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Tese A:

A favor da manipulação: Defendem que, se favorecer o bem-estar do indivíduo, é


correto executá-lo.

Argumento A:
Os defensores desta tese afirmam que, como na Natureza nada é permanente,
também o genoma estará em constante mudança. Uma pessoa que nasce num
meio desfavorecido ou com uma certa doença vê a sua liberdade a ser-lhe retirada.
Assim, com pequenas alterações nos seus genes, este indivíduo, previamente
privado de certas ações, encontra-se capaz de as executar, pelo que a sua
liberdade é restaurada. Este processo pode ser considerado, portanto, benéfico,
uma vez que iria melhorar a herança genética. A alteração dos nossos genes pode
arrecadar diversas virtudes, sendo uma escolha bastante promissora quando se
trata de doenças hereditárias. Desta forma, os progenitores terão a possibilidade de
evitar a transmissão das mesmas para o feto.

Contra-argumento A:
O sujeito “fabricado” desenvolveria comportamentos de revolta e de desejo de
vingança, isto porque estes sentimentos só existiriam se a sociedade encarasse
esta prática como criminalizável e reprovável. A identidade dos genes não implica a
identidade das pessoas que os possuem. Isto porque o ser humano constrói-se na
ambivalência da genética e da cultura.

Se os pais aperfeiçoam os seus filhos, eles fazem-no por necessidade para que o
mesmo possa viver uma melhor vida? Ou por um estatuto social elevado ao ter um
filho comparável a uma máquina sem falhas?

Isto porque características que à primeira vista possam ser tidas como positivas,
podem vir a revelar-se prejudiciais. Assim, coloca-se a questão de saber como é
que os pais podem saber/descobrir a “melhor” herança genética para os filhos.

O que é ter uma vida digna? Será mais digno viver em sofrimento (no caso de uma
doença hereditária) mas saber que essa é a nossa existência, ou saber que vivemos
bem mas somos o resultado de um desenho pré-concebido independentemente da
justificação dessa planificação?
Tese B:
Contra a manipulação: Defendem que o Homem é um ser sagrado e que não deve
ser alterado, sobre qualquer circunstância.

Argumento B:

Um dos grandes objetivos da realização destas experiências genéticas é o ganho


financeiro. Os cientistas poderão ser gananciosos ao ponto de não terem em conta
as consequências para o indivíduo, retirando os direitos deste e reduzindo-o para
um “objeto de experiência”. Os seres humanos deixariam de ser concebidos e
passariam a ser criados (GATTACA), tal como os objetos o são.
O principal objetivo deverá ser a preservação da vida e o bem-estar da pessoa,
logo, não deverão subverter a ordem natural da vida, como, por exemplo, um
dispositivo que tornaria as pessoas imortais. Deste modo, ao contrário do que se
pensa, não deve ser utilizada para a perpetuação da espécie humana, uma vez que
reduziria os recursos do planeta, contribuindo para a extinção do ser humano.

Contra-argumento B:

Assim, e atendendo ao facto de vivermos numa sociedade capitalista, voltada para o


lucro e para a tecnicização, tentar-se-ia criar indivíduos que melhor se encaixassem
nesta realidade: maior capacidade de trabalho, maior resistência física e
psicológica… O grande objetivo dos pais seria aproximar os seus filhos daquilo que
seria desejável para/pela própria sociedade. Se os pais tivessem essa possibilidade,
iria verificar-se uma situação em que seres imperfeitos buscariam a perfeição do
seu filho. Poder-se-ia pensar que o filho seria fruto de uma frustração dos pais. Por
outro lado, abrir-se-ia a possibilidade para a existência de crises de identidade:
problemas de aceitação do que é. É mais fácil que essa aceitação ocorra quando
nos concebemos como resultado do acaso do que quando nos entendemos
derivados de um projeto. Assim, o criador teria o poder de decisão sobre a criatura,
uma vez que tinha contribuído deliberadamente para a sua constituição.

Mas não se opõe a esta prática, pelo contrário, considera que ela é benéfica já que
encara a eugenia no sentido de melhorar a herança genética. Apenas considera que
esta deve ser usada com precaução. Devemos fazer um uso responsável da nossa
liberdade.

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