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Nos limites de um simples artigo jornalístico não é possível fazer uma análise
exaustiva, mas é preciso apontar alguns pontos essenciais para o desenvolvimento
do raciocínio. Primeiro, trata-se de uma simples presunção “juris tantum”, que
admite prova em contrário. Segundo, há, na Constituição Federal, uma hierarquia de
princípios: uns são meramente extraídos de normas específicas (como é o caso),
outros são enunciados como tais (artigo 37) e outros são referidos como princípios
fundamentais (Título I). Terceiro, como se sabe o direito é dinâmico (é um
“dinamismo” como diz o ministro Eros Grau), devendo sempre acompanhar a
evolução da realidade social.
Uma coisa é a aplicação correta dos direitos e garantias fundamentais, mas outra
coisa é o exacerbado “garantismo”, em detrimento dos interesses comuns da
coletividade. Já diziam os romanos que “summum jus, summa injuria”. Um exemplo
é sempre ilustrativo e esclarecedor. No Boletim de Notícias ConJur, de 20.2.18, está
transcrita decisão do STJ, no RE 1.705.690-SP, relatado pelo ministro Nefi
Cordeiro, que reformou sentença num caso de condenação por homicídio
qualificado.
Seguindo a jurisprudência dominante, o STJ decidiu anular a decisão que
determinou a quebra do sigilo telefônico, e as provas dele decorrentes, com base no
artigo 5º da Lei 9.296/96, dado que o juiz não apresentou justificativas suficientes ao
deferir o pedido da autoridade policial. Note-se que estão em colisão dois valores
fundamentais: a segurança da coletividade e o sigilo das comunicações.