A leitura do texto da Izaura Fischer nos permite visualizar como as relações de gênero
imperantes na estrutura patriarcal consolida um regime de desigualdades, onde o
homem exerce poder sobre a mulher, dando suporte ao aprofundamento na discussão de classe social. Por meio da construção narrativa da Izaura é possível conceber que o poder exercido sobre o corpo, sexo e gênero, nasce de um discurso que opera em uma estratégia para que a sujeição seja normalizada e se realize. Não por acaso, ainda hoje, nos defrontamos com a subjugação na divisão sexual do trabalho como uma das diversas expressões do capitalismo. Deve-se pontuar a luta dos movimentos feministas e todas as suas conquistas sociais, culturais, políticas e econômicas. Entretanto, quando se direciona o olhar para o rural (e não só), percebe-se que o poder da cultura patriarcal impede uma transformação na estrutura social. Por consequência, as mulheres rurais (e não só) são concebidas como “acessórias” ao trabalho econômico e produtivo. Isso ocorre, também, e mais uma vez, como expressão do capitalismo que induz a uma concepção limitada de comércio e dinheiro. Traçando um paralelo com as discussões da primeira aula, percebe-se que ações como a “Caderneta Agroecológica” auxiliam na construção do empoderamento da mulher rural. Esse empoderamento modifica a sociabilidade e as relações de gênero em torno da atividade econômica da propriedade rural, mas isso não significa que as desigualdades sejam eliminadas, principalmente pelo enraizamento do patriarcado. A participação política, em grupos de mulheres, sindicatos, movimentos sociais, entre outros, contribuem para à apreensão das consequências do patriarcado e capitalismo na esfera social. Esses grupos, de modo geral, evidenciam a capacidade articulatória das mulheres e a força da organização social.