O Salvador [...] sabia o que estava dizendo quando falava.
Algumas pessoas não sabem o que querem
dizer quando falam; e quando um homem não consegue lhe dizer o que quer dizer, normalmente isso se deve ao fato de ele mesmo não conhecer o sentido daquilo que diz. Uma fala confusa é, normalmente, o resultado de um pensamento confuso. Se os homens pensam em nuvens, eles pregarão nuvens; mas o Salvador jamais falou naquele estilo que, em certo momento, era tão comum nos nossos púlpitos: um estilo importado em parte da Alemanha e que era excessivamente nebuloso, apesar de algumas pessoas terem considerado aquilo maravilhosamente profundo e um distintivo do intelecto. Mas não havia uma única sentença desse tipo em todo o ensinamento de Cristo. Ele foi o palestrante mais claro, mais direto e mais franco de todos. Ele sabia o que queria dizer; e ele queria que os ouvintes também o soubessem. É verdade que os judeus dos seus dias não compreenderam partes de seu ensinamento, mas isso ocorreu porque a cegueira do juízo havia caído sobre eles. O problema não estava na luz, mas na visão ofuscada deles. Estude seus ensinamentos e veja se outra pessoa já falou de modo tão simples quanto ele. Uma criança consegue entender suas parábolas. Há nelas verdades ocultas que são um mistério até mesmo para os discípulos instruídos de Cristo; mas Cristo nunca confundiu seus ouvintes. Falou com eles como uma criança [...]. Nunca abandonou a simplicidade da infância apesar de possuir toda a dignidade da idade adulta. Seu coração estava à vista, e ele dizia o que tinha em mente numa linguagem tão direta e clara que até mesmo os mais pobres dos pobres e os mais inferiores dos inferiores queriam ouvi-lo.
CHARLES HADDON SPURGEON15
* O apêndice responde ao equívoco comum segundo o qual doutrina e história seriam
fundamentalmente opostas uma à outra. ** Para uma explicação e análise sucinta do pós-modernismo, veja John MacArthur, The Truth War (Nashville: Thomas Nelson, 2007). Em resumo, as filosofias pós-modernas são dominadas pela noção de que a verdade é subjetiva, nebulosa, incerta, talvez até inalcançável. Ou, para usar uma declaração curta de The Truth War: “O pós-modernismo é, em geral, marcado por uma tendência de negar a possibilidade de qualquer conhecimento certo e estabelecido da verdade” (p. 10). *** Isso era, sem dúvida, uma fala comum de Jesus, pois Mateus 15:14 registra uma afirmação semelhante, mas dessa vez trata-se de um comentário feito em particular aos Doze, e ela ocorre bem mais tarde no ministério na Galileia (Mateus 15:14). Pedro responde imediatamente: “Explica-nos a parábola” (v. 15), mas a fala que Jesus explica é uma afirmação feita anteriormente diante das multidões. “O que entra pela boca não torna o homem ‘impuro’; mas o que sai de sua boca, isto o torna ‘impuro’” (v. 11). Esse emprego amplo da palavra parábola exemplifica como o uso da palavra pela própria Bíblia torna tão difícil distinguir, definir e contar as parábolas de Jesus. **** As parábolas registradas por Marcos são a do semeador (4:3-20), a das sementes espalhadas (4:26- 29), a da semente de mostarda (4:30-32), dos trabalhadores maus da vinha (12:1-9), a da figueira (13:28-32) e a do guardião (13:34-37). Alguns comentaristas incluem expressões figurativas simples em sua lista de parábolas. Figuras de fala curtas não se encaixam necessariamente na forma narrativa clássica que caracteriza uma parábola verdadeira, por isso, não as incluí em minha lista. Mas vale a pena observar que existem numerosas maneiras de contar as parábolas em Marcos. Algumas listas, por exemplo, incluem a comparação de Jesus entre o jejum e o presente do noivo (Marcos 2:19-20); a imagem do vinho em odres novos (2:21-22); a lâmpada embaixo do cesto (4:21) etc. Há quem inclua
Texto Bíblico: o contexto vivenciado pelo autor, sua cosmovisão; a contextualização pelo leitor: a consequente indução à prática de ensinamentos bíblicos