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As nuvens que pairam sobre o desporto…

Uma das sequelas do conflito no leste europeu tem sido o agravamento da


subida galopante do preço da energia. Com a subida da inflação europeia e, por
conseguinte, do custo de vida, teme-se pelas potenciais consequências económicas e
sociais.
Do ponto de vista económico esta realidade afetará a prática desportiva numa
dupla medida, principalmente nas modalidades coletivas com cariz mais profissional.
Se, por um lado, é expetável o aumento do seu custo por via da subida do preço dos
equipamentos desportivos e dos custos de transporte, por outro, a tendência é para
assistirmos à diminuição dos valores pagos pelos patrocinadores.
Esta realidade colocará constrangimentos ao normal cumprimento das
obrigações assumidas, e dará origem a uma necessidade acrescida para alcançar o
êxito ou, ao invés, para encontrar uma fuga airosa que justifique o insucesso. É nestes
momentos, de enorme tensão, que se tomam as decisões mais drásticas. De forma
mais racional temos assistido à procura de redução da massa salarial através da aposta
de jovens valores nacionais em alguns clubes nacionais. No plano oposto temos
assistido a cenas de violência, física e verbal, entre os diferentes intervenientes do
jogo, as quais têm sido amplamente divulgadas nas redes sociais.
O desportivo, e a vida em sociedade, não pode compactuar com este tipo de
comportamentos. Neste sentido, para colocar cobro aos mesmos, exige-se uma justiça
civil célere algo que nem sempre é possível devido ao tempo em que estas contendas
são dirimidas nos tribunais e ao enquadramento que é dado a este tipo de crimes. Se
presenciado pelas forças da autoridade trata-se de um crime público pelo que o
agressor pode ser logo detido e presente a tribunal no primeiro dia útil. Caso contrário,
é necessário que o agredido apresente queixa contra o agressor. Depois pode correr o
risco de o processo ser arquivado porque de acordo com alguma jurisprudência, com a
qual discordamos, esta é uma realidade frequente no contexto desportivo. Acresce
ainda que, em muitos casos, o agredido e o agressor vivem na mesma área geográfica
o que faz com que o primeiro tema por represálias caso apresente queixa em relação
ao segundo.
A bem do desporto e da vida em sociedade exige-se um novo enquadramento
penal, desafio que poderá ser assumido por João Paulo Correia, novo secretário de
Estado da Juventude e do Desporto que, a partir desta legislatura, estará sob alçada do
Ministério dos Assuntos Parlamentares.

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