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Manaus, Amazonas
Janeiro, 2017
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Manaus, Amazonas
Janeiro, 2017
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Ficha catalográfica
Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária: Pollyanna Batalha da Rocha – CRB 11/759 -
Biblioteca Central Universidade Nilton Lins.
Sinopse:
Investigou-se a viabilidade de cortes de tambaqui (Colossoma macropomum) para
processamento de defumação através do uso da fumaça líquida. Utilizou-se peixes
provenientes de piscicultura da região metropolitana de Manaus-AM. Analisou-se quanto à
composição centesimal, alterações durante o armazenamento refrigerado nos indicadores de
qualidade pH, Atividade de água (Aw), Nitrogênio das Bases Voláteis Totais (NBVT),
Substancias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico (TBA), Cor e Contagem microbiológica
durante um período de 35 dias.
Dedico
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AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Rogério Sousa de Jesus, pela confiança. Sem dúvida a pessoa mais importante
em todo esse processo, ao aceitar orientar-me no “segundo tempo da prorrogação”. Dando-me
esperança e fazendo com que tudo desse certo. Sua dedicação, paciência e orientação foram
fundamentais para conclusão deste trabalho.
Aos meus pais Carlos e Francisca, pela oportunidade que me proporcionaram. Através
da coragem deles realizei mais esse sonho e por isso sou extremante honrado em tê-los como
professores, amigos, companheiros e conselheiros.
Aos meus irmãos, meus grandes amigos de todos os momentos. Muito obrigado pela
confiança e companheirismo.
À minha querida Luana Malheiros, meus eternos agradecimentos pelo
companheirismo, generosidade, empenho, paciência e pelas palavras de incentivo. À você,
meus eternos agradecimentos.
Ao Dr. Nilson Luís Carvalho pela ajuda durante o processo de defumação dos cortes e
sugestões para realização deste trabalho.
Aos colegas de laboratório Vinícius Machado e Mágida Ismael, a quem sou muito
grato pela ajuda durante a execução deste estudo.
À amiga Caroliny Lopes, pela amizade e pelos diversos favores prestados.
Ao amigo Renan Barbosa, sempre disposto a ajudar.
À Dra. Elizabeth Affonso, pela confiança e disponibilidade em colaborar com esta
pesquisa.
À FAPEAM, pela concessão da bolsa de incentivo à pesquisa.
À Universidade Nilton Lins e ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA), pela oportunidade e apoio na realização deste mestrado.
A todos os funcionários do INPA/COTI pela colaboração valiosa e amizade.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta dissertação,
que é uma grande etapa da minha vida profissional, quero expressar meus sinceros
agradecimentos.
Obrigado!
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RESUMO
O efeito da defumação com o uso da fumaça líquida, aplicada pelo método de imersão em
concentrações de 1, 2 e 3% sobre o rendimento e os atributos de qualidade de cortes de lombo
e costela de tambaqui Colossoma macropomun, foram investigados por um período de 35 dias
de armazenamento refrigerado (4ºC). As amostras defumadas foram analisadas inicialmente
para determinação da sua composição centesimal (umidade, proteína, lipídios totais e cinza).
Periodicamente foram realizadas contagens microbiológicas (E. coli, Salmonela sp.,
Estafilococos Coagulase-positiva e Clostridium sulfito-redutores) e análises físico-químicas
(pH, Aw, nitrogênio das bases voláteis totais (NBVT), substâncias reativas ao ácido 2-
tiobarbitúrico (TBA) e cor instrumental. Os resultados mostraram que o processo de
defumação alterou a composição centesimal dos cortes. Os cortes de lombo apresentaram
rendimentos superiores aos das costelas e composição centesimal diferente apenas para
umidade e lipídios totais. Não houve presença dos microrganismos analisados durante o
estudo. A composição físico-química sofreu alteração, com valores crescentes ao longo do
tempo para pH, Aw, NBVT, TBA e Cor. Os resultados obtidos com este estudo sugerem que
os cortes defumados com concentrações de 1, 2 e 3% de fumaça líquida aplicada pelo método
de imersão, embalados a vácuo e armazenados sob refrigeração, atenderam os padrões de
qualidade por 21 dias.
ABSTRACT
The effect of smoking with liquid smoke (1, 2 and 3%) on the income and quality attributes
loin cuts and tambaqui rib Colossoma macropomum smoked, were investigated for a period
of 35 days of cold storage (4 ° C). The smoked samples were initially analyzed for their
chemical composition (moisture, protein, ash and total lipids). Periodically microbiological
counts were performed (E. coli, Salmonella sp., Staphylococci coagulase-positive and
sulphite-reducing Clostridium) and physico-chemical analysis (pH, Aw, nitrogen of volatile
bases (NBVT), reactive substances 2-thiobarbituric acid (TBA) and instrumental color). The
results showed that the smoking process changed the chemical composition of the cuts. The
loin cuts had income greater than that of the ribs and different chemical composition only to
moisture and total lipids. There was analyzed the presence of microorganisms during the
study. The physical and chemical composition was altered, with increasing values over time
for pH, Aw, NBVT, TBA and color. The results obtained in this study suggests that smoked
cuts at concentrations of 1, 2 and 3% liquid smoke applied by immersion, vacuum packed and
stored under refrigeration met quality standards for 21 days.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 12
2.1 Composição da fumaça líquida ...................................................................................... 12
2.5.1 pH ........................................................................................................................... 14
3 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 21
3.1 Objetivo geral ................................................................................................................ 21
4.6.3 pH ........................................................................................................................... 26
6 Conclusão .............................................................................................................................. 55
7 Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 56
11
1 INTRODUÇÃO
A defumação com o uso da “fumaça líquida” é uma técnica que oferece aplicações
mais flexíveis e higiênicas, quando comparada à defumação tradicional. Por isso, vêm sendo
amplamente utilizada pela indústria de processamento de produtos cárneos para 3conferir cor,
aroma e sabor agradáveis aos alimentos (Costa et al., 2008; Gonçalves e Cezarini, 2008;
Manske et al., 2011). Outra vantagem desta técnica é a ausência de compostos
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) indesejáveis, com destaque para o
benzopireno que possui capacidade cancerígena (Ledesma et al., 2014). Além disso, retarda o
crescimento microbiano e a oxidação das gorduras, portanto, contribuindo para a preservação
da qualidade e a segurança dos alimentos (Costa et al., 2008; Gonçalves e Cezarini, 2008;
Manske et al., 2011).
A fumaça líquida é obtida a partir da condensação da fumaça bruta, produzida pela
combustão lenta de aparas ou serragens de madeiras selecionadas (Montazeri et al., 2013a).
Através do processo de refinação, os compostos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(PAH) indesejáveis são eliminados e a intensidade de cor e sabor é ajustada (Montazeri et al.,
2013a).
Na defumação de peixes, a qualidade da matéria-prima e os tipos de cortes são itens
fundamentais, podendo ser realizado em exemplares inteiros eviscerados (Souza et al., 2004),
e em filés (Costa et al., 2008; Gonçalves e Cezarini, 2008; Manske et al., 2011).
Neste sentido, a defumação líquida pode ser aplicada perfeitamente ao tambaqui,
principal espécie de peixe nativo produzida pela piscicultura brasileira. Tornando-se uma
oportunidade de agregar características sensoriais e valor comercial, a partir da elaboração de
cortes personalizados, como os de lombo e os de costela. Para isso, torna-se necessária a
realização de estudos que promovam o uso adequado da fumaça líquida em cortes de
tambaqui cultivado, com o objetivo de agregar características sensoriais, controlar a atividade
microbiana e reduzir a oxidação lipídica, permitindo competividade mais expressiva no
mercado dos produtos processados.
12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
fases, variando entre 40 e 100ºC e o centro do produto pode atingir a temperatura de 85ºC
(Stołyhwo e Sikorski, 2005; Erkan et al., 2011).
As fumaças líquidas geralmente são diluídas em água podendo ser aplicadas nos
alimentos por imersão ou por aspersão, em concentrações que variam de acordo com o tipo e
tamanho da matéria-prima (Costa et al., 2008). Além disso, é importante salientar que as
condições de higiene durante o processamento, a estocagem e a embalagem utilizada
influenciará na qualidade e na vida-de-prateleira do produto elaborado (Dondero et al., 2004;
Byun et al., 2010).
2.5.1 pH
2.5.4 Microbiologia
3 OBJETIVOS
3.2.1 Determinar a melhor concentração de fumaça líquida para defumação dos cortes de
lombo e costela.
4 MATERIAL E MÉTODOS
Pesagem e lavagem
Distribuição aleatória
Armazenamento (±-25ºC)
O processo de defumação foi realizado em delineamento fatorial 2x3, sendo dois tipos
de corte defumados com três concentrações de fumaça líquida; T1=Cortes de lombo
defumado com 1%, 2% e 3% de fumaça líquida; T2=Cortes de costela defumado com 1%, 2%
e 3% de fumaça líquida) (Figura 4).
Após o descongelamento dos cortes em temperatura de refrigeração, os cortes foram
imersos em salmoura preparada com 10% de cloreto de sódio (NaCl), na proporção 2:1
(volume da salmoura:peso dos cortes) contendo concentrações de 1%, 2% e 3% de fumaça
líquida por um período de dez minutos e agitados manualmente. A seguir, os cortes foram
pendurados em ganchos de aço inoxidável, deixados por 30 minutos para escorrer o excesso
24
Tratamentos
Cortes
T1= lombo (L); T2=Costela (C)
Fonte de Variação
Drenagem: 30 minutos
Pré-secagem: 50ºC/45minutos
Pesagem
Embalagem a vácuo
Foram realizadas análises de umidade, proteína bruta, lipídios totais e cinza, seguindo
métodos descritos nas Normas Analíticas do Instituto Adolpho Lutz (São Paulo, 2008).
4.5.1 Umidade
Foi realizada pelo método gravimétrico, através da perda de massa por aquecimento
em estufa, a 105ºC, até peso constante.
Foi realizada pelo método de Soxhlet, sendo extraídos com solvente orgânico Hexano
P.A., que posteriormente foi evaporado.
4.5.4 Cinza
A determinação do teor de cloreto de sódio nos produtos, foi realizada pelo método de
Mörh, conforme metodologia descrita nas Normas Analíticas do Instituto Adolpho Lutz (São
Paulo, 2008) e calculadas as concentrações de cloreto de sódio na fração aquosa, através da
seguinte equação:
A atividade de água (Aw) dos cortes in natura e defumados foi determinada por
medida direta em aparelho “Pawkit®” (Decagon Devices, Inc., USA), instrumento digital de
mensuração que usa sensor dielétrico para aferição, utilizando 2,5g de amostra do produto.
4.6.3 pH
As análises das Bases Voláteis Totais (N-BVT) foram realizadas de acordo com o
método de Wootlon e Chuah (1981) modificado por Jesus et al. (1999) quanto à concentração
de Ácido Tricloroacético (TCA).
5 Resultados e Discussão
5.1 Rendimento
TABELA 1. Valores médios de rendimento dos cortes de lombo e de costela, antes e após a
defumação líquida e das perdas ocorridas durante o processamento.
1
Cortes Peso dos Defumados (Kg) Rendimento (%) Perdas na defumação (%)
Lombo (L)
L1% 0,510±0,05a 22,71±2,10a 7,49±0,84a
L2% 0,492±0,03a 21,91±0,96a 8,29±0,90a
L3% 0,503±0,4a 22,40±1,06a 7,15±0,62a
Costela (C)
C1% 0,280±0,02b 12,47±1,08b 5,70±0,49b
C2% 0,283±0,03b 12,60±0,62b 5,56±0,34b
C3% 0,276±0,01b 12,30±1,07b 5,87±0,41b
Teste F
Lombo (L) 0,20142ns 0,47424ns 0,47424ns
Costela (C) 0,6601ns 0,05722ns 0,35598ns
Interação L x C 89,992* 309,53* 19,312*
CV% 10,60 9,25 11,21
1
Nas colunas, valores seguidos de letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade;
ns: não significativo (p>0,05); * significativo (p<0,05).
as costelas (0,408 Kg), igualmente ocorreu para o rendimento, com valores de 30,40% para o
lombo e 18,34% para as costelas (p<0,05). Após a defumação o peso médio e o rendimento
dos lombos L1%, L2% e L3% não apresentaram diferença estatística (p>0,05), sendo o menor
e o maior valor encontrado para o L2% (0,492% kg; 21,90%) e para o L1% (0,510 Kg;
22,71%), respectivamente. Para as costelas o menor peso médio e rendimento foi encontrado
no C3% (0,276 Kg e 12,30%) e no C2% (0,283 Kg e 12,60%), respectivamente. Esse
resultado já era esperado, considerando que o lombo constitui a parte que mais contém massa
muscular.
Este fato foi também observado em outros estudos ao avaliarem o rendimento de
costela e lombo de tambaqui de cultivo. Cartonilho e Jesus (2011), encontraram rendimento
de 19,64% e 27,70% para a costela e o lombo, respectivamente. Resultado semelhante foi
encontrado por Souza (2012), ao determinar o valor de rendimento de costela (21,85%) e de
lombo (27,40%) para a mesma espécie deste estudo.
Os peixes amazônicos oriundos de ambientes naturais, em especial os comerciais,
apresentam bons resultados de rendimento e podem sofrer variações em função da espécie,
forma do corpo e período hidrológico (Souza e Inhamuns, 2011; Costa et al., 2014). Para
tambaquis de cultivo, essa variação depende de fatores como tamanho dos espécimes,
qualidade da ração, qualidade de água e tipo de instalação utilizada (Arbelaez-Rojas et al.,
2002).
No processo de defumação, o rendimento e as perdas ocorridas são afetados por
diversos fatores, tais como temperatura, forma de processamento e o tipo de matéria-prima.
Os peixes de pequeno porte, normalmente são defumados inteiros eviscerados, e os maiores,
em filés ou postas (Costa et al., 2008; Gonçalves e Cezarini, 2008).
Neste experimento houve uma perda de rendimento do lombo in natura em relação ao
lombo defumado da ordem de 7,64% e no caso das costelas, essa perda foi de 5,71%. As
maiores perdas ocorridas nos lombos, durante o processo de defumação, podem estar
associadas à desidratação superficial, pela maior área de superfície destes cortes, comparadas
às costelas, bem como, à maior quantidade de água que permanece na superfície, sob as
estruturas de proteção e inserção da escama, decorrente da lavagem dos lombos e menores
níveis de lipídio, de acordo com Santos et al. (2007).
estudos que utilizaram a mesma técnica de defumação em espécie de água doce (Costa et al.,
2008; Gonçalves e Cezarini, 2008; Franco et al., 2010).
A temperatura e o tempo de exposição ao calor também são fatores que influenciam as
perdas e consequentemente os rendimentos dos produtos defumados. Nos estudos de Franco
et al. (2010), a defumação tradicional a quente (45ºC a 90ºC) alcançou redução de 19,37% do
peso dos filés e rendimento de 33,84% em 5 horas de exposição ao calor, enquanto que no
método a frio (25ºC a 45ºC), os filés apresentaram rendimento de 34,55% e 17,08% de
perdas, após dez horas de defumação.
Para esta pesquisa, não foi constatada influência do fator concentração de fumaça nos
rendimentos. Pelo contrário, observou-se que os valores foram muito próximos, indicando que
a distribuição de calor estava adequada e possibilitou desidratação semelhante aos cortes, o
que é indicado para este tipo de processamento. Portanto, o tambaqui é uma espécie que
apresenta índices de rendimento aceitáveis para o processamento comercial, e o emprego da
defumação líquida nesta espécie pode ser uma alternativa de conservação e agregação valor.
TABELA 2. Valores médios e desvio padrão de composição centesimal dos cortes de lombo
e de costela antes da defumação.
Cortes 1Umidade (%) Proteína Bruta (%) Lipídio total (%) Cinza (%)
Lombo in natura (L) 76,15±0,60a 18,20±0,46a 3,72±0,17a 1,00±0,06a
Costela in natura (C) 72,32±0,38b 18,85±0,57a 6,76±0,09b 1,09±0,04a
Teste F
Interação (L x C) 86,717 * 2,3147ns 781,44* 3,0493ns
CV (%) 0,79 3,03 4,57 6,00
1
Nas colunas, valores seguidos de letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
ns: não significativo (p>0,05); * significativo (p<0,05).
“A” e Cartonilho e Jesus (2011) ao realizar cortes especiais com ótima característica
nutricional.
A costela é considerada a parte mais nobre do tambaqui, alcançando principalmente o
mercado de exportações (ACEB, 2014). Em 2011, a costela de tambaqui marinada sabor
barbecue, pronta para consumo, pré-cozida e com tamanho uniforme, conquistou o prêmio de
melhor produto na categoria “Food Service”, na Seafood Prix d'Elite, maior feira mundial de
pescado (ACEB, 2014). Isto demonstra o potencial do mercado para defumados de costela de
tambaqui.
TABELA 3. Valores médios e desvio padrão de umidade, proteína bruta, lipídios totais e
cinza de cortes de lombo e de costela de tambaqui defumados com fumaça líquida.
1Cortes defumados Umidade (%) Proteína (%) Lipídios (%) Cinza (%)
Lombo (L)
L1% 69,59±0,62a 21,89±0,58a 6,26±0,43a 2,42±0,04a
L2% 69,91±0,66a 22,05±0,15a 5,99±0,46a 2,40±0,15a
L3% 70,15±0,41a 21,92±0,37a 6,08±0,22a 2,37±0,02a
Costela (C)
C1% 68,03±0,22b 22,18±0,12a 8,29±0,48b 2,19±0,01b
C2% 67,91±0,36b 22,03±0,13a 8,36±0,31b 2,14±0,02b
C3% 68,05±0,26b 21,97±0,32a 8,59±0,32b 2,16±0,02 b
Teste F
(L) 0,69826ns 0,14336ns 0,37744ns 0,17086ns
(C) 0,21083ns 0,75446ns 0,50548ns 3,4690ns
Interação (LxC) 15,687* 0,31948ns 33,152* 18,016*
CV (%) 0,95 2,65 5,80 6,25
1
Nas colunas, valores seguidos de letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
ns: não significativo (p>0,05); * significativo (p<0,05).
Segundo Souza et al. (2004), o teor de lipídios também pode influenciar nas perdas de
água durante o processo de defumação, sendo que matérias primas com maior teor de lipídios
perdem menos água. Neste sentido, o mesmo pode ter ocorrido nesta pesquisa. As costelas
apresentaram menores perdas de umidade e maiores teores de lipídios, estando mais
susceptível à oxidação lipídica (Cartonilho e Jesus, 2011).
Os valores de proteína encontrados nos cortes de lombo e de costela foram mais
elevadas quando comparados aos in natura, porém, não apresentaram diferença estatística
entre as diferentes concentrações (p=0,8976). Estes resultados são superiores aos encontrados
por Andrade e Oliveira et al. (2008), para proteínas de tambaqui defumado (16,20% a
19,51%).
Os valores de cinza apresentaram diferença entre os cortes de lombo, ficando
próximos aos encontrados (1,99% a 3,17%) por Andrade e Oliveira (2008) em tambaqui
defumado. Estas elevações nos valores percentuais de proteínas, lipídios e cinza são
decorrentes da perda de umidade ou desidratação do produto. O incremento dos valores de
34
cinza também são influenciados pela absorção de sal durante o processo de defumação (Costa
et al., 2008).
TABELA 4. Valores médios e desvio padrão de cloreto de sódio (NaCl) em cortes de lombo
e de costela de tambaqui defumados com fumaça líquida.
1Cortes defumados NaCl no músculo (%) NaCl na fração aquosa (%) Umidade (%)
Lombo (L)
L1% 2,08±0,10a 2,91±0,09a 69,59±0,62a
L2% 2,12±0,05a 2,94±0,10a 69,90±0,66a
L3% 2,10±0,04a 2,90±0,08a 70,14±0,41a
Costela (C)
C1% 1,98±0,02a 2,83±0,03a 68,02±0,22b
C2% 2,02±0,04a 2,86±0,01a 67,90±0,36b
C3% 2,00±0,07a 2,84±0,10a 68,05±0,26b
Teste F
(L) 0,17212ns 0, 10754ns -
1
Nas colunas, valores seguidos de letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
ns: não significativo (p>0,05); * significativo (p<0,05).
A variação dos valores de atividade de água (Aw) nos cortes defumados durante os 35
dias de armazenamento refrigerado, estão dispostos na Tabela 5 e na Figura 6 (A = Lombos;
B = Costelas). Os lombos defumados apresentaram Aw inicial igual estatisticamente
(p=0,61769) à Aw das costelas e inferior à Aw dos cortes in natura (lombo = 0,982; Costela=
0,971; p=0,18735), não havendo diferença significativa em função das concentrações de
fumaça líquida até o fim do experimento.
36
1
Nas colunas, valores seguidos de letras maiúsculas iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. ns: não significativo (p>0,05). * significativo (p<0,05).
Todavia, houve efeito (P<0,05) do tempo sobre os valores de Aw, pois ao final de 35
dias de armazenamento, foi constatado aumento significativo na atividade de água para os
cortes de lombo e de costela.
Segundo Ramos et al. (2016), o tambaqui in natura apresenta Aw elevada, indicando
ser uma matéria-prima susceptível à ocorrência de reações químicas e bioquímicas,
proliferação de microrganismos patogênicos e deterioradores e redução da qualidade do
produto, tornando-se necessário o uso de técnicas de conservação.
Na Figura 6A é possível observar que a Aw dos lombos apresentou crescimento mais
acentuado que nos cortes de costela (Figura 6B), semelhante, ao encontrado por Frank et al.
(2014). Esses autores, relataram que a Aw inicial para todas as amostras defumadas estava na
faixa de 0,84 e 0,93, aumentando significativamente com o tempo de armazenamento para
uma faixa definitiva de 0,92 a 0,99. Em filés de tilápia, a defumação a quente reduziu a
37
atividade de água de 1, na matéria-prima, para 0,90 dos produtos (Souza et al., 2005).
Vasiliadou et al. (2005), observaram a redução de Aw de 0.987 para 0.960 em Sparus aurata.
A redução nos valores de Aw, é provavelmente, devido à desidratação parcial do
produto pelo calor e principalmente, pelo aumento da absorção de NaCl (Rizo et al., 2016), e
níveis adequados tornam-se muito importantes para garantir a segurança e a prevenção do
crescimento de bactérias, leveduras e bolores, evitando qualquer ameaça à saúde do
consumidor, pois os microrganismos geralmente crescem melhor entre os valores de Aw de
0,980 a 0,995, enquanto que a maioria destes, cessa o seu crescimento à uma Aw menor que
0,900 (Frank et al., 2014).
A B
Figura 6. Variação de atividade de água (Aw) em lombos (A) e costelas (B) de tambaqui Colossoma
macropomum defumados com 1, 2 e 3% de fumaça líquida e embalados a vácuo, durante 35 dias de estocagem a
4 ºC.
5.5 Determinação de pH
A fumaça líquida em geral possui pH baixo e elevada acidez titulável, e à medida que
sua concentração aumenta em uma solução, pode tornar a salmoura mais ácida (Vitt et al.,
2001; Montazeri et al., 2013b). A aplicação de 100% de fumaça líquida (Charsol Supreme)
pelo método de imersão em salmão, revelou um pH mais ácido (5,27) em relação ao produto
defumado que recebeu 60% (5,73) (Vitt et al., 2001). Montazeri et al. (2013), encontraram
valores de pH mais ácidos (5,91) em filés de salmão vermelho Oncorhynchus nerka
defumados com 1% de fumaça líquida, contendo 10,3% de acidez, contra um pH de 6,05 para
amostras defumadas com 1% de fumaça líquida com 4,3% de acidez, não apresentando
diferenças significativas para o conteúdo de sal.
39
1
Nas colunas, valores seguidos de letras maiúsculas iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. ns: não significativo (p>0,05); * significativo (p<0,05).
A B
Figura 7. Variação de pH em lombos (A) e costelas (B) de tambaqui Colossoma macropomum defumados com
1, 2 e 3% de fumaça líquida e embalados a vácuo, durante 35 dias de estocagem a 4 ºC.
40
O crescimento dos valores de pH dos cortes defumados foi constante durante todo o
período de armazenamento (p<0,05). Aos 35 dias, os maiores valores de pH foram
encontrados no lombo (6,60) e na costela (6,66) defumados com 1% de fumaça líquida.
Resultados encontrados por outros autores (Vasiliadou et al., 2005; Ibrahin et al., 2008;
Erkan, 2012) em peixes defumados com fumaça líquida, embalados à vácuo ou em atmosfera
modificada e estocados sob temperatura de refrigeração, mostram que os valores de pH
apresentaram ligeiro crescimento nos primeiros dias, com oscilações ao longo do período de
armazenamento.
Contudo, ao longo da exposição ao frio, os valores de pH aumentam gradualmente,
alcançando o limite máximo de aceitação em períodos superiores a 30 dias de refrigeração
(Vasiliadou et al., 2005; Ibrahin et al., 2008; Erkan, 2012). Segundo alguns autores, a
diminuição no pH pode ser resultado dos ácidos produzidos pelos microrganismos
decompositores dos hidratos de carbono, aumentando assim o nível de ácido do meio
(Vasiliadou et al., 2005; Ibrahin et al., 2008; Erkan, 2012).
O aumento, do pH é devido à elevação do teor de compostos nitrogenados voláteis,
decorrentes da decomposição de proteínas por enzimas proteolíticas ou bactérias (Vasiliadou
et al., 2005; Ibrahin et al., 2008; Erkan, 2012). Nos estudos de Rizo et al. (2016), o pH sofreu
apenas leves oscilações e manteve-se abaixo de 6,5 durante um período de 40 dias em filés de
gadus morhua defumados com 60% de fumaça líquida e por 30 dias em filés de Scomber
japonicus defumados a quente com fumaça natural (Goulas e Kontaminas, 2005),
armazenados em temperatura de 3 e 4º, respectivamente. Em cortes de tambaqui cultivado e
armazenado sob congelamento na sua forma in natura, o pH apresentou variações crescentes
no decorrer de 180 dias, alcançando valores de 6,70 para o corte costela e 6,68 para o corte
lombo (Cartonilho e Jesus, 2011).
O Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal –
RIISPOA estabelece limites de pH apenas para pescados frescos, considerando um pH
inferior a 6,8 na carne externa e a 6,5 na carne interna. Alguns autores citam que o limite de
aceitabilidade em defumados, é normalmente entre 6,8 e 7,0 (Erkan et al., 2011; Rizo et al.,
2016). Para esta pesquisa, os valores de pH de todos os cortes defumados com 1, 2 3% de
fumaça líquida, apresentaram valores inferiores a 6,8 ao fim dos 35 dias de armazenamento
refrigerado.
41
A variação dos valores de NBVT nas costelas e nos lombos de tambaqui defumados
com fumaça liquida, estão demonstrados na Tabela 7. O valor encontrado para os lombos e
costelas in natura foi de 9,24 e 10,11mgN/100g. Valor próximo a estes (8,38 mgN/100g) foi
encontrado por Ramos et al. (2016) em tambaqui. Nos estudos de Cartonilho e Jesus (2011),
os valores da costela e do lombo in natura estiveram próximos de 11 e 13 mgN/100g,
respectivamente.
Os valores de NBVT podem ser considerados como um índice indicador de qualidade
para pescado defumado (Dondero et al., 2004; Oguzhan, 2013). Este método fundamenta-se
na quantificação de compostos de baixo peso molecular, como trimetilamina, dimetilamina e
amônia que são formados durante o processo de deterioração do pescado bactérias
deteriorantes e enzimas endógenos (Dondero et al., 2004; Erkan et al., 2007; Oguzhan, 2013;
Latifa et al., 2014). Alguns estudos têm sugerido a combinação com outros indicadores para
avaliar com precisão o prazo de validade de pescado (Dondero et al., 2004; Rizo et al., 2016).
Os valores de NBVT encontrados nos cortes de lombo e de costela logo após a
defumação, foram significativamente menores que os da matéria-prima (p<0,05).
Provavelmente, devido a lixiviação de compostos nitrogenados voláteis durante a operação de
lavagem e durante a salmouragem. Segundo Furlan et al. (2009), processo de lavagem extrai
os compostos nitrogenados, assim como das proteínas sarcoplasmáticas, que podem acelerar a
deterioração durante a estocagem à baixa temperatura.
Na figura 8, pode-se observar que houve degradação do produto ao longo do período
de armazenamento, alcançando o limite máximo recomendado pela legislação brasileira de 30
mgN/100g (Brasil, 1997) aos 35 dias de armazenamento.
Segundo Jesus et al. (2001), é de se esperar que o teor de NBVT apresente valores
crescentes em produtos de peixes ao longo do armazenamento, principalmente com o aumento
da atividade microbiana. Alguns autores, registraram aumento de NBVT em pescado
defumado com fumaça líquida embalados a vácuo durante o armazenamento refrigerado e o
seu retardamento depende da combinação com outros fatores.
Dondero et al. (2004) estudaram a alteração na qualidade de salmão defumado e
embalado a vácuo e constataram que à medida que o tempo de armazenamento se estendeu,
aumentou os níveis de NBVT, principalmente nos refrigerados a 8ºC, alcançando 30
mgN/100g no 7º dia de estocagem, apresentando forte relação com a contagem total de
microrganismos aeróbios e anaeróbios, enquanto que o salmão estocado a 0ºC apresentou
42
maior prazo de validade (26 dias), mostrando a importância da temperatura adequada para a
garantia da qualidade do produto.
TABELA 7. Variação de nitrogênio das bases voláteis totais (NBVT) em cortes de lombo e
de costela de tambaqui defumados com fumaça líquida e armazenados durante 35 dias a 4 ºC.
1
Período de estocagem (Dias)
Cortes
0 7 14 21 28 35
Lombo (L)
L1% 6,88±0,15ac 11,85±0,12a 13,50±0,09a 18,29±0,11a 22,21±0,97a 39,64±0,09a
L2% 6,62±0,12a 11,33±0,10a 12,89±0,22a 17,42±0,12a 23,09±0,24b 35,54±0,25b
L3% 6,71±0,09a 10,98±0,11a 14,46±0,89a 17,86±0,13a 20,99±0,01c 36,16±0,14b
Costela (C)
C1% 8,10±0,21b 12,20±0,09a 14,46±0,09a 16,99±0,12a 20,47±0,22c 33,54±21b
C2% 8,35±0,12b 13,07±0,16a 14,81±0,03a 17,25±0,16a 22,41±0,11a 32,55±0,24b
C3% 7,58±0,14bc 11,33±0,13a 13,50±0,05a 16,55±0,015a 21,08±0,13a 34,33±0,56b
Teste F
(L) 0,7778ns 0,7103ns 3,4306ns 0,37377ns 0,9463ns 4,6114ns
(C) 2,5320ns 2,4000ns 0,6558ns 0,07240ns 0,8274ns 0,5872ns
Interação (LxC) 13,268* 1,9724ns 1,2621ns 0,2463ns 0,8623ns 5,1796*
CV (%) 6,30 4,33 6,25 7,15 4,33 4,19
1
Em cada coluna, valores seguidos de letras maiúsculas iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. ns: não significativo (p>0,05). * significativo (p<0,05).
A B
Figura 8 – Variação de nitrogênio das bases voláteis totais (NBVT) em lombos (A) e costelas (B) de tambaqui
Colossoma macropomum defumados com 1, 2 e 3% de fumaça líquida e embalados a vácuo, durante 35 dias de
estocagem a 4 ºC.
A partir do dia 28, os valores de NBVT eram semelhantes para ambos os tipos de
amostras, alcançando estando acima do aceitável. Corroborando com outros estudos que
utilizaram a mesma técnica de defumação (Cakli et al., 2006), indicando que o processo de
defumação líquida em cortes de tambaqui, podem contribuir com sua conservação e agregar
valor ao produto.
1
Em cada coluna, valores seguidos de letras maiúsculas iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. ns: não significativo (p>0,05). * significativo (p<0,05).
Figura 9 – Variação de TBA em lombos (A) e costelas (B) de tambaqui Colossoma macropomum defumados
com 1, 2 e 3% de fumaça líquida e embalados a vácuo, durante 35 dias de estocagem a 4 ºC.
45
Os parâmetros de cor e luminosidade (L*, a* e b*) nos cortes defumados com fumaça
líquida e armazenados a 4ºC, estão demonstrados nas Tabela 9, 10 e 11, respectivamente. Na
determinação da cor, o parâmetro L* indica a luminosidade e refere-se à capacidade do objeto
em refletir ou transmitir luz, variando numa escala de 0 a 100. Geralmente, a alteração deste
parâmetro está associada à destruição de mioglobina e hemoglobina, principais responsáveis
pela luminosidade no pescado. Portanto, quanto maior a concentração desses pigmentos,
menor será o valor de L* (Pérez-Alvarez e Fernández-López, 2012). O parâmetro a* refere-se
à contribuição das cores verde(-)/vermelho(+) e o parâmetro b* às cores azul(-) /amarelo(+).
46
1
Em cada coluna, valores seguidos de letras minúsculas iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. ns: não significativo (p>0,05). * significativo (p<0,05).
A cor é o principal aspecto que define a qualidade do alimento, e um produto pode ser
rejeitado simplesmente devido à sua cor, mesmo que depois outras propriedades tais como
aroma, textura e sabor, possam ser avaliadas. Portanto, a cor é a qualidade que mais influencia
a escolha do consumidor (Pérez-Alvarez e Fernández-López, 2012). Por isso, tem sido um
indicador de qualidade bastante utilizado na determinação da vida de prateleira de produtos de
pescado (Cakli et al., 2006; Küçükgülmez et al., 2010).
Nesta pesquisa, o valor de L* nos lombos e nas costelas de tambaqui in natura foi de
55,80 e 71,24, respectivamente, indicando uma cor tendendo ao branco, com maior
luminosidade para as costelas. Ramos et al. (2016) encontraram para tambaqui de cultivo um
L* de 78,38, indicando uma elevada luminosidade. Nosso estudo revelou que a cor dos
produtos após a defumação, foi afetada pelas maiores concentrações de fumaça líquida, e
apresentam oscilações distintas ao longo do armazenamento refrigerado.
Figura 10 – Variação dos valores de luminosidade (L*) em lombos (A) e costelas (B) de tambaqui Colossoma
macropomum defumados com 1, 2 e 3% de fumaça líquida e embalados a vácuo, durante 35 dias de estocagem a
4 ºC.
líquida. Enquanto que nos cortes de costela, embora tenham apresentado diferenças (p<0,05),
não houve alterações acentuadas até o 14º dia. Aos 21 dias de análise, apresentou uma
elevação acentuada nos valores L* (C1%=76,35; C2%= 75,31; C3%= 74,25), a qual foi
reduzindo até o 35º dia, apresentando valores finais de 69,04, 69,00 e 71,15 nos cortes de
costela defumados com 1%, 2% e 3% de fumaça líquida (P<0,05), respectivamente. Segundo
Pérez-Alvarez e Fernández-López (2012), a descoloração da pele e do músculo do pescado é
um problema muito importante, especialmente em espécies de peixes altamente apreciadas.
Com relação ao parâmetro a*, os valores encontrados foram 2,19 e 1,81 para lombos e
costelas in natura, respectivamente. Na Figura 11 observa-se que, após a defumação tanto os
cortes de lombos quanto de costelas defumados com 2 e 3 % de fumaça líquida, apresentaram
elevação significativa (p<0,05) nos valores de a*, indicando uma coloração mais acastanhada
(Montazeri et al., 2013a), enquanto, que nos defumados com a menor concentração (1%), este
parâmetro foi pouco afetado, apresentando diferenças estatísticas se comparado aos demais
cortes de lombos (p<0,05). Nos lombos, os valores de a* após a defumação foram de 2,10,
2,45 e 3,20, alcançando ao fim dos 35 dias valores de 2,32, 3,08 e -0,53, nas concentrações 1,
2 e 3% respectivamente. Enquanto que nas costelas ocorreu redução nos valores de a*, de
1,21, 3,79 3 3,82 para -1,05, -1,27 e -1,03 a partir do 21º dia de estocagem refrigerada.
Quanto ao croma b* verificou-se (Figura 12) que nos lombos defumados com maior
concentração de fumaça líquida, ocorreu redução da cor amarela, enquanto que nos lombos
com 1% de fumaça líquida aumentou, comportamento diferente do que foi observado para as
costelas defumadas.
aumentou até o dia 14, enquanto que as costelas 2 e 3%, declinavam e no dia 28, as costelas,
independente da concentração, apresentavam valores negativos de b*, indicando uma perda
gradativa de coloração ao longo do armazenamento.
As características típicas de cor relacionada com produtos defumados são
particularmente associados com compostos fenólico, que conferem ao produto, características
de cor de produtos defumados, sabor, e também tem propriedades antibacterianas e
antioxidantes (Dondero et al., 2004). Níveis mais baixos de compostos contendo carbonilo, tal
como determinados nos fumos líquidos refinados, pode resultar em menos alterações na cor
original do produto alimentar. Concomitantemente, a remoção de derivados de fenol de fumos
líquidos pode reduzir o seu impacto no sabor final do produto (Montarezi et al., 2013a).
TABELA 10. Variação da cor (a*) em cortes de lombo e de costela de tambaqui defumados
com fumaça líquida e armazenados durante 35 dias a 4 ºC.
1Período de armazenamento (Dias)
Cortes
0 7 14 21 28 35
Lombo (L)
L1% 2,10±0,01b 1,67±0,02a 1,83±0,06c 1,32±0,01b 2,34±0,01a 2,32±0,04a
L2% 3,45±0,03ad 1,65±0,01a 2,60±0,03b 2,72±0,01a 1,49±0,01b 3,08±0,02a
L3% 3,20±0,02a 1,81±0,03a 0,83±0,01a 2,98±0,03a 2,08±0,04a -0,53±0,01b
Costela (C)
C1% 1,21±0,03c 0,87±0,02b 3,03±0,02d -1,05±0,02c -1,66±0,01c -1,76±0,03d
C2% 3,790,01d 1,58±0,02a 1,78±0,03c -1,27±0,03c -1,29±0,02c -1,72±0,01d
C3% 3,83±0,04d 3,04±0,05b 1,38±0,04e -1,03±0,03c -1,19±0,01c -2,32±0,02e
Teste F
Lombo (L) 248,65* 47,873* 219,99* 472,72* 7,6626* 2786,2*
Costela (C) 110,78* 243,29* 166,35* 2,2405* 30,445* 11,902*
Interação L x C 98,931* 191,43* 159,26* 845,01* 261,15* 977,68*
CV (%) 3,45 2,46 9,36 7,37 8,48 11,38
1
Em cada coluna, valores seguidos de letras maiúsculas iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. ns: não significativo (p>0,05). * significativo (p<0,05).
50
A B
Figura 11 – Variação dos valores de a* em lombos (A) e costelas (B) de tambaqui Colossoma macropomum
defumados com 1, 2 e 3% de fumaça líquida e embalados a vácuo, durante 35 dias de estocagem a 4ºC.
TABELA 11. Variação de cor (b*) em cortes de lombo e de costela de tambaqui defumados
com 1%, 2% e 3% de fumaça líquida e armazenados durante 35 dias a 4 ºC.
A B
Figura 12 – Variação dos valores de b* em lombos (A) e costelas (B) de tambaqui defumados com 1, 2 e 3% de
fumaça líquida e embalados a vácuo, durante 35 dias de estocagem a 4 ºC.
Análises realizadas
Estaf.
Cortes Coliformes a 45ºC Salmonela ssp Coag. Clostrídios sulfito
(UFC/g) em 25g Positiva redutores
(UFC/g)
Lombo
in natura Ausente Ausente Ausente Ausente
L1% Ausente Ausente Ausente Ausente
L2% Ausente Ausente Ausente Ausente
L3% Ausente Ausente Ausente Ausente
Costela
in natura Ausente Ausente Ausente Ausente
C1% Ausente Ausente Ausente Ausente
C2% Ausente Ausente Ausente Ausente
C3% Ausente Ausente Ausente Ausente
RDC nº 12,
102 Ausência 103 Ausência
ANVISA (2001)
pesquisadores (Dondero et al., 2004; Cakli et al., 2006; Erkan, 2012; Oğuzhan e Angiş,
2012). Nesta pesquisa, não foram realizadas contagens de bactérias
Dondero et al., (2004) também não encontraram Staphylococcus aureus, Listeria
monocytogenes, C. botulinum e Salmonella durante o armazenamento de salmão Salmo salar
defumado a frio e embalado a vácuo, sob temperatura que variaram entre 0 e 8ºC.
Alguns autores, associam o efeito preservativo da defumação à presença de sal em
quantidade acima de 3% na fração aquosa do produto, secagem da superfície e deposição de
substâncias fenólicas antimicrobianas e antioxidantes (Cardinal et al., 2001; Cakli et al.,
2006; Rizo et al., 2016).
55
6 Conclusão
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