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RESUMO
O fascínio por aparatos eletrônicos aplicados na solução de problemas que reduzam os riscos para a vida do
homem, substituindo-o por máquinas móveis, ditas inteligentes, remonta à Antigüidade. Para contribuir com
estudos dessa área do conhecimento, este trabalho apresenta uma solução de um protótipo, montado a partir da
integração de diferentes tecnologias. A utilização do kit Lego® Mindstorm, associado ao uso da linguagem
NQC, e simulação do sinal GPS, permitiu o desenvolvimento de um mini-robô móvel inteligente que se locomove
em um ambiente desconhecido, desviando-se de obstáculos e planejando sua rota.
PALAVRAS-CHAVE: robôs móveis, planejamento de rota, Lego® Mindstorm.
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INTRODUÇÃO
PLANEJAMENTO DE ROTA
Considera-se rota como o caminho a ser percorrido entre a origem e o destino. O seu
planejamento é feito através do tratamento das informações obtidas pelo robô, originadas dos
sensores, de fatos existentes no ambiente no qual o robô está inserido e das coordenadas
simuladas GPS, recebidas através de comunicação wireless.
Existem diversas formas de mapeamento e navegação, entre as quais se destacam as baseadas
em mapas métricos e qualitativos. Nas representações utilizando mapas métricos, os
ambientes dos robôs são definidos por um sistema único de coordenadas. O mapa é uma rede
na qual cada célula representa algum espaço no mundo real. Já nas representações com os
mapas qualitativos, também chamados de mapas topológicos, os ambientes dos robôs são
representados por “lugares” e conexões entre eles. A idéia é de um mapa que não contém
métrica, informação geométrica ou geográfica. Interessam nelas apenas os lugares e não o
meio que estão inseridos (KORTENKAMP et. al., 1998).
Nesse trabalho o planejamento de rota foi feito baseado na simulação de sinais GPS, leitura de
sensores e auxiliado por uma bússola analógica monitorada por um sensor ótico. Nele são
utilizados os dois planos de navegação, um global e um de reação à colisão. O plano global é
o caminho que o aparato deve seguir para chegar ao seu objetivo; o de reação à colisão
implementa a estratégia que determina quais decisões devem ser tomadas ao ocorrer tal
problema (KORTENKAMP et. al., 1998).
ROBÓTICA
De acordo com Salant (1990, p.1), a robótica é o estudo feito sobre qualquer tipo de
equipamento mecânico, controlado e motorizado por computador. Esses dispositivos podem
ser programados para fazer diversas tarefas de modo automático, ou seja, sem a supervisão
humana.
A robótica móvel é um desafio para os pesquisadores de Inteligência Artificial (IA). Os robôs
móveis são autônomos e requerem a integração do sensoriamento, ação e planejamento como
um sistema único (KORTENKAMP et. al., 1998).
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Além disso, esse equipamento possui internamente um processador Hitachi 8 bits de 16 MHz,
16 Kb de memória ROM (Read-Only Memory) para controladores de dispositivos, 32 Kb de
memória RAM (Random-Access Memory) para firmware (HÜBNER, 2004).
O RCX exige a carga inicial do firmware, que se transforma no seu sistema operacional. As
rotinas da ROM carregam as rotinas desse sistema a partir da torre IR, armazenando na RAM.
O firmware, além de processar as rotinas da ROM, pode reconhecer e responder às operações
realizadas por cada botão do painel do RCX e, o mais importante, pode receber programas
(definidos num nível mais alto de programação, chamados de bytecodes), através da porta da
torre IR, interpretá-los e executá-los.
SENSORES
Existe uma variedade de tipos de sensores usados como dispositivos periféricos em robótica,
toque, luz, temperatura, resistência, presença, sonar, pneumático. Porém, neste trabalho,
apenas os que estão sendo usados na construção do robô terão destaque.
Os sensores óticos são projetados para emitir e receber luz. Eles percebem a proximidade de
um obstáculo pela sua influência na propagação do sinal, como ilustra a figura 2.
Entre suas funcionalidades, está a capacidade de indicar a presença e de perceber tons, bem
como a proximidade de um objeto, o que, conforme Groover (1988), é uma característica
especialmente útil para sistemas de locomoção e de dirigibilidade.
O sonar é um sensor que emite e recebe ondas sonoras e, a depender do tempo de propagação
entre a emissão e a recepção da onda, o robô identificará a distância da barreira. A figura 3
seguinte ilustra o sonar.
Para detecção de obstáculos, uma vantagem desses dispositivos, em relação ao sensor de luz,
é a independência da iluminação do ambiente, visto que o sonar trabalha com ondas ultra-
sônicas e, portanto, não é afetado pelo grau de luminosidade do espaço e nem pela
transparência de um objeto à sua frente. Por outro lado, eles também apresentam algumas
limitações: não funcionam bem com superfícies acústicas, possuem uma área angular de
detecção restrita a 30º e não conseguem diferenciar distâncias inferiores a onze polegadas de
um objeto à frente, tampouco trabalha em ambientes de muito ruído sonoro.
A utilização de diversos sensores maximiza a robustez de identificação da aproximação,
considerando que diferentes tipos apresentam diferentes características próprias de percepção.
Eles apresentam algumas características principais: faixa de atuação, exatidão e relação sinal-
ruído.
Define-se como faixa do sensor o conjunto de todos os níveis de amplitude da grandeza física
em que o sensor pode operar. Por exemplo, um sensor de temperatura pode ser fabricado para
operar de 0 ºC a 100 ºC. A exatidão de um sensor é a diferença entre o valor real do sinal de
saída entregue por ele e o sinal ideal a que ele deveria retornar como valor de grandeza física
medido. A relação sinal-ruído é a ligação que existe entre a potência de um sinal qualquer,
entregue na saída do aparelho e a potência do sinal de ruído, medida com o envio de uma
informação de entrada nula. Essa correspondência pode ser medida em percentuais decibéis
(dB) (PAZOS, 2002).
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ATUADORES
Os motores elétricos são os atuadores mais usados pelos projetistas de robôs. Eles oferecem
uma boa “controlabilidade” a um custo baixo de manutenção.
COMUNICAÇÃO WIRELESS
O nome wireless vem sendo comumente utilizado no meio da informática para designar as
tecnologias que permitem comunicação sem conexão física direta entre os equipamentos.
Entre as vantagens existentes, uma é que essa tecnologia pode ser utilizada com maior
eficiência em locais de difícil instalação de cabos, fazendo com que todo o sistema adquira
maior mobilidade e autonomia.
Porém, a comunicação wireless exibe um comportamento menos confiável, com taxas de erro
que podem ter ordens de grandeza superiores e períodos de inacessibilidade freqüentes. Esses
efeitos ocorrem com maior freqüência quando essas técnicas de comunicação são empregadas
em aplicações para robôs móveis que operam em ambientes dinâmicos, onde uma avaliação e
ou condicionamento prévio do meio operacional é muito custosa (CAMBADA, 2004).
A figura 6 apresenta o esquema básico de comunicação entre um microcomputador e o
controlador RCX. Observa-se o computador enviando mensagens, através da IR tower na
forma de ondas infravermelhas para o RCX.
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Essa comunicação é usada para realizar a troca de mensagens entre o robô e o computador, na
qual o programa foi desenvolvido e as coordenadas globais foram produzidas. O RCX irá se
comunicar com o microcomputador através de uma conexão IR. Desta forma, o robô receberá
as informações necessárias para se locomover no ambiente em que for inserido.
O GPS é um sistema de navegação baseado em sinais de rádio que cobre o mundo inteiro. Ele
é composto por satélites e estações associadas em terra, os quais, em conjunto, por
triangulação, calculam as coordenadas de uma localização terrestre, medindo distâncias em
relação a, pelo menos, três satélites.
Na robótica, o uso desse equipamento contribui para aumentar o grau de liberdade dos robôs,
adquirindo maior autonomia para navegar em um terreno desconhecido e se desviar de
obstáculos sem perder a orientação global e a referência do seu destino. Nesse trabalho, como
proposto inicialmente, será feito uma simulação das coordenadas transmitidas por esse
equipamento.
Tais esteiras provêem melhor mobilidade por terem seu ambiente de navegação mais
adequado a esse tipo de instrumento de deslocamento. Para a detecção de obstáculos e
reconhecimento do ambiente, é usado um par de sonar, ambos posicionados na parte frontal
do aparato e direcionados para frente, como mostra a figura 8.
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Também foi utilizada uma bússola analógica embarcada na parte superior do mini-robô,
acoplada a um sensor de luz, que identifica o norte geográfico, como pode ser visto na figura
9. Essa bússola foi colocada para permitir que o robô conheça o ângulo em que ele se
encontra, em determinado momento.
A bússola foi pintada toda de preto e a parte imantada da sua agulha, de branco, para facilitar
a reflexão da luz, melhorando a percepção do sensor, já que o contraste garante maior
precisão na leitura da direção. Ela foi colocada a uma distância aproximada de 15 cm do
RCX, sobre uma torre, como mostra a figura 7, evitando o campo magnético gerado pelo
circuito do controlador. Esse circuito produz um campo magnético que provoca interferência
na bússola. O valor de 15 cm foi adquirido experimentalmente.
A transmissão das coordenadas é feita através do envio das coordenadas, simuladas pelo
computador e encaminhadas através da torre infrared do kit Lego®, onde é captada pela
porta IR do RCX e posteriormente processada pelo programa NQC do mini-robô. A
simulação utilizada não interfere no código do planejamento do robô, deixando-o
desacoplado. Isso possibilita uma futura migração para um GPS real, em ambientes de
maior escala.
Para que o robô faça o seu planejamento de rota, foi desenvolvido um sistema de navegação
no qual, a partir de dois conjuntos de coordenadas cartesianas: um representando a posição
inicial ou posição atual do móvel, ou seja, seu ponto de localização, e outro representando o
objetivo ou local de chegada, o equipamento calcula nova rota.
Então, após obter as posições iniciais x e y e finais x’ e y’, subtrai-se o x’ por x (1), operando,
da mesma maneira, com y’ e y (2). Assim, obtêm-se o cateto adjacente (Ca) e o oposto (Co).
Com isso, calcula-se o complemento do ângulo referente à rotação, através do arco-tangente
da razão entre o cateto oposto e o adjacente (3). A figura 10 mostra o esquema de uso das
informações no cálculo do planejamento.
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Ca = x’ – x (1)
Co = y’ – y (2)
θ = arctg (Co / Ca) (3)
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acontece quando o sensor de luz identifica a agulha branca. Após esse alinhamento, o mini-
robô faz uma pausa para o cálculo do novo ângulo de rotação, utilizando o mesmo
procedimento usado anteriormente. Há de se considerar que a iluminação do ambiente onde o
robô se encontra influencia na percepção da agulha branca.
A figura 12 esquematiza esse procedimento, repetindo o processo tantas vezes quantas forem
necessárias, até que o alvo seja alcançado.
Os testes foram divididos em módulos de funcionalidades do robô, separando a tarefa de
posicionamento em direção ao alvo desejado da tarefa de desvios de obstáculos. No final,
houve uma integração desses blocos para testar o algoritmo em sua totalidade.
Na primeira seqüência de testes, executou-se o módulo de orientação do robô em relação ao
alvo. Nesse teste, o simulador do GPS informou as coordenadas iniciais e finais. Em seguida,
o robô alinhou-se ao norte, utilizando a bússola embarcada para obter uma referência da
direção em que ele se encontrava, e, finalmente, calculou o ângulo rota equivalente,
deslocando-se até o ponto. A tabela 1 abaixo apresenta os resultados obtidos nesse teste.
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Na segunda seqüência de testes, foi executado o módulo de desvio de obstáculos. Nessa etapa,
avaliou-se a capacidade que o mini-robô tem de se desviar de um objeto à sua frente. Para
isso, foram preparados dois ambientes, com diferentes formatos, como mostra a figura 13
abaixo.
Os ambientes foram criados com esses formatos, para simular ambientes de acesso fácil e
difícil, pois o teste de desvio em obstáculos que possuam regiões côncavas é mais
“estressante” para o mini-robô do que objetos que possuam áreas com formatos convexos. No
primeiro ambiente, foi construído um cercado com apenas uma saída. Nessa estrutura, o robô
obteve os resultados registrados na tabela 2.
Nesse ambiente, embora o robô tenha demorado um tempo médio maior que o do ambiente
do problema anterior, não ocorreram colisões com os obstáculos. Por fim, foram feitos
testes na implementação, unindo os dois módulos em uma única solução. Dessa forma, os
resultados refletem as observações dos testes nos módulos individuais. Na tabela 4, estão
algumas cronometragens que o robô gastou para desenvolver sua trajetória desde a sua
orientação com o ponto de chegada até a conclusão do seu objetivo com quantidades
diferentes de obstáculos.
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A partir dos testes que foram realizados, observou-se ainda que há ocorrência de falhas
ocasionais na transmissão wireless das coordenadas, durante a comunicação entre o simulador
GPS e o mini-robô. Isso leva à perda de algumas mensagens, necessitando de reenvios
sucessivos.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMBADA. Coordenação de Paulo Pedreiras. Desenvolvido pelo Instituto de Engenharia e
Telemática de Aveiro. Apresenta projetos sobre Infra-estrutura de Comunicações Wireless
para Agentes Móveis Autônomos. Disponível em: <www.ieeta.pt/~jam/leet/5ano/
Projectos0304/p29.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2004.
ENGE, Per. As coordenadas do futuro. Scientific American Brasil. São Paulo: Duetto
Editorial, 2004. p.80- 87.
GIBBS, W. Wayt. Uma nova geração de robôs. Scientific American Brasil. São Paulo: Duetto
Editorial, 2004. p.36-45.
GROOVER, Mikell P. et al. Robótica: tecnologia e programação. São Paulo: McGraw-Hill,
1988.
HEINEN, Farlei J. Robótica Autônoma: Integração entre planificação e comportamento
reativo. Disponível em: <http://ncg.unisinos.br/robotica/robotica.html >. Acesso em: 12 set.
2004.
HÜBNER, Jomi Fred. Introdução à Robótica. Disponível em: <http://www.inf.furb.br/
~jomi/robotica/slides/hardware-4x1.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2004.
KORTENKAMP, David et al. Artificial Intelligence and Mobile Robots. Massachusetts: The
MIT Press, 1988.
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