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Aula 6: Como lidar com o passado

Não curamos o passado ficando presos nele. Curamos o passado


vivendo plenamente no presente.
– MARIANNE WILLIAMSON

Ex: Gloria e sua filha.

Pensava que dar à filha um lugar para morar era o mínimo que podia fazer. Não proporcionara a ela a infância que
muito provavelmente merecera e admitia que não tinha sido uma boa mãe.

Grande parte do estresse de Gloria vinha da ansiedade em relação ao comportamento imaturo da filha.

À medida que conversávamos, Gloria ia reconhecendo que sua vergonha e culpa estavam interferindo em sua
capacidade de ser uma boa mãe naquele
momento. Ela precisava perdoar a si mesma e parar de ficar presa ao passado se quisesse seguir em frente e fazer o
que era melhor para a filha.

Aos poucos, Gloria começou a aceitar que, embora não fosse a mãe ideal, ficar se punindo por isso hoje não
mudaria o passado.

Apesar de a autorreflexão ser saudável, ficar preso ao passado é autodestrutivo, pois o impede de desfrutar o presente
e planejar o futuro. Mas você pode escolher viver o momento.

POR QUE FICAMOS PRESOS AO PASSADO

A filha de Gloria sempre a manipulava, aproveitando-se da culpa que ela sentia, lembrando-lhe de que não estivera
presente quando a filha era uma criança.

Se a filha de Gloria ainda não a tinha perdoado, como ela poderia se perdoar? Aceitava seus sentimentos de culpa
constantes como parte da penitência pelos erros que cometera e, como consequência disso, continuava presa ao
passado.

A culpa constante, a vergonha e a raiva são apenas alguns dos sentimentos que podem mantê-lo estagnado no
passado. Você pode pensar inconscientemente: Se eu ficar muito triste pelo tempo suficiente, no fim serei capaz de
me perdoar. Você pode nem se dar conta de que, no fundo, não acredita que mereça ser feliz.

O MEDO DE SEGUIR EM FRENTE NOS MANTÉM PRESOS AO PASSSADO.

Duas semanas depois de minha mãe morrer, a casa de meu pai pegou fogo. O fogo ficou restrito ao porão, mas a
fumaça e a fuligem se espalharam pela casa. Tudo teve que ser limpo, de alto a baixo, por uma equipe contratada pela
companhia de seguros. Todos os pertences da minha mãe foram manipulados por totais estranhos. E isso me
incomodou.

Alguns anos depois, quando Lincoln morreu, mais uma vez eu quis que as coisas ficassem congeladas no tempo.

Pensei que o estaria abandonando se precisasse me desfazer de seus pertences, e não queria isso. Minhas tentativas de
manter tudo congelado no tempo não funcionaram.
Obviamente, o resto do mundo seguiu em frente.

Mas, tenho que admitir, levou dois anos para eu finalmente jogar fora sua escova de dentes. Sabia que ela não era
mais necessária, mas de alguma forma jogá-la fora parecia uma traição. Era mais confortável ficar presa ao passado
com Lincoln, porque lá minhas memórias dele permaneciam vivas.

Porém, se eu ficasse o tempo todo olhando para trás, nunca seria capaz de criar novas memórias felizes.

As concepções equivocadas sobre a tristeza também podem contribuir com nosso desejo de viver no passado. Muitas
pessoas acreditam que o tempo que
passa chorando por alguém é diretamente proporcional a quanto amor você tinha por ele. Caso se importasse um
pouco com alguém que morresse, você poderia
lamentar por meses. Mas se de fato amasse essa pessoa, a dor duraria anos ou talvez o resto da vida. Na verdade,
pode-se sofrer durante anos ou para sempre,
mas a quantidade de tristeza que você sente não tem qualquer correlação com o amor que sentia por aquela pessoa

FICAR PRESO AO PASSADO O DISTRAI DO PRESENTE ( Romantizando o passado)

Não são apenas acontecimentos tristes ou trágicos que deixam as pessoas focadas no passado. Às vezes ficamos
presos ao passado como uma forma de nos
distrairmos do presente. Talvez você conheça aquele ex-atleta da faculdade que aos 40 anos ainda se espreme dentro
do uniforme e fala sobre seus “velhos dias
de glória”. Ou talvez seja amigo daquela mãe de 35 anos que ainda tem como uma de suas maiores conquistas ter
sido “rainha do baile de formatura”. Muitas
vezes romantizamos o passado como um meio de fugir dos problemas do presente.

É fácil se convencer de que você era mais feliz, confiante e completamente despreocupado tempos atrás. Mas há uma
grande possibilidade de você estar exagerando Pode ser também que esteja exagerando os problemas que precisa
enfrentar no presente.

O PROBLEMA DE SE PRENDER AO PASSADO

• Você perde o presente.

Fica impossível se preparar de forma adequada para o futuro.

• Sua capacidade de tomar decisões fica prejudicada.

Você não será capaz de tomar decisões saudáveis sobre o que é melhor para você hoje se não conseguir superar o que
aconteceu ontem.

NÃO DEIXE O PASSADO PRENDER VOCÊ

O pensamento de Gloria mudou quando ela reconheceu que podia aprender com o passado, em vez de ficar apenas se
punindo por causa dele.

Reserve algum tempo para pensar sobre o passado.

Dê a si mesmo algo diferente em que pensar.

Estabeleça metas para o futuro

É impossível ficar preso ao passado quando se está planejando o futuro

Isso vai lhe dar algo que o obrigará a olhar para a frente e ao mesmo tempo impedir que gaste muito tempo pensando
no passado.

FAÇA AS PAZES COM O PASSADO


Quando James Barrie tinha 6 anos, seu irmão de 13, David, morreu em um
acidente de patinação no gelo. Sua mãe tinha dez filhos no total, mas não era
segredo que David era seu favorito. Depois da morte do jovem, ela ficou tão
perturbada que mal conseguia seguir em frente com a vida.
Assim, aos 6 anos, Barrie fez tudo o que pôde para compensar a tristeza da
mãe. Tentou até assumir o papel de David para ajudar a preencher o vazio que
ele deixou. Usava as roupas de David e aprendeu a assobiar do mesmo jeito que
ele. Tornou-se companheiro constante dela e devotou toda a sua infância a tentar
fazer a mãe sorrir de novo.
Apesar dos esforços de Barrie para deixar sua mãe feliz, ela sempre o
advertia sobre as dificuldades de ser adulto. Disse a ele para nunca crescer,
porque adultos eram tomados apenas por tristeza e infelicidade. Chegou a dizer
que sentia algum alívio sabendo que David nunca ia crescer e encarar a
realidade de ser adulto.
Barrie resistiu o quanto pôde para agradar sua mãe e se recusava a
amadurecer. Ele especificamente não queria ficar mais velho do que David.
Tentou com todas as forças permanecer criança. Suas tentativas de continuar
sendo um menino até pareceram deter seu crescimento físico, porque ele chegou
a pouco mais do que 1,5 metro de altura.
Depois de terminar a escola, Barrie quis se tornar escritor, mas sua família o
pressionou a ir para a faculdade, porque era isso que David teria feito. Assim,
Barrie achou uma solução que agradasse a todos: continuaria a estudar, mas
ingressaria no curso de literatura.
Barrie terminou por escrever um dos mais famosos livros da literatura
infantil, Peter Pan, ou o menino que não queria crescer. Originalmente escrito
como uma peça de teatro que mais tarde se tornou um filme celebrado, nele
Peter Pan enfrenta o conflito entre a inocência da infância e a responsabilidade
de ser adulto. Peter decide continuar criança e encoraja todas as outras a fazer o
mesmo. Como um lendário conto de fadas, parece uma deliciosa história infantil,
mas quando se conhece a história do autor, é algo bastante trágico.

A mãe de Barrie não conseguiu seguir em frente depois da morte do filho.


Estava convencida de que a infância tinha sido a melhor época da sua vida e que
presente e futuro eram repletos de dor e agonia. Como um caso extremo de
alguém que ficou preso ao passado, ela permitiu que isso interferisse até mesmo
no bem-estar de seus filhos, afetando não apenas a infância de Barrie, mas toda a
sua vida adulta.

Dê a si mesmo permissão para seguir em frente.

FAZER AS PAZES COM O PASSADO TORNA VOCÊ MAIS FORTE

Wy nona Ward cresceu na área rural de Vermont, no interior dos Estados Unidos.
Sua família era pobre e, assim como em muitas casas na área, a violência
doméstica era algo comum.

O que eu posso fazer no meu presente pra que pessoas não tenham um passado igual ao meu?

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