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Luis Nassif
28 de março de 2022
A conclusão principal é que a queda na participação do dólar não foi acompanhada por
um aumento nas participações da libra esterlina, iene e euro, outras moedas e unidades de
reserva de longa data que, juntamente com o dólar, historicamente compunham os
Direitos Especiais de Saque do FMI.
A mudança foi em duas direções: um quarto para o renminbi chinês e três quartos para as
moedas de países menores.
O dólar resistiu ao colapso de Bretton Woods e à crise de 2008. Sua participação na dívida
internacional e nos empréstimos não bancários aumentaram depois da crise.
A dificuldade maior de outras moedas era a falta de oferta de títulos governamentais com
grau de investimento – para oferecer segurança para investidores privados e bancos
centrais. Em alguns países, controle de capitais limitavam a disponibilidade das moedas
nacionais.
Esse declínio é fruto da diversificação da carteira de ativos pelos gestores de reservas dos
bancos centrais.
O curioso é que essa mudança não foi em direção ao euro ou ao renminbi, mas a moedas
não tradicionais, que aumentou de níveis insignificantes na virada do século para US $1,2
trilhão, ou 10% das reservas identificadas em 2021. 1/4 das mudanças foi para o renminbi
chinês, e os 3/4 restantes para outras moedas de reserva não tradicionais.
O trabalho identifica os fatores responsáveis por esse movimento:
Fonte:
https://jornalggn.com.br/coluna-economica/a-lenta-erosao-do-dolar-como-moeda-global-por-luis-
nassif/
Monitor do Oriente Médio
25-03-2022.
Bruno Beaklini
"O cerco geoeconômico contra a Rússia mira também na projeção
hegemônica da China, um fenômeno já concreto e realizado"
O oleoduto CPC transporta cerca de 1,2 milhão de barris por dia do principal tipo de
petróleo bruto do Cazaquistão, a mistura cáspia leve e azeda. O volume responde
por 1,2% da demanda global e o conserto das instalações pode demorar de 45 a 60
dias, em função da falta de equipamentos e peças de alta precisão. O problema na
cadeia de suprimentos, esse sim, é fruto direto das sanções decretadas pelos EUA e
União Europeia (EU) contra a Rússia.
A resposta russa e as alternativas para a desdolarização
A Rússia afirmou que vai seguir os contratos assinados, mas exigir que as empresas
do setor recebam o pagamento em rubros, e não mais em moedas de países não
amigos. Isso implica em responder às sanções e o congelamento de bens e contas
externas de oligarcas, corporações e estatais russas aumentando a autarquia armada.
O peso na moeda governada pelo Kremlin vai de encontro ao uso do dólar e do euro
como forma de manter os contratos em pé. Desde que o presidente da Federação
Russa afirmou que após esta decisão a cotação do dólar em relação ao euro baixou de
1 USD para 100 rublos e, ao mesmo tempo, a cotação do gás natural subiu para 1.350
USD por mil metros cúbicos.
Já a Índia está negociando o petróleo russo em renminbi e não mais em dólar. Isso é
um fator a mais da chamada “desdolarização”, indo ao encontro das câmaras de
compensação e comércio direto já existentes entre importantes países
como Rússia, Cazaquistão, China e Irã. Com a entrada dos gigantes do Sul da Ásia,
como o Hindustão e o Paquistão, definitivamente o eixo da economia muda de fato.
O maior supridor de petróleo da China é a Arábia Saudita. Por isso e a disputa direta
com a Rússia, a administração Joe Biden não vai conseguir forçar a monarquia
saudita a aumentar a produção da SAUDI ARAMCO retomando o movimento de
dumping como o realizado no início da década de 1980 contra os preços russos,
então ainda como União Soviética.
Outro exemplo é ainda mais delicado. Os Emirados Árabes Unidos (EAU), um aliado
estratégico da entidade sionista, está fazendo pose de rebeldia também, não
aceitando a condição única do dólar como reserva mundial e meio de pagamento do
comércio internacional. A pressão contra o dólar pode desmontar, em um prazo
menor do que fora planejado por Beijing, a hegemonia da moeda estadunidense e o
binômio petrodólar.
Fonte:
https://www.monitordooriente.com/20220325-crise-e-desdolarizacao-da-economia-
mundial-superando-a-hegemonia-dos-petrodolares/