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Programa de Educação

Continuada a Distância

Curso de
Desenvolvimento de Cosméticos
Capilares

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos nas Referências Bibliográficas.
MÓDULO III

4 ADITIVOS

Em produtos contendo tensoativos, incorporam-se inúmeras substâncias


além deles para completar a formulação e proporcionar propriedades específicas.
Algumas dessas substâncias desempenham um papel importante na composição e
outras são complementos opcionais.
Os aditivos de formulação, tanto na pele quanto nos cabelos, devem conferir
propriedades sensoriais, desencadeando uma percepção agradável ao consumidor
no momento da aplicação e até após a remoção do produto em alguns casos.
Os agentes condicionantes têm sido bem estudados recentemente. Além
dos tensoativos, estes agentes incluem uma extensa variedade de substâncias de
origens distintas (lanolina, óleo mineral, polipeptídeos, amidos, celuloses, silicones
etc.), cujo objetivo é influenciar favoravelmente a maleabilidade, o tato e o brilho dos
cabelos, abrangendo todas as particularidades dos fios, suas características
naturais, compatibilidades e desejos particulares dos consumidores – incluindo a
relação custo-benefício.
Há também a possibilidade de adicionar compostos antioxidantes para
prevenir a formação de odores desagradáveis procedentes do sebo nos cabelos de
couro cabeludo, mas este e outros aditivos especiais serão abordados mais adiante.
Os principais aditivos dos produtos cosméticos são:
ƒ Emolientes;
ƒ Umectantes;
ƒ Condicionantes quaternários;
ƒ Modificadores da viscosidade;
ƒ Opacificantes;
ƒ Antioxidantes;
ƒ Sequestrantes;

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ƒ Conservantes;
ƒ Fragrâncias.

5 EMOLIENTES

Os efeitos dos emolientes sobre a pele são amplamente estudados pelos


cientistas. Por isso, eles são muitas vezes classificados como os ingredientes
cosméticos que ajudam a manter a pele macia, lisa e resistente. Aplicaremos aqui os
mesmos conceitos aos cabelos.
Eles têm a capacidade de permanecerem sobre a superfície cutânea (estrato
córneo), atuando como lubrificantes, reduzindo a descamação e melhorando a sua
aparência. Também são descritos como aditivos reengordurantes, especialmente no
caso de produtos para o banho. Essa última classificação refere-se a substâncias
que melhoram o conteúdo lipídico das camadas superiores da epiderme e previnem
a perda do conteúdo graxo ou o ressecamento da pele, do couro cabeludo e dos
cabelos.
Para usufruir melhor dos benefícios promovidos por essa classe de aditivos,
faz-se necessário conhecer um pouco sobre a teoria da cascata de emolientes, bem
como entender as diferenças entre eles. Os emolientes podem ser classificados de
acordo com a sua espalhabilidade1 na pele na forma pura. Sendo assim, há os
emolientes de alta espalhabilidade, que deslizam facilmente, e os de baixa
espalhabilidade, mais untuosos e pastosos, deslizando com mais dificuldade e
deixando uma sensação de toque mais pesado ou mais oleoso e que dura mais
tempo. O emoliente que se espalha rápido proporciona sensação bastante suave,
mas que se dissipa rapidamente.

1
Espalhabilidade é a expansão de uma substância sobre uma superfície, definida como a área da
superfície coberta durante um período de 10 minutos.

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A teoria da cascata de emolientes consiste em associar, no mínimo, quatro
emolientes de diferentes espalhabilidades para que o consumidor possa sentir a
sensação agradável da aplicação do produto, do primeiro momento da aplicação ao
efeito duradouro do produto proporcionado pelo emoliente de alta espalhabilidade.
Ela consiste, portanto, na combinação de emolientes de alto, médio e baixo
espalhamento, de forma a se obter o sensorial desejado.
Quimicamente, os emolientes podem ser hidrocarbonetos, triglicerídeos,
alcoóis graxos, ésteres de alcoóis graxos, silicones e alcoóis graxos propoxilados.
Podem ser ainda lipofílicos (oclusivos) ou hidrofílicos.
Algumas características da configuração dos emolientes como a polaridade,
o peso molecular, a ramificação, o comprimento da cadeia e as insaturações,
influenciam diretamente em seu poder sensorial. Assim, quanto mais polares, mais
leve será o toque sobre a pele e os cabelos. Por essa razão, os triglicerídeos, que
possuem longas cadeias apolares, apresentam toque pegajoso.
Os hidrocarbonetos são compostos obtidos da destilação do petróleo cujas
moléculas contêm apenas átomos de carbono e hidrogênio. Os alcanos são
hidrocarbonetos saturados, que apresentam apenas ligações simples entre os
átomos de carbono. Os hidrocarbonetos insaturados podem conter ligações duplas
(alcenos) ou ligações triplas (alcinos) entre os átomos de carbono, mas são pouco
utilizados como emolientes em razão de sua alta reatividade, sendo passíveis de
sofrerem oxidação.

FIGURA 1 – ESTRUTURA QUÍMICA DE UM ALCANO LINEAR (PENTANO) E DE


UM CICLOALCANO LINEAR (CICLOPENTANO)

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Alguns alcanos podem ter sua cadeia carbônica fechada em um anel, sendo
então chamados de cicloalcanos. Eles são tão parecidos que a maioria de suas
propriedades pode ser considerada semelhante. Além do anel, os hidrocarbonetos
podem ser lineares ou ramificados se tiverem um grupo substituinte ligado a um
carbono terciário ou quaternário.
Como principais representantes dos alcanos lineares estão a vaselina
(Petrolatum) e o óleo mineral (Paraffinum Liquidum), disponíveis, respectivamente,
na forma sólida e líquida. As parafinas e algumas ceras são exemplos de alcanos
cíclicos utilizados como emolientes.
Os alcoóis são hidroxiderivados dos alcanos caracterizados pela presença
de uma hidroxila ligada a um átomo de carbono. Eles são utilizados como
umectantes, emolientes e espessantes da fase oleosa, e também são precursores
na síntese de éteres e ésteres.

FIGURA 2 – ESTRUTURAS QUIMICAS DOS ALCOÓIS PRIMÁRIOS ETANOL,


GERANIOL E ÁLCOOL BENZÍLICO

OH
H2
C CH2OH
H3C OH
Etanol
Álcool benzílico

Geraniol

Os alcoóis são amplamente utilizados pela indústria cosmética. Exemplos de


suas aplicações são o etanol, utilizado como cossolvente; o geraniol como um
componente de fragrâncias; e o álcool benzílico, utilizado como conservante. A
principal aplicação, no entanto, reserva-se aos alcoóis graxos utilizados como

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emolientes e espessantes de fase oleosa. A TABELA 1 apresenta as cadeias
carbônicas dos alcoóis graxos saturados e insaturados.

TABELA 1 – TAMANHO DAS CADEIAS CARBÔNICAS DE ÁCIDOS GRAXOS


SATURADOS E INSATURADOS
Ácido Graxo Tamanho da cadeira Tipo de Cadeira
Álcool Butírico C4
Álcool Caproico C6
Álcool Caprílico C8
Álcool Cáprico C10
Álcool Láurico C12 Saturada
Álcool Mirístico C14
Álcool Cetílico C16
Álcool Esteárico C18
Álcool Berrênico C20
Álcool Palmitoleico C16:1
Álcool Oleico C18:1
Insaturada
Álcool Linoleico C18:9,12
Álcool Linolênico C18:3,6,9
FONTE: Adaptado de Solomons et al. (2000).

Similares aos alcoóis, os éteres são compostos que apresentam um átomo


de oxigênio ligado a dois átomos de carbono ao invés de um carbono e um
hidrogênio como nos alcoóis. Sua estrutura também pode ser cíclica como a dos
cicloalcanos. Dois bons representantes deste grupo são o éter PPG-15 estearil
(PPG-15 Stearyl Ether) e o Benzoato de C12-15 alquila (C12-15 Alkyl Benzoate).

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FIGURA 3 – ESTRUTURA QUÍMICA DOS ÉTERES: N-BUTIL ETIL ÉTER (A),
TETRAIDROFURANO (B) E ANISOL OU METÓXIBENZENO (C)

Os ésteres são o produto da reação entre um ácido carboxílico e um álcool


(FIGURA ), sendo os mais comuns na cosmetologia o palmitato de cetila (Cetyl
Palmitate)2, miristato de isopropila (Isopropyl Myristate), miristato de miristila
(Myristyl Myristate), isonanoato de cetoestearila (Cetearyl Isonanoate), oleato de
dodecila (Dodecyl Oleate), monoestearato de glicerila (Glyceryl Stearate) e
diestearato de etilenoglicol (Glycol Distearate).
A nomenclatura dos ésteres é dada pelos nomes do ácido e do álcool que o
originaram. O primeiro nome é o do ácido carboxílico e o segundo é o do álcool. O
palmitato de isopropila (Isopropyl Palmitate), por exemplo, foi obtido da reação do
ácido palmítico com o álcool isopropílico (o álcool de menor cadeia utilizado na
obtenção de ésteres para a indústria cosmética). Tanto o palmitato quanto o
miristato de isopropila apresentam toque mais seco na pele, mas são mais
comedogênicos, justamente por causa da cadeia alcoólica. Os ésteres com pesos
moleculares mais altos são insolúveis em água e apresentam maior capacidade
lubrificante e emoliente, por espalharem melhor sobre a pele. O isonanoato de
cetoestearila, por exemplo, é muito utilizado como hidrorrepelente tamanha a sua
insolubilidade em água.

2
O palmitato de cetila foi introduzido no mercado pela Cognis® para substituir o espermacete de
baleia.

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FIGURA 4 – A REAÇÃO GENÉRICA DE OBTENÇÃO DE UM ÉSTER

Nos ésteres de cadeia linear, conforme aumenta a cadeia alcoólica, mais


pesado e menos oleoso será o éster. Os que apresentam insaturação nas cadeias
de ácido graxo são mais leves e suaves ao tato. Quando a molécula do emoliente
possui uma ramificação, ele se torna mais leve e menos oleoso que o emoliente
linear correspondente.
Os triglicerídeos, ou óleos vegetais, são substâncias líquidas a temperatura
ambiente, extraídos da semente de vegetais por prensagem (óleo virgem). Porém, o
refinamento usado para descolorir ou desodorizar os óleos pode ocasionar a
oxidação ou a perda de frações de fosfolipídeos e tocoferóis, que diminuem a
qualidade e a funcionalidade do óleo. Suas características dependem de sua
composição.

TABELA 2 – COMPOSIÇÃO PERCENTUAL DE ALGUNS ÓLEOS VEGETAIS


USADOS EM COSMÉTICOS
Composição Óleos vegetais
Germe
Abacate Amêndoas Jojoba Uva Rícino Soja
de Trigo
C16 5 – 25 4–9 14 – 18 <3 3–9 1 7
C16:1 1 – 10 0,4 – 0,7 – <1 < 1,2 – –
C18 <3 1,2 – 3,0 0,5 – 3 – 3–6 1 4
12 –
C18:1 54 – 74 62 – 86 15 – 23 5 – 15 3 29
28
58 –
C18:2 6 – 16 20 – 30 15 – 23 – 6 54
78
C18:3 <3 < 0,4 4–8 – <1 – 5
C20:1 – – – 65 – 80 – – –

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Vitamina A Sim Não Sim Não Não Não Não
Vitamina B Sim Não Sim Não Não Não Não
Vitamina C Sim Não Não Não Não Não Não
Vitamina E Não Não Sim Não Sim Não Não
FONTE: Adaptado de Bloise & Coyado (2000) citado por Schirmer (2004).

Além destes triglicerídeos tradicionais, atualmente há uma crescente


tendência para a exploração dos óleos naturais da flora brasileira, sobretudo da
região amazônica e do cerrado.
O óleo de maracujá (Passiflora sp.) é rico em ácido linolênico (77%), ácido
oleico (12%) e ácido palmítico (8%), resultando em sua característica peculiar de
regular a atividade das glândulas sebáceas. Sendo assim, ele é uma boa alternativa
como emoliente de baixa espalhabilidade para aplicação em peles e cabelos
oleosos.
O óleo de babaçu, extraído do coco da palmeira babaçu (Orbignya
phalerata), apresenta maior capacidade de retenção hídrica que outros óleos
vegetais, como o de amêndoas. Este óleo tem aspecto claro a ligeiramente âmbar,
sabor agradável e adocidado, não irritante e não sensibilizante.
O óleo de buriti é extraído das palmeiras da espécie Mauritia flexuosa,
originárias da região amazônica. Ele é rico em carotenoides, ácido oleico e ácido
palmítico, responsáveis por sua ação antiradicais livres e anti-irritante.
Da semente da castanha do Brasil, ou castanha-do-Pará, é extraído um fino
óleo com propriedades emolientes rico em ácido oleico, ácido linolênico, vitaminas A
e E, e fitosteróis (estimulantes do processo de cicatrização).
Por último, o óleo de cupuaçu, que é extraído das sementes de Theobroma
grandiflorum e apresenta uma equilibrada composição de ácidos graxos saturados e
insaturados numa proporção de 51:49, conferindo aspecto sólido e macio a este
produto que se funde rapidamente em contato com a pele, conhecido como
manteiga de cupuaçu.
A TABELA 3 apresenta os principais emolientes utilizados em cosmetologia
classificados quanto a sua espalhabilidade.

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TABELA 3 – ÍNDICES DE ESPALHABILIDADE DOS TRÊS TIPOS DE
EMOLIENTES
Emoliente Espalhabilidade
Vaselina Baixa
Óleo de amendoim Baixa
Óleo de amêndoa Baixa
Óleo mineral Baixa
Erucato de oleíla Baixa
Triglicerídeo do ácido palmítico Baixa
Oleato de oleíla Baixa
Triglicerídeo dos ácidos cáprico-caprílico Média
Esqualano Média
2-octildodecanol Média
Isonanoato de cetoestearila Média
Álcool oleílico Média
Oleato de decila Média
Hexildecano Média
Miristato de miristila Média
Estearato de isoctila Média
Dimeticone Média
Dioctilcicloexano Alta
Caprilato/caprato de coco Alta
Estearato de isopropila Alta
Miristato de isopropila Alta
Palmitato de isopropila Alta
Adipato de dibutila Alta
Laurato de hexila Alta
Éter dicaprílico Alta
Carbonato de dicaprilila Alta
PPG-15 estearil éter Alta
Ciclometicone Alta
FONTE: Rodrigues & Salka (2001).

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6 UMECTANTES

Os umectantes são substâncias higroscópicas que possuem a propriedade


de absorver vapor d’água do ambiente até uma determinada concentração que varia
com as características do umectante utilizado e da umidade relativa do ar.
Da mesma forma, as soluções de umectantes podem reduzir a quantidade
de água perdida para o ambiente até alcançar o equilíbrio. Por essa razão, eles são
muito utilizados em formulações cosméticas para diminuir a perda de água do
produto e para deixar um residual sobre a pele que influi na textura e no estado
deste tecido.
São substâncias geralmente solúveis em água que atraem e mantém um
filme aquoso sobre a superfície da pele, representadas principalmente pela glicerina
e pelo propilenoglicol.
A desidratação de um produto cosmético pode acontecer em qualquer
momento entre a fabricação e o uso pelo consumidor final e é determinada pela
temperatura do produto, seu grau de exposição ao ar e pela umidade relativa a qual
está exposto. Certamente que o recipiente de acondicionamento do produto e o seu
mecanismo de fecho são fundamentais para evitar a sua desidratação durante o
armazenamento. Com a embalagem adequada, o umectante passa a ter menor
importância.
A TABELA 4 apresenta algumas propriedades do umectante ideal, apesar de
nenhum deles possuir todas estas características. A seleção do umectante
adequado para a formulação, portanto, é critério ditado pelas necessidades do
produto.

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TABELA 4 – PROPRIEDADES DO UMECTANTE IDEAL
Higroscopicidade O produto deve absorver e reter umidade atmosférica em
condições normais de umidade.
Viscosidade Um umectante de baixa viscosidade se mistura facilmente
ao produto, mas o de viscosidade alta contribui para
prevenir a separação de fases ou sedimentação de sólidos.
Compatibilidade O umectante deve ser compatível com uma gama de
matérias-primas, com propriedades solubilizantes.
Cor, sabor e odor Devem ter cor, sabor e odor agradáveis.
Toxicidade Não deve ser tóxico nem irritante.
Corrosão O umectante não deve ser corrosivo aos materiais de
envase mais comuns.
Estabilidade Ele não deve ser volátil e nem solidificar-se ou precipitar
cristais em condições normais de temperatura.
Reação Deve ser preferencialmente de baixa reatividade ou neutro.
Disponibilidade Os umectantes devem ser de livre obtenção e tão
econômicos quanto seja possível.
FONTE: Adaptado de Wilkinson et al. (1990, p.712).

Os umectantes mais utilizados são alcoóis poli-hídricos (polióis) e seus


ésteres e éteres, cuja unidade básica é o etilenoglicol (FIGURA ),
representados pela glicerina e o sorbitol (
FIGURA ).

FIGURA 5 – ESTRUTURA MOLECULAR DO ETILENOGLICOL

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O umectante mais utilizado é a glicerina (Glycerin), que pode deixar uma
sensação pegajosa sobre a pele. Isto pode ser contornado associando-se outro
umectante, como o sorbitol (Sorbitol), por exemplo. Sua eficácia tem sido
questionada, pois se demonstrou que ela tem potencial para extrair água da própria
pele. No entanto, mesmo que a concentração utilizada fosse demasiada alta para
que esse fenômeno ocorresse (teor próximo do glicerol puro), o equilíbrio é
alcançado pelo outro lado, pois, por mais baixa que seja a umidade relativa, sempre
há mais moléculas de água no ambiente que no estrato córneo da epiderme.

FIGURA 6 – ESTRUTURA MOLECULAR DA GLICERINA E DO SORBITOL

O propilenoglicol (Propylene Glycol) é mais barato que a glicerina, mas


reduz a viscosidade de soluções de tensoativos e tende a diminuir a formação de
espuma.

FIGURA 7 – ESTRUTURA MOLECULAR DO PCA-NA E DO LACTATO DE SÓDIO

O
+
Na -O

O O- Na+
N
H
O OH
PCA-Na Lactato de sódio

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Outras matérias-primas utilizadas como umectantes em produtos cosméticos
são os polietilenoglicóis de baixo peso molecular (PEG-10 a PEG-200), aminoácidos
e outros constituintes do fator de hidratação natural como o sal sódico do ácido 2-
pirrolidono-5-carboxílico (Sodium PCA) e o lactato de sódio (Sodium Lactate). O
PCA de sódio apresenta melhor potencial umectante que a glicerina e tem sido
utilizado em concentrações a partir de 2% em produtos cosméticos. O lactato de
sódio pode aumentar a capacidade de ligação da água do estrato córneo e a
flexibilidade do estrato córneo. Os principais umectantes estão apresentados na
TABELA 5.

TABELA 5 – OS PRINCIPAIS UMECTANTES UTILIZADOS E SEUS


RESPECTIVOS INCI NAME
Umectante INCI Name
Glicerina Glycerin
Glicerina etoxilada Glycereth-26 e Glycereth-7
Propilenoglicol Propylene Glycol
Butilenoglicol 1,3 Butylene Glycol
Polietilenoglicóis PEG-10 a PEG-200
Sorbitol Sorbitol
Sorbitol etoxilado Sorbeth-6 a Sorbeth-40
Xilitol Xylitol
Metilglicose etoxilada Methyl gluceth-10 e Methyl gluceth-20
Aminoácidos Amino acids
Ácido lático Lactic acid
Lactato de sódio Sodium lactate
PCA sódico Sodium PCA
Steardimonium panthenol
Umectantes substantivos
Lauryl methyl gluceth-10
condicionantes
hydroxypropyldimonium chloride
FONTE: Paye et al. (2006, p.255).

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Os umectantes são facilmente removidos da pele e cabelos com um simples
enxágue. No entanto, existem poucos umectantes cuja natureza catiônica os permite
adsorver à pele e aos cabelos, tornando-os mais substantivos e condicionantes. O
mesmo se aplica ao sal PCA da quitosana: um polímero policatiônico (em pH ácido)
de alto peso molecular produzido por desacetilação da quitina associado ao PCA.

FIGURA 8 – DESACETILAÇÃO DA QUITINA EM QUITOSANA

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7 AGENTES CONDICIONANTES QUATERNÁRIOS

Como já visto no módulo anterior, o condicionamento é oferecido pelos


tensoativos catiônicos, especialmente os quaternários de amônio. No entanto,
também estão disponíveis compostos catônicos para serem adicionados
principalmente aos xampus, cuja cadeia terminal graxa está inserida em uma
estrutura polimérica que reduz significativamente o potencial irritante. Tais resinas
foram inicialmente empregadas em formulações fixadoras por suas propriedades de
fixar os cabelos. O mais importante é que muitas delas, além de serem compatíveis
com tensoativos anfóteros e não iônicos, também são compatíveis com os
tensoativos aniônicos sem prejudicar a espumabilidade e a detergência do produto
final.
A primeira resina introduzida no mercado em 1972 foi o Quatérnio-19
(Quaternium-19, FIGURA ), um derivado celulósico fortemente catiônico, obtido pela
reação do álcool polivinílico com a 2,3-epoxipropilamina, desenvolvido pela Union
Carbide®3. Ele foi o precursor dos polímeros derivados catiônicos de celulose
como o Poliquatérnio-7 (Polyquaternium-7). A presença de cadeias laterais graxas
nesses éteres de celulose quaternizados os torna tensoativos e são responsáveis
por sua alta substantividade e formação de filme. Eles deixam os cabelos com toque
sedoso. São solúveis em água e compatíveis com a maioria dos tensoativos,
influenciando positivamente na formação da espuma.

3
Em 1999, a Union Carbide foi adquirida pela The Dow Chemical Company.

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FIGURA 9 – ESTRUTURA DO QUATÉRNIO-19

O poliquatérnio-10 (Figura 43) é um sal obtido da reação de sal polimérico


de amônio quaternário de hidroxietilcelulose com um epóxido substituído de
trimetilamônio. É comercializado em pó ou em solução. Suas soluções são fluidos
não newtonianos e apresentam viscosidades distintas, contribuindo para o aumento
da viscosidade nos produtos. Trata-se de um excelente condicionador a úmido e a
seco, dando maleabilidade e corpo aos cabelos, fornecendo brilho e auxiliando na
restauração de pontas quebradas. Por ser de origem catiônica, é necessário um
balanço adequado com os tensoativos aniônicos para evitar turvação ou precipitação
da formulação. Testes in vivo mostram que este polímero catiônico da celulose
protege a pele da agressão dos tensoativos aniônicos, por isso ele é usado em
produtos suaves como os xampus infantis. Ele tem sido incorporado a formulações
como paliativo em produtos de relaxamento capilar a base de tioglicolato e em
condicionadores normais e oil-free. Por ser muito substantivo aos cabelos, o uso em
excesso pode ocasionar o efeito build up4. Ele é removido pela lavagem com xampu,
mas durante a etapa de lavagem, se ele for parte da composição do produto,

4
O build up effect, ou efeito build up, é a descamação de produtos depositados sobre a fibra capilar.
É frequentemente confundido com caspa e, por isso, é um efeito indesejado do uso prolongado de
qualquer cosmético capilar.

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depositar-se-á novamente sobre os cabelos promovendo todos os seus benefícios
de condicionamento e formação de filme.

FIGURA 10 – ESTRUTURA QUÍMICA DO POLIQUATÉRNIO-10

O poliquatérnio 24 (Polyquaternium-24) é um sal obtido da reação de sal


polimérico de amônio quaternário de hidroxietilcelulose com um epóxido substituído
de laurildimetilamônio: é um poliquatérnio-10 hidrofobicamente modificado.
Os polímeros de cloreto de dimetildialilamônio (CDMDAA) tem suas
propriedades dependentes do seu peso molecular, que pode ser de 400.000 a 7
milhões, e da densidade de cargas positivas. Geralmente formam espuma mais
densa e mais estável.
O poliquatérnio-6 (Polyquaternium-6) é o que carrega maior carga positiva e,
por isso, é incompatível com tensoativos aniônicos.
O poliquatérnio-7 é preparado a partir da adição de acrilamida à cadeia
CDMDAA, diminuindo a carga positiva, e tornando-o compatível com tensoativos
aniônicos. Ele promove condicionamento e lubrificação aos cabelos e à pele via
atração eletrostática da carga catiônica com os sítios aniônicos do cabelo.
Adicionalmente confere brilho e volume aos cabelos e proporciona espuma mais rica
e abundante à formulação. É solúvel em água e talvez um dos polímeros catiônicos
sintéticos mais utilizados em produtos em produtos cosméticos.

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A carga positiva diminui mais com a copolimerização do CDMDAA com o
ácido acrílico (poliquatérnio-22 – Polyquaternium-22) ou com a acrilamida e o ácido
acrílico (poliquatérnio-39 – Polyquaternium-39).
Outro polímero muito utilizado em produtos líquidos e em sabonetes em
barra é o copolímero quaternizado de PVP e dimetilaminoetil metacrilato, o
poliquatérnio-11 (Polyquaternium-11), disponível com pesos moleculares de 100.000
a 1.000.000.
Virtualmente, os agentes condicionantes quaternários são incompatíveis
com os carbômeros e outros espessantes acrilatos.

8 MODIFICADORES DA VISCOSIDADE

Para os consumidores, produtos com viscosidade baixa são produtos


diluídos ou sem qualidade. Por isso, a viscosidade, principalmente em xampus é tida
como característica estética primordial. Nestes produtos, o espessamento pode ser
alcançado com o uso de produtos como:
ƒ Eletrólitos: 1 a 4% de cloretos de sódio, potássio ou amônio, em alquil
éter sulfatos aumenta sensivelmente a viscosidade.
ƒ Gomas: goma guar ou amido modificado.
ƒ Derivados de celulose: a hidroxietilcelulose ainda protege o fio da
redeposição de sujidades e tornam a espuma mais suave.
ƒ Polímeros: os carbômeros e acrilatos são muito utilizados,
principalmente por estabilizar a formulação e permitir a suspensão de partículas
sólidas insolúveis como esfoliantes e mica.

É importante, no entanto, atentar para o efeito da temperatura na


viscosidade do produto com ou sem qualquer agente modificador de reologia ou
viscosidade. Outras matérias-primas utilizadas com esta finalidade são as
alcanolamidas e os ácidos graxos etoxilados (para xampus cremosos). Já a

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diminuição da viscosidade pode ser obtida adicionando-se pequenas quantidades de
cossolventes, como o etanol ou propilenoglicol, por exemplo, que inclusive ajudam a
tornar o produto mais transparente.
Os modificadores de viscosidade, ou modificadores de reologia, podem ser
classificados quanto a sua origem em naturais e sintéticos/ semissintéticos. Entre as
matérias-primas de origem natural estão o Agar, os alginatos, as bentonitas, os
amidos e as gomas guar e xantana.
O Agar é uma substância coloidal hidrofílica extraída das algas Gelidium
cartilagineum L., Gracilaria confervoides L. e Rodofíceas; utilizado para a obtenção
de géis.
Os alginatos são utilizados para a suspensão de substâncias insolúveis,
como espessante. Trata-se de um derivado do ácido algínico, um carboidrato
coloidal hidrofílico extraído de várias espécies de algas marrons (feofíceas).
As bentonitas e hectoritas, ou argilas, são silicatos de alumínio hidratados
utilizadas como agentes suspensores, estabilizantes para cremes, géis e loções. A
bentonita contém vestígios de óxidos de ferro e óxidos alcalinos e alcalinoterrosos.
Já a hectorita apresenta baixo teor de ferro, menos coloração e maior potencial
geleificante, podendo formar géis mais fortes e estáveis por apresentar mais
partículas por grama.
A formação do gel ocorre pela produção de uma rede tridimensional das
plaquetas individuais da hectoria ou bentonita, como mostrado na FIGURA . Esses
aditivos podem espessar tanto líquidos aquosos quanto não aquosos, basta
selecionar a molécula mais adequada.

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FIGURA 11 – ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL DAS HECTORITAS E
BENTONITAS RESPONSÁVEIS PELO ESPESSAMENTO5

O amido natural (FIGURA 1) e seus derivados modificados formam géis


com sensorial leve e boa espalhabilidade. Os amidos contêm dois tipos de polímeros
de glicose: a amilose e a amilopectina que se ligam entre si e umas às outras,
formando uma estrutura helicoidal.

FIGURA 1 – A ESTRUTURA GERAL DOS AMIDOS6

5
Fonte: Boletim técnico do fornecedor Elementis Specialties.
6
Fonte: Nelson & Cox, 2005; p.249

105
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
A goma guar (
FIGURA ) é um polissacarídeo hidrocoloidal de alto peso molecular obtido do
endosperma de Cyamopsis tetragonolobus L. por pulverização. É constituído,
principalmente por unidades de galactomanana. Pode ser utilizada tanto como
agente primário de viscosidade quanto como adjuvante, em meios aquosos ou
hidroalcoólicos, sendo estável em faixas de pH de 4 a 10.

FIGURA 13 – ESTRUTURA MOLECULAR DA GOMA GUAR

De origem sintética, os polímeros da família carbopol 7 são os mais usados como


geleificantes, espessantes e agentes suspensores. São polímeros secos derivados
do ácido acrílico cujas moléculas, quando dispersas em água ou outro solvente
compatível, se enovelam por meio de ligações de hidrogênio (

FIGURA ). São usados em concentrações máximas de 1%, mas não


apresentam qualquer efeito significativo até serem neutralizados por uma base ou
sal, mudando a conformação do polímero (FIGURA ).

7
Carbopol é marca registrada de The Lubrizol Corporation.

106
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FIGURA 2 – ESTRUTURA MOLECULAR BÁSICA DO CARBOPOL

Dependendo do carbopol utilizado, o INCI Name pode ser: Acrylates


Copolymer, Polyacrylate-1 Crosspolymer, Acrylates/C10-30 Alkyl Acrylate
Crosspolymer ou Carbomer. Da mesma forma, eles apresentam compatibilidades e
aplicações distintas, mas todos são suscetíveis à perda da viscosidade em presença
de luz ultravioleta e sob ação catalisadora de alguns metais. Por essa razão,
recomenda-se a incorporação de EDTA e Benzofenona-4 às formulações com
carbopol.

FIGURA 15 – ESQUEMA DA MOLÉCULA DE CARBOPOL DISPERSA EM ÁGUA8

8
Fonte: Boletim técnico do fornecedor Noveon Consumer Specialties.

107
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
FIGURA 16 – ESQUEMA DA MOLÉCULA DE CARBOPOL NA FORMA LINEAR
APÓS NEUTRALIZAÇÃO9

Os derivados de celulose são usados como geleificantes ou agentes para


aumentar a viscosidade de emulsões e suspensões. A carboximetilcelulose
(Carboxymethylcellulose) pode ser utilizada de 4 a 6% para formar géis aquosos
com pH de 2 a 10 (sua estabilidade máxima é obtida em pH de 7 a 9), em cuja
formulação deve conter glicerina para prevenir o ressecamento. A
carboximetilcelulose sódica (Sodium Carboxymethylcellulose) é solúvel em água em
qualquer temperatura e, após a dispersão completa das partículas, a solução deve
ser aquecida a 60oC para melhor dissolução e formação do gel.

9
Fonte: Boletim técnico do fornecedor Noveon Consumer Specialties.

108
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FIGURA 17 – ESTRUTURA BÁSICA DA CARBOXIMETILCELULOSE SÓDICA

A metilcelulose (Methylcellulose) é uma celulose substituída de cadeia longa


que pode ser usada até 5%, mas é pouco solúvel mesmo em água quente e
necessita muita agitação para se dispersar.
A hidroxietilcelulose (Hydroxyethylcellulose) é um polímero não iônico
hidrossolúvel de ampla aplicação como agente espessante. Apresenta alta
tolerância a eletrólitos, aumenta a estabilidade de emulsões e forma fluidos
pseudoplásticos. Trata-se de um pó que se dissolve facilmente em água sem
necessitar aquecimento ou agitação excessiva.

FIGURA 18 – ESTRUTURA MOLECULAR BÁSICA D HIDROXIETILCELULOSE10

10
FONTE: Boletim técnico do fornecedor Amerchol.

109
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O estearato de alumínio pode ser utilizado de 1 a 2% para conferir caráter
tixotrópico aos óleos.
Os silicatos de magnésio e alumínio, conhecidos por seu nome comercial
Veegum HV11, são argilas naturais de smectita que possuem a habilidade de
intumescer em água e proporcionar propriedades reológicas úteis a composições
aquosas. Têm sido utilizadas há mais de cinquenta anos para estabilizar
suspensões, obter emulsões perfeitas e otimizar as propriedades de fluidez. Cada
partícula de smectita é composta de milhares de plaquetas submicroscópicas
empilhadas na forma de sanduíche, com uma camada de água entre cada uma
delas. As faces destas plaquetas possuem carga negativa, enquanto suas
extremidades possuem carga levemente positiva. A carga negativa resultante da
plaqueta é basicamente balanceada com íons de sódio, apesar da presença em
menor quantidade de outros cátions.

FIGURA 19 – MECANISMO DE HIDRATAÇÃO DAS PARTÍCULAS DE SMECTITA12

Quando hidratadas, a água penetra na área entre as plaquetas, forçando-as


a afastarem-se. À medida que isto acontece, os íons permutáveis começam a se
difundir para longe das faces das plaquetas. Uma penetração ainda maior de água
prossegue, então, por um processo osmótico, até que elas estejam completamente
separadas (FIGURA ).

11
Veegum HV é marca registrada de R. T. Vanderbilt Company Inc.
12
FONTE: Literatura técnica do fornecedor Elementis.

110
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A aplicação de aquecimento ou agitação pode acelerar o tempo de
hidratação, ao passo que a presença de solutos na água pode prolongar esse
tempo.

FIGURA 20 – CONFORMAÇÃO FINAL DAS PARTÍCULAS DE SMECTITA


HIDRATADAS13

8 OPACIFICANTES E PEROLIZANTES

A opacidade ou aspecto perolado podem ser obtidos com:


ƒ Mono e diestearatos de glicol, polietilenoglicol ou glicerila.
ƒ Alcoóis graxos cetílico e estearílico, que também contribuem para a
suavidade de xampus.
ƒ Sais insolúveis de ácido esteárico, como o estearato de zinco ou
magnésio.
ƒ Óxido de zinco e dióxido de titânio finamente dispersos (Micas).

Os efeitos perolados dependem do tamanho, forma, distribuição e refletância


dos cristais opalescentes incorporados ao produto.

13
Fonte: Literatura técnica do fornecedor Elementis.

111
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9 ANTIOXIDANTES

A auto-oxidação é o fenômeno de oxidação causado pelo oxigênio do ar,


catalisado pela luz ultravioleta (UV) em presença de calor, traços de metais e/ou
microrganismos. Esse fenômeno, comumente conhecido como rancificação, pode
alterar as características originais dos produtos e matérias-primas, produzindo cor,
sabor e odor desagradáveis rapidamente reconhecidos pelos consumidores e
usuários finais dos produtos.
Uma vez iniciado o processo de auto-oxidação, são formados radicais livres
que se autocatalisam, propagando-se por meio de reações em cadeia. Essas
reações podem ser inibidas ou retardadas em seus estágios iniciais pelo uso de
substâncias em sua maioria fenólicas, chamadas antioxidantes.
As matérias-primas que estão mais suscetíveis à oxidação são fragrâncias,
corantes, extratos e óleos de origem natural (animal ou vegetal), ativos e alguns
emolientes, todos caracterizados pela presença de insaturações em suas cadeias
carbônicas.
Essas substâncias são utilizadas para bloquear os radicais livres e absorver
sua energia desde a exposição inicial ao oxigênio. O antioxidante perde um
hidrogênio para o radical livre, regenerando a molécula original, tornando-se um
radical livre mais estável que o anterior. A reação de auto-oxidação em cadeia é
interrompida consumindo um oxigênio, cessando, assim, o risco de degradação do
produto.
É de extrema importância que o processo de auto-oxidação não seja
iniciado, pois não é possível impedir a reação em cadeia em estágios muito
avançados e nem tampouco regenerar óleos rancificados. Uma vez oxidados, o
produto ou a matéria-prima não podem ser recuperados independente da
quantidade de antioxidante que se adicione.
A TABELA 6 apresenta os principais antioxidantes utilizados na indústria
cosmética e sua classificação quanto ao tipo de antioxidante.

112
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TABELA 6 – TIPOS DE ANTIOXIDANTE E SUAS APLICAÇÕES GENÉRICAS.
Tipo de
Principal aplicação Exemplos
antioxidante
Substâncias
Óleos e gorduras BHT, BHA e tocoferóis.
fenólicas
Substâncias com
Ácido ascórbico,
caráter fortemente Meios aquosos
metabissulfito de sódio.
redutor
Atuação em conjunto Palmitato de ascorbila,
Substâncias
com outros lecitina, ácido cítrico e
sinérgicas
antioxidantes outros sequestrantes.

De maneira geral, o efeito dos antioxidantes pode ser potencializado com a


seleção adequada de um agente sequestrante que possa diminuir a iniciação das
reações em cadeia na etapa de iniciação. Para isso deve-se sempre considerar os
ácidos cítrico, fosfórico, tartárico e etilenodiaminotetracético (EDTA) como possíveis
adjuvantes.
O antioxidante mais utilizado é o hidroxitolueno butilado (BHT) de 0,02 a
0,05%, de acordo com a quantidade de material graxo. Os outros agentes
antioxidantes conhecidos são a vitamina C (Ascorbic Acid) e seus derivados, a
vitamina E (tocoferol) e os tocoferóis, o hidroxianisolato butilado (BHA), o sulfito de
sódio e o metabissulfito de sódio.

FIGURA 3 – ESTRUTURA MOLECULAR DOS ANTIOXIDANTES ÁCIDO


ASCÓRBICO, BHT E BHA

113
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Os tocoferóis são substâncias naturais que não são amplamente utilizadas
em razão do seu alto custo. Têm efeito em gorduras e óleos animais, especialmente
na presença de substâncias sinérgicas como o ácido cítrico, lecitina e ácido
fosfórico, mas menos eficazes em óleos vegetais. A ação sinérgica dos tocoferóis
com o ácido cítrico vai além do efeito sequestrante deste, ocorrendo também a
regeneração do tocoferol ao seu estado reduzido. Existem os tocoferóis hidro e
lipossolúveis.

FIGURA 4 – ESTRUTURA QUÍMICA DA VITAMINA E

O BHA (FIGURA 3) é composto por dois isômeros, o 2-tert-butil-hidroxianisol


e o 3-tert-butil-hidroxianisol. Aplicado de 0,02 a 0,15%, ele raramente é utilizado
como único agente antioxidante.
O BHT (FIGURA 3) é amplamente utilizado como antioxidante para ácidos
graxos e óleos vegetais, pois possui uma grande vantagem perante os outros
antioxidantes fenólicos: não apresenta odor fenólico, é tolerante ao aumento da
temperatura e possui baixa toxicidade.
O ácido ascórbico e o palmitato de ascorbila além de atuarem inibindo o
processo de oxidação do radical livre, também apresentam ação sequestrante como
a maioria dos antioxidantes não fenólicos.
A lecitina (FIGURA ) é um antioxidante sinérgico, principalmente por ser um
fosfato solúvel em óleo com excelentes propriedades sequestrantes.

114
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FIGURA 23 – ESTRUTURA MOLECULAR DA LECITINA

10 AGENTES SEQUESTRANTES

A função destes compostos, em xampus, é evitar a formação e a deposição


de sabões de cálcio e magnésio sobre os fios de cabelo enxaguados com água
dura. Os mais utilizados são os polifosfatos e os sais do ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA). Além disso, a formação desses sabões prejudica a
espumabilidade do xampu, tornando-o ineficaz para o consumidor.
Os agentes quelantes, ou sequestrantes, têm a função principal de
complexar com íons metálicos eventualmente presentes no meio e impedir que eles
interfiram na integridade do produto cosmético.
Quanto melhor for o tratamento da água, menor será a necessidade de
agentes sequestrantes e menor será a ocorrência de problemas causados pela
presença de íons metálicos, como os descritos abaixo:
ƒ Reação com componentes amínicos para formar produtos insolúveis;
ƒ Alteração do produto e precipitação de alguns corantes;
ƒ Oxidação de corantes, fragrâncias e óleos catalisada Fe3+, Cu2+ e Mn2+
em quantidades mínimas;
ƒ Inativação de agentes antimicrobianos;
ƒ Despolimerização de polímeros doadores de viscosidade, causando
quebra na viscosidade e turvação;

115
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
ƒ Oxidação de vitaminas e extratos naturais;
ƒ Descoloração de produtos que contenham tioglicolatos ou PABA.

Eles fazem sinergismo com os conservantes, sequestrando oligoelementos


necessários ao metabolismo dos microrganismos ao mesmo tempo em que
aumentam a permeabilidade da membrana celular14. Esse efeito é de interesse
maior no caso de bactérias Gram (-) e fungos. Da mesma forma, possuem efeito
sinérgico com os antioxidantes, eliminando íons ferro e cobre responsáveis pela
catálise metálica no processo oxidativo de óleos e gorduras.
Os agentes sequestrantes mais utilizados são: ácido cítrico, ácido lático,
ácido tartárico, ácido fosfórico, ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), ácido
dietilenotriaminopentacético (DTPA), ácido hidroxietilenodiaminotriacético (HEDTA),
e seus respectivos sais.
A ação dessas substâncias, no entanto, é dependente do pH, pois em pH
ácido, os íons hidrogênio atuam como receptores de elétrons, competindo com os
íons metálicos; para valores de pH alcalinos, são os íons hidróxido que atuam como
doadores de elétrons, disputando o metal com o agente quelante.
Antes de adicionar um sequestrante em uma formulação, devem-se observar
quatro pontos fundamentais:
ƒ Objetivo da adição de sequestrantes;
ƒ pH do meio;
ƒ Dosagem de uso;
ƒ Tipo de quelante.

14
É importante ressaltar que apenas os conservantes cuja ação depende de permeação da membrana é que
terão ação sinérgica com os sequestrantes.

116
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11 CONSERVANTES

Segundo a Resolução RDC no 162/2005, conservantes “são substâncias


adicionadas aos Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes com a
finalidade primária de preservá-los de danos e/ou deteriorações causados por
microrganismos durante sua fabricação e estocagem, bem como proteger o
consumidor de contaminação inadvertida durante o uso do produto.”
A conservação é um aspecto extremamente importante da formulação de
xampus. Os sabões carboxilatos eram pouco acolhedores para fungos e bactérias,
mas ao se tornarem os produtos mais suaves para os cabelos, eles também se
tornaram mais suaves para esses microrganismos, passando a ser mais
susceptíveis à contaminação. Principalmente após a adição de tensoativos não
iônicos e de aditivos naturais, como os extratos de plantas e as proteínas.
O crescimento microbiano em xampus pode conduzir à decomposição do
detergente, ocasionando mudança na coloração do produto, uma vez que muitos
tensoativos são substrato para bactérias gram-negativas do gênero Pseudomonas.
Além disso, muitos tensoativos interferem na ação de determinados agentes
conservantes, por essa razão, pode ser necessário aumentar a concentração destes
conservantes em xampus quando comparados a outros produtos.
A conservação de xampus é um tema especializado e suas variantes são
amplamente estudadas pelos cientistas e muito questionado por grupos e
associações comunitárias. Trata-se de um assunto a parte, o qual abordaremos
superficialmente neste curso.
O limite microbiano de cosméticos e seus adjuvantes pode se constituir em
ausência absoluta de formas viáveis (produto estéril) ou sua presença em grandezas
definidas, restritas ou não a determinadas cepas microbianas (produto não estéril). O
mais comumente aceito é o atendimento a valores máximos aceitáveis de
contaminante viável, desde que somado à ausência de determinadas cepas
microbianas patogênicas.

117
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A resolução n° 481/1999, estabelece os parâmetros de controle
microbiológico para os produtos cosméticos. Dentre eles, limites de aeróbios totais e
ausência de microrganismos patogênicos.
Dessa forma, a TABELA 7 apresenta as bactérias, fungos e leveduras
frequentemente pesquisados e monitorados pela indústria cosmética na manutenção
da integridade de seus produtos e cumprimento da legislação vigente.

TABELA 7 – MICRORGANISMOS MAIS COMUNS


Microrganismo Classificação
Candida albicans Levedura
Aspergillus niger Fungo
Burkholderia cepacia Gram (-)
Pseudomonas aeruginosa Gram (-)
Escherichia coli Gram (-)
Salmonella sp Gram (-)
Staphylococcus epidermidis Gram (+)
Staphylococcus aureus Gram (+)

A seleção do agente (ou agentes) antimicrobiano a ser incorporado em um


produto cosmético é uma tarefa difícil, que deve ser feita avaliando-se alguns
critérios-chave dentro do trinômio Microrganismos/ Produto/ Conservantes. São eles:
ƒ A estrutura química do antimicrobiano para avaliar a sua compatibilidade
com outros componentes da formulação e a sua toxicidade;
ƒ Os fatores que influenciam a concentração efetiva do conservante na
fase aquosa do produto, tais como qualidade da água e pH;
ƒ Os componentes que contribuem para a atividade do agente
conservante, como presença de quelantes e poliglicóis;
ƒ Os aspectos legais pertinentes ao conservante ou suas combinações;
ƒ A sua eficácia.

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FIGURA 24 – O TRINÔMIO MICRORGANISMOS/ PRODUTO/ CONSERVANTES

Os agentes conservantes mais utilizados e atualmente disponíveis são:


Ácido Benzoico, Benzoato de Sódio, Bronopol, Butilparabeno, Cloreto de
Benzalcônio, DMDM Hidantoína, Etilparabeno, Fenoxietanol, Imidazolidinil ureia,
Iodopropinilbutil Carbamato, Metilcloroisotiazolinona, Metildibromo glutaronitrila,
Metilisotiazolinona, Metilparabeno, Propilparabeno, Quaternium 15 e Sorbato de
potássio, dentre muitos outros.
A eficácia da conservação de um produto cosmético depende de vários
fatores, entre eles: a formulação, embalagem, grau inicial de pureza microbiana,
forma de aplicação, tempo de vida e, é claro, do sistema conservante. No entanto,
apesar de a concentração máxima permitida de conservantes em cosméticos ser
limitada pela Resolução RDC No 162/2005, apenas o teste de desafio do sistema
conservante (Challenge test) é capaz de quantificar e assegurar a eficácia do
sistema conservante utilizado no produto em questão. Trata-se de uma ferramenta
extremamente útil para a escolha do sistema conservante adequado.

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12 FRAGRÂNCIAS

Considerado durante muitos anos como aditivo secundário, a fragrância se


tornou uma característica importante no apelo de vendas do produto. Ela
desempenha um crescente papel funcional na qualidade da comunicação do produto
com seu público-alvo.
Primeiramente, a fragrância deve ser solúvel, não irritante e compatível com
a base do produto em que será aplicada, devendo influenciar o mínimo possível na
viscosidade, estabilidade e cor do produto.

----------- FIM DO MÓDULO III -----------

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