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PA nº 02 2º BIMESTRE

(Políticas Públicas de Saúde) Prof. Sandro Pina


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Brasil é único com 'SUS' entre países com mais de 200 milhões de habitantes
Dos países com sistemas de saúde similares, nenhum tem população do mesmo tamanho

SÃO PAULO Postagem publicada no Twitter pede a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e afirma que o SUS é o único
sistema público de saúde que “atende a uma população com mais de 200 milhões de pessoas” e que “fornece remédios de
graça” – algo que, segundo a postagem, nem o equivalente britânico, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na
sigla em inglês), supostamente faria.
De fato, todo e qualquer brasileiro tem o direito de ser atendido gratuitamente pelo SUS , algo definido na Constituição e na
lei 8.080, de 1990. Também é verdade que o SUS fornece remédios gratuitamente. Hoje a população brasileira é de 210,5
milhões.
A publicação, no entanto, comete um erro ao dizer que o NHS não fornece medicação “totalmente de graça”. O sistema
britânico oferece remédios gratuitos para uma lista de doenças e para alguns grupos, como idosos, jovens de até 16
anos, populações pobres ou com doenças graves.
O Ministério da Saúde, contatado pelo Comprova, destacou que “o Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões
de habitantes que conta com um sistema público (financiado pelo governo), universal (para todos) e gratuito para toda a
população”. Há vários sistemas de saúde no mundo. Em alguns países, mesmo que o sistema seja público, não
necessariamente ele é gratuito para toda a população. Entre os países com sistemas equivalentes, nenhum tem população
similar à do Brasil. Dos países reconhecidos por possuírem sistema de saúde público e universal, como Reino Unido,
Canadá, Dinamarca, Suécia, Espanha, Portugal e Cuba, nenhum tem população superior a 100 milhões de habitantes. O
mais populoso é o Reino Unido, com cerca de 66,4 milhões de pessoas. O Comprova só analisou individualmente os
sistemas de saúde dos países com mais de 200 milhões, número citado pela postagem. De fato, nenhum deles possui um
sistema público de saúde universal, como o SUS. Foram pesquisados China, Índia, EUA, Indonésia, Paquistão e Nigéria.

QUEM TEM DIREITO AO SUS?


A Constituição Federal brasileira define que todo brasileiro tem direito a ter acesso à saúde via SUS. A frase “a saúde é direito
de todos e dever do Estado” define a ideia. Qualquer pessoa pode ir a uma unidade básica de saúde ou a um hospital e
receber atendimento de graça. O SUS não é apenas atendimento médico, mas também vigilância em saúde e fornecimento
de medicamentos. Beneficiários de planos de saúde também têm direito a atendimento pelo SUS – nesse caso, no entanto,
as operadoras dos planos privados são obrigadas pela lei a ressarcir os cofres públicos pelos serviços prestados que tenham
cobertura do plano.

O SUS FORNECE REMÉDIOS GRATUITAMENTE? QUAIS?


Sim. Entre as doenças cujos medicamentos são fornecidos gratuitamente pelo SUS estão diabetes, pressão alta, asma, Aids
e Alzheimer. A lista de drogas fornecidas é atualizada anualmente e se chama Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais (Rename). O Ministério da Saúde informou ao Comprova que, na última década, o número de remédios incluídos
na lista aumentou em 54%: passou de 574 drogas em 2010 para as atuais 885. Quem precisa de um remédio que está na
lista, mas não é oferecido pelo posto de saúde, ou que não está na lista, pode processar o governo (judicializar) para obrigá-
lo a pagar o tratamento. Em geral, pacientes ganham a ação se provam à Justiça que correm risco de vida caso fiquem sem
o remédio solicitado.

O QUE MAIS O SUS FAZ?


Há, também, outros serviços que beneficiam a toda população, como atendimento de emergência por acidentes por meio do
Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência); regulação de hemocentros assim como transplante de órgãos. Além
disso, o SUS financia pesquisas epidemiológicas, importantes para ajudar o governo a avaliar o risco de ocorrência de
surtos ou epidemias e também trazer dados para o controle e prevenção de doenças. E, por meio da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), fiscaliza a qualidade de alimentos em restaurantes e supermercados.Vacinas exigidas para
bebês também são oferecidas pelo SUS, por meio do Programa Nacional de Imunização, que oferece todas as proteções
recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A estratégia é reconhecida mundialmente como um sucesso na
vacinação infantil.

COMO ERA O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS?


Antes de o SUS ser regulamentado em 1990, só eram atendidas as pessoas que tinham carteira assinada, contribuíam para
a Previdência e, portanto, faziam parte do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps). Quem
não tinha carteira assinada podia apenas participar de programas específicos do Ministério da Saúde ou das secretarias de
Saúde estaduais ou municipais (como vacinação ou combate a alguma doença específica). Caso contrário, era preciso
pagar plano privado ou buscar atendimento em instituições filantrópicas, como as Santas Casas de Misericórdia. A criação
do SUS aconteceu no contexto do fim da ditadura militar e diante de denúncias sobre a medicina previdenciária, como os
seus custos. O sistema brasileiro foi inspirado no britânico, o NHS (National Health Service), que havia sido implantado 40
anos antes, após o fim da Segunda Guerra. O NHS é pioneiro no modelo beveridgiano de serviço nacional de saúde, que
entende a saúde como uma forma de cidadania. Outros modelos na Europa também se baseiam na ideia do NHS de
fornecer cobertura integral para todos os cidadãos, como o de Portugal, criado em 1974, o da Itália, de 1978, e o da
Espanha, de 1986.

INVESTIMENTO
Uma diferença entre esses sistemas e o SUS é que, no Brasil, apesar de o Estado ser obrigado a dar assistência de
saúde gratuita à população, o governo, proporcionalmente, investe menos na área do que outros países.
De acordo com um relatório do Banco Mundial de 2017, mais da metade dos gastos totais com saúde no Brasil são
financiados privadamente (individualmente e planos de saúde privados). No país, a despesa pública com saúde representa
48,2% do total, enquanto a média entre os integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) é de 73,4%.Já entre nações com condições econômicas semelhantes, o Brasil está acima apenas da média entre
os países do BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), 46,5%.
Como afirma Alcides Miranda, médico especialista em saúde comunitária e professor de Saúde Coletiva na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os demais países com sistemas de saúde universais como o SUS investem um
valor, em relação ao PIB, bem maior do que o brasileiro. "Temos mais população e financiamento público que chega a
um terço de outros países na saúde. Mas, mesmo com essas dificuldades, o SUS tem cumprido uma função de priorizar
os mais vulneráveis e os mais expostos a riscos, afirma Miranda.

O "SUS BRITÂNICO" FORNECE REMÉDIOS GRATUITAMENTE?


A publicação erra ao dizer que o NHS não fornece medicação “totalmente de graça”. O sistema britânico é financiado por
impostos e fornece medicamentos gratuitamente para doenças crônicas (como diabetes) e para alguns grupos
populacionais, como idosos, menores de 16 anos, grávidas e pessoas beneficiadas por programas assistencialistas.
Para o resto da população, há uma taxa de até 9 libras (cerca de R$ 45) para medicações receitadas por médicos do NHS,
pois os remédios são subsidiados pelo governo. Quando está internado, o paciente não paga pelo remédio. Remédios para
câncer e infecções sexualmente transmissíveis não têm impostos.
“O NHS tem regras mais restritas sobre o que é ou não oferecido. O SUS, pela Constituição brasileira, deve oferecer tudo.
Está escrito: ‘A saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado’. Temos uma relação de medicamentos
obrigatoriamente fornecidos, como para diabetes ou pressão alta. Se o remédio não estiver na lista, a pessoa pode
judicializar [entrar com processo] e ganhar”, explica Oswaldo Yoshimi Tanaka, diretor da faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo (USP).O atendimento primário (em postos de saúde) é de graça e cobre praticamente toda a
população britânica— o SUS, por outro lado, cobria cerca de 40% dos brasileiros até 2012.

COMO É EM OUTROS PAÍSES COM MAIS DE 200 MILHÕES DE HABITANTES?


Nenhum dos outros países com mais de 200 milhões de habitantes no mundo tem um sistema de saúde com atendimento
integral para todos os cidadãos.De acordo com Ivo Lima, mestre em Saúde Pública pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz),
países em desenvolvimento têm adotado como alternativa a adoção de sistemas baseados em seguros para ampliar a
cobertura em vez da criação de um sistema universal.“Há a cobertura por um seguro, mas é básico. Há uma desigualdade
relevante, porque pessoas mais pobres estão mais submetidas ao risco de adoecer, mas são as que menos têm acesso ao
serviço de saúde”, afirmou. "É diferente do seguro nacional alemão (onde a cobertura está ligada ao emprego). Lá, não tem
diferenças no acesso ao serviço de saúde", disse Lima.

CHINA
Na China, o sistema público de saúde não é gratuito. Existem os seguros de saúde públicos e os privados. O seguro
público é financiado em conjunto por empregados, empregadores e pelo governo. A depender se a região é urbana ou
rural, mais ou menos desenvolvida, variam também as porcentagens de subsídio pelo Estado. Além de ajudar a financiar o
seguro de saúde em si, os pacientes têm que pagar taxas pelos atendimentos e medicações prescritas, e parte desses
gastos pode ser reembolsada posteriormente.

ÍNDIA
O acesso à saúde é um direito constitucional na Índia. Apesar disso, não há um sistema para atendimento universal como o
SUS. No ano passado, foi implantado o Modicare (em referência ao primeiro-ministro Narendra Modi), um programa que
oferece cobertura de até 500 mil rupias anuais por família (R$ 28,6 mil) para tratamento hospitalar para moradores pobres de
áreas rurais e urbanas. Neste caso, usando como pré-requisito a ocupação e incluindo empregados domésticos e
trabalhadores da área de construção, por exemplo.

EUA
Não há sistema universal de saúde – é necessário pagar para ter atendimento ou remédios. Em hospitais, o paciente pode
não ser atendido se não tiver plano de saúde (é o caso de 10% dos norte-americanos, o equivalente a 30,4 milhões de
pessoas). O governo subsidia planos de saúde para alguns grupos específicos, como idosos ou pessoas de baixa renda –
no entanto, mesmo para eles o atendimento e os remédios não são de graça. Estudo publicado em março no American
Journal of Public Health aponta que, dos pedidos de falência feitos nos EUA entre 2013 e 2016, 66,5% estavam ligados a
dívidas de saúde.

INDONÉSIA
Existe um programa de saúde pública criado em 2014, o JKN, com o objetivo de reduzir as dificuldades de acesso a
serviços básicos pela população. O atendimento é feito por meio de seguros oferecidos pelo governo, com preço que varia,
a depender da ocupação da pessoa. Em alguns casos, o seguro é de gratuito, como para populações vulneráveis. Vacinas
básicas gratuitas são oferecidas para bebês, crianças em idade escolar e para meninas jovens, por exemplo.

PAQUISTÃO
De acordo com relatório de 2015 do Escritório Europeu de Apoio ao Asilo (Easo) da União Europeia, o sistema de saúde
do Paquistão é fortemente privado. Em 2015, o primeiro-ministro do país lançou um programa nacional de seguro de saúde
voltado a famílias vivendo abaixo da linha de pobreza. O programa consiste em fornecer cupons de saúde de valor fixo,
para cobrir serviços emergenciais e de maternidade, por exemplo. Há também um segundo vale com valor maior para sete
doenças consideradas de tratamento prioritário, como diabetes, câncer e Aids.

NIGÉRIA
O país tem o National Health Insurance Scheme, que é um órgão criado pelo governo federal em 1999. Ele funciona como
um plano pré-pago: paga-se um valor regular fixo e os fundos dessa arrecadação devem ser destinados a Organizações
de Manutenção em Saúde, que administram os hospitais e clínicas da Nigéria. Contudo, o sistema de saúde no país é
precário devido à corrupção governamental.

Também participaram dessa verificação GaúchaZH, Band e Jornal do Commercio.

ENDEREÇO DA PÁGINAhttps://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/10/brasil-e-unico-com-sus-entre-paises-com-mais-de-200-milhoes-de-habitantes.shtml?loggedpaywall#?loggedpaywall?
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