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Filosofia Natural. Esse era o nome da Física na Grécia Antiga. Aliás, a palavra “física” vem
de φύσις physis, do grego antigo, que significa “natureza”. A Física, a ciência natural base,
é proveniente da Filosofia, considerada da área de humanas.
Independente dessa discussão, a ciência que estudamos é a ciência humana, pois não
conhecemos nenhuma outra até o presente momento. Nesse momento de pandemia, não
são as ciências naturais – Física, Química e Biologia – que tem feito diferença. São as
ciências humanas. Sociologia, História, Geografia Humana, Economia, Política, Ética,
Filosofia e outras são as ciências que explicam fenômenos tais como o movimento
antivacina e propagação de fake news.
Espero que esse material seja proveitoso para melhorar sua compreensão sobre os
fenômenos naturais, do mundo e da vida.
3
1 Notação Científica
Potências de Base 10
a ∙ a ∙ ⋯ ∙ a , se n ≥ 2
⎧
⎪
⎪ 1
, se n ≤ −1
a = a
⎨ a = 1, se a ≠ 0
⎪
⎪ a =a
⎩ 0 é indeterminado
O sistema de numeração que utilizamos é o sistema decimal, ou seja, de base 10. Por isso,
essas potências são bastante interessantes.
5
Como o sistema utilizado é decimal, multiplicar ou dividir por potências de base 10
implica apenas deslocar a posição da vírgula que separa a parte inteira da parte
fracionária. Observe os exemplos:
Notação Científica
A unidade de carga elétrica no Sistema Internacional (SI) é o coulomb (C). A carga elétrica
de um próton vale:
Nota-se que, mesmo separando as classes por espaços, há certa dificuldade na leitura do
valor. Esse número, em notação científica, é:
1,6·10–19 C
Notação científica é uma forma de escrever números que facilita a escrita, a leitura e os
cálculos. Ela é formada pelo produto (multiplicação) de duas partes:
M·10n
As regras são:
1 ≤ | M | < 10
n ∈ ℤ = {...; – 3; – 2; – 1; 0; 1; 2; 3; ...}
6
Exemplos
Exemplos:
Exemplos:
Deve-se lembrar de que uma potência é uma série de multiplicações. De modo geral,
(M·10x)y = My·10x·y
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Radiciação em Notação Científica
/
√M ∙ 10 = √M ∙ 10
Exemplos:
Exercícios
03. Efetue:
Gabarito
01. a) 3,0·100. 01. e) 3,0·10–3. 01. i) 3,28·104.
01. b) 3,0·101. 01. f) 3,04·102. 01. j) 6,04·10–6.
01. c) 3,0·102. 01. g) 5,62·101. 01. k) 8,0·102.
01. d) 3,0·10–1. 01. h) 6,9·10–3. 01. l) 1,0·101.
02. a) 32·108 = 3,2·109. 02. d) 0,3·102 = 3,0·101.
02. b) 7,2·10–8. 02. e) 0,33·106 = 3,3·105. 03. 2,304·10–8.
02. c) 4,8·10–1. 02. f) 2,0·10–9.
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2 Estrutura da Matéria
Matéria
Matéria é tudo aquilo que tem massa e volume (ocupa espaço). Em Química, estudamos
que a matéria é formada por moléculas, as moléculas são formadas por átomos e os
átomos são formados por partículas subatômicas (prótons, nêutrons e elétrons).
Matéria
Moléculas
Átomos
Partículas
Subatômicas
Uma reação química é apenas um rearranjo dos átomos em moléculas. Por exemplo, a
reação química entre hidrogênio (H2) e oxigênio (O2) fornece água (H2O).
O2 + 2H2 → 2H2O
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Figura 2 - Tabela periódica.
Elétron (Eletrosfera)
Nêutron (Núcleo)
Próton (Núcleo)
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Interações Elétricas
Cargas elétricas de mesmo sinal se repelem e cargas elétricas de sinais opostos se atraem.
Partículas sem carga elétrica (neutras) não interagem nem com cargas elétricas positivas,
nem com cargas elétricas negativas.
A questão é: como prótons podem ficar juntos no núcleo se eles se repelem? A resposta a
essa pergunta é que há uma outra força que mantém os prótons juntos: a interação nuclear
forte. Apesar de dois prótons se repelirem eletricamente, eles se atraem mutuamente nas
interações nucleares. Além disso, os nêutrons também interagem entre si e com os
prótons através da força nuclear, ou seja, apesar de os nêutrons não apresentarem força
elétrica, apresentam força nuclear. A interação nuclear tem curto alcance enquanto a força
elétrica tem alcance infinito. Ou seja, se dois prótons estiverem relativamente distantes,
eles irão se repelir eletricamente. Se estiverem perto o suficiente, haverá uma força
nuclear de atração maior do que a força elétrica de repulsão e eles irão se conectar.
As reações nucleares de fusão ocorrem desse modo e, por isso, é necessário que haja
enormes temperaturas para que ocorram. As grandes agitações térmicas permitem a
energia cinética para que os prótons se aproximem o suficiente para a força nuclear atuar.
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Física de Partículas
No século XX, descobriram-se diversas partículas além dos prótons, nêutrons e elétrons.
Em certo momento, havia uma lista de partículas subatômicas tão grande quanto o
número de átomos na tabela periódica. Os físicos, então, começaram a desconfiar que
essas partículas não eram todas fundamentais e organizaram o que poderia ser um
conjunto de verdadeiras partículas elementares. Surgiu o Modelo Padrão da Física de
Partículas.
Acabou-se descobrindo que os prótons e os nêutrons não são partículas elementares. Eles
são formados por quarks. Os prótons são formados por dois quarks up e um quark down
(uud) e os nêutrons são formados por um quark up e dois quarks down (udd). Por
enquanto, o elétron continua sendo uma partícula elementar, mais especificamente, um
lépton. Ao observar o Modelo Padrão da Figura 4, nota-se que há uma quantidade razoável
de partículas elementares. Os físicos desconfiam que elas são formadas por combinações
de partículas ainda mais básicas.
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Antimatéria
13
Lei de Conservação da Carga Elétrica
n → p+ + e– + ν
Estudando esses decaimentos, os físicos perceberam que a carga elétrica é uma grandeza
constante, ou seja, a soma algébrica das cargas elétricas antes de uma transformação
sempre é igual à soma algébrica das cargas elétricas depois dela. Em outras palavras,
carga elétrica não pode ser criada, nem destruída. Na reação de decaimento do nêutron, a
partir de uma partícula sem carga elétrica, houve a criação de uma partícula com carga
positiva (próton) e uma partícula com carga negativa (elétron), com resultado total nulo
igual ao que havia antes. O antineutrino do elétron não tem carga elétrica (Figura 4).
A equação da Física mais famosa do mundo é a relação entre energia (E) e matéria (m),
de Albert Einstein:
E = m · c2
na qual c = 3,0·108 m/s é a velocidade da luz no vácuo. Desse modo, pode-se criar matéria
a partir de energia e vice-versa. Por exemplo, radiação gama (γ) pode criar partículas.
De acordo com a Lei de Conservação de Carga Elétrica e outras leis de conservação,
partícula e antipartícula sempre deveriam ser criadas simultaneamente.
γ + γ → e– + e+
Ou seja, sempre que um elétron (e–) for criado, deve ser criado concomitantemente um
pósitron (e+). Isso é o que deve ter ocorrido no Big Bang, mas... quase só encontramos
matéria! Onde está toda a antimatéria que deveria ter sido criada junto? Mistério.
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Corpos Neutros e Corpos Eletrizados
A massa molar do ouro é 197 g. Isso significa que em 1,0 kg de ouro puro há 5,1 mols de
átomos de ouro, ou seja, 3,1·1024 átomos. Cada átomo de ouro tem 79 prótons e a mesma
quantidade de elétrons. Portanto, há muita carga elétrica positiva e muita carga elétrica
negativa nos corpos macroscópicos.
Um corpo é dito neutro quando o número de prótons (np) e o número de elétrons (ne)
nele são iguais, ou seja, quando a quantidade de cargas elétricas positivas é igual à
quantidade de cargas elétricas negativas. Quando há um desequilíbrio entre as
quantidades de cargas elétricas positivas e negativas, diz-se que o corpo está eletrizado.
Um corpo estará eletrizado positivamente se houver um excesso de cargas positivas em
relação às cargas negativas e estará eletrizado negativamente se houver mais cargas
elétricas negativas do que positivas no corpo.
n = n → corpo neutro
n > n → corpo eletrizado positivamente
n ≠ n → corpo eletrizado
n < n → corpo eletrizado negativamente
Na natureza, por causa da enorme intensidade das forças que os unem, os quarks não
existem isolados. Por isso, o próton ainda pode ser considerado uma partícula
fundamental da matéria. A carga elétrica dele é chamada de carga elementar e vale:
e = 1,6·10–19 C
Os elétrons apresentam uma carga elétrica exatamente do mesmo valor, porém negativa.
e– = – 1,6·10–19 C
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Até onde sabemos, não existe meio elétron ou um quinto de próton. É verdade que um
próton é formado por três quarks, mas os quarks não são necessariamente um terço de
um próton. Isso estabelece que as cargas elétricas de um corpo só podem assumir valores
discretos – ou seja, não contínuos – e que alguns valores são proibidos. Isso é o que
chamamos de Quantização da Carga Elétrica. Para corpos, vale:
Q=n·e
Explicando melhor, um corpo só pode ter cargas elétricas +1,6·10–19 C (um próton em
excesso); +3,2·10–19 C (dois prótons em excesso); +4,8·10–19 C (três prótons em excesso);
–1,6·10–19 C (um elétron em excesso); –3,2·10–19 C (dois elétrons em excesso);... Desse
modo, nenhum corpo pode apresentar carga elétrica Q = 4,0·10–19 C, pois isso implicaria
dois prótons e meio. E não existe meio próton!
Exercícios
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3 Processos de Eletrização
Condutividade Elétrica
É conhecido que alguns materiais conduzem melhor eletricidade do que outros. Os que
conduzem bem são chamados de condutores elétricos. Os que a conduzem mal são
denominados de isolantes elétricos. A maioria dos bons condutores elétricos conhecidos
são metálicos. Exemplos de bons isolantes – e, portanto, maus condutores – são o papel, a
madeira seca, a borracha, a maioria dos plásticos, a maioria dos vidros, a água pura, dentre
outros. Como o próprio nome já diz, os semicondutores apresentam condutividade
elétrica intermediária à dos bons condutores e à dos bons isolantes.
Grande parte da condução térmica ocorre devido aos elétrons livres do material. Por isso,
há coincidência entre condutividade térmica e condutividade elétrica. Em outras palavras:
bons condutores elétricos também costumam ser bons condutores térmicos e vice-versa.
O processo de eletrização mais simples é a eletrização por atrito. Para isso, basta atritar
um corpo neutro com outro corpo neutro. A única exigência é que sejam de materiais
distintos. O atrito coloca átomos diferentes em proximidade. Microscopicamente, como
átomos diferentes apresentam eletroafinidades distintas, elétrons preferem uns átomos
a outros. Macroscopicamente, essa preferência é determinada pelas séries triboelétricas.
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Uma série triboelétrica é uma lista de materiais disposta verticalmente. Tomando-se dois
materiais quaisquer dessa lista para que sejam atritados, o material que ficar na parte
superior na lista adquirirá carga elétrica positiva e o material que ficar na parte inferior
na série triboelétrica adquirirá carga negativa, quando os corpos feitos desses materiais
forem atritados. Por exemplo, atritando-se vidro e algodão, o vidro ficará eletrizado
positivamente e o algodão, eletrizado negativamente (Figura 6). Note que, atritando-se
algodão e isopor, o algodão ficará eletrizado positivamente. Portanto, o tipo de carga
elétrica adquirida por um corpo depende das posições relativas na série triboelétrica dos
dois materiais atritados.
negativo
algodão
Madeira
Âmbar
Poliéster
Isopor
filme PVC
Poliuretano
Polietileno
Silicone
Fonte: autor (2021), consultando diferentes fontes.
O âmbar, que aparece na série triboelétrica da Figura 6, é uma resina fóssil. É o mesmo
material onde há um inseto contendo sangue de dinossauro no filme Jurassic Park (1993).
No século VI a.C., o filósofo grego Tales de Mileto (Tecmundo, 2017) esfregou âmbar na
pele de um animal e foi um dos primeiros a descrever o fenômeno da eletrização por
atrito. Em latim, a palavra âmbar é electrum e deu origem às palavras ‘eletricidade’ e
‘elétron’. Segundo Boss e Caluzi (2007), no século XVIII, Charles François De Cisternay Du
Fay enunciou a existência de dois tipos de eletricidade: a vítrea e a resinosa (âmbar).
Note-se que, de acordo com a série triboelétrica da Figura 6, a eletricidade vítrea
corresponde à carga positiva e a eletricidade resinosa corresponde à carga negativa.
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Na eletrização por atrito, dois corpos neutros tornam-se eletrizados (Figura 7). A Lei de
Conservação da Carga Elétrica nos diz que um dos corpos adquirirá carga elétrica +Q e, o
outro, carga elétrica –Q, pois antes do atrito a carga elétrica total era nula (+ Q – Q = 0).
A B
+
A
+ – B –
Atrito
+ –
QA = 0 QB = 0 QA = +Q QB = –Q
(Neutro) (Neutro) (Positivo) (Negativo)
Quando se atritam dois corpos de materiais diferentes, os corpos podem não ficar
eletrizados. Eis alguns motivos. Pode ser que os materiais não sejam muito diferentes de
fato. Por exemplo, madeira e osso são mais similares a cabelos humanos do que plástico.
Exatamente por isso, pentes de madeira ou de osso eletrizam menos nossos cabelos ao
nos pentearmos do que pentes e escovas de plástico. Portanto, usar pentes de madeira ou
de osso diminui o frizz do cabelo em comparação com os pentes de plástico.
Outro motivo para a eletrização por atrito não ocorrer é a utilização de materiais
condutores de eletricidade. Por exemplo, ao esfregar um metal com um pano de algodão,
pode ser que a eletrização do metal não ocorra porque toda carga elétrica adquirida por
ele escoa para a mão de quem o segura.
A eletrização por atrito não é eficaz em ambientes muito úmidos. A água tem moléculas
muito polares e a sua presença, na forma de vapor, no ambiente, pode descarregar
facilmente os corpos eletrizados. Por outro lado, locais onde a umidade é baixa
apresentam facilidade de manifestar fenômenos resultantes de eletrizações por atrito.
É comum, por exemplo, haver relâmpagos em tempestades de areia nos desertos.
O movimento dos ventos eletriza a areia e a falta de umidade proporciona alto grau de
eletrização, causando descarga elétrica de grande intensidade quando ela é possível.
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Eletrização por Contato
Um corpo eletrizado pode dar ou retirar elétrons de um corpo neutro, eletrizando-o. Isso
só pode ocorrer se ambos os corpos forem feitos de material condutor. Para que não haja
perda de cargas, esses corpos apresentam suportes de isolantes elétricos.
++ + +
++ + +
Contato
Polarização de um Condutor
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Eletrização por Indução
A eletrização por indução é a que apresenta mais etapas. Ela consiste em induzir a
polarização de um condutor, ligar um polo desse condutor à terra por um fio e desligar
posteriormente essa conexão. Também pode ser usada para eletrizar simultaneamente
dois condutores com cargas elétricas diferentes entre si. Vamos ver primeiro essa
segunda eletrização, que é mais simples.
++ –
– +
+
+ – +
+
++ –
+
+
–
+ – +
+
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Deve-se notar que a eletrização descrita faz com que as cargas nos dois condutores
eletrizados sejam opostas e de mesmo módulo. A eletrização através do uso de um
fio-terra é semelhante ao processo anterior, mas eletriza apenas um condutor.
–
–
– +
– + –
–
2ª Etapa: conecte um dos polos do condutor induzido à terra através de um fio. Elétrons
poderão descer para o solo ou subir dele para o condutor.
–
–
+
+ –
–
–
–
–
–
+
+ –
–
+
+
Dependendo do polo que for conectado à terra, pode-se eletrizar o induzido com carga
elétrica positiva ou negativa, independentemente do tipo de carga do indutor.
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Fotoeletrização
A luz é formada por partículas chamadas de fótons que podem ser capazes de arrancar
elétrons de materiais através do Efeito Fotoelétrico. Esse tipo de eletrização é usado em
máquinas de fotocópias (Xerox) e scanners. O Efeito Fotoelétrico será estudado com mais
detalhes em momentos posteriores. Câmeras digitais também fazem uso desse tipo de
efeito para registrar imagens.
Eletroscópios
O eletroscópio de pêndulo (Figura 10) pode ser facilmente produzido com uma pequena
bolinha de isopor – ou outro material, mas a bolinha precisa ser leve – coberta com papel
alumínio e presa a um barbante em um suporte. O eletroscópio será atraído por corpos
eletrizados positiva ou negativamente.
+ –
+ –
+ –
+ –
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extremidade superior do pedaço de arame, prende-se o arame na tampa furada do frasco
e, na outra extremidade, penduram-se as tiras de papel alumínio de modo que possam se
afastar livremente. Quando um corpo eletrizado positiva ou negativamente é aproximado
da bolinha condutora na parte superior, as tiras de alumínio se afastam.
+ –
+ –
+ –
+ –
Referências
BOSS, Sérgio Luiz Bragatto; CALUZI, João José. Os conceitos de eletricidade vítrea e
eletricidade resinosa segundo Du Fay. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 29, n. 4, p.
635-644. Sociedade Brasileira de Física: São Paulo, 2007.
Exercícios
01. Descreva cada um dos processos de eletrização com suas próprias palavras.
02. Faça esquemas explicativos de como os eletroscópios de pêndulo e de folha
funcionam. Como é possível fazer um eletroscópio determinar qual é o tipo de carga
elétrica de um corpo (positiva ou negativa)?
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4 Interações Gravitacional e
Elétrica
Interações Fundamentais
Gravidade e Eletricidade
Nota-se que, para as cargas elétricas – q e Q – tomam-se os módulos, pois elas podem ser
negativas, além de positivas.
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A segunda diferença entre as duas interações é que há apenas um valor para a constante
de proporcionalidade para a gravitação (G = Constante da Gravitação Universal),
enquanto o valor da constante eletrostática (K) depende do meio. É Ko para o vácuo.
As forças gravitacional e elétrica atuam na linha que une os pontos materiais ou os centros
das esferas com distribuição uniforme.
d d
Exemplos
01. Calcule a força gravitacional que o Sol (M = 2,0·1030 kg) exerce sobre a Terra
(m = 6,0·1024 kg). Suponha que os dois astros tenham distribuição uniforme.
A distância entre o Sol e a Terra é d = 150 milhões de km (1,5·1011 m).
80,04 ∙ 10
F= → F = 35,6 ∙ 10 newtons
2,25 ∙ 10
02. Determine a força elétrica entre um cátion de sódio (Na+) e um ânion de cloro (Cl–) no
cloreto de sódio. Suponha que a distância entre os centros dos dois íons valha
d = 2,76 Å (2,76·10–10 m). O cátion de sódio tem um elétron a menos em relação ao
átomo neutro e o ânion de cloro tem um elétron a mais, ou seja, as cargas elétricas
deles têm módulo igual à carga elementar (|q| = |Q| = e = 1,6·10–19 C).
K ∙ |q| ∙ |Q| 9 ∙ 10 ∙ 1,6 ∙ 10 ∙ 1,6 ∙ 10 9 ∙ 1,6 ∙ 1,6 ∙ 10 ∙ 10 ∙ 10
F= →F= →F=
d (2,76 ∙ 10 ) 7,62 ∙ 10
23,04 ∙ 10
F= → F = 3,0 ∙ 10 newtons
7,62 ∙ 10
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Força Centrípeta e a Massa de Astros
m∙v
F =
R
Em movimentos uniformes circulares, por exemplo, sempre haverá uma força centrípeta
apontando para o centro da circunferência. No caso de um astro de massa m em órbita
circular de raio R em torno de outro astro de massa M, a força centrípeta é a força
gravitacional entre os dois.
ou seja, é possível saber a massa do astro central através de outro em movimento circular
em torno dele. Basta saber o raio da órbita R e o período do movimento T.
O período T é o tempo necessário para completar uma volta.
“Pesando” o Sol
A distância entre a Terra e o Sol é de 150 milhões de quilômetros e a Terra gasta 1 ano
(325,25 dias) para dar uma volta em torno dele. Calcule a massa do Sol.
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4π R 4π (1,5 ∙ 10 ) 4π (3,375 ∙ 10 )
M= →M= →M=
G∙T 6,67 ∙ 10 ∙ (3,2 ∙ 10 ) 6,67 ∙ 10 ∙ (10,24 ∙ 10 )
4π (3,375 ∙ 10 ) 133,1046 ∙ 10
M= →M= → M = 1,9 ∙ 10 kg
6,67 ∙ 10 ∙ (10,24 ∙ 10 ) 68,3008 ∙ 10
Comparando Forças
O átomo mais simples é o isótopo H, chamado de prótio. Ele possui apenas um próton
central e um elétron ao redor. No modelo de Bohr-Rutherford, o elétron apresenta um
movimento circular uniforme cuja força centrípeta é, basicamente, a força elétrica (FE),
pois, em comparação, a força gravitacional (FG) entre o elétron e o próton é desprezível
(Dados: m = massa do elétron = 9,1·10–31 kg; M = massa do próton = 1,7·10–27 kg):
23,04 ∙ 10
F d
= = 0,22 ∙ 10 → F = 2,2 ∙ 10 ∙F
F 103,2 ∙ 10
d
FE = 2.200.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000·FG
Referências
REVISTA GALILEU. Exoplaneta com dobro do tamanho da Terra tem água e pode ser
habitável. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/
2020/02/exoplaneta-com-dobro-do-tamanho-da-terra-tem-agua-e-pode-ser-
habitavel.html. Acesso em: 30 set. 2021. Publicado em: 27 fev. 2020.
28
5 Campos Gravitacional
e Elétrico
Forças de Campo
Se lhe pedirem para que puxe ou empurre um objeto – ou seja, para que exerça uma força
sobre ele –, certamente você irá encostar nele. No mundo macroscópio e rotineiro, quase
todas as forças que podemos exercer nos objetos são forças de contato: normal, tração,
atrito, elástica, empuxo e viscosidade. Objetos pesados que flutuam ou se movem sem
ninguém tocar neles é mote de filmes de terror, magia, paranormalidade ou tudo isso
misturado. Algo como wingardium leviosa da série Harry Potter ou de pessoas possuídas
no filme Constantine (2005). Entretanto, mesmo nesse mundo onde aparentemente
predominam as forças de contato, há algumas manifestações à distância das forças de
campo: gravitacional, elétrica e magnética.
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Figura 12 - Forças de contato costumam ser nossa expectativa no mundo.
Figura 14 - O perfume de uma flor modifica o espaço ao seu redor. O olfato permite perceber
essa modificação. Esse espaço modificado é um campo odorífico.
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Relembrando Vetores
Algumas coisas na Natureza podem ser modeladas como números naturais. Contamos:
uma ovelha, duas ovelhas, três ovelhas,... Números fracionários não fazem sentido nesse
processo de contagem. E temos certa dificuldade para usar números negativos.
Forças são mais bem modeladas por vetores. Vetores são entidades matemáticas dotadas
de três características: módulo (valor), direção e sentido. Sua soma é diferente da soma
de números (escalares) e leva em consideração a direção e o sentido dos vetores, além de
seu módulo.
+ =
31
Grandezas físicas podem ser escalares (número e unidade de medida) ou vetoriais
(número ou módulo, direção, sentido e unidade de medida) e os campos também podem
ser classificados desse modo: escalares ou vetoriais.
z y
(x; y)
(x; y; z)
y x
Uma grandeza escalar é a temperatura. Vamos definir, por exemplo e para explicação, o
campo escalar de temperaturas, em kelvins, no espaço cartesiano:
Essa fórmula nos diz qual é a temperatura em qualquer ponto (x; y; z) do espaço. Por
exemplos, a temperatura no ponto (0; 0; 0) é 0 K e a temperatura no ponto (1; 2; 3) é 1 K.
Uma grandeza vetorial é a velocidade. De certo modo, o vetor velocidade pode ser
considerado como um trio ordenado de números reais (vx; vy; vz). Desse modo, podemos
ter três componentes da velocidades – vx, vy e vz – cada uma dependendo das três
coordenadas do espaço. Agora, podemos entender por que se reduz para duas dimensões.
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paredes é menor – representadas por vetores com menor módulo – do que a velocidade
no meio do canal – representada por vetores com maior módulo.
Fonte: montagem do autor (2021), usando foto de canal de irrigação em Salitre-BA (Flickr).
L
⎧ L − |y|, para |y| ≤
⎪v = 2
v⃗ = v ; v L [5.2]
⎨ 0, para |y| >
⎪ 2
⎩ v = 0
y
Parede do canal
L x
Parede do canal
A função [5.2] é bastante complicada porque leva em consideração que só há água dentro
dos limites da largura do canal (L) e, quanto mais perto da parede, menor é a velocidade.
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Campo Gravitacional e Campo Elétrico
Os campos gravitacional e elétrico são vetoriais. Em cada ponto do espaço, eles são
caracterizados, portanto, por um vetor. No caso da gravidade, é o vetor de aceleração
gravitacional g⃗ e, no caso, da eletricidade, o vetor campo elétrico E⃗. Como já sabemos, na
Física, os vetores têm módulo (valor), direção, sentido e unidade de medida, portanto,
para determiná-los, necessitamos fornecer essas quatro informações.
A palavra puntiforme refere-se a algo modelado como um ponto geométrico, ou seja, uma
entidade sem dimensões. É impossível desenhar um ponto geométrico real, pois, por
menor que seja o desenho, ele terá um tamanho. Então, os corpos puntiformes são uma
abstração que existe apenas no mundo ideal, no mundo das ideias – uma referência à
filosofia de Platão.
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Representação Gráfica dos Campos Gravitacional e Elétrico
Figura 18 - Campos (a) gravitacional; (b) elétrico convergente e (c) elétrico divergente.
– +
Entende-se a ação à distância das forças gravitacional e elétrica através dos campos, como
mostra o esquema a seguir:
Deve-se notar que a relação entre força gravitacional e campo gravitacional nada mais é
do que... a fórmula da força peso (P = m · g)! Claro. O peso é a força gravitacional. Nota-se,
entretanto, que, agora, o módulo da aceleração gravitacional não precisa ser constante e
pode ser calculado para diferentes distâncias.
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Cálculo da Gravidade na Superfície de Planetas e
Exoplanetas
G ∙ M 6,67 · 10 ∙ 6 · 10 40 · 10
g= = = = 0,99 · 10 = 9,9 m/s
d (6,371 · 10 ) 40,6 · 10
MT = massa da Terra
RT = raio da Terra
MK = massa de K2-18b = 8,6·MT
RK = massa de K2-18b = 2,6·RT
Nota-se que, apesar de K2-18b ter mais do que o dobro do raio da Terra e de ser quase
nove vezes mais massivo, a gravidade em sua superfície é apenas 30% maior do que aqui
na Terra.
Esse cálculo pode ser feito para qualquer astro esférico, bastando saber dele a massa M e
o seu raio R. No capítulo anterior, vimos como um astro pode ser “pesado” através de um
objeto que o orbita.
36
6 Grandezas Eletrostáticas
O fato mais importante sobre energia é: ela não pode ser criada, nem destruída. Ela se
apresenta em diferentes formas: cinética, potencial gravitacional, potencial elétrica,
eólica, solar, sonora, térmica, química etc.
Para calcular o trabalho de uma força conservativa, tais como gravitacional e elétrica,
basta calcular o negativo da variação da respectiva energia potencial.
τ = −ΔЄ
Por exemplo, para encontrar o trabalho realizado para ir de um lugar com energia
potencial Єinicial = 30 joules a outro com energia potencial Єfinal = 10 joules, realiza-se um
trabalho de 20 joules, pois:
Para calcular a energia potencial elétrica (Є) em uma configuração de cargas elétricas q e
Q separadas por uma distância d, em um meio com constante eletrostática K, usa-se a
seguinte expressão:
K∙Q∙q
Є=
d
K∙Q∙q
Є d K∙Q
V= ↔V= ↔V=
q q d
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A unidade de medida de potencial elétrico no SI é o volt (V). Note-se que:
joule (J)
volt (V) =
coulomb (C)
G∙M∙m
Є=
d
Є G∙M
V= ↔V=
m d
Є= m·g·h
Grandezas Eletrostáticas
Q, q Q Tipo de Grandeza
K ∙ |Q| ∙ |q| K ∙ |Q|
d2 F = E= Vetorial
d d
K∙Q∙q K∙Q
d Є= V= Escalar
d d
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Fluxo Elétrico e a Lei de Gauss
Imagine-se que se envolva uma carga elétrica positiva através de uma superfície fechada.
Sabe-se que as linhas de campo elétrico geradas por uma carga elétrica positiva são
divergentes. Disse-se que existe um fluxo elétrico positivo atravessando a superfície.
O fluxo elétrico é definido como:
ϕ = E⃗ ∙ A⃗ = E ∙ A ∙ cosθ
n⃗
+ –
Deve-se notar que o fluxo é proporcional à carga elétrica envolvida pela superfície. Se a
carga elétrica dentro da superfície é positiva, o fluxo é positivo. Se a carga elétrica dentro
da superfície for negativa, o fluxo é negativo. Se dentro de uma superfície fechada não
houver carga elétrica, o fluxo elétrico é nulo. O fluxo elétrico, portanto, pode ser escrito
como:
q
ϕ=
ε
q
E⃗ ∙ A⃗ = (Lei de Gauss)
ε
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na qual ε é uma constante associada a cada meio chamada de permissividade elétrica do
meio. Para o vácuo, o valor é εo = 8,85·10–12 C2/(N·m2).Essa constante está associada à
constante eletrostática do meio através de:
1
K=
4πε
Como, nos cálculos, muitas vezes se usa como superfície uma esfera, o uso dessa constante
no lugar de K pode facilitar imensamente as contas, pois a área da superfície de uma esfera
de raio R é dada por A = 4πR2.
A Lei de Gauss é uma das quatro Equações de Maxwell. Elas são as equações que
descrevem tudo o que se sabe sobre Eletricidade, Magnetismo e Óptica, sendo algumas
das mais importantes leis da Física atual. Sua forma mais sofisticada é escrita na forma
integral ou diferencial, em uma matemática de Ensino Superior.
q
E⃗ ∙ da⃗ =
ε
1
∇⃗ ∙ E⃗ = ρ
ε
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