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leitor
125.06 crítica ano 11, mai 2011

A igrejinha de Oscar Niemeyer


Brasília, 1958
[Oscar Niemeyer]
texto de Francisco Lauande

Maquete da Igreja Nossa Senhora de Fátima (igrejinha). Arquiteto Oscar Niemeyer


Fotógrafo não identificado [Acervo Arquivo Público do Distrito Federal]

“o respeito ao passado é uma atitude filial, natural em 125.06 crítica


todo criador: um filho tem pelo pai amor e respeito” sinopses
Le Corbusier como citar

idiomas
À maneira de introdução
original: português
Este artigo é dedicado, em primeiro lugar, à apresentação da
fonte
análise feita sobre a igreja Nossa Senhora de Fátima, a Igrejinha
Francisco Lauande
– como passou a ser chamada –, de autoria de Oscar Niemeyer,
Brasília DF Brasil
inaugurada em Brasília, em 1958. Apesar de ser uma obra conhecida
e uma das mais representativas dentro do conjunto da obra de compartilhe
Oscar Niemeyer; e de ter sido inúmeras vezes citada em trabalhos
acadêmicos, entendeu-se que até o momento determinados aspectos, Share Buzz
como, por exemplo, os morfológicos, necessitavam de uma 0 tweet
apreciação mais atenta. Delicious
125
125.01 concurso
Restauro e ampliação
no edifício da Cepal
em Santiago do Chile
Paulo Bruna
125.02 profissional
Edifício Sede do
Confea – Brasília DF
125.03 profissional
Sede do Sebrae
Nacional em Brasília
DF
125.04 institucional
Câmara Legislativa
do Distrito Federal
125.05 crítica
La casa de Jean
Prouvé en Nancy
Flavio Castro
Igrejinha, Brasília. Arquiteto Oscar Niemeyer
Foto Eduardo Rossetti 125.07 reforma
Escritório Guedes
O segundo objetivo é o de demonstrar um método utilizado no Nunes Oliveira
ensino de teoria e história da arquitetura e urbanismo. Na Roquim Advogados
Uniplan DF, o autor deste artigo busca aproximar, o máximo Associados
possível, os ensinamentos teóricos das aulas de projeto. A teoria
não como complemento, mas como base na formação do arquiteto.
Percebe-se que quando se une a análise de projetos ao ensinamento
da teoria, da história e de conceitos, os alunos tendem a
interessar-se e compreendê-los de maneira mais satisfatória ao
perceberem a sua aplicabilidade nos projetos.

De acordo com essa estratégia pedagógica, é dispensada a


obrigação, a princípio, de memorizar informações. O objetivo a
ser alcançado é o de fazer com que o aluno busque o entendimento
do contexto histórico e de conceitos e assim, relacioná-los à
arquitetura como forma de melhor compreendê-la de uma maneira
contextualiza. Entende-se que a construção de uma memória de
dados deve ser consequência do estudo sistemático e analítico. O
estudante é incentivado a formar um repertório de projetos
estudados e, dessa maneira, levá-lo a aprimorar o senso crítico.

Igrejinha, Brasília. Arquiteto Oscar Niemeyer


Foto Eduardo Rossetti

Nas primeiras aulas, antes do início da abordagem do conteúdo


indicado pela ementa, lança-se mão da propedêutica de áreas do
conhecimento como a gestalt e da semiótica, exemplificadas
através de análises de projetos em sala de aula.

Os alunos, em um segundo momento, são convidados a realizar, ao


longo do semestre, a análise de obras indicadas. Como complemento
do trabalho, solicita-se que sejam pesquisadas outras formas de
expressão artística que possam representar ou serem identificadas
com o projeto escolhido, por exemplo, pelas similaridades do
ponto de vista da composição das formas. Incentiva-se assim, o
estudo da arte em geral como meio fundamental para a construção
do senso estético; e para a formação (lato sensu) do arquiteto.

A Igrejinha foi um dos projetos estudados. Após a avaliação dos


trabalhos, a obra foi então analisada pelo professor em sala de
aula. É proporcionada a oportunidade aos alunos de compreenderem
as deficiências apontadas para que sejam supridas em uma próxima
tarefa.

Igrejinha, Brasília. Arquiteto Oscar Niemeyer


Foto Eduardo Rossetti

Brasília e Oscar Niemeyer

“A obra de arte não é feita de tudo – mas apenas de


algumas coisas essenciais. A busca desse essencial
expressivo é que constitui o trabalho do artista”
Cecília Meireles

As obras de Oscar Niemeyer em Brasília, em especial as do início


de sua construção, representam a afirmação definitiva de sua
capacidade inventiva e da demonstração de sua erudição, tão bem
compostas com a interpretação de cada tema, de acordo com o que
propunha Lucio Costa, na suas intenções para o projeto para o
Plano-Piloto.

Praça dos Três Poderes, maquete do projeto interpretado por Oscar Niemeyer
[Módulo, n. 89, 1986]

A Praça dos Três Poderes, por exemplo, deve ser tomada como
reprodução da praça seca de São Marco, em Veneza. Oscar Niemeyer
lança mão de um plano retangular que serve como elemento de
ligação do Palácio do Planalto com o da sede do Supremo Tribunal
Federal, o STF. A descontinuidade promovida pelas vias do Eixo
Monumental, a frente do Palácio do Planalto e a que permite o
acesso ao STF, são dissimuladas pela profundidade da perspectiva,
quando tomado um ponto mais central no espaço da praça.
Supremo Tribunal Federal – STF
Foto Nelson Kon

Palácio do Planalto
Foto Victor Hugo Mori

Os palácios do Planalto e do STF têm uma explícita filiação


clássica apreendida na forma como os volumes são destacados do
chão ou pelo ritmo das colunas – o classicismo interpretado na
composição da caixa modernista trabalhada Pela decomposição ou
subtração.

Palácio da Alvorada
Foto Victor Hugo Mori
Sítio Antonio, São Roque SP
Foto Victor Hugo Mori

O palácio da Alvorada é a releitura da casa da fazenda. Nele


estão reproduzidas a generosidade de seus alpendres e a
composição do conjunto casa-capela – referência essa tão bem
interpretada pelo poeta João Cabral de Melo Neto, em seu poema
“Uma mineira em Brasília”:

"No cimento de Brasília se resguardam


maneiras de casa antiga de fazenda,
de copiar, de casa-grande de engenho,
enfim, das casaronas de alma fêmea.
Com os palácios daqui (casas-grandes)
por isso a presença dela assim combina:
dela, que guarda no jeito o feminino
e o envolvimento do alpendre de Minas" (1).

Nas palavras de Oscar Niemeyer:

“agrada-me sentir que essas formas garantiram aos


palácios, por modestas que sejam, características próprias
e inéditas e – o que é importante para mim – uma ligação
com a velha arquitetura do Brasil colonial. Não como
utilização simplista dos elementos daquela época, mas
exprimindo a mesma intenção plástica, o mesmo amor pela
curva e pelas formas ricas e apuradas que tão bem as
caracterizam” (2).

A Igrejinha, por sua vez, é, talvez, a interpretação mais


evidente do barroco brasileiro de Minas, em Brasília. Algo que
pode ser identificado pela presença da sinuosidade das formas
que, como as igrejas de Aleijadinho, são resultantes do genius
loci, ou a “a força do lugar” – enquanto as igrejas de Minas
mimetizam a silhueta da composição da cadeia de montanhas, na
paisagem acidentada, a Igrejinha de Oscar Niemeyer dialoga com a
paisagem marcada pelo horizonte “desnudo”, desta parte do sertão
brasileiro.

Igreja Nossa Senhora do Rosário, Ouro Preto


Foto Luis Rizo [Wikimedia Commons]

A Igrejinha de Oscar Niemeyer


Para o entendimento da obra da Igrejinha é necessário,
primeiramente, compreender o memorial do Plano-Piloto escrito por
Lucio Costa, especialmente, os dois primeiros itens:

“1. Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou


dêle toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou
seja, o próprio sinal da Cruz. (sic)

2. Procurou-se depois a adaptação à topografia local, ao


escoamento natural das águas, à melhor orientação,
arqueando-se um dos eixos a fim de contê-lo no triângulo
eqüilátero que define a área urbanizada (sic)” (3).

Desenho para o concurso do Plano Piloto, original de Lucio Costa [Acervo


Arquivo Público do Distrito Federal]

O Plano-Piloto nasceu, portanto, de uma subordinação ao genius


loci e da intenção de harmonizar cidade com a natureza, que pode
ser percebida quando considerado a importância dada ao gabarito
imposto aos edifícios das quadras residenciais. Nelas, as copas
das árvores atingem, invariavelmente, a altura das construções.
Tomando certas distâncias, a massa de verde e os edifícios
parecem fundir-se. Cidade e paisagem, portanto, confundem-se. A
cidade é a paisagem. A paisagem é a cidade, que é conformada por
meio dos eixos primordiais e os demais eixos secundários
consonantes com a topografia.

Vista aérea da igrejinha e quadras residenciais próximas


Google Earth (adaptada pelo autor)

A igrejinha, seguindo a proposta das Unidades de Vizinhança,


serve como um dos equipamentos pensados para promover a
socialização dos moradores das quadras residenciais mais
próximas. Posicionada em um ponto mais elevado na topografia, sua
fachada principal volta-se para o Leste. A forma triangular da
cobertura, predominante na visão da volumetria cria uma relação
com cidade e a paisagem, seguindo os eixos voltados na direção
Leste-Oeste. O triângulo, forma predominante no conjunto, aponta
a direção Leste – a mesma de um dos eixos principais: o
Monumental. A igrejinha, portanto, anota a força do lugar.
Igrejinha em construção, 1958
Fotógrafo não identificado [Acervo Iphan DF]

Fachada lateral direita da igrejinha


Foto Francisco Lauande Jr

O volume composto pelo espaço da igreja tem suas paredes externas


revestidas pelos azulejos de autoria de Athos Bulcão; a cobertura
alva em forma triangular e sinuosa; e os pilares que, seguindo a
mesma cor da cobertura, marcam os vértices.

Azulejos de Athos Bulcão


Foto Francisco Lauande Jr
Fachada principal da igrejinha
Foto Francisco Lauande Jr

Os três pilares, tomando-se a planta-baixa, posicionados nos


vértices do triângulo da cobertura, acentuam a relação da obra
com a paisagem e a cidade. Dinamismo e tensão da volumetria são
reproduzidos em planta.

Vista aérea da igrejinha


Google Earth (adptada pelo autor)

Os pilares, a sua maneira, reproduzem o triângulo e a sinuosidade


da cobertura, contribuindo para a unidade e o dinamismo da
volumetria. Eles encontram a cobertura em sua menor dimensão,
imprimindo leveza à composição. Essa leveza é potencializada pelo
contraste entre a parte alva do edifício e o espaço da igreja,
com seu revestimento em cerâmica, onde predomina a cor azul.
Fachada lateral direita da igrejinha
Foto Francisco Lauande Jr

A planta-baixa do espaço da igreja propriamente dito segue a


forma triangular- criou-se uma forma específica do triângulo como
forma genérica. Os vértices da base sofrem uma sensível
curvatura, reproduzindo a sinuosidade dos demais elementos.

Desenho representando a planta-baixa


Desenho do autor

Corte na direção leste-oeste


Desenho Francisco Lauande Jr

Tomando o corte no sentido Leste-Oeste, percebe-se como a


curvatura da laje, cria, através da variação de pé-direito, um
ritmo variável de percepção do espaço, desde a entrada até o
interior. A entrada é marcada pela acentuada inclinação da
cobertura, que tende à forma reta e mais delgada no trecho mais
próximo à fachada principal, criando um efeito: o triângulo, que
ao mesmo tempo aponta a direção Leste, cria um direcionamento
para o céu – uma possível tentativa de inserção de uma referência
ao sentido de transcendência, de acordo com o conceito temático.
Vista aérea da igrejinha
Google Earth (adaptada pelo autor)

Desenho representando a interseção do triângulo da cobertura e do adro


Desenho Gildaci Nóbrega

A igreja está postada após o adro, que reproduz a forma da


construção: um triângulo isósceles. Os dois triângulos
relacionam-se e interceptam-se.

A escadaria, vencendo a topografia, cuja largura é


aproximadamente metade da largura, cria um ritmo de aproximação
até a entrada, servindo como ligação entre a edificação e a rua.
Reproduz-se um elemento presentes em nossas igrejas antigas, como
as de Minas.
Vista frontal da igrejinha
Foto Francisco Lauande Jr

Considerando as medidas da obra construída, extraídas com uso do


programa Google Earth, é possível afirmar que, excetuando a
escadaria, nenhuma relação matemática foi utilizada para a
definição dos elementos que compõem a obra, considerando-se, por
exemplo, correspondência entre o adro e a planta da igreja.

Vista aérea da igrejinha


Google Earth (adptada pelo autor)

Quanto ao paisagismo, a massa de árvores, na interface entre a


Igrejinha e as edificações mais próximas, envolve e, de certa
maneira, emoldura a edificação, sem que seja eliminada a
permeabilidade visual no sentido das quadras residenciais. As
árvores servem ainda como um pano de fundo para as fachadas.

Azulejos da Igreja e Convento de Santo Antônio, Recife


Foto Renato Wandeck [www.ceramicanorio.com]

Assim como na igreja da Pampulha, novamente os azulejos são


utilizados como elementos de decoração, desta feita, desenhados
por Athos Bulcão. A tradição lusófona incorporada pelo modernismo
é mais uma ligação com as construções barrocas brasileiras, como
a Igreja e Convento de Santo Antônio, em Recife (1656-1734),
projetada por Francisco José de Roscio, (imagem 21) ou a Igreja e
Claustro de São Francisco, em Salvador (1723), projetada por
Manuel de Quaresma.
Azulejos da igreja e claustro de São Francisco, em Salvador
Foto Renato Wandeck [www.ceramicanorio.com]

Azulejos da fachada da Igrejinha, desenho de Athos Bulcão


Foto Eduardo Rossetti

No interior, a pintura de autoria de Volpi, destruída, sem que


fosse possível recuperá-la, foi substituída pela obra do artista
piauiense Francisco Galeno. Assim como Volpi, Galeno, em 2009,
que, como Volpi, misturou o sagrado ao profano. As figuras estão
sobre um tom de azul claro de razoável intensidade. A
representação de pipas e flores, incorporando outras tonalidades,
teria sido utilizada pelo artista para simbolizar a aparição de
Nossa Senhora para as três crianças na cidade de Fátima, em
Portugal.

Pintura de Volpi no interior da igrejinha


Fotógrafo não identificado [Arquivo Público Nacional]

Apesar da similaridade entre a linguagem de Volpi e Galeno, a


obra foi motivo de grande polêmica entre os fiéis que chegaram a
articular um protesto por meio de um abaixo assinado. Mas,
prevaleceu o bom senso. A criação de Galeno permanece como
ornamento do interior (4).
Pintura de Francisco Galeno no interior da igrejinha
Foto Francisco Lauande Jr.

Forma e aspectos simbólicos

As obras de Oscar Niemeyer caracterizadas pelo grande apelo


formalista tornam-se, em muitos casos, passíveis de
interpretações equivocadas por parte do público em geral. Diz-se,
por exemplo, que a da Catedral de Brasília seria a representação
das mãos no ato da prece. No caso da Igrejinha, as formas seriam,
no imaginário popular, a referência a uma parte das vestimentas
das irmãs Vicentinas, utilizada para cobrir a cabeça.

A interpretação do autor deste artigo é a de que a referência


teria sido o tema do Mistério da Santíssima Trindade,
representado de forma recorrente nas pinturas da antiguidade.
Como ilustração, utiliza-se a imagem que mostra uma das obras do
pintor renascentista alemão Albrecht Dürer (1471-1528): A
Santíssima Trindade.

“Adoração da Santíssima Trindade”, de Albrecht Dürer (1471-1528)

À maneira de conclusão

Este artigo foi escrito com o intuito de criar mais uma fonte de
consulta sobre as obras mais importantes da arquitetura
brasileira no último século e, de alguma maneira, incentivar os
estudantes de arquitetura para o estudo teórico e de projetos,
fazendo-os compreender a sua importância como meio para se
alcançar um grau de excelência nas atividades voltadas para o
projeto. A leitura de uma obra de relevância, pode- se dizer,
equivale à reprodução do raciocínio de quem a concebeu. Ademais,
saber ler um projeto de arquitetura é um meio importante para
ensinamento do que é essencial para a construção de um memorial
descritivo e, desta maneira, possibilitar ao aluno o
aprimoramento da maneira como se expressar ao defender o partido
arquitetônico, falando ou escrevendo.
Igrejinha, Brasília. Arquiteto Oscar Niemeyer
Foto Eduardo Rossetti

As aulas dedicadas ao projeto são, com efeito, a síntese de todas


as teorias apreendidas em outras matérias da grade curricular.
Entretanto, percebe-se uma tendência natural dos estudantes em
considerar o estudo teórico como uma etapa de sua formação
profissional a ser vencida, por assim dizer, de maneira
burocrática. Há uma geral aversão à leitura, que pode ser
encarada como uma conseqüência do aumento do distanciamento cada
vez maior entre o aluno, de todos os níveis, e as formas
tradicionais de registro de conhecimento, como os livros,
periódicos e jornais.

A internet, como imperativo tecnológico, acabou por produzir o


que hoje é chamado de a “geração Harry Portter” – referência à
crença dos jovens de que com alguns toques no teclado, como um
“passe de mágica”, utilizando os comandos copiar e colar (uso em
sequência do control c seguido de control v), é possível absorver
algum conhecimento apenas reproduzindo ou “colando” na página em
branca uma informação extraída de algum texto disponível em algum
site ou sítio. Essas informações, na maioria das vezes, são
prospectadas sem que seja feita uma avaliação da qualidade do
conteúdo e a aferição da confiabilidade da fonte consultada.
Pensar a internet como o único meio eficaz para a obtenção do
conhecimento, é o mesmo que se submeter aos riscos da crença de
que para o aprendizado passou a valer a máxima da arquitetura:
“menos é mais”. Toma-se como desafio, portando, fazer com que o
estudante de arquitetura acostume-se à reflexão por intermédio do
hábito da leitura, tanto de assuntos específicos, como também, da
cultura em geral.

Igrejinha, Brasília. Arquiteto Oscar Niemeyer


Foto Eduardo Rossetti

A Igrejinha de Oscar Niemeyer, além de ser um dos mais


importantes exemplares de nosso momento modernista, do ponto de
vista didático é uma obra que tão bem serve como demonstração do
que se espera de uma boa arquitetura: a necessária sensibilidade
do autor do projeto em relação a determinados aspectos, como a
cultura local, a cidade, o sítio, e o tema. Nesse sentido,
Brasília guarda um elenco de obras tão representa a dimensão da
importância da contribuição de Oscar Niemeyer à arquitetura
brasileira, como foi assinalado nas palavras de Lucio Costa
quando afirmou que:

“A habilidade e a clareza com que organiza as linhas


gerais da composição, seja na planta, no corte ou na
fachada, e a segurança com que seleciona, purifica e leva
à sua forma final cada parte do edifício, são os segredos
da arte de Niemeyer. Apesar de ser um artista, no sentido
mais estrito da palavra, Niemeyer, tanto por formação como
por atitude mental, não é nem pintor nem escultor, mas cem
por cento arquiteto” (5).

Igrejinha, Brasília. Arquiteto Oscar Niemeyer


Foto Eduardo Rossetti

notas

NE1
Agradecemos Eduardo Rossetti, arquiteto do Iphan-DF, pela colaboração na
pesquisa de imagens no acervo de sua instituição e pelas fotos de sua
autoria, que também ilustram este artigo.

NE2
Gildaci Nóbrega, autora de uma das imagens publicadas, é aluna do autor no
curso de Teoria e História da Faculdade da Arquitetura e Urbanismo da
Uniplan DF.

1
MELO NETO, João Cabral. A educação pela pedra. Uma mineira em Brasília.
Série Lerelendo. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1996, p. 30.

2
NIEMEYER, Oscar. Minha experiência em Brasília. 4ª edição. Rio de Janeiro,
Revan, 2006, p. 29.

3
COSTA, Lucio (1957). O memorial do Plano-Piloto. In XAVIER, Alberto (org.).
Lúcio Costa: sôbre arquitetura. 2ª edição. Porto Alegre, Uniritter, 2007,
p. 265.

4
O globo.com. Acesso EM 21 de abril de 2011.

5
COSTA, Lucio (1950). A obra de Oscar Niemeyer. In XAVIER, Alberto (org.).
Lúcio Costa: sôbre arquitetura. 2ª edição. Porto Alegre, Uniritter, 2007,
p. 164.

sobre o autor

Francisco Lauande Jr. é arquiteto. Formado pela Universidade de Brasília


(1987). Tem curso de pós-graduação em Sistemas de Construção pela
Universidade Metropolitana de Tóquio. Mestre em teoria, história e crítica
pela Universidade de Brasília. Professor adjunto da Faculdade da
Arquitetura e Urbanismo da Uniplan DF, em Brasília.

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