica por meio do PIBD – novamente faço uso
deste espaço para reafirmar a importância de tal programa e da Residência
Pedagógica para formação de professores comprometidos com a pesquisa – ali
surgiram as primeiras inquietações pelo campo até então desconhecido.

Não julgava o campo da educação básica produtivo aos meus interesses


de pesquisa, com o passar do tempo pude observar que o campo em questão
era/é repleto de focos para o desenvolvimento de pesquisas de grande
qualidade, uma vez que possibilita a pesquisador debruça-se sobre uma
diversidade de temáticas, assim o fiz. Aliando os interesses pela pesquisa da
ação política e o campo educacional pude, depois de um período desiludido
com o desenvolvimento epistemológico da pesquisa, finalmente, encontrar meu
objeto de pesquisa.

O Escola Sem Partido caracteriza-se como um dispositivo de inúmeros


focos de atuação, aqui me cabe a analise mútua dos vértices sociais e
políticos, busco enxergar nas intencionalidades do programa/projeto as
implicações diretas para o desenvolvimento da ação educacional e seu produto
final, que são estudantes e educadores, por meio do currículo escolar, esse
que é a base para o desenvolvimento da ação educacional.

Educadores e estudantes, que são o resultante final do processo da


ação educacional são visto neste espaço como agentes inseridos em
realidades sociais, logo, o processo educacional é parte marcante para as
relações existentes nessas realidades, o E.S.P com suas demandas diretas
sob a elaboração dos currículos é capaz de produzir impactos pujantes não
apenas no ambientes escolar, mas fora dele e nas relações de poder
existentes na sociedade por conseguinte.
Justifico assim a elaboração desse trabalho monográfico junto ao
Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Maranhão e ao
meu Orientador Prof.º Dr.º Bráulio Loureiro enquanto uma forma de corroborar
diretamente a elaboração e manutenção da educação básica pública, de
qualidade, mantenedora de direitos e guardião das diversidades, gerando seres
capazes de ser tornarem a gentes de transformação para suas realidades
sociais e garantido uma sociedade mais justa, com equidade e sem
preconceitos.
3. OBJETIVOS

Objetivando a proposta da pesquisa para o trabalho de conclusão de


curso, já apresentada, sigo a seguinte delimitação para fins metodológicos:

3.1 Objetivo Geral

Analisar por meio de pesquisa bibliográfica, pautada no


referencial teórico, as intencionalidades do programa/projeto Escola
Sem Partido e suas consequências para a construção dos currículos da
educação básica no Brasil.

3.2 Objetivos Específicos

1. Demonstrar a operacionalidade do programa/projeto Escola Sem


Partido;

2. Analisar as intencionalidades do E.S.P. a partir dos seus agentes


idealizadores e propagadores;

3. Inferir os impactos das intencionalidades do E.S.P. no fenômeno


educacional brasileiro;

4. Refletir a relação entre as teorias curriculares aplicando as


intencionalidades do E.S.P. para a construção de agentes
libertadores.
4. REFERENCIAL TEÓRICO

Com fins de responder a questão posta que representa o problema


central deste trabalho monográfico e cumprir com os objetivos anteriormente
aqui propostos irei me valer de autores e pensadores, por meio de
levantamento de material bibliográfico, que estão dispostos a corroborar com o
tema, já escrevendo e publicando sólido material. FRIGOTO (2017 e 2015),
FREIRE (1996 e 1968) e GADOTTI (2016) tem contribuído para as discussões
para a elaboração e desenvolvimento das relações da pesquisa,
problematizações inerentes e o próprio método.

A partir da compreensão do programa/projeto Escola Sem Partido,


auxiliado por FRIGOTO (2017) e GADOTTI (2016), é possível construir
formatações básicas a respeito das intencionalidades ali existentes,
compreender as articulações políticas do mesmo e as questões sócio-políticas
as quais o mesmo implica; entendendo os pontos citados acima é possível
então traçar um caminho no desenvolvimento da solução para o problema
proposto.

Após a compreensão necessária parte-se para a correção e


problematização do problema sob o ponto fulcral, agora em um diálogo junto a
FREIRE (1996 e 1968) e SAVIANI (1988) surgem possibilidades para
compreensão das intencionalidades, essas que muitas vezes parecem não
existir, e então se torna possível visualizar a proposição dessas
intencionalidades junto a elaboração dos currículos escolares e seus correlatos
diretos nos dispositivos legais (LDB, BNCC, PNE e outros).
5. CRONOGRAMA

ATIVIDADE PROGRAMADA FEV JUL AGO SET OUT NOV


LEVANTAMENTO
X X
BIBLIOGÁGICO
REVISÃO
X X X
BIBLIOGÁFICA
ANALISE E INTERPRESTÃO
X X
DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
FICHAMENTO DOS TEXTOS E
X X
ORGANIZAÇÃO DO ROTEIRO
REUNIÕES COM O PROFESSOR
X X X X X
ORIENTADOR
REDAÇÃO DA
X X X
MONOGRAFIA
REVISÃO FINAL
X X
DA MONOGRAFIA
DEPÓSITO DA
X
MONOGRAFIA
DEFESA DA
X
MONOGRAFIA
CORREÇÃO FINAL PARA DEPÓSITO DA
X
MONOGRAFIA

Devido a Pandeia de Corona Vírus (SARS-CoV) os prazos e datas acima podem sofrer alterações
junto ao cronograma estabelecido pelo Departamento de Ciências Sociais e o Calendário
Acadêmico Estabelecido pela Universidade Estadual do Maranhão.
REFERENCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724:


Informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de
Janeiro,2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
pedagógica. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 67. ed. – São Paulo: Paz e Terra,
2019.
FRIGOTO, Gaudêncio. A produtividade da escola improdutiva. São Paulo:
Cortez, 2015.
FRIGOTO, Gaudêncio. Educação e crise do capitalismo real. São Paulo:
Cortez, 2015.
FRIGOTO, Gaudêncio. Escola “sem” partido: esfinge que ameaçava a
educação e a sociedade brasileiro. Rio de Janeiro: LPP/UERJ, 2017.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da
liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fortes, 2013.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1988.

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