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Bacuara Amanajé

Bacuara, um verdadeiro filho dos Carijós,


nasceu numa aldeia Ofaié em um dos
piores momentos do seu povo. Já faziam
anos que uma bandeira abria picadas nas
matas com o objetivo de encontrar uma
mina chamada perhuybe, cujas lendas
eram contadas pelos índios aos emboabas.
Segundo as lendas, um índio chamado
Irabuçu, que alguns confundem com uma
assombração mateira, trouxe a localização
da mina a um caboclo. Bacuara, ainda
jovem, sentia vontade de fazer parte dos
causos e não só contá-los e por isso
aproveitava-se mais da companhia dos
sábios de sua tribo do que dos jovens. Não
tinha os mesmos brinquedos, mas vivia só, acabrunhado e recolhido em seus
pensamentos. Um dia acompanhou seu tio, um pajé famoso pelos seus remédios, até a
caverna prateada de Irabuçu, onde pôde ver o sábio índio cor de areia, junto de seus
jaguares e sortilégios e então, aprendeu que era herdeiro do lobo vermelho Guará,
como seu avô, e aprendeu de Irabuçu algumas mandingas.
Quando Ambrósio virou rei, soube que a filha de Irabuçu havia sido tomada de refém, e
que foi morta a golpes de facão, e que os emboabas queriam o ouro de peruhybe, por
isso atearam fogo a Irabuçu, de quem não mais se ouviu falar.
Um dia, sonhou com um menino escravo. No sonho, o menino escreveu na lama o sinal
da cobra de fogo, e uma direção, dizendo que “a espada de Ogum arde na fogueira de
Boitatá, pegue lá”. Outras noites, sonhou com o menino perdido nas matas coberto do
sangue de sua família. O menino orava para seus deuses e pedia para morrer, queria
pular do precipício, mas o fogo de Boitatá nele ardia, e vacilava ante a morte”.
Bacuara então quis seguir a trilha do menino chorão, para busca-lo e saber dele as
aflições. Talvez fosse esse então o derradeiro causo do qual seria parte e não contador.
Irabuçu, o velho
O velho Irabuçu é um índio de origem distante, cuja transformação sobrenatural ocorreu
pelas mãos de um espirito da morte chamado Anhangá, que não só transformou
Irabuçu, mas o guiou pelos caminhos dos Gangrel e dos vampiros da região. Incumbiu
Irabuçu de proteger territórios de caça dos Gangrel dos emboabas, que aumentavam de
número e principalmente de ambição. Anhangá dormiu entre as montanhas, e Irabuçu
foi forçado a partir um destacamento militar de emboabas e escravos, tendo sido
ajudado, ele e sua
filha da noite
Judaíba de uma
emboscada por um
rapaz de nome Gil,
a quem ajudou
trazendo ouro de
uma grande
caverna. Ao
descobrirem que o
vampiro sabia
encontrar ouro, os
emboabas foram
atrás de Irabuçu
caçando-o com
fogo, aprisionando-
o e à sua filha, e
finalmente
matando-a em terrível tortura. O vampiro Irabuçu foi então soterrado enquanto estava
amarrado. Soterrado ficou por décadas até que um incauto grupo de mineiros abriu a
mina em que se encontrava apenas para vê-lo despertar tomado por vingança contra os
emboabas e seus escravos negros.
Em sua trilha em busca pelos emboabas, soube de sua destruição recente por um grupo
de revolucionários que chamaram Inconfidentes e conheceu um deles, um metamorfo
mestiço de nome Emanuel, a quem se uniu para procurar pelos remanescentes dos
escravos dos emboabas, hoje moradores, junto de seus filhos e netos, do quilombo de
Ambrósio.
Emanuel Cortez
Dentre os filhos de Vila Rica, existiam aqueles cujo nascimento, apesar de acontecer em
seio patrício, haviam sido gerados em adultério e principalmente de mães escravas ou
índias, o que selava o destino dessas crianças a gozarem de, no máximo, um espaço na
criadagem da casa de seus pais. Emanuel era um desses chamados “filhos tortos”, filho
de um nobre espanhol, o barão Cortez, que o concebeu em uma das picadas mateiras
com uma índia que os acompanhava.
Segundo o tabelião da cidade, Cortez registrou como seu o filho, adotando-o e dando a
ele escola que os filhos e filhas de Vila Rica gozavam. Passou pelo desprezo que muitas
vezes a sociedade de Vila Rica dispensava aos
bastardos e experimentou na pele uma existência
de pária e margem. Na escola de letras, aprendeu
a escrever e trabalhou no escritório de registros
de Vila Rica onde conheceu o ouvidor Claudio
Manoel da Costa e com ele a rebelião que ocorria
nas sombras da colônia para torna-la
independente do jugo de El-Rei. Ao mesmo
tempo, conheceu sua mãe, que lhe trouxe a
realidade de sua existência como filho do deus
jaguar, um dos Balam, o povo parte espírito, parte
homem e parte onça. Entre seus pares, foi
chamado de Pele Branca, por causa dos seus
impecáveis ternos e fraques. Ajudando aos
inconfidentes, encontrou o vampiro índio
Irabuçu, e com ele decidiu buscar os escravos dos
emboabas que foram aniquilados pelo movimento rebelde.

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