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No curso da divisão do trabalho, se revela que em cada período histórico a classe

dominadora é aquela que detém as formas dominantes de poder, e que tem à sua
disposição os mecanismos de produção e principalmente as ideias de dominação. A
partir da leitura fica claro que a estruturação do patriarcado cerceado pelas relações de
classe/poder, os espaços de disputa, principalmente no que diz respeito à participação da
mulher, são limitados e (ou) anulados. Isso faz com que se aglutine ainda mais a
desigualdade de gênero.
Se formos para âmbito político, percebemos que as temáticas e políticas
destinadas as mulheres, são tratadas majoritariamente por homens. Quando as mulheres
(e outros grupos minoritários) por meio da luta alcançam a esfera política e fazem valer
sua voz com a construção de políticas botom up, muitas vezes não possuem condições
econômicas para participar das reuniões deliberativas. Isso é perceptível nas políticas de
saúde dos povos do campo e da floresta, no PNATER, entre outras.
Nesse ponto, a gente consegue, com certas ressalvas, beber em Marx e Engels,
quando pontuam que na modernidade as relações de dominações fundamentais já não
estão ancoradas na religião, elas ocorrem nas sociedades civis, marcadas pelas
desigualdades nas relações de trabalho e por meio da esfera econômica. Assim, os
direitos humanos passam a ser caracterizados como direitos de membros da sociedade
burguesa. Esses direitos acabaram reforçando a individualidade, o egoísmo e a
dissociação da comunidade.
Uma abstração que acredito ser muito interessante e que fica implícita nas
leituras que fizemos até agora, é que a relação entre o ser humano e a natureza acaba se
tornando descontínua ao longo do processo histórico, ao ponto em que se dissocia como
ser constituinte da mesma, mas a natureza é utilizada como crivo para construção do
gênero, não só por um processo de diferenciação, mas como uma espécie de
colonização/dominação dos corpos.

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