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O fim do mundo soviético


A Era Gorbatchev± uma nova política
No início dos anos 80, a União Soviética encontrava-se numa situação preocupante.
Foi na conjuntura de crise que surge Mikhail Gorbatchev, eleito secretário-geral do
PCUS em 1985. Sem querer por em causa a ideologia e o sistema político vigente,
Gorbatchev entendeu, no entanto, ser necessário iniciar:
um processo de reestruturação económica,perestroika (assiste-se a uma
descentralização da economia, através da adaptação da economia planificada a uma
economia de mercado, onde passa a ser reconhecida a livre iniciativa e a livre
concorrência);
uma política de transparência,glasnot (foi reconhecida a liberdade de expressão,
aboliu-se a censura e acabou-se com as perseguições políticas, visando a participação
mais activa dos cidadãos na vida política)
Para além da reconversão económica e a abertura democrática, Gorbatchev também
pretendia uma aproximação ao mundo ocidental, nomeadamente no sentido do
desarmamento, para se chegar a um clima internacional estável.

O colapso do mundo soviético


Entretanto, as reformas liberais empreendidas por Gorbatchev tiveram grande impacto
nos países de Leste europeu. No ano de 1989, uma vaga democratizadora varre o Leste,
assistindo-se a uma subversão completa do sistema comunista : Na Polónia,
Checoslováquia, Bulgária, Roménia, etc, os partidos comunistas perdem o seu lugar de
³partido único´ e realizam-se as primeiras eleições livres do pós-guerra. Assim, a
³cortina de ferro´ que separava a Europa, começa a dissipar-se: as fronteiras com o
Ocidente são abertas e, nesse mesmo ano, cai o Muro de Berlim, reunificando a
Alemanha (antes dividida em duas pelo muro). Ainda é anunciado, o fim do Pacto de
Varsóvia e, pouco depois, a destituição do COMECON.
A Checoslováquia divide-se em duas repúblicas± A República Checa e a Eslováquia.
Origem de novos estados independentes, através da extinção da Jugoslávia, como a
Eslovénia, Bósnia-Herzegovina, Croácia
Nesta altura, a dinâmica política desencadeada pela perestroika tornara-se já
incontrolável, conduzindo também, ao fim da própria URSS. Gorbatchev nunca
pretendia o fim do comunismo ou do socialismo, tenta parar o processo pela força,
fazendo com que o apoio da população se concentre em Boris Ieltsin, que é eleito
presidente da República da Rússia, em Junho de ¶91 (que toma a medida extrema de
proibir as actividades do partido comunista).
No Outono de ¶91, a maioria das repúblicas da União declara a sua independência. Em
21 de Dezembro, nasce oficialmente a CEI± Comunidade de Estados Independentes, à
qual aderem 12 das 15 repúblicas que integravam a União Soviética. Estava consumado,
assim, o fim do bloco soviético e da URSS.
Os problemas da transição para a economia de mercado
A transição para a economia de mercado mostrou-se difícil e teve um impacto muito
negativo na vida das populações.
Perante o fim da economia planificada e dos subsídios estatais, muitas empresas
faliram, contribuindo para o desemprego; a continuada escassez dos bens de consumo,
a par da liberalização dos preços, estimulou uma inflação galopante (subida de preços),
que não era acompanhada por uma subida de salários, lançando a população na
miséria.
Os países de Leste viveram também, de forma dolorosa, a transição para a economia de
mercado. Privados dos importantes subsídios que recebiam da União Soviética,
sofreram uma bruscaregressão económica. De acordo com o Banco Mundial ³a pobreza
espalhou-se e cresceu a um ritmo mais acelerado do que em qualquer lugar do mundo´.
A percentagem de pobres elevou-se de 2 para 21% da população total. O caos
económico instalou-se e agravaram-se as desigualdades sociais.

Os pólos de desenvolvimento económico


Profundamente desigualitário, o mundo actual concentra a sua força em 3 pólos de
intenso desenvolvimento: os Estados Unidos, a União Europeia e a região da Ásia-
Pacífico.
A hegemonia dos EUA
Com o colapso do bloco soviético, os EUA passaram a reunir todas as condições para se
afirmarem como a grande superpotência mundial. A hegemonia que os EUA detêm
sobre o resto do mundo alicerça-se numa incontestada capacidade militar, numa
próspera situação económica e no dinamismo científico e tecnológico que evidencia. O
poder americano afirmou-se apoiado pelo gigantismo económico e pelo investimento
maciço no complexo industrial militar. Os EUA têm sido considerados os "polícias do
mundo", devido ao papel preponderante e activo que têm desempenhado, afirmando a
sua supremacia militar.
A sua hegemonia assenta, igualmente, na prosperidade da sua economia. Os EUA
afirmam-se como os maiores exportadores, devido ao dinamismo das suas empresas de
bancos, turismo, cinema, música. O sector primário não foi, porém, abandonado. Em
resultado da elevada produtividade, os EUA mantêm-se como os maiores exportadores
de produtos agrícolas. A sua indústria também revela grande dinamismo, tendo como
consequência a liderança dos EUA em sectores de produção de automóveis, têxteis
sintéticos, produtos farmacêuticos, etc. Durante a presidência de Bill Clinton, tornou-se
prioridade o desenvolvimento do sector comercial, procurando-se estimular as relações
económicas com a região do Sudoeste Asiático (criando a APEC - Cooperação
Económica Ásia-Pacífico), e estipulou a livre circulação de capitais e mercadorias entre
os EUA, Canadá e México (através da NAFTA± Acordo de Comércio Livre da América
do Norte). Finalmente, a hegemonia dos EUA resulta também da sua capacidade de
inovar, reflexo do progresso científico-tecnológico que evidencia. São os que mais
investem na investigação científica, desenvolveram os tecn op ó l os (parques
tecnológicos, empresas ligadas à tecnologia). O sector terciário ocupa um enorme peso
na economia americana (cerca de 75 %).

A União Europeia
Desde a sua criação, em 1957, que a União Europeia (naquela altura, CEE) tem vindo a
consolidar-se quer pela integração de novos estados-membros, quer pelo
aprofundamento do seu projecto económico e político. Assim, integraram-na:
Nos anos 70± Inglaterra, Irlanda e Dinamarca (1973) ± Europa dos 9;
Nos anos 80± Grécia (1981), Portugal e Espanha (1986) ± Europa dos 12;
Nos anos 90± Áustria, Suécia, Finlândia (1995) ± Europa dos 15.
Recentemente entraram os Países Bálticos: Chipre, República Checa, Eslovénia,
Eslováquia, Hungria, Polónia, Letónia, Lituânia, Malta (Europa dos 25).
O principal objectivo da CEE era a união aduaneira, concretizada em ¶68. No início dos
anos 80 vigorava a Europa dos 9, porém, o projecto europeu encontrava-se estagnado.
Decidido a relançar o projecto europeu, Jacques Delors, concentrou-se na renovação da
CEE:
Em '86 foi assinado o Acto Único Europeu, que previa o estabelecimento de um
mercado único, onde, para além de mercadorias, circulassem livremente pessoas,
capitais e serviços.
Em '92 celebrou-se o Tratado da União Europeia (Tratado de Maastri cht) que
estabelece uma União europeia (UE), fundada em três pilares: ocomunitário, de cariz
económico e, de longe, o mais desenvolvido; o da politica externa e da segurança
comum (PESC), e o da cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos. Foi
instituída a cidadania europeia e definiu-se o objectivo da adopção da moeda única. A 1
de Janeiro de 1999, onze países inauguram oficialmente o euro,que completou a
integração das economias europeias. O euro entra em vigor em 2002.
Dificuldades da união política
Têm sido muitos os obstáculos à criação de uma Europa política: ospaíses que não se
identificam na totalidade com o projecto europeu, ou os que resistem às medidas que
implicam a perda da soberania nacional, a integração de mais países (conjugar
interesses de países diferentes), que não tem favorecido o caminho de uma Europa
mais unida, a incapacidade da EU de resolver questões como o desemprego, etc.

O Espaço económico da Ásia-Pacífico


O milagre japonês dos anos 50 e 60 deu início a um processo de desenvolvimento
económico que iria, nas décadas seguintes, contagiar outros países asiáticos. Com
efeito, o sucesso do Japão serviu de incentivo e de modelo ao desenvolvimento dos
³quatro dragões´: Hong Kong; Singapura; Coreia do Sul; Taiwan.
Os quatro dragões compensaram a escassez de recursos naturais com o esforço de
umamão-d e- obra barata e abundante, com o apoio do Estado (que investiu altamente
no ensino, tendo em vista a qualificação profissional da população, apostou em
políticas proteccionistas com vista a atrair os capitais estrangeiros e na exportação de
bens de consumo). Em resultado, estes países conseguiram produzir, a preços
imbatíveis, produtos de consumo corrente que invadiram os mercados ocidentais,
promovendo sectores como o da indústria automóvel, construção naval, etc. Quando a
crise afectou a economia mundial na década de 70, o Japão e os ³quatro dragões´
iniciaram um processo de cooperação económica com os membros da
ASEAN(Associação das Nações do Sudoeste Asiático), que agrupava a Tailândia,
Indonésia, Filipinas e Malásia. O desenvolvimento destes países resultou das
necessidades de matérias-primas, recursos energéticos e bens alimentares, de que eram
importantes produtores, por parte do Japão e dos ³quatro dragões´ que, em troca, expo
rtavam bens manufacturados e tecnologia. Este intercâmbio deu origem a uma nova
etapa de crescimento, mais integrado, do pólo económico da Ásia Pacífico.
O crescimento teve, no entanto, custos ecológicos e sociais muito altos: a Ásia tornou-se
a região mais poluída do Mundo e a sua mão-de-obra permaneceu, maioritariamente,
pobre e explorada.
A questão de Timor
Timor foi dos poucos casos na Ásia onde se instaurou uma democracia através de um
processo de autodeterminação. Em 1974, a ³Revolução dos Cravos´ agitou também
Timor Leste, que se preparou para encarar o futuro sem Portugal. Na ilha, onde não
tinham ainda surgido movimentos de libertação, nasceram três partidos políticos(A
UDT (União Democrática Timorense), que defendia a união com Portugal num quadro
de autonomia; A APODETI (Associação Popular Democrática Timorense), favorável à
integração do território da Indonésia; E a FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor
Leste Independente), com um programa independentista, ligado aos ideais de
esquerda.). Esta última, em1975, declara, unilateralmente, a independência do
território, mas em Novembro, o governo indonésio ordena a sua invasão por tropas
suas. Timor resiste, e a sua resistência continuou activa nos anos 80, encabeçada por
Xanana Gusmão (líder da FRETLIN). Em1991, a consciência da comunidade
internacional foi despertada, através do visionamento de imagens de um massacre a
civis timorenses. No fim da década, a Indonésia aceita finalmente que o povo timorense
decida o seu destino através de um referendo, que fica marcado para Agosto de 1999. O
referendo, supervisionado por uma missão das Nações Unidas, a UNAMET, deu uma
inequívoca vitória à independência, mas desencadeou uma escalada de terror por parte
das milícias pro-indonésias. Uma onda de indignação e de solidariedade percorreu
então o Mundo e conduziu ao envio de uma força de paz multinacional, patrocinada
pelas Nações Unidas. A 20 de Maio de 2002 nasce oficialmente a República
Democrática de Timor Leste.
Modernização e abertura da China à economia de
mercado
O arranque da China para o processo de modernização e abertura à economia de
mercado teve início nos fins da década de 70, altura em que Deng assumiu o poder. O
Líder chinês iniciou um processo de grandes reformas económicas, lançando as bases
do desenvolvimento agrícola, industrial e técnico da China. Seguindo uma política
pragmática, Deng dividiu a China em 2 áreas geográficas distintas:
O interior, essencialmente rural, permanecia resguardado da influência externa; e o
litoral abrir-se-ia ao capital estrangeiro, integrando-se plenamente no mercado
internacional.
O sistema agrário foi reestruturado. Entre 1979 e 1983 as terras foramdescolectivizadas
e entregues aos camponeses, estes que podiam, então, comercializar os seus produtos
num comércio livre. Assim, a produção agrícola chinesa cresceu 50% em apenas 5 anos.
O sector industrial foi altamente modificado em favor da exportação. Em 1980, as
cidades de Shenzhen, Zuhai, Shantou e Xiamen, passaram a ser ³Zona Económicas
Especiais´, eram favoráveis ao negócio pois oinv estimento estatal estava aí
concentrado.

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