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Perlita e Bainita

A formação da perlita ocorre por nucleação e crescimento (veja Capítulo 15,


Transformação de Fases). Microestruturas grosseiras formam-se em temperaturas altas
para este tipo de transformação, por exemplo numa temperatura imediatamente abaixo
da temperatura eutetóide. Nessas temperaturas, são produzidas camadas relativamente
espessas, tanto da fase ferrita como da fase cementita ( ). Essa microestrutura é
denominada perlita grosseira. A formação de lamelas grossas ocorre porque em
temperaturas altas (a temperatura eutetóide), as taxas de difusão são muito altas, de tal
modo que os átomos de carbono se difundem ao longo de distâncias relativamente
longas. Com a redução da temperatura, a taxa de difusão do carbono diminui, e as
camadas se tornam progressivamente mais finas. A estrutura com camadas finas que é
produzida na vizinhança de 540°C é denominada perlita fina (1). A taxa de
transformação é descrita qualitativamente na Figura 15.q. Na verdade, a perlita é
transformada em uma liga ferro (Fe)-carbono (C) de composição eutetóide somente
acima de aproximadamente 540°C. A Figura 16.x apresenta fotomicrografias de
amostras de perlita grosseira e fina.
Resfriando a austenita até a faixa de temperaturas entre 200 e 540°C, a cementita
crescerá na forma de agulhas extremamente finas, ao invés de camadas. A estrutura em
forma de agulhas é chamada bainita (Figura 16.y). A fase ferrita na bainita é, em
geral, altamente deformada. A deformação advém das alterações volumétricas
provocadas pela transformação e no excesso de carbono preso nos interstícios atômicos,
devido ao rápido resfriamento até baixas temperaturas. Para temperaturas entre
aproximadamente 300 e 540°C, a bainita se forma como uma série de tiras paralelas ou
agulhas de ferrita, separadas por partículas alongadas da fase cementita. Denomina-se
tal estrutura como bainita superior . Entre 200 e 300°C, a fase ferrita forma placas finas
com partículas delgadas de cementita, formando-se no interior dessas placas de ferrita.
Essa estrutura é chamada de bainita inferior (1).
As transformações perlítica e bainítica são concorrentes, ou seja, se uma fração da liga
se transformar em perlita ou bainita, a transformação no outro microconstituinte (perlita
ou bainita) só é possível se for feito um reaquecimento na faixa da temperatura
austenítica (2).

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Transformações Difusionais

Referem-se às transformações com mudança de estrutura devidas à migração de átomos


por grandes percursos. O diagrama TTT para uma composição específica (Fe com
0,07% de peso em C) é mostrado na figura abaixo. A figura mostra que perlita não é a
única estrutura resultante do esfriamento da austenita.
A morfologia da perlita é diferente dependendo da temperatura de transformação.
Resfriamentos próximos à temperatura eutetoide (de austenitização) levam à formação
de perlita de maior tamanho de grão e com lamelas (das fases ferrita e cementita) de
maior espessura (perlita grossa). Quanto menor é a temperatura de transformação,
menor é o tamanho de grão da perlita e menor é a espessura de lamela. A razão para tal
é que são verificadas baixas taxas de nucleação e altas taxas de difusão próximas a
temperatura eutetoide, o que resulta em estruturas relativamente grosseiras. Ao reduzir-
se a temperatura de transformação, aumenta-se gradativamente a taxa de nucleação e
reduz-se a taxa de difusão, resultando em estruturas mais refinadas. (Veja as
morfologias e correspondentes temperaturas na figura).

Microestrutura da Perlita Grossa (esquerda) e Fina (direita) formada


Microestrutura da Bainita contendo finíssimas agulhas das fases do Fe
 

Transformações sem difusão (martensíticas)

A transformação perlítica descrita acima é de natureza difusional. O diagrama TTT


mostrado não dá nenhuma informação abaixo de 250 ºC. Na figura abaixo pode-se ver
que ocorre um processo diferente em baixas temperaturas.

Duas linhas horizontais foram adicionadas para representar a ocorrência de um processo


sem difusão, conhecido como transformação martensítica. O termo se refere a uma
família ampla de transformações sem difusão em metais e não metais.

É sempre possível evitar a difusão através do resfriamento rápido da austenita. O preço


desta operação é que a austenita permanece instável permitindo a formação de
martensita, num processo que gera uma característica fragilidade ao produto final.
Microestrutura da Martensita mostrando estrutura de agulhas

O equilíbrio e o controle das variáveis envolvidas é o sentido fundamental da aplicação


dos tratamentos térmicos, que serão explicados em seguida.

Transformações mistas

O diagrama TTT indica ainda uma nova fase: bainita. Na faixa de temperaturas onde
ocorre, a difusão do carbono (intersticial) é significativa, no entanto a difusão do ferro
(substitucional) é praticamente nula. Tem-se assim uma transformação mista –
difusional quanto ao carbono e martensítica quanto ao ferro. O resultado é uma
microestrutura de aspecto bastante similar ao da martensita, porém sem a fragilização
inerente a esta.

AUSTENITA

A austenita (ou ferro na fase γ) é uma fase sólida não magnética constituída de ferro na
estrutura CFC. O ferro possui a propriedade de transformar-se da estrutura CCC (cubico de
corpo centrado, caracteristica da ferrita-α) para a estrutura CFC (cubico de face centrada,
caracteristica principal da austenita-γ). A transformação de cubico de corpo centrado para
cubico de face centrado pode ocorrer a várias temperaturas, temperaturas as quais são
determinadas pelos elementos presentes na liga metalica em questão, por exemplo essa
transformação ocorre a 912°C (1185K) para o ferro puro e a 727°C (1000K) para o aço carbono
eutetóide (perlita), ver ligas metálicas. A austenita é o ponto de partida para vários
tratamentos térmicos nas ligas de ferro, pois partindo da austenita é possivel a transformação
da liga em vários microconstituintes, como por exemplo a têmpera que consiste na
transformação da austenita em martensita por meio de um rápido resfriamento da peça
tratada termicamente. A fase foi denominada em homenagem a um metalúrgico inglês, que
ganhou título de Sir, William Chandler Roberts-Austen (1843-1902).

MARTENSITA

É formada quando ligas ferro - carbono austenitizadas são resfriadas rapidamente ( como no
tratamento térmico de têmpera). É uma estrutura monofásica(TCC),tetragonal de corpo
centrado, porque se encontra em equilíbrio, resultante de uma transformação sem difusão da
austenita. A dureza da martensita depende do teor de carbono e dos elementos de liga do aço,
sendo que um maior teor de carbono resultará em uma martensita de maior dureza. Os
elementos de liga presentes em um determinado tipo de aço, determinam sua
temperabilidade, ou seja, qual a velocidade de resfriamento necessária, a partir da
temperatura de austenitização, para que toda a austenita se transforme em martensita.
Maiores teores de elementos de certos liga resultam em maior temperabilidade. A martensita,
no estado pós têmpera, praticamente nunca é utilizada, sendo necessária a aplicação de um
tratamento térmico posterior a têmpera. Este tratamento térmico, denominado revenimento,
tem como objetivos aliviar as tensões geradas pela formação da martensita, além de reduzir
sua dureza, para os valores especificados pelo projeto. Portanto, como resultado do
tratamento térmico de têmpera, espera-se a formação de uma microestrutura totalmente
martensítica, com a maior dureza que possa ser atingida pelo aço tratado. Depois, no
revenimento, em função do tempo de tratamento e da temperatura, atinge-se a dureza
desejada.

CEMENTITA

Cementita ou carboneto de ferro é um composto químico de fórmula química Fe3C e estrutura


em forma de cristal ortorrômbico. Contém 6,67% de carbono e 93,33% de ferro. É um material
duro e quebradiço e, apesar de ser comumente classificado como cerâmica em sua forma
pura, é mais utilizado na metalurgia. É formado diretamente pelo derretimento do ferro
fundido branco.

LEDEBURITA

Ledeburita, em metalurgia, é uma mistura eutética em um ferro fundido que contém 95,7% de
ferro e 4,3% de carbono. Abaixo da temperatura de austenitização é composta de cementita e
perlita, e acima a temperatura de austenitização é formada por austenita e cementita, Assim
chamada em homenagem a Adolf Ledebur (1837-1916). Também é nesta faixa de percentual
de carbono é que funcionam os altos fornos de siderúrgicas. A sua temperatura de fusão é 1
147 °C.

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